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Do videogame à TV: como um processo judicial pode acabar com o amadorismo da NCAA


A juíza federal Claudia Wilken, do estado da Califórnia, mais uma vez deu parecer favorável ao processo liderado por Ed O'Bannon, ex-jogador de basquete da UCLA (Universidade de Califórnia, Los Angeles), contra a NCAA. A acusação era contra o uso irregular da imagem de ex-atletas feito pela associação de esportes universitários amadores, pela empresa de videogame EA Sports e pela Collegiate Licensing Co., maior firma dos Estados Unidos que cuida de marcas registradas e licenças.

Wilken votou na última sexta (25) contra o cancelamento desse processo, pedido feito pela NCAA. Vitória que fortalece a ação e pode levar ao fim do amadorismo nos esportes americanos universitários, pois os litigantes ganhariam o direito sobre suas respectivas imagens, usadas não somente em videogames ou camisas oficiais das universidades, mas parte do grande bolo de grana que são os acordos da NCAA com as emissoras americanas.

O’Bannon protocolou o processo em 2009. Junto com outros ex-atletas universitários, tinha como meta primordial batalhar por parte do dinheiro arrecadado com o jogo da EA Sports (NCAA Football). No joguinho em questão os jogadores não são marcados pelo nome, apenas pelo número. Mas a altura, peso e características físicas são semelhantes ao respectivo atleta.

A base da ação é um documento que os atletas universitários da Divisão I precisam assinar para que possam atuar nos campeonatos. Com a assinatura “obrigatória” eles passam os direitos de imagem exclusivos e perpetuamente para a NCAA. Lá diz: “Você autoriza a NCAA (...) usar seu nome ou imagem para promover campeonatos da NCAA, outros eventos, atividades ou programas”.

O processo engatinhava na justiça americana e precisava de ingredientes para alcançar posições mais avançadas. A primeira delas aconteceu quando os contratos televisivos entraram na jogada, na intenção de atrair jogadores em atividade para o processo.

Deu certo.

Em Janeiro deste ano a mesma juíza Wilken negou moção da NCAA para retirar desse processo o adendo de direitos de transmissão dos jogos ao vivo. Vitória importante para os acusadores, pois conseguiram o que queriam.

Em Julho seis jogadores em atividade se juntaram ao processo: Jake Fischer e Jake Smith (Arizona), Chase Garnham (Vanderbilt), Darius Robinson (Clemson), Moses Alipate e Victor Keise (Minnesota).

Aí salgou.

Prevendo o pior, as conferências SEC (Southeastern), Big Ten e Pacific-12 romperam com a EA Sports. O movimento foi causado pelo receio de que o envolvimento com a empresa poderia dificultar ainda mais o processo de defesa delas.

Por perder metade das principais conferências e ficar sem apoio forte, a EA Sports anunciou em Setembro que não produziria o joguinho NCAA Football ’14, uma decisão inédita. No mesmo dia a empresa de videogames, junto com a Collegiate Licensing Co., entraram em acordo com os atletas e ex-atletas do processo. Os termos do acerto não foram divulgados, porém a certeza a partir de então era que o firmado na corte federal da cidade de Oakland, Califórnia, deixaria a NCAA sozinha na batalha.

Isso levou a associação a NCAA pedir à juíza Wilken que rejeitasse o processo por completo, usando três argumentos em sua defesa. Sem entrar em mais detalhes jurídicos, Wilken simplesmente indeferiu categoricamente todos eles – saiba aqui (em inglês) quais os posicionamentos da juíza. A premissa dela é que a NCAA usa os direitos de imagens dos atletas para fins comerciais (lucro).

O cenário é incerto após a decisão de Wilken tomada nesta sexta. A tendência é que os acusadores ganham mais força no campo judicial, contudo é indefinido o que acontecerá de fato com todos os jogadores de todos os esportes da NCAA.

Como o dinheiro seria dividido? De forma igualitária ou proporcional? Se for igualitária, como mensurar o que todos os atletas devem receber? Quem joga boliche vai receber o mesmo que um quarterback de uma grande universidade? Se for proporcional, é justo um atleta ‘amador’ receber mais que o outro? E quando eles vão receber o dinheiro, durante a carreira universitária ou depois?

Essas são somente algumas perguntas, todas sem respostas claras. De certo é possível notar o enfraquecimento da NCAA, principalmente por ter uma juíza que em duas decisões favoreceu o lado dos acusadores.

A provável derrota naturalmente levaria a um acordo, decisão sábia feita pela EA Sports e a Collegiate Licensing Co.. E seja agora ou depois, um resultado negativo fará com que a NCAA perca bilhões de dólares. Ela está na zona chamada de “no win situation”.

Porém a NCAA acredita estar certa em sua defesa. E mesmo com o letal desgaste, indica que vai lutar nos tribunais até que o processo chegue à Suprema Corte dos Estados Unidos, instância maior da justiça americana.

Terá de torcer para não encontrar uma Wilken por lá.

(GL)
Escrito por João da Paz

Desintegrando um caráter em 140 caracteres


Você conhece Johnny Manziel?

Bem, antes de tudo é bom definir o que é conhecer alguém.

Pelas facilidades que a tecnologia nos proporciona, conversar com uma pessoa por meios eletrônicos, quaisquer que sejam, é comum. O que não significa que seja normal. Essas mesmas bugigangas nos aproxima de celebridades e a exposição nos deixa ainda mais próximos dos famosos, principalmente os que não utilizam com cuidado as novas ferramentas de comunicação.

Aí entra Johnny Manziel.

Manziel, 20 anos, quarterback da Universidade Texas A&M, é atualmente pessoa mais popular do football universitário, alguns argumentam que figure nos padrões de Vince Young (Texas) e Tim Tebow (Florida), dois dos jogadores mais populares da história da NCAA. Manziel começará a temporada de segundanista, mesmo estando três anos na faculdade. Até o ano passado ele era somente um novato desconhecido, até brilhar em um dos momentos mais impactantes do campeonato de 2012.

Venceu a Universidade Alabama em território inimigo, então time rankeado em primeiro lugar. Atuação que fez a luz brilhar em si e Manziel soube responder com qualidade em campo, registrando números impactantes que o levaram a ganhar o Troféu Heisman, dado ao melhor jogador da NCAA.

Uma pergunta surgia: quem é esse tal de Manziel?

A imprensa não tinha muito para mostrar, pois uma regra da faculdade o impedia de conceder entrevistas. Mas a temporada acabou e tudo mudou.

Manziel começou seu tour pela Famocidade no programa de entrevistas do David Letterman. Logo veio uma conta no Twitter e ao entrar na rede social, tão usada pelos jovens, ele passava a traçar um caminho perigoso que pode levá-lo a um fim nada agradável.

Sua rotina passou a ser compartilhada por milhares. Através de cada tweet, construído em até 140 toques em um teclado, Manziel florescia sua personalidade, dividia com estranhos opiniões pessoais e passava a documentar diversos fatos do seu cotidiano. São tantos tweets reveladores que não é exagero dizer que quem o segue pode ser considerado um conhecido de Manziel.

Claro, o jogador não é a única pessoa que se expõe demais no Twitter, muito menos está na classe dos que se expõe de forma exagerada. Contudo a temporada passada o rendeu um status que não condiz com o que ele espalha na rede social.

Encontros com grandes nomes do esporte americano, com cantores importantes do cenário musical e tantos outros instantes de entretenimento estão catalogados em sua conta. Isso não é tão grave, lógico. Mas fotos em bares (muitos bares) e um estilo de vida exibido nos retratos postados online, é uma marca nociva para uma pessoa como Manziel.

Que não é uma pessoa X.

Nem vive num mundo igual a maioria.

Sua liberdade é cerceada pelo bom senso, assim não pode dizer o que bem entender. Certa vez ele postou que não podia esperar para deixar a faculdade. O desconforto criado por tão poucas palavras foi danoso para Manziel, contribuindo para desgastar sua imagem, que está em processo de ser aniquilada. Johnny Football, como também é conhecido, apagou a mensagem de sua conta, mas, evidentemente, não restaurou o que havia sido arranhado.

Ele conversa muito com os fãs pelo Twitter, interação que pode ser um crédito, desde que bem usada. Essa abertura do diálogo é a brecha que desconhecidos usam para tentar se tornar um chegado de Manziel. Intimidade extremamente perigosa e que causou seu episódio negativo mais recente.

Manziel largou um treinamento de quarterbacks organizado pela família Manning (pai Archie e filhos Peyton e Eli). Saiu porque perdeu a hora dormindo, consequentemente não comparecendo num evento pela manhã de um sábado. Boatos, apenas boatos, contam que ele festejou bastante na sexta anterior e a ressaca venceu. Os Mannings entraram num acordo amigável com Manziel e o deixou ir pra casa.

O QB deu sua versão no Media Day da sua conferência na NCAA (SEC), programa que aconteceu nessa semana. Manziel depositou na conta do cansaço a soneca que o fez perder tal evento, dizendo que estava muito desgastado devido os compromissos (?) da baixa temporada. Não contabilizou um tweet que o deletou na noite do mesmo sábado.

Sim, Manziel foi para sua casa na cidade de College Station, Texas, mas à noite esteve em um bar. O usuário da conta @Chaz_Cake informou a todos: “E aí? Johnny Manziel está no Hookah Station”. Mensagem apagada depois, mas nada da internet desaparece facilmente.

Agora, é muito errado tirar uma onda num barzinho, tomar umas, outras e todas? Não é para isso que serve a faculdade? E o direito de divertir-se?

Veja, nada há de errado numa descontração, só que não são todos que podem exagerar na farra. Muito menos se gabar por aí na net.

É um cuidado extra que Manizel deve tomar, até por ter passagens na polícia, por não ter se identificado a um oficial da lei após uma briga perto de um bar próximo ao campus da faculdade.

Sabe quem está de olho em tudo isso? Os scouts da NFL. Quando Manziel recebeu o Troféu Heisman, surgiram as óbvias projeções para a NFL e naturais comparações com QBs famosos. Pela sua altura, na liga atual, ele lembra Russell Wilson ou Drew Bress, contudo seu estilo de jogo é mais similar ao de Doug Flutie. Embora os detalhes técnicos são deixados de lado quando o comportamento extra campo sobrepõe a atenção.

As entrevistas de Manizel no Media Day da SEC mais lhe prejudicou do que ajudou. Entre suas declarações e justificativas estavam: “Sou jovem e vou continuar a viver ao máximo”. “Não vou mudar”, “Tenho 20 anos e faço o que garotos da minha idade que estão na faculdade fazem”. Essas são frases estúpidas, como se erros de outros justificassem os equívocos dele. E soam mais como arrogância do que entendimento do seu papel hoje em todo o país, para o esporte, para a sua universidade e para o seu time.

Nada disso ecoa bem para os executivos da NFL. Homens que procuram outros homens para liderar franquias, ser exemplo carregando o símbolo do clube.

Moleques de vinte e poucos anos que desperdiçam oportunidades, conquistam apenas o descrédito da principal liga esportiva do mundo. Atuar nela, como gosta de dizer o comissário Roger Goodell, é um direito, não um dever.

Caso o sonho de Manziel seja arremessar uma bola oval aos domingos, terá de se policiar, compreender que vive num mundo diferente dos demais. Terá também de decifrar a diferença entre o que é comum e o que é normal.


(GL)
Escrito por João da Paz
© 1 Scott Halleran / Getty Images

Sobre graduação e futebol americano

Rice, Vanderbilt, Stanford e Northwestern. Universidades americanas reconhecidas pela excelência acadêmica e que venceram bowls de futebol americano na atual temporada - reforçando que Notre Dame está na grande final do BCS (Bowl Championship Series). Todas as instituições relacionadas estão entre as 20 melhores dos Estados Unidos segundo o Ranking Nacional de Universidades da agência US News:

1- Harvard (Cambridge, Massachusetts)
2- Princeton (Princeton, New Jersey)
3- Yale (New Haven, Connecticut)
7- Stanford (Stanford, California)
11- Northwestern (Evanston, Illinois)
17- Rice (Houston, Texas)
18- Notre Dame (Notre Dame, Indiana)
19- Vanderbilt (Nashville, Tennessee)

É um bom sinal pra NCAA ter essa conexão entre times de futebol americano vencedores e bem sucedidos em campo com a alta qualidade nos estudos. Mas há espaço para uma pergunta fundamental: os atletas estudantes conseguem ingressar no profissional (NFL) com um diploma na mão?

Eis o grande desafio da NCAA.

O presidente da sigla amadora, Mark Emmert, tem como um dos principais objetivos, desde que assumiu o cargo em 1º de Novembro de 2010, melhorar a taxa de atletas formados, com ênfase nos esportes de alto rendimento, especificamente no futebol americano e basquete. Para o futebol americano a tarefa é menos árdua já que o jogador para entrar na NFL precisa ter, no mínimo, três anos de NCAA. Entretanto tem os que não terminam a graduação ou adiam a conclusão do curso.

Em Outubro do ano passado Emmert divulgou dados que mostraram crescimento no número de atletas graduados oriundos das universidades que integram a elite do futebol americano da NCAA (equipes da FBS-Football Bowl Subdivison). Os números abrangem um período de seis anos, entre 2005 e 2010, entendendo ser esse o tempo ideal para o atleta conseguir um diploma, seja nos quatro anos tradicionais ou em semestres posteriores. A estatística de maior destaque usada por Emmert é a de que dos atletas da FBS que entraram em 2005, 70% se formaram até 2010. Embora a porcentagem seja satisfatória, está longe do ideal, pois o futebol americano figura entre os que menos conseguem formar seus atletas entre os esportes da primeira divisão da NCAA.

Detalhe é que há uma camuflagem nos números divulgados, visto que não são oficiais, conforme os catalogados pelo Departamento Americano de Educação. A NCAA, diferente do órgão federal, não pune as universidades que recebem atletas de outras instituições; basta mostrar bom desempenho escolar que não é excluído do cálculo.

Usando o método da NCAA, chamado de GSR (Graduation Sucess Rate), é possível observar que as universidades mencionadas no começo do texto apresentam alto índice de graduação - agora analisando o período entre 2006 e 2011.

Stanford foi a universidade da Conferência Pac-12 que mais entregou alunos formados: 87%. Northwestern foi a primeira na Conferência Big Ten com 94%. Vanderbilt, que divide atenção com as super potências da Conferência SEC (LSU, Alabama, Florida, Geogia...) ficou no topo com 86%.

Juntando todas as conferências da FBS, assim fica o ranking:

1-Notre Dame – 97% (disputa a decisão do BCS na segunda, 7/01)
2-Northwestern – 94% (venceu o Gator Bowl)
3-Rice – 93% (venceu o Armed Forces Bowl)
(...)
9-Stanford – 87% (venceu o Rose Bowl)

Como são números que favorecem a NCAA para propagar que há preocupação com o atleta estudante, usá-los para benefício próprio é salutar, estabelecendo no pilar “é-possível-ganhar-partidas-de-futebol-americano-e-cuidar-dos-estudos-ao-mesmo-tempo”. Entretanto a mesma fonte de dados revela um problema antigo que caminha lentamente para uma solução: a diferença de atletas graduados entre brancos e afro-americanos.

A discrepância é grande nas universidades conhecidas por investir pesado/muito no recrutamento de garotos no ensino médio oferecendo bolsas de estudos para jogar futebol americano. Em Florida State, 44% dos jogadores de futebol americano conseguem a graduação, enquanto 93% dos brancos recebem o diploma (diferença de 49%); em Auburn a diferença é 43% (52% de afro-americanos contra 95% dos brancos).

Outra comparação que preocupa é a taxa de graduação entre os jogadores de futebol americano contra o estudante comum. As 15 maiores diferenças acontecem em universidades que tem um programa de futebol americano popular – entre essas estão Oklahoma, Michigan, e Wisconsin. Abaixo as 5 com a maior variação:

1- Cal (54% de jogadores de futebol americano – 90% dos estudantes comum = -36%)
2- UCLA (59% - 90% = -31%)
3- USC (61% - 87% = -26%)
4- Virginia (68% - 93% = -25%)
5- Georgia Tech (55% - 79% = -24%)

Ter universidades com atletas “mais inteligentes” vencendo bowls é positivo, o que deixa o pessoal da NFL contente. As franquias mais inteligentes buscam jogadores com igual característica. New England Patriots e Indianapolis Colts, rotuladas como clubes bem administrados, que escolhem bem no draft e que permanecem competitivos, são as equipes da liga com mais jogadores graduados no elenco.

E a briga para saber quem é o novato do ano na NFL envolve atletas com diploma em mãos: um arquiteto por Stanford (Andrew Luck, QB do Indianapolis Colts) e um cientista político por Baylor (Robert Griffin III, QB do Washington Redskins).


(GL)
Escrito por João da Paz

Sem ufanismo barato, brasileiro faz temporada notável na NCAA


Carente de ídolos esportivos, o povo brasileiro glorifica qualquer um que tem o mínimo de sucesso. No salão mundial dos grandes atletas, o Brasil tem representantes dos mais expressivos e importantes, mas somos especialistas em agir como adolescentes desenfreadas atrás de uma boy band quando vemos um esportista brasileiro desfrutando vitórias, por mais que nem sejam tão representativas. Para não variar, essa pobre mesmice persiste e o alvo da vez é Cairo Santos (foto acima), kicker da Universidade Tulane, que faz temporada magnífica e pode quebrar recorde, ganhar prêmio individual e ser parte da história do futebol americano universitário.

É isso. Isso apenas. Por enquanto, nada mais.

Como vivemos um complexo de vira lata às avessas – comportamento possível de ser observado no tratamento dado ao Leandrinho e Nenê na NBA –, Cairo Santos, por concorrer ao troféu de melhor kicker da NCAA pela temporada 2012-13, é tido por aqui, desde o anúncio dessa premiação na última segunda (19), como “o brasileiro que pode ir à NFL!” e/ou “aquele que pode mudar a cena do futebol americano no Brasil!”.

Menos gente, bem menos...

Ambas as situações podem ocorrer? Sim. Mas estão longe da realidade. Contudo são observações comuns, típicas de quem louva o nadador César Cielo e desfere as mais torpes palavras ao vê-lo ficar com a medalha de bronze na prova dos 50m livre – foi ouro em Pequim na mesma prova quatro anos antes. Torcedor tem direito de opinar e falar o que achar ser correto, mas proferem fundamentos fracos: não conhecem a história dessa competição, não conhecem os outros competidores e não usa o bom senso (porque não sabe utilizá-lo ou porque não tem).

Essa estupidez brasileira, vista no caso Cairo Santos, não é a primeira que as grandes ligas americanas tem a oportunidade de presenciar. O patetismo teve sua melhor forma quando Yan Gomes estreou pelo Toronto Blue Jays na Major League Baseball (MLB). Foram comportamentos esdrúxulos ao ponto que não merece explicação.

A qualidade da piada quando é assunto é kicker brasileiro no futebol americano (NFL) tem pouca consistência atualmente, afinal pessoas falavam seriamente em testar os jogadores Branco (campeão da Copa do Mundo de 1994) e Adhemar (popular atleta que ganhou fama vestindo a camisa do São Caetano). Há três brasileiros próximos de ser um kicker profissional de futebol americano e Cairo é mais um dos que podem conquistar espaço no principal campeonato dos Estados Unidos.

Eddie Camara é quem percorreu o melhor caminho, mas uma lesão o forçou a se transferir para segunda divisão da NCAA. Membro da Universidade Central Arkansas (UCA), o natalense fez high school (ensino médio) numa das mais tradicionais escolas dos EUA com programa de futebol americano: Cedar Hill, estado do Texas. Suas performances foram decisivas, levantando troféu e tudo mais. Recrutado por grandes universidades, escolheu a super poderosa Arkansas, membro da SEC, conferência mais forte da NCAA. Chegou para ser titular, porém a lesão no ACL (ligamento do joelho) que teve em Cedar Hill o traiu: cirurgia! Ficou difícil sua situação na equipe e seguiu conselho do seu treinador Bobby Petrino, como disse em entrevista para o blog em Dezembro de 2011:

Após a recuperação, falei com o treinador que queria jogar, se não aqui [Arkansas] em outra universidade. Por gostar muito de mim, aconselhou que fosse melhor sair para não perder mais um ano”.

Camara é segundanista – duas temporadas na NCAA. Como ficou de “molho” (redshirt) no primeiro ano de faculdade, pode optar por entrar na NFL no próximo draft. Está muito bem na UCA, com um 2012 (83,3% FG) melhor que 2011 (73,7% FG).

Maikon Bonani, kicker da Universidade do Sul da Flórida (USF) é veterano e deve aparecer no draft de 2013 da NFL. O paulista não foi bem na temporada chave, a de júnior (terceiro ano), com um aproveitamento de FG abaixo do ideal: 73% - perdeu 7 field goals. No atual campeonato ele melhorou, errou apenas 4 FGs e está com aproveitamento de 80%, mas não foi chamado para o Senior Bowl, jogo crucial para se apresentar aos scouts (olheiros) da NFL, partida onde atuam apenas jogadores veteranos.

Cairo Santos está se destacando justamente na rotulada “temporada NFL”, com aproveitamento de 100% (20 de 20) e se manter assim, após jogo contra a Universidade de Houston, será apenas o segundo kicker na história da NCAA a chutar – e acertar – +20 field goals. Dos 20 FGs convertidos até agora, 12 foram de +40 jardas, maior número do campeonato.

Sim. Cairo é merecedor de elogios e parabéns; pelo o que fez e não pelo o que pode fazer. Esses números são formidáveis e a Universidade Tulane promove uma campanha especial a favor do paulistano, pois o prêmio que ele concorre, o Lou Groza Award, desfruta de sólido prestígio. Muitos kickers de renome venceram o troféu de melhor kicker da NCAA como Dan Bailey, Nate Kaeding, Sebastian Janikowski (duas vezes), Mike Nugent e o argentino Martin Gramática, que levou em 1997 pela Universidade Estadual do Kansas.

Embora atue numa inexpressiva universidade, Cairo tem currículo escolar bom, oriundo da Saint Joseph Academy, Flórida – estado que, assim como Texas, tem os melhores campeonatos de high school dos EUA. Em 2010 estreou como kicker titular por Tulane, terminando a temporada com 81,3% de FGs. Teve queda no aproveitamento de FG em 2011 com 7 erros em 18 tentados (61,1%). Para mostrar que é mesmo um kicker 100%, precisa manter o nível na temporada de veterano; então ir para a NFL em 2013 não é cogitação plausível / real.

Potencial para tornar-se jogador de futebol americano profissional, digno de aplausos, fora o nacionalismo vergonhoso, Cairo não tem culpa das ridículas expectativas que são postas em cima dele originadas de pessoas que o conheceram nessa semana. Que ele mantenha distância desse pensamento e lembre do que esperava da temporada 2011: após errar apenas 3 FGs como novato, queria ser perfeito na temporada seguinte; não deu. Terá uma segunda chance para tanto na temporada que vem.

Isso é importante para ele. Os ingênuos ficam com as discussões vazias e improdutivas.


(GL)
Escrito por João da Paz
© 1 Tulane Media

O que há de tão sagrado no football da Universidade de Notre Dame?


Seguindo o movimento das universidades americanas de formar maiores e melhores conferências, Notre Dame, localizada na cidade de South Bend, estado do Indiana, deixa a Big East e leva todos seus esportes para competir na ACC; menos o football (e o hockey). A equipe de futebol americano decidiu manter a independência porque é mais lucrativo em curto prazo e mantém sua tradição. Mas esta opção prejudica o recrutamento e, consequentemente, a qualidade (vitórias) do time.

Entre todas as universidades que disputam a primeira divisão da NCAAf, Notre Dame é uma das duas que são independentes (a outra é Brigham Young). Contudo a ordem da NCAA está mudando com super conferências se formando e justamente a Big East está sendo a mais prejudicada, perdendo importantes nomes, ganhando assim o status de mais fraca das seis principais. A saída de Notre Dame, logo, era questão de quando.

Em 1999, a universidade considerou deixar de ser independente para se juntar à Big Ten. Em 2012 a Big Ten repetiu o assédio, mas Notre Dame não quis romper com o sagrado. As conferências Big 12 e ACC aceitaram negociar com os Fighting Irish num compromisso parcial e Notre Dame escolheu a última por ser mais conveniente.

Comprometimento parcial nunca é bom quando se quer algo duradouro.

O que Notre Dame considerou foi a relevância que ainda lhe resta – pouco e que pode ser perdida. Hoje, o time de football se sustenta mais nas glórias do passado, podendo sim dizer que é o campeão dos campeões, embora não seja o time que agora dá bola.

Na ACC, eles poderão organizar os jogos conforme querem, desde que 5 das 12 partidas da temporada sejam agendadas com times da conferência. Nada muito diferente do que acontece neste ano: Miami, Boston College e Wake Forest estão na tabela – sem contar Pittsburgh, outra universidade que saiu da Big East. Desta forma, Notre Dame pode manter históricos confrontos que ajudaram a equipe de football ganhar valor em todo o EUA e receber notoriedade nacional.

Jogos contra Michigan State, Michigan, Texas e USC provavelmente irão continuar na rotina, rivalidades que datam do século XIX (!) – primeiro jogo de football dos Irish foi contra Michigan em 1887. Outros confrontos de praxe contra Navy (Marinha) e contra Stanford também devem continuar.

O contrato exclusivo com a emissora NBC (TV aberta) permanece – se houvesse afiliação completa com outra conferência, teria de adaptar aos contratos vigentes com a respectiva emissora detentora dos direitos. Todos os jogos em South Bend são transmitidos pela rede NBC nacionalmente, única equipe esportiva de toda a América que tem esse tratamento.

Ser independente dá ao time outro mimo: se ficar em oitavo ou melhor posição no ranking BCS ao final do campeonato, tem qualificação automática para os um dos 4 principais Bowls. Só membros das tais 6 grandes conferências que tem a possibilidade de ir automaticamente para um dos Bowls.

Esses dois argumentos citados são usados para atrair recrutas vindo do ensino médio (high school). Só que os adolescentes preferem ir para uma universidade que não apenas tem uma bela história de triunfos, mas que tenha condições de vencer agora – de preferências jogando constantemente contra equipes fortes e semana após semana aparecendo na TV. Fora que tem a rigidez ao exigir aplicação do atleta nos estudos, fator que afasta muitos jovens da universidade católica.

O currículo de Notre Dame é legal e tudo mais, mas a última vez que terminaram em primeiro lugar no ranking foi em 1988, ano da conquista do mais recente título nacional. Desde então, a melhor colocação foi um segundo lugar em 1993. Faz quatro anos que não terminam entre os 25 rankeados...

Inegável é a influência que os Irish têm, que os levaram a um nível de sagrado, de imaculado, de ter no campus e perto do estádio um touchdown Jesus, de ser aqueles que não se misturam e não seguem a tendência; o que está mudando, é verdade. Apesar do meio caminho andado, o que tem de ser levado em consideração é que pelo menos estão no caminho.

Resta colocar um telão de LED no estádio... (blasfemy!!!)

Veja uma pequena lista dos feitos do football de Notre Dame, que atualmente não está em evidência exatamente por não vencer/convencer, mas têm todas estas conquistas:

- Ao final da temporada 2011, Notre Dame soma 104 temporadas com mais vitórias que derrotas em 123 anos de atividade no football – 6 temporadas terminaram empatadas.

- Ao final da temporada de 2011, Notre Dame teve 185 atletas nomeados para a seleção final do campeonato (All-American) em toda história, mais que qualquer outra universidade.

- Notre Dame tem 48 jogadores e treinadores no College Football Hall of Fame, mais que qualquer outra universidade.

- Dos atletas formados em Notre Dame que entraram na NFL, 10 estão no Pro Football Hall of Fame, ficando atrás apenas da USC, com 11, entre as universidade com mais alunos no salão do football profissional.

- Notre Dame é a segunda universidade em toda história da NFL a ter mais jogadores escolhidos no draft (até 2011): 469. A primeira neste ranking também é a USC: 472.

- De 1900 pra cá, Notre Dame é a segunda que tem mais títulos nacionais de football na NCAA: 13; empatada com Michigan e atrás de Alabama (14).


(GL)
Escrito por João da Paz

O que a ESPN americana ensina a folha.com; e a outros sites que cobram por conteúdo

Desde 21 de Junho deste ano, o site do jornal Folha de S. Paulo passou por remodelação, tentando se adaptar ao novo momento da mídia. Deixou de se chamar Folha.com, passou a ter o logo do jornal e implantou uma modalidade nova na imprensa online brasileira: cobrança por conteúdo. Apesar de uma prática difundida entre grandes nomes do jornalismo mundial, a Folha não está preparada para pôr em atividade o modelo chamado de paywall (“muro de cobrança”) e deveria olhar para a ESPN americana como exemplo, ao invés de se espelhar no New York Times.

O paywall da Folha funciona da seguinte maneira: o leitor tem acesso ao conteúdo completo do jornal (antes alguns textos eram restritos a assinantes), porém só pode ler 20 textos por mês. Após atingir esta cota, receberá um convite para preencher um cadastro, que lhe dará direito a outros 20 textos. A partir do 41º, o convite passa a ser para assinar o jornal e ler o site sem limites.

Vários erros são possíveis observar, a começar pela iniciativa e passar pelo trâmite do processo. O jornal diz que são 40 textos/mês livres ao usuário. Mas na verdade são 20, pois a outra metade não terá muitos adeptos pelo “simples” cadastro a ser feito. Nem os primeiros 20 devem ser utilizados realmente, visto que muitos leitores não irão voltar a visitar o site justamente por saber que terão uma parede logo a frente para bloqueá-los.

Um fato dito por Sérgio Dávila, editor executivo da Folha, é que o leitor geral não sentirá esta restrição.  Quem lê mais de 20 textos por mês no site? Porém só o funcionamento desse método afastou os leitores.

Sérgio justifica a ação da Folha dizendo que o jornalismo de qualidade custa caro, por isso quer angariar mais assinantes para bancar o conteúdo do jornal. Quem responde melhor este tópico é a ombudsman da Folha, Suzana Singer, responsável por avaliar o comportamento do jornal e de suas iniciativas:

Para ler pequenos informes sobre o que aconteceu nas últimas horas, em textos mal-ajambrados, ou para saber das fofocas mais recentes sobre celebridades do 'mundo B', ninguém precisa gastar um centavo, há uma oferta enorme de sites e blogs gratuitos na rede".

A Folha se compara ao New York Times, jornal americano que cobra por conteúdo. Entretanto são realidades totalmente diferentes (e conteúdos diferentes, diga-se). Uma coisa é o NYT criar o tal “muro de cobrança”, outra coisa é a Folha querer o mesmo.

No NYT você não vê manchetes deste naipe: "Gretchen toca sino de 'A Fazenda' e pode deixar programa".

O diretor executivo do jornal paulistano se sustenta na boa receptividade que os leitores do NYT tiveram com o paywall, aumentando o número de assinantes online – e com um detalhe, reduzindo o limite de textos gratuitos de 20 para 10. Mas esqueceu de pontuar um aspecto importante, a resposta para a pergunta: Por que existe o paywall?

O New York Times está no limbo como tantos outros jornais do mundo, tendo queda no número de vendas em bancas, acarretando uma gravidade, que é o declínio da publicidade impressa. No último bimestre de 2011, o lucro do NYT caiu 12%, puxado pela queda das propagandas no jornal impresso (8%). Isto contribuiu para que a perda do NYT em 2011 fosse de US$ 40 milhões.

Apostar no paywall para cobrir o rombo que o jornal impresso presenteia não é a melhor estratégia para a o NYT (muito menos para a Folha). Ao invés disto, a estratégia tem de ser outra, apostar num conteúdo gratuito online que seja diferencial do impresso, gerando mais leitores de página única e assim atraindo mais patrocinadores.

O jornalismo de qualidade entra em cena agora.

E o exemplo melhor disto é o que a ESPN americana faz.

O canal de esportes via TV por assinatura tem uma vantagem, visto que arrecada muito através da venda individual que tem nos EUA – o canal é vendido separadamente pelas operadoras, num custo em volta dos 5 dólares, o canal mais caro (de longe) das TVs por assinatura.

Nesta brincadeira se ganha um bom dinheiro.

Mas a plataforma digital é outra mina de ouro que a ESPN explora com eficiência e chama a atenção o que ela faz gratuitamente. Antes, vale ressaltar, que eles tem um espaço para assinante, chamado de “insider”, lugar com conteúdo exclusivo onde as análises de comentaristas/especialistas são os destaques – e não a notícia.

Isto impede que um futuro "muro" impeça que um internauta, em meio a um momento de notícia urgente (breaking news), encontre uma indesejada mensagem-convite ao procurar o desdobramento do assunto mais quente em questão. Risco que correm os jornais adeptos do paywall em notícias.

A ESPN fez de seu site um portal esportivo completo de informações e notícias. Conforme medição em Maio deste ano, realizada pela comScore Media Metrix, foi o terceiro site esportivo mais visitados por americanos, atrás da FOX/MSN e Yahoo. 

O site espn.com traz conteúdo diferente do que é visto na TV e em rádios pertencentes ao grupo. Assim, quem é assinante do canal e/ou ouvinte sabe que no site irá encontrar matérias exclusivas. Abrange um maior público, que pode ser leitor do site e não telespectador ou ouvinte. Como se fossem veículos independentes.

Ou seja, a atração do site da ESPN não é o que a Folha prega para que você “atravesse o muro da cobrança” e leia o conteúdo completo do jornal impresso.

Um modelo deste trabalho primoroso da ESPN é o realizado com o programa “Outside  The Lines”, grife da emissora que só perde para o Sportscenter em importância. O OTL é um programa investigativo e de debates sobre assuntos “além das linhas” de jogo. Somente ia pro ar aos domingos de manhã, mas ganhou uma versão diária pela tarde e transmissão via rádio também.

No site o trabalho é magnífico e as matérias publicadas são diferentes das edições diárias ou semanais do OTL na TV. Clique nos links abaixo e observe:




Note a extensão do texto, o trabalho gráfico, as fotos, a qualidade da informação... Tudo isso de graça, sem custo algum para o internauta.

A ESPN aposta nisto para gerar tráfego, page views e atrair patrocinadores – arrecadando dinheiro para fazer um jornalismo de qualidade.

Esta é a melhor estratégia.


(GL)
Escrito por João da Paz

Elas e o futebol americano: histórias de alegria e tristeza

Na semana internacional da mulher, foi escrito mais um capítulo da encorajadora luta por espaço. Presidente de empresas e líderes de nações, as mulheres têm alcançado pontos significativos e de relevância na sociedade pós-moderna. Logo, entrar num time de futebol americano não é lá tão importante. Mas para Mary Morlan Isom (conhecida por Mo Isom – foto acima) conseguir entrar no time de football da LSU, super tradicional universidade da NCAA, é um desafio que vale ser enfrentado.

Para repetir o que Katie Hnida fez em 2003 na Universidade de New Mexico, a primeira mulher a ser kicker em um time da NCAA. Porém Mo Isom tem uma história mais alegre de ser contada do que Katie.

Mo Isom é formada na LSU em jornalismo e nos seus quatro anos de graduação atuou como goleira no time de futebol da universidade. Teve performances marcantes neste período e ganhou destaque ao conseguir marcar um gol após cobrar uma falta no seu lado defensivo, chute que atravessou todo o campo e um quique traiçoeiro enganou a guarda metas adversária.



Mesmo com o diploma em mãos, ela pode atuar por um ano no time de football e desde o ano passado a ideia foi se desenvolvendo. Mo Isom chamou um ex-center da LSU, Jason Crappell, para ajudá-la em kickoffs e field goals. O treinamento rendia muito e ela procurava aprimorar sua condição física na sala de musculação dos Tigers.

Em Janeiro de 2012 o time de football recebeu um comunicado dela se podia participar da seletiva de Março para fazer parte do elenco. O renomado treinador Les Miles aceitou e disse que a encontrava dois meses depois.

A situação passou a ficar séria. Mo Isom não tava pra brincadeira e a confirmação da sua participação na concorrida seletiva mostrava que a comissão técnica da equipe queria ver a habilidade desta garota. O treinamento, então, passou a ser mais intensivo com duração de segunda à sexta, alternando exercícios físicos e treinamento com bola.

Neste período ela ganhava mais apoiadores, principalmente vindo dos (futuros?) companheiros de time. Mo Isom é muito popular na universidade e conviveu com muitos dos meninos no campus e em classes ao longo destas últimas quatro temporadas. Ela os recebia nos jogos de futebol e levava suas colegas para assistir os jogos de football. Além disto, Mo Isom tem uma reputação forte na universidade, muito participativa em várias áreas: trabalho voluntário, debates... É bem engajada em tudo relacionado aos Tigers.

Tem também o título de “Rainha”, a musa da universidade.

Um dos obstáculos seus é justamente este: mostrar que é mais que um rosto (corpo e tudo mais) bonito. Esta tentativa de entrar num dos programas elite de football da NCAA é visto pelos seus críticos como uma jogada de marketing, para chamar a atenção. LSU também sofre este tipo de comentário, por ganhar uma publicidade extra com esta seletiva.

Por isso que tudo ficaria às claras quando o teste começasse.

Dois dias de treinamento no campo. O primeiro foi na terça dia 6, mas os kickers (e a kicker) não tiveram bom rendimento devido às condições climáticas desfavoráveis – foi aproveitado para fazer outras análises. Então quinta dia 8, o Dia Internacional da Mulher, se desenhava como decisivo.

Mo Isom foi muito bem. Acertou field goals e kickoffs com uma constância acima da média e conseguiu converter field goals de 50 jardas (!), um do centro do campo e outro da hash marks (linha pontilhada). Produção excelente. Resta aguardar.

Amanhã (dia 12), o treinador Les Miles irá divulgar os resultados. Ela aguarda ansiosamente o resultado. Pode ser mínima, mas existe a chance dela entrar no time. Repetindo o feito que Katie Hnida conquistou, mas Mo Isom quer ter um roteiro diferente.


Katie (foto acima) também teve ao seu lado um renomado treinador: Rick Neuheisel. Katie entrou no time da Universidade do Colorado em seu ano de novata com o aval de Neuheisel. Contudo ele deixou o time indo para a Universidade de Washington. Seu substituto, Gary Barnett, não concordava com a participação de Katie, a manteve no elenco como kicker, mas não a colocou pra jogar em nenhum jogo – apesar de sempre ser inscrita para os jogos.

Na sala de aula Katie aprendia como lidar com o pensamento humano e seu comportamento. Escolheu psicologia como curso de graduação. Nos três anos que esteve em Colorado, teve que lidar com estas características. Todos os dias.

Foi abusada. No começo eram piadinhas dentro do vestiário. Não era só o treinador que não queria ela no time, os jogadores também. Do verbal passou para o visual. Os meninos mostravam suas partes íntimas para ela. Do visual passou para o sensorial. Nos momentos de reunião do grupo (huddle), em campo ou no vestiário, os meninos passavam a mão nela, tocando-a em todas as partes do corpo. Do sensorial passou para o criminal.

A situação passou a ficar séria. Estava na casa de um de seus companheiros de time assistindo televisão. Aos poucos o rapaz foi se aproximando dela. Katie buscava se desvencilhar do grandalhão, mas não obteve sucesso: foi estuprada. Num momento de vacilo do infeliz, Katie conseguiu escapar. Mas uma página tenebrosa se fez em sua vida, difícil de ser arrancada.

As aulas de psicologia, ao menos, ajudaram Katie e superar o trauma que viveu. Saiu de Colorado em 2001 e no ano seguinte entrou na Universidade de New Mexico. Tornou-se kicker do time de football dos Lobos. No dia 30 de Agosto de 2003, Katie marcou dois pontos extras contra a Universidade Estadual do Texas, a primeira mulher a marcar pontos na história da NCAA (primeira divisão).

Batalhas mentais das mais tensas foram travadas e Katie teve habilidade para sobrepor às adversidades. Um momento simplesmente repugnante teve que ficar pra trás. Não foi esquecido. Mas sempre que falarem sobre mulher em time de football é necessário lembrar de Katie Hnida. Por mais que tenha enfrentado degradantes episódios, desbancou situações desagradáveis. E marcou os pontos que a fez entrar para a história, pontos que deram a ela um lugar entra as grandes mulheres que buscam seu espaço.

Se Mo Isom entrar para o time da LSU, será pelo que ela fez no Dia Internacional da Mulher. Nada mais simbólico! Se for reprovada, não será problema. No meio deste ano terá outra seletiva e ela disse que estará presente. Nada de desistir facilmente.

Mo Isom leva a sério sua tentativa de ser uma kicker num time de futebol americano. Elas já comandam tudo e a todos; ser membro de um esporte de homem é o que faltava? Presidentes de empresas, líderes de nações... Uma destas mais famosas dá a dica para manter a esperança:

Bem antes das eleições de 2010, em Fevereiro, a CNT/Sensus divulgou uma pesquisa que mostrava Dilma Rousseff se aproximando do então primeiro colocado José Serra. Visto como uma crescente positiva, Dilma mostrou enxergar a realidade e saber qual era seu lugar ao dizer: “Na vida, a gente não sobe em salto alto. É só uma pesquisa. Feliz eu não estou”.

Insatisfação que a fez presidente do Brasil.



(GL)
Escrito por João da Paz


* Leia Eu gosto de macarrão de salsicha: o ódio à NFL e porque elas têm razão – as mulheres torcedoras

Três anos do Grandes Ligas - a mídia brasileira e os esportes americanos


Com um texto falando sobre as chances de alguns times da NBA de chegar à pós-temporada 2008-09, o Grandes Ligas entrou no ar falando sobre “A luta por vagas nos playoffs” em 04 de Março de 2009. Passaram meses, anos e este é o artigo de número 354 que é publicado.

Minha infância se misturou com os esportes americanos: assistia jogos de soccer do São Paulo (de Raí) usando uma camisa do Brooklyn Dodgers, acompanhava os programas esportivos da TV colando figurinhas do álbum da NBA, colecionava times de botão (permanecem intactos e guardados – 63 times) e juntava cards, revistas, reportagens de jornais, fitas VHS de jogos... enfim, tudo relacionado aos esportes americanos.

Alguém aí deve se lembrar: na metade de 2011 estava assistindo um jogo da MLB e ligado em outros tantos assuntos relacionados às grandes ligas... e parei. Me emocionei e postei no Twitter o quanto amo os esportes americanos. Mesma emoção que sentia ao me preparar para assistir aqueles jogos da NBA de sexta à noite na Band – e o NBA Action no sábado à tarde.

Minha resposta para a pergunta básica “O que você quer ser quando crescer?” era fácil: jornalista esportivo. E mais, de esportes americanos. Conforme a adolescência chegava, aumentava a percepção que tais competições eram depreciadas pela imprensa brasileira.

Até o Lance! aparecer em 1997.

Uma coluna na edição de quarta surgiu, assinada por Marcelo Barreto (hoje no SporTV) chamada de “Made in USA”. Nome funcional, mas não original. Era uma presença fundamental para informações/opiniões sobre as grandes ligas. Mas começou como página inteira, depois metade, depois coluna...

Jogos ao vivo são espaços consideráveis dos esportes americanos na TV (aberta ou por assinatura)? Sim. Porém o importante é a cobertura e esta não existe hoje na mídia brasileira.

Quando destaco que não existe, ressalto que não é algo de qualidade. Quer dizer, notícias saem por aí, um acontecimento especial também, contudo a cobertura como deve ser de fato feita é irrisória pra dizer que existe.

Nunca me esqueço de um Bate-Bola, programa chave da ESPN Brasil, no qual o apresentador João Carlos Albuquerque teve de apresentar um take de uns jogos da NHL – melhores momentos – e disse pra todos ouvirem: “Deixa isto pra lá! Quem se importa com estes jogos?”. É a visão de uma pessoa, que tem suas razões para tê-la, embora mostre como a própria emissora trata este produto, esmagado nos minutos finais.

A ESPN Brasil é a mais falha de todas as organizações, justamente por possuir espaço, profissionais e material para fazer uma verdadeira cobertura dos esportes americanos. Na grade atual há o programa semanal “The Book is on the Table”. Fora o nome ridículo (cômico), serve como caridade para os fãs das grandes ligas. Não funciona para acrescentar nada de novo, tão pouco é original. Mas, ao menos, tá lá. Algum telespectador absorve algo de importante ali. Só que, na perspectiva mais importante, não serve para acrescentar nada de grande valor.

Pronto. Acaba aqui o que podemos chamar de “espaço dos esportes americanos na grande mídia brasileira”. Lembrando que não estão sendo citadas reportagens de jogos do tipo “Time X venceu o time Y”, ou jogos transmitidos ao vivo.

A caçula Esporte Interativo teve um tal de “Doctor´s alguma coisa”. Programa com um ótimo apresentador (Luan Knaya) que conhece do assunto made in usa, mas transmiti-lo às 16h do domingo...

[...]

Sem dúvida, a internet abriu espaço para que algo mais sustentável fosse feito em relação aos esportes americanos, seja por amadores ou profissionais. Isto porque não há necessidade de ser mídia dominante para estar online. A saudável possibilidade de falar sobre o que bem entender criou uma liberdade ótima. Existem os lixos e trabalhos chulos, mas quem faz com qualidade mantém o serviço por um bom tempo.

O Grandes Ligas nasceu nesta toada, entretanto trazia um pouco daquilo que eu pensava na infância: opinião sobre esportes americanos feita por brasileiros. Tantos jornalistas comentando daqui os campeonatos de futebol da Itália, Espanha, Inglaterra, França.... Por que não fazer o mesmo com a NBA, MLB, NFL e NCAA?

Você já notou que falam que quem cobre os esportes americanos copia tudo da mídia americana, mas não dizem que quem cobre os campeonatos europeus de futebol faz o mesmo com a mídia de lá?

[...]

Quer dizer, quase de forma literal, o recém criado “melhor site sobre esportes americanos em português” (que mudou o prepotente slogan para "notícias, análises e histórias dos esportes americanos"), copia notícias sim da imprensa dos Estados Unidos. O que pode ser baseado no que editorias de certas redações fazem ao usar matérias de agências internacionais (como a AP e Reuters). É uma linha de trabalho válida, mas também não acrescenta valor.

Sempre senti falta de opinião, de alguém explicar um ponto de vista sobre os assuntos do momento – como observamos na imprensa futebolística brasileira. Não interessa se é certo ou errado, interessa é que uma ideia está exposta para ser debatida, questionada.

Procuro fazer isto, junto com um trabalho de mostrar os bastidores dos times, histórias dos jogadores, etc. Compartilhar um pouco do meu conhecimento com um público difícil de lidar, mas que merece só o melhor.

Procuro fazer isto, escrever algo de qualidade, por mais que você discorde - ou não. O essencial é ser diferente sem inventar muito, simplesmente cumprir a função de cobrir as grandes ligas como acredito que deve ser feito.

Dos 354 textos existem diversos equívocos, inúmeros acertos. Isto dito pelos mais diversos comentários, partindo de fãs veteranos ou novatos. Escrever para camadas diferentes de admiradores das grandes ligas é um gostoso desafio. Um texto mais simples pode ser taxado de inútil pelo veterano, mas fundamental para o novato. Um texto mais complexo pode ser taxado inútil pelo novato, mas fundamental para o veterano. Nesta linha caminho e, até agora, tudo tem ocorrido bem.

Vou exagerar e usar uma comparação esdrúxula: artistas e esportistas dizem que quando perdem o frio na barriga antes de uma atuação, acabou a vontade de fazer o que tanto gostam. Eu, toda vez que produzo/escrevo um artigo, tenho esta sensação de gelar. Quero sempre que o meu melhor seja entregue e que você leitor chegue na minha assinatura satisfeito com a arte final. Aí entra o momento de criticar.

A razão do Grandes Ligas permanecer forte e numa crescente contínua é você leitor. Poderia estender, mas paro por aqui e peço a sua ajuda. Chegou a hora de contar um pouco dos bastidores e curiosidades destes 354 artigos. Quero compartilhar com vocês como eles foram realizados, porque tal tema foi abordado e coisas do tipo.

Qual texto você que saber mais um pouco? Qual artigo mais lhe chamou atenção? Respondam estas perguntas por onde preferir (Caixa de comentários, Twitter, Facebook, e-mail...). Nos próximos dias este especial será postado.

Será o texto número 355.

E contando...



(GL)
Escrito por João da Paz

As universidades americanas e suas equipes de football

O estádio da universidade Michigan é um dos maiores espaços esportivos dos Estados Unidos. No dia 10 de Setembro de 2011 registrou o maior público num jogo de football na história do esporte em qualquer nível: 111.804 pessoas na partida contra Notre Dame. É um dos mais importantes programas da NCAA – o mais vitorioso – e após 11 anos venceu um Bowl importante (Sugar) derrotando a Universidade Virginia Tech na última terça, dia 3.

Tudo isto ajuda ou atrapalha a universidade e o objetivo acadêmico dela?

Traz dinheiro para os cofres, o que é sempre bom. Em muitas situações, parte da renda arrecadada pela equipe de football ajuda a revitalizar ou criar novas coisas no campus. As Universidades Penn State e Ohio State construíram enormes bibliotecas com esta grana. E olha, é muito dinheiro. A revista de economia Forbes divulgou no final do ano passado a anual lista das universidades que mais arrecadam dólares com a equipe de football:

1 - Texas: 129 milhões
2 - Notre Dame: 112 milhões
3 - Penn State: 100 milhões
4 - LSU: 96 milhões
5 - Michigan: 94 milhões
6 - Alabama: 93 milhões
7 - Georgia: 90 milhões
8 - Arkansas: 89 milhões
9 - Auburn: 88 milhões
10 - Oklahoma: 87 milhões

Tudo está incluso nestes números: doações, patrocínios... Os recentes escândalos que alguns programas passaram afugentam estas fontes de renda citadas. Mas, por exemplo, Penn State que teve um inescrupuloso caso de pedofilia dentro do time de football, perdeu alguns patrocinadores menos os principais: Nike e Pepsi Co.

A exposição que o time de football traz a uma universidade é benéfica para atrair estudantes – este time tem que ser bom, diga-se. Mantê-lo é tarefa árdua e entre 2004 e 2010 pouco mais da metade das 120 universidades que participam da primeira divisão da NCAA tiveram lucro. As que ficam no azul aproveitam e usam a equipe para chamar a atenção, principalmente nos jogos televisionados com propagandas nos intervalos comerciais. Se a escola for particular consegue mais ajuda, porém se for pública também consegue abocanhar um pouco mais do dinheiro naturalmente reservado.

A universidade pública que consegue ter um bom programa de football, com mais vitórias que derrotas, e que conquista algum Bowl em final de temporada (quanto mais relevante for o Bowl melhor), chega ter um aumento de até 8% no orçamento anual que o governo local destina à escola.

Terminar no topo do ranking também ajuda, inclusive na admissão de novos estudantes. Pesquisas apontam que a universidade que fica entre as 20 melhores no final da temporada tem um aumento de 2.5% na matrícula de novatos; se for campeã este número chega aos 8%. Grande parte destes estudantes vem com gabarito recheado de notas boas. Assim a fama acadêmica da universidade sobe.

Um time vencedor tende a fazer com que o estudante fique mais tempo no curso, aumentando a taxa de graduação da universidade. As notas diminuem se a dedicação do aluno for mais acompanhar o time do que ir às aulas, mas o crucial é que ele pegue o diploma no final. Em 2010 as principais escolas de football registraram a maior taxa de graduação da história: 69%. Notícia que encorajou todos os envolvidos.

O presidente da NCAA, Mark Emmert (foto abaixo), que assumiu o posto em Novembro de 2010, valoriza estes esforços das übers universidades que tem um forte, tradicional e coeso programa. Contudo ele se opõe, corretamente, a uma conversa que a cada dia cresce: salário para os jogadores.


Concordo com a visão de Emmert: nenhum atleta da NCAA deve receber dinheiro algum das universidades. O presidente afirmou publicamente que enquanto estiver no cargo os atletas não receberão salários. Para o argumento “os jogadores são responsáveis pelo lucro que as universidades ganham e, por isso, merecem uma fatia”, Emmert tem uma ótima resposta: “Eles não são empregados, são estudantes”.

Cada universidade tem, na equipe de football, 85 bolsistas. Ou seja: 85 alunos que estudam de graça, além de ganhar livros, dormitório e refeições. Isto basta, é uma recompensa valiosíssima jogar football, estudar e ter a oportunidade de entrar na NFL, ou como um slogan da NCAA diz: “Ser profissional em outra coisa que não o esporte”.

É alto o custo para estudar numa universidade americana. Até nas instituições públicas é necessário pagar (se o aluno residir no estado da universidade tem um desconto). Num período de 5 anos, tempo que um atleta geralmente pega seu diploma, a Universidade Arkansas (pública) gasta US$ 135 mil dólares com os alunos/atletas do estado e US$ 193 mil com os de fora do estado – nestes valores estão inseridos todos os benefícios.

As taxas das universidades perseguem o estudante comum mesmo após a graduação e o estudante/atleta fica livre desta bomba. Em 2010 a dívida estudantil nos EUA superou a do cartão de crédito. Em média cada aluno pega o diploma com uma dívida de US$ 23 mil. Isto vem de empréstimos bancários que eles fazem para pagar as taxas das universidades. O montante da dívida em 2010 destes empréstimos estudantis foi de US$ 830 bilhões, em contraste com os US$ 825 bilhões das dívidas em cartões de crédito.

Veja qual o custo anual, ano letivo 2011-12, para estudar nas 10 universidades que se classificaram para os Bowls do BCS da atual temporada. Entre elas só Stanford é particular (fonte CNN/Fortune):

Stanford: US$ 53.297
Michigan: US$ 23.019
Oregon: US$ 18,669
Alabama: US$ 18.264
Wisconsin: US$ 17.777
Virginia Tech: US$ 16.828
LSU: US$ 15.474
West Virginia: US$ 14.670
Oklahoma State: US$ 14.489
Clemson: US$ 13.286

Os estudantes/atletas ganham muito e sabem disto. Fora as regalias, o governo ajuda também. Existe um programa assistencialista chamado Pell Grant que é destinado a quem tem baixa renda. É permitido que o atleta se inscreva nele caso passe por dificuldades nas despesas pessoais. É transferido um dinheiro que não precisa ser devolvido e pode atingir a quantia de US$ 5.500/ano. O jogador de football tem como, através deste programa, conseguir US$ 500,00/ano para gastar com roupas. Só é necessário mostrar as notas fiscais das compras para a universidade.

Então o estudante/atleta, pelo seu talento demonstrado em campo, ganha um diploma em grandes instituições acadêmicas e de alto custo, recebe benefícios extras da própria universidade e ainda conta com auxílios governamentais.

Os estudantes/comuns acham graça quando os estudantes/atletas reclamam que passam por dificuldades para se alimentar, para se transportar...

“Bem vindo ao mundo real” dizem.


(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 por Galen Chandler

Retrospectiva 2011

Leia (ou releia) os 20 textos destaques de 2011 e comente qual é seu artigo preferido - ou aquele que não está aqui listado.

Que todos leitores tenham um fantástico 2012, cheio de conquistas e vitórias.

Abraço!


E Se o New York Jets Fosse Uma Pessoa: Como Agir no Momento da Provação

O tempo é um percurso – sobre Richard Hamilton

Cada Um No Seu Quadrado: O Cotidiano dos Atletas e O Que Você Tem a Ver Com Isto

Derrick Rose MVP da NBA é um Produto da Mídia

Você quer tudo, menos a verdade – sobre comentários “preconceituosos” de Kobe Bryant

Ainda resta uma esperança – novelas e o Los Angeles Dodgers

Tempo perdido e a legião urbana de Miami – sobre o futuro do Heat

LeBron Raymone James versus o camisa 6 do Miami Heat

Patriotismo sim, até a página 3 – sobre o “dever” de jogadores servir a seleção nacional de basquete

O beisebol nos EUA e o paradoxo da sua popularidade

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Prisioneiros do Momento – A História da World Series no Século XX

Michael Jordan, a hipocrisia e o julgamento de valor

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Na Football Bowl Subdivison (FBS), conhecida como primeira divisão do football da NCAA, não há playoffs. Já na Football Championship Subdivision (FCS) tem playoffs e estão na segunda rodada, que será realizada no próximo sábado dia 3 e um brasileiro estará em campo defendendo as cores de uma das universidades que mais surpreenderam na temporada 2011-12.

O natalense Eduardo Câmara, kicker da Universidade Central Arkansas (UCA), eleito o segundo melhor kicker da conferência no campeonato 2011-12, entrará em campo para jogar contra a Universidade Montana, quinta colocada no ranking FCS e campeã da Conferência Big Sky – título dividido com Montana State. A UCA é a 15ª colocada no ranking, com um retrospecto de 9v-3d, uma derrota a mais que Montana. A universidade do campo cinza e roxo ficou em segundo lugar na Conferência Southland, a mais competitiva da FCS; a campeã foi a Sam Houston State, número um no ranking.

Com uma vitória fácil sobre a #21 Tennessee Tech, 34 a 14, os UCA Bears mantêm uma incrível série de 8 vitórias seguidas. Começaram o campeonato com 1 resultado positivo em 4 jogos e esta arrancada trouxe o time aos playoffs e dá forças para avançar ainda mais na pós-temporada.

Eddie, como o brasuca é chamado pelos americanos, faz desta sua primeira temporada de fato na NCAA. Após se formar na Cedar Hill High School (Texas), uma das escolas elite no football do estado, cidade (Cedar Hill) situada a 25 km do centro de Dallas, ele ingressou na poderosa Universidade Arkansas, hoje número 8 no ranking BCS. Teve que sair de lá e se juntou aos Bears da UCA – o mais conhecido estudante/atleta é Scottie Pippen, membro do hall da fama do basquete.

Nesta entrevista Eduardo conta como foi essa sua saída de Arkansas. Fala também sobre sua vida nos Estados Unidos e seu atual momento na UCA. Diz se topa jogar pela seleção brasileira de football contra o Chile em amistoso a ser realizado no dia 21 de janeiro de 2012.

Confira a conversa que tive com ele, com a ajuda de perguntas feitas por leitores do blog e colegas.

***


Grandes Ligas – Qual sua altura e peso?
Eduardo Câmara – 1m75 e 71kg

GL – Você acha que sua altura pode ser um fator negativo na hora de os times da NFL considerarem a chance de selecioná-lo? (pergunta feita por Everaldo Marques, narrador da TV ESPN e rádio Estadão/ESPN)
EC – Não.

GL – Qual foi seu primeiro contato com o football?
EC – Foi na 7ª série. O treinador sabia que eu jogava futebol e pediu para chutar a bola oval.

GL – Quando sentiu que tinha total controle de força e direção do chute?
EC – Aprender a chutar não foi tão difícil, fazia sem uma maneira especial. Mas controle total mesmo tive só no penúltimo ano do high school (ensino médio).

GL – Como você foi parar nos Estados Unidos?
EC – Vim porque meu padrasto teve uma oferta de trabalho aqui [EUA]. No começo foi complicado já que não sabia inglês. Mas aprendi rápido e depois de um ano não tive problemas.

GL – Como foi a adaptação com a língua inglesa?
EC – A escola aqui é das 8h às 15h e a maioria do tempo era aprendendo inglês. O difícil é lembrar o português (risos).

GL – E a convivência com os americanos, tranquila?
EC – Sim. Estou aqui desde 2002 e já me acostumei com tudo.

GL – Como é ser um brasileiro nos EUA que joga football ao invés de soccer?
EC – A maioria do povo daqui não sabe que sou brasileiro. Meu inglês é tão bom que ninguém acredita que sou brasileiro até começar a falar português. Mas é difícil porque eu amo futebol. Sempre joguei e era meu sonho virar profissional. Ainda quero tentar, porém me concentro atualmente no football e vou fazer o possível para ser o melhor.

GL – Há preconceitos contra estrangeiros em times de football?
EC – Não, nunca fui vítima de preconceito.


GL – Por que Eddie, pra facilitar a pronúncia do nome?
EC – Começaram me chamar de Eddie no high school... e ficou! Agora todos me conhecem assim e tudo que faço no football é com “Eddie Camara”. Se você tem um nome grande ou estranho logo criam um apelido, fica mais fácil e o povo gosta.

GL – Como é jogar football no estado do Texas?
EC – Football no estado do Texas é o melhor do país. Os atletas, as escolas, a competição, os estádios, os uniformes... Tudo é melhor no Texas. Eles levam o football muito a sério, do high school até o profissional.

GL – Como é ser parte de um time (high school) top do país e ser considerado um dos melhores kickers da nação – segundo declarações do seu ex-treinador Joey McGuire?
EC – Foi uma experiência inacreditável! Você joga na ESPN, ganha quase todos os jogos, sempre tem entrevista... E quando seu nome está entre os melhores tudo o que faz é notícia. Todos melhores kickers me conhecem. Fui competir em Las Vegas, Beverly Hills (Califórnia), Dallas... Um treinador rival me tinha como 4º melhor do país... E jogar numa escola top atrai os scouts (olheiros) das grandes universidades, eles sempre iam até Cedar Hill. Também mandavam cartas, muitas! Tenho cartas de mais de 30 universidades, duas caixas cheias!

GL – Quando, no high school, você sentiu que tinha condições de ser um kicker na NCAA?
EC – Quando percebi as universidades conversando comigo, por volta do penúltimo ano (junior)

GL – Como foi o processo de seleção?
EC – Arkansas foi a primeira universidade a me oferecer uma bolsa e eu não queria esperar para tomar um decisão. Gostei bastante dos treinadores e logo optei por ela.

GL – Como foi participar de uma temporada numa universidade elite da NCAA, da super conferência SEC?
EC – Foi legal. As viagens para os jogos fora de casa são todas feitas de avião, se precisar de qualquer coisa é só pedir que eles te entregam. A atenção é bem maior.

GL – Mesmo sem jogar, o que deu para aproveitar desta experiência?
EC – Fiz muitos amigos. Não importa qual nível que você joga. Se você é bom vai ter sua chance na NFL.

GL – Por que saiu de Arkansas? O que aconteceu?
EC – No meu último ano de high school rompi um ligamento do joelho (ACL). Quando entrei em Arkansas fui direto competir e como titular; até minhas pernas não aguentar mais. Então comecei a errar e chutar muito mal. Passei 5 meses parado depois da cirurgia, o que me prejudicou bastante. Após a recuperação, falei com o treinador [Bobby Petrino] que queria jogar, se não aqui em outra universidade. Por gostar muito de mim, aconselhou que fosse melhor sair para não perder mais um ano.

GL – Como foi o ingresso na Central Arkansas?
EC – Tenho amigos da Cedar Hill que jogam na UCA e eles comentaram com o treinador que eu tinha saído dos Razorbacks [Arkansas]. O treinador ligou pra mim e conversamos pessoalmente. Ele me disse que o time precisava de um kicker. Esperei outras oportunidades, mas essa era a única universidade que me ofereceu uma bolsa. O meu técnico do high school [Joey McGuire] disse que não é comum kickers ganharem duas bolsas de estudos diferentes depois que a primeira oportunidade não deu certo. Acho que tive sorte.

GL – Seu primeiro jogo com os Bears foi excelente: um FG de 42 jardas, 5 de 5 em chutes extras... Boa estreia.
EC – Ótima! Enfim estava jogando novamente e realizei bons chutes. Great feeling!

GL – Já na partida seguinte foram dois FG’s errados...
EC – Errei um de 44 jardas e o outro era um chute fácil, mas fui bloqueado, não tive chance. A defesa entrou fácil pela linha ofensiva.

GL – Vocês começaram com 1v-3d. Como foi reverter este quadro e vencer 8 jogos seguidos?
EC – Fizemos uma reunião. Se não ganhássemos o restante dos próximos jogos não íamos para os playoffs. Então há 8 semanas que encaramos cada partida como jogo eliminatório.

GL – Descer de divisão não é ruim? Não pode prejudicar sua futura transição à NFL?
EC – Foi péssimo! Mas se ficasse na FBS teria que perder outro ano e eu queria jogar, não podia esperar. Dois anos sem experiência seria pior. Meu treinador em Arkansas [Petrino] disse o seguinte pra mim: “Não importa o nível que você atue, pois as traves (Y) são do mesmo tamanho. Se fosse outra posição aí prejudicaria porque o nível de competição é menor. Mas um kicker não enfrenta ninguém, basta chutar com precisão”.

GL –A Southland é uma das conferências mais fortes da FCS? – com a maioria das universidades sediadas no Texas, outra em Louisiana e só a UCA fora destes dois estados.
EC – Sim. Acredito que a Southland é a SEC da FCS.

GL – Como é seu relacionamento com os torcedores?
EC – Muito bom; todos são legais comigo. Quando chuto os fãs cantam na arquibancada: “Ole! Ole! Ole! Ole!” (risos).

GL – Qual curso você faz na UCA?
EC – Economia. Sou bom em negócios, principalmente quando volto pra Natal e faço um “rolo” com meus familiares que querem minhas roupas, tênis, aparelho celular... Tudo! (risos).

GL – Conta um pouco do seu dia na UCA.
EC – Tenho duas aulas por dia, entro 8h. Depois do almoço o time faz uma reunião por volta das 14h. O treino começa 15h45 e acaba por volta das 18h. Depois do treino, janto e vou pra casa: aí faço deveres, jogo PlayStation, assisto TV, descanso...

GL – Quais são os benefícios do jogador de football numa universidade?
EC – Os benefícios são maiores nas grandes instituições – o time contrata alunos com boas notas para ajudar os atletas. Aqui na UCA também tem isso, mas em Arkansas acontece com mais intensidade e lá o que você precisar eles fazem.

GL – O que a bolsa de estudos na UCA garante pra você?
EC – Tudo! Comida, aulas, livros... Se quiser pode morar dentro do campus. Caso queira morar fora do campus a universidade paga o aluguel.

GL – Se os quarterbacks ficam com as cheerleaders mais gatas, o que sobra para os kickers? (risos)
EC – Na UCA as cheerleaders são lindas, mas na high school tem mais destas – sem contar o grupo de dança. De fato, os QB’s ficam com a maioria e as melhores, mas o kicker vem em segundo ou entre os cinco primeiros (risos). Não sei o porquê, mas as mulheres daqui adoram kickers! E eu não reclamo...

GL – Como é o relacionamento com as rally girls? (garotas “auxiliares” dos jogadores)
EC- Tanto na high school quanto aqui na UCA elas estão presentes, são cheerleaders e dançarinas. Vez ou outra elas colocam presentes/lembranças nos armários dos jogadores.

GL – Qual momento mais marcante da carreira?
EC – São dois na verdade, as duas vezes que ganhei um jogo com FG. Uma foi no high school na terceira prorrogação e a outra foi três semanas atrás contra Texas State, FG que levou a UCA aos playoffs.

GL – Qual porcentagem de acertos de FG você acha ideal para uma boa temporada?
EC – Agora estou com 73%, 14 de 19 com um destes bloqueado. Se não fosse isto teria 4 errados, mas todos que errei era pra ter acertado. Quero voltar a não errar, porém sei que às vezes acontece. O objetivo é não errar mais que 4 e acertar mais que 15. Mesmo assim 15 de 19 não é bom pra mim; 17 de 19, isto é uma boa temporada.

GL – Você quer jogar pela seleção brasileira de football no dia 21 Janeiro de 2012 contra o Chile em Foz do Iguaçu? (pergunta feita por Flávio Cardia, diretor executivo da Associação de Futebol Americano do Brasil e por Danilo Muller, treinador da seleção brasileira de futebol americano)
EC – Claro que sim! É um sonho.



(GL)
Escrito por João da Paz

A melhor temporada regular dos esportes americanos


O sistema BCS é confuso, mas cria um campeonato empolgante.

Querendo ou não, gostando ou não, invariavelmente os melhores times do football universitário se encontram na final do BCS, que dá ao vencedor o rótulo de “Campeão Nacional”. Apesar da NCAA, órgão que organiza os jogos da temporada regular, não determinar um campeão para os times de football, ela se beneficia pelo sistema BCS que provoca 15 semanas de partidas atraentes e um tropeço qualquer serve para tirar o perdedor da chance de disputar o título.

Esta recente semana foi prova do motivo real de que a temporada regular do football universitário é a melhor entre os esportes americanos. Um jogo de certa forma irrelevante, Oklahoma State versus Iowa State, teve um resultado que mudou a ordem do ranking. Oklahoma State estava em 2º lugar, mas perdeu o jogo (foto acima) e caiu várias posições. A universidade estava invicta, porém a derrota tira qualquer chance dos Cowboys conseguir uma passagem para a decisão do BCS.

Só na NCAAf que partidas da 12ª rodada podem influenciar definitivamente a concepção dos dois melhores times do campeonato. Além de Oklahoma State, outras universidades fortes perderam jogos e minaram qualquer oportunidade de ser uma das 2 melhores equipes dos EUA ao fim da temporada: Oklahoma, Oregon e Clemson.

Querem criar um modo de playoffs na NCAAf; não precisa. Pensam que assim as injustiças serão menores; mentira. Veja o que acontece no basquete universitário, que tem a pior temporada regular entre os esportes americanos: 68 clubes vão para os playoffs e no dia da seleção muitas universidades “choram” e reclamam por não terem sido incluídas no March Madness... Logo, que diferença faz uma partida em Dezembro, Janeiro? Por mais que uma escola perca vários jogos, é possível se classificar para a pós-temporada.

Nos esportes profissionais não é diferente:

MLB: 162 jogos? Com duração de +3horas? Fala sério! Quem vai acompanhar a liga em Julho, Agosto? O público vai ficar sintonizado no final de Setembro e no mês de Outubro, tempo de decisão.

NBA: Similar. O grande público só acompanha os playoffs...

NFL: Pode parecer que é diferente destas outras duas, mas não. Após a metade do campeonato, 12/13 times estão fora da disputa de vagas na pós-temporada.

Expandindo este exemplo da NFL, perceba o que aconteceu nesta temporada 2011-12: o Jacksonville Jaguars e o Seattle Seahawks venceram o Baltimore Ravens (Semana 7 e 10 respectivamente); os dois primeiros não vão para os playoffs, Baltimore estará lá. Na Semana 3, o Buffalo Bills derrotou o New England Patriots; Buffalo não vai para os playoffs, New England estará lá. Na Semana 6 o Tampa Bay Buccaneers derrotou o New Orleans Saints; Tampa não vai para os playoffs, New Orleans estará lá.

Estas foram belas vitórias, grandes feitos, mas quem saiu com o resultado positivo não gozou nada mais que os louros da específica partida. Os derrotados seguem fortes e com condições de disputar o Super Bowl.

Na NCAAf uma derrota pode ser fatal, principalmente para quem foi a derrota. Da mesma forma que uma vitória não vale muita coisa, desde que seja contra times fortes e competitivos. Derrotas e vitórias não são meras estatísticas no football universitário, depende de como o time se comportou nestas ocasiões. Por isso todo jogo é válido e pode afetar a forma do ranking BCS, ou seja, das escolas que vão estar na grande final.


Alabama Crimson Tide deste ano tem uma derrota e é a 2ª colocada do ranking. Esta derrota foi para a 1ª colocada, LSU (foto acima). Após o encontro entre eles, ‘Bama caiu um pouco no ranking, mas voltou à posição que não deveria ter saído após os resultados deste final de semana. Uma derrota para uma universidade da Conferência SEC vale mais que vitórias em outras conferências.

O domínio da SEC* é justificado em campo, incontestável. Dos últimos 12 campeões do BCS, sete são membros da conferência. Abaixo está o recorde, nas finais nacionais, das outras cinco conferências que formam o BCS:

Big East: 1v-2d / Big Ten: 1v-2d / ACC: 1v-2d / Big XII: 2v-5d / Pac-12: 0v-1d

Viu o porquê do domínio da SEC no football universitário? (uma das razões...)

Pela primeira vez nos 14 anos de história do ranking BCS, três escolas da mesma conferência estão nas primeiras posições: 1 LSU, 2 Alabama e 3 Arkansas – e não só isso, estas universidades fazem parte da mesma divisão, a SEC Oeste.

Na próxima sexta, 25, acaba a temporada regular da SEC. LSU enfrenta Arkansas. E se Arkansas vencer, como ficará o ranking? As três vão ter uma derrota e cada uma sendo pelos rivais: LSU perdeu para Arkansas (neste caso hipotético), Arkansas perdeu para Alabama e Alabama perdeu para LSU. Mesmo para quem não é fã de football, muito menos da NCAAf, mas gosta de drama, este jogo do dia 25 é imperdível.

Após tudo, os dois melhores times chegarão à final. Os últimos três campeões (Florida Gators – 2008/09, Alabama Crimson Tide – 2009/10 e Auburn Tigers – 2010/11) venceram 6 times rankeados em suas respectivas campanhas. Uma afirmação da qualidade das equipes.

Nesta temporada, se Arkansas ou Alabama forem as campeãs, também terão 6 vitórias contra times rankeados – LSU não, se for campeão serão 8 vitórias contra times rankeados.

Uma derrota na SEC vale muito? Sim. E o que os times das outras conferências precisam fazer para chegar ao título? Não perder seus jogos, ora! Cinco times têm uma derrota e poderiam estar invictos, dois deles são Alabama e Arkansas. Como foram as derrotas dos outros três?

Stanford (Pac-12) perdeu para um rival de conferência, Oregon. O detalhe é que Oregon tem duas derrotas... Oklahoma State também perdeu para um rival, Iowa State, que, mesmo com a vitória, tem aproveitamento negativo na própria conferência Big XII (3v-4d)... Virginia Tech também perdeu para um rival de conferência (ACC), Clemson, que na época estava em 13º no ranking; VTech só jogou com dois times rankeados – o outro foi Georgia Tech...

Para ser um dos top na NCAAf, é preciso vencer os rivais, os times fracos, médios... Não pode vacilar. Todo jogo importa, toda partida tem um significado. Faltam duas semanas para o término da temporada regular, depois vem às finais de conferência, e muita coisa pode acontecer que mudará a parte de cima do ranking definindo os dois melhores times. Seja como for, serão os dois melhores times. Numa conquista que não vem de última hora, mas construída rodada após rodada.

Então aproveite! Acompanhe os momentos cruciais da competição que proporciona a melhor temporada regular dos esportes americanos.


(GL)
Escrito por João da Paz


*Universidades que integram a SEC (Southeastern Conference): Georgia Bulldogs, Florida Gators, South Carolina Gamecocks, Vanderbilt Commodores, Tennessee Volunteers, Kentucky Wildcats, Auburn Tigers, Alabama Crimson Tide, Louisiana State Tigers, Arkansas Razorbacks, Mississippi State Bulldogs e Ole Miss Rebels.