Caso Ray Rice: A tentativa da NFL em tirar essa mancha do ‘imaculado’ escudo


O deus Roger Goodell, do poderoso e bilionário reino chamado NFL, terá trabalho para expurgar seu mais recente pecado.

A chance de desfrutar de voos angelicais foi perdida quando uma insignificante punição foi dada a Ray Rice (foto acima), jogador do Baltimore Ravens, por suposta agressão a sua mulher, então noiva, Janay Palmer, há seis meses.

Goodell lavou as mãos e suspendeu Rice por apenas dois jogos, simplesmente expondo ao público que é mais grave fumar maconha do que bater em uma mulher. As reações raivosas e racionais contrárias a esse julgamento pífio eram questão de tempo que surgissem.

Mídia, ONG’s, sociedade... Foi massacrante o repúdio à postura da NFL perante essa situação, deixando passar “impune” quem comete a chamada violência doméstica. Era uma oportunidade única para a liga agir com severidade contra tal crime covarde, o que faria muito sentido e serviria como exemplo. Protegeria o escudo da organização.

Ao contrário. Há nele agora uma mancha que será difícil de tirar.

Na última quinta, 13, o jornal Washington Post revelou que a NFL discute mudar esse cenário para eventuais futuras ocorrências, aumentando a pena para quem atacar alguém do sexo feminino.

De acordo com o Post, o flagrado em primeira ofensa pegará gancho de quatro a seis jogos. O reincidente poderá ficar fora da NFL por um ano. Ambos os castigos sem os vencimentos ($$$) semanais, evidente.

Nada disso, contudo, é suficiente. A notícia é o claro exemplo de um vazamento proposital. A NFL, ciente, deixa a informação chegar a imprensa (logo ao público) para ver qual a resposta recebida – se positiva ou negativa.

No mínimo, tem de ser seis jogos de suspensão para o réu primário. Daí pra frente o debate pode prosseguir.

Não deve haver qualquer movimento de hesitação nesse caso. A NFL é muito importante, tem muita influência na sociedade para lidar com esse tema tão sensível de forma tão fria.

Lembrando que Goodell, em entrevista para repórteres na sede do Hall da Fama de futebol americano na cidade de Canton, Ohio, defendeu a punição original dada a Rice...

Eis a mancha impregnada no ‘puro’ escudo da NFL.

Por mais que mudanças sejam feitas e a liga passe a ser mais rígida em casos de violência doméstica, não dará para apagar o que foi feito primeiramente – e da benção do deus.

A movimentação nos bastidores da NFL é para remediar o que for possível dessa bagunça, um nada exemplar gerenciamento de crise. Isso à luz das declarações de Rice, que se posicionou em frente aos repórteres CT dos Ravens e disse:

Minhas ações são indesculpáveis

O que aconteceu naquela noite [da agressão] é algo que vou carregar para o resto da minha vida

Eu decepcionei tantas pessoas por causa de 30 segundos da minha vida que eu sei que não tenho como recuperá-los

Falas que reforçam a gravidade do episódio.

Não vai conseguir limpar completamente, mas vale a tentativa da NFL de fazer algo para não ficar com uma imagem tão ruim perante os fãs e imprensa. Após esse vazamento, logo virá o anúncio oficial de que a liga “não irá mais tolerar situações de violência contra a mulher” e de que “tomará atitudes drásticas contra os que praticarem um ato repugnante como o tal”.

O cuidado necessário é para não se sujar mais tentando limpar a (...) que fez...

(GL)
Escrito por João da Paz