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NBA, basquete americano e o futebol brasileiro


A eliminação da seleção brasileira de futebol da Copa do Mundo 2014, fruto de um sonoro 7 a 1 a favor da Alemanha nas semifinais da competição realizada no Brasil, desencadeou em discursos loucos, desvirtuados e inconsequentes da mídia especializada, que, logicamente repercutiu nos torcedores, público.

O principal elemento do grito utópico é de que o futebol brasileiro precisa de uma reformulação, de uma revolução. “É necessário resgatar a essência perdida após o penta conquistado em 2002”, esbofaram alguns. “Vamos voltar ao futebol moleque apresentado nos gramados da campeão moral de 1982”, dizem outros. Ambos os argumentos, e o que se encontram entre eles, são resultados de uma paixão transformada em falas jornalísticas, prestando um mau serviço, pois deixam de citar a realidade e se escoram num heroísmo fajuto.

Os jogadores brasileiros têm tanto domínio no futebol como os atletas americanos tem no basquete. Interessante que em 2002, o time dos Estados Unidos não apenas perdeu o Mundial de basquete realizado em casa, mas ficou em 6º lugar. O que aconteceu na época? Havia escassez de talento em solo yankee? O futebol brasileiro precisa dar um reset, visto que não forma mais craques, aqueles de elite?

A seleção brasileira de futebol precisa fazer exatamente o que a federação americana de basquete fez com sua equipe depois de seguidos vexames internacionais.

Balanço do futebol brasileiro

O torcedor comum tem direito a qualquer opinião, assim como o jornalista que exerce a função de analista. Porém, a diferença é que o profissional precisa apontar sua avaliação – sobre qual assunto for – de uma maneira mais ampla, didática e embasada.

O Brasil, independente do tratamento que as categorias de base recebem, revela centenas de talentos anualmente. Montar um elenco com os melhores jogadores em suas respectivas posições não é tão simples, mas faz parte dos desafios de ser o treinador da Seleção. Os 23 convocados para disputar a Copa do Mundo no Brasil representam a melhor safra que há no momento de jogadores nascidos em terra brasilis. Se opor a isso é ir contra os fatos.

Clubes do mais alto nível do futebol europeu, o mais rico e importante do mundo, disputam ferozmente quem vai ficar com esses jogadores que formaram o time do Brasil na Copa de 2014. A maioria deles tem um currículo recheado de conquistas importantes atuando diretamente na busca por cada um dos troféus cobiçados do futebol mundial.

Júlio César: quatro vezes campeão italiano, 2006 -2010; Liga dos Campeões e Mundial de Clubes em 2010; todos com a Internazionale... David Luiz: Liga dos Campeões em 2012 com o Chelsea... Thiago Silva: campeão italiano em 2011 com o Milan... Dante: campeão alemão duas vezes, um título da Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes, todos com o Bayern Munique... Daniel Alves: quatro títulos do campeonato espanhol, duas Ligas dos Campeões e dois Mundiais de Clubes, todos com o Barcelona... Maicon: cinco títulos do campeonato italiano, uma Liga dos Campeões e um Mundial, todos pela Internazionale... Marcelo: três títulos do campeonato espanhol e uma Liga dos Campeões, todos com o Real Madrid... Fernandinho: campeão inglês com o Manchester City... Luiz Gustavo: campeão alemão e da Liga dos Campeões com o Bayern Munique... Ramires: Liga dos Campeões com o Chelsea...

E tudo isso de 2002 pra cá.

De 2002 pra cá, “nessa crise” (forjada pela imprensa) do futebol brasileiro, a Seleção ganhou cinco competições oficiais da Fifa: três Copa das Confederações (2005, 2009 e 2013) e duas Copa América (2004 e 2007). Além de estar entre as quatro seleções melhores do mundo em 2014, chegando às semifinais de um Copa do Mundo pela primeiras vez desde... 2002.

De 2002 pra cá, o Brasil teve seis campeões da Taça Libertadores da América: São Paulo em 2005, Internacional em 2006, Internacional em 2010, Santos em 2011, Corinthians em 2012 e Atlético Mineiro em 2013. Perceba que os últimos quatro campeões da principal competição de clubes da América Latina são brasileiros...

De 2002 pra cá, o Mundial de Clubes foi conquistado pelo Brasil três vezes, num total de nove edições (São Paulo em 2005, Internacional em 2006 e Corinthians em 2012). Itália e Espanha tiveram dos campeões; Inglaterra e Alemanha um cada.

De 2002 pra cá, somente um time que conquistou a Liga dos Campeões da Europa, o Liverpool de 2004-05, não tinha um brasileiro no elenco, todos os outros 11 times tinham um representante do Brasil participando diretamente do elenco vencedor.

De 2002 pra cá, o Brasil teve três jogadores eleitos melhor do mundo: Ronaldinho duas vezes (2004, 2005) e Kaká (2007). Os dois, junto com Ronaldo e Rivaldo, estavam no elenco campeão da Copa de 2002, única vez (e talvez nunca se repita) que uma equipe teve quatro jogadores com o título de melhor do mundo.

Se ir até 1982 é pior. Até 2014, o Brasil é o único país que venceu a Copa do Mundo duas vezes.

O que a Seleção precisa fazer então? Se espelhar no exemplo americano.

Do sonho à redenção – passando pela soneca e pelo pesadelo

No texto Patriotismo sim, até a página 3, explico com mais detalhes o processo de mudança de postura do basquete americano em competições internacionais: Mundial e Jogos Olímpicos. Tudo começou quando os Estados Unidos passaram por um vexame histórico (manchete que serviu para resumir o que aconteceu com o Brasil no jogo contra a Alemanha). Também em casa, a maior força do basquete não apenas deixou de ser campeão, ficou em 6º lugar.

Foi quando o Time dos Sonhos, campeão olímpico em 1992 e seus derivados (campeão do mundial em 1994 e das Olimpíadas de 1996 e 2000), deu lugar ao Time da Soneca.

Na ocasião, a NBA estava cheia de talentos que poderiam dar o título ao país em sua casa, mas se recusaram a participar do evento – nomes como Tim Duncan, Kevin Garnett, Kobe Bryant, Tracy McGrady e Michael Jordan.

Dois anos depois o fundo da decepção foi atingido. Nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, mais uma leva de jogadores da NBA se recusaram a servir a seleção e o que se viu em quadra, apesar da medalha de bronze, foi um show de horrores proporcionado pelo selecionado americano. O apelido de Time do Pesadelo resume bem. Após outro 3º lugar, agora no Mundial de 2006, uma mudança de postura era necessária ser aplicada.

A NBA não deixou de produzir talentos. Os Estados Unidos, neste período de cinco anos, ainda entregava ao mundo formidáveis atletas do esporte da bola laranja. O que não se tinha era o comprometimento pela excelência, de ganhar todas as competições e mostrar em quadra qual é o melhor basquete do mundo.

“Não tem mais bobo no futebol” é uma frase que se aplica a vários outros esportes, e o basquete é um deles. Com a expansão da NBA e a absorção de talentos internacionais, outros países se tornaram mais forte no esporte e se evaporou o tempo que os EUA apenas entravam em quadra e atropelavam seus oponentes.

Iugoslávia, bicampeã do mundo (1998, 2002). Espanha, campeã do mundo em 2006. Argentina, medalha de ouro em 2004. Países que passaram a fazer frente ao jogo peladeiro dos EUA. Se nada fosse feito, o país do basquete não voltaria ao topo.

Outra postura foi adotada. A federação de basquete firmou compromisso com os melhores jogadores da NBA para que eles se juntassem e retomassem o domínio no aspecto global do jogo, com um técnico altamente renomado e conhecedor do jogo internacional. Contudo, um acordo em longo prazo precisava ser firmado. Assim, as maiores estrelas da NBA se colocaram a disposição do desafio e formaram o chamado Time da Redenção, medalha de ouro em 2008 e 2012, campeão mundial em 2010.

E, lógico, é o grande favorito para ganhar o Mundial deste ano, que começa em agosto na Espanha.

Mudanças sem pandemônio

O futebol brasileiro não precisa de um reboot e sim de uma mudança de postura. O desastre visto no dia 8 de julho no estádio do Mineirão está marcado como a maior derrota da história do futebol brasileiro. Mesmo assim, o desespero alucinado é desproporcional.

Há qualidade e talento suficiente para que o Brasil permaneça na elite do futebol mundial. Os jogadores brasileiros são presença certa nos melhores clubes do mundo. O passo para vencer é comprometimento de todos, federação, técnico e jogadores, para que se possa subir o degrau a mais que separa a disputa de um 3º lugar para brigar pelo título.

Após 12 anos, o Brasil completou uma etapa. Se mantiver o trabalho, aparar as arestas e consertar os defeitos, em 2018, na Rússia, a Seleção entrará na competição novamente favorita a levantar a Copa do Mundo.

Para tanto, basta não entrar na onda do caos e deixar a angústia insana aos catastróficos.

(GL)
Escrito por João da Paz

A Copa das Copas e o espaço do futebol entre os esportes americanos


Quinta, dia 26 de junho.

A seleção de futebol dos Estados Unidos decidiu seu destino na Copa do Mundo 2014 contra a Alemanha. Apesar da derrota, o time americano se classificou para as oitavas de final - passou da fase de grupos pela terceira vez nas últimas quatro Copas.

Ao mesmo tempo, fatos importantes nos esportes americanos ocorriam paralelamente: LeBron James e Carmelo Anthony, dois alicerces da redenção do basquete do país nas duas últimas Olimpíadas (Pequim-2008 e Londres-2012), escolheram ser agentes livres, decisão que movimenta o mercado da NBA, pois estão disponíveis para qualquer time os contratar; o draft da NBA, considerado um dos melhores das últimas duas décadas, ocorreu no mesmo 26 de junho; o arremessador do San Francisco Giants, Tim Lincecum, no dia anterior, conseguiu seu segundo no-hitter da carreira; Tiger Woods voltou aos campos de golfe.

NBA, MLB, Golfe, LeBron James, Tiger Woods.

Mas o assunto mais popular entre os americanos, liderando as chamadas nos principais veículos de comunicação, foi a partida entre EUA e Alemanha.

O jogo aconteceu às 12h no horário de Washington. Assim, em grande parte dos EUA os americanos fizeram algo que seria natural se fosse no Brasil: estenderam a parada do almoço e assistiram ao duelo se aglomerando em frente de qualquer TV. É um simbolismo importante que evidencia o quão popular é o futebol na terra do Tio Sam, aniquilando aquela história de “quando que o futebol vai ‘pegar’ nos EUA?”.

Contra Portugal, encontro que aconteceu no domingo, dia 21, a audiência televisiva foi a maior da história para um jogo de futebol por lá. Já é forte o movimento para que as empresas dispensem seus funcionários mais cedo na próxima terça, 1º de julho, assim todos poderão acompanhar o confronto contra a Bélgica, às 16h, horário local.

Cronologia de sucesso

O futebol nos EUA só tende a crescer mais e mais. Uma ação da Fifa poderia ajudar isso, mas o erro cometido pode ser consertado. A Copa do Mundo de 2022 é destinada para ser em solo americano. Contudo a corrupção fez com que a maior organização do futebol mundial “escolhesse” o Catar. As denúncias de fraude estão evidentes e isso levará a Fifa a reconsiderar sua “escolha” inicial. Para corrigir plenamente, tem de escolher os EUA como sede, uma nação mais do que pronta para receber um evento de enorme porte.

A Copa do Mundo de 1994 (nos EUA) é criticada por motivos tolos, seja em aspectos dentro ou fora de campo. Porém, se esquecem de um detalhe: foi o torneio que teve a maior média de público de todas as Copas e o maior número total de torcedores nos estádios. Os jogos foram em estádios gigantes. Desenhados a priori para serem palcos de football, ficaram cheios de admiradores do soccer.

Dois anos depois a MLS (Major League Soccer) teve sua primeira temporada. A tentativa mais sólida de criar uma liga de futebol forte e competitiva no mercado. Hoje, a MLS é um sucesso: tem público, dinheiro e estabilidade. É um bebê de 19 anos se comparada com a MLB (145 anos), NHL (97), NFL (94) ou NBA (68), porém compete de igual para igual com as grandes ligas; e a NHL.

A média de público da MLS no ano passado foi maior do que NBA e NHL.

Repetindo:

A média de público da MLS no ano passado foi maior do que NBA e NHL.

Em porcentagem de capacidade de estádio de futebol, a MLS fica apenas atrás da Premier League (campeonato inglês) e da Bundesliga (campeonato alemão).

O público não é mais de apenas hispânicos, latinos. A classe média abraçou o esporte bretão e percebeu algo que há anos o brasileiro sabe: é um esporte barato. Basta usar a imaginação, fazer um gol em qualquer lugar, pegar bola e play on! Eis, aliás, um dos motivos da queda de popularidade da NHL nos Estados Unidos. Jogar hóquei é caro e, antes de ter habilidade para controlar o puck, é preciso aprender a patinar (e patinar bem...).

O futebol é um esporte menos complicado. Os telespectadores tem percebido isso. Em menos de duas horas uma partida acaba e em sua duração não há breaks comerciais quando um dos tempos estão em andamento. Eis, aliás, um dos motivos da queda de popularidade da MLB nos Estados Unidos. O beisebol é um esporte longo, parado e pouco atrativo para os jovens, que estão cada vez mais jogando futebol.

Outro ponto interessante é que o Fifa 14, popular jogo de vídeo game da EA Sports, é o mais vendido na América. Jogo esse que foi criado na onda da Copa do Mundo de 1994 – o primeiro exemplar, Fifa International Soccer, foi lançado em 1993.

Popular ou não?

Essa pergunta, quase clichê quando se trata de futebol nos EUA, é ultrapassada e quem a traz não enxerga de fato o que está acontecendo.

Um exemplo prático disso é o que trouxe a conceituada revista britânica The Economist na edição de junho deste ano. A reportagem “Um jogo de dois tempos” traz um questionamento interessante, mostrando se o futebol é mesmo o esporte mais popular/praticado em todo o mundo. Para tanto, traz exemplos dos países mais populosos da Terra, China e Índia, apresentando fatos de que o futebol em ambas as nações está longe de ser um esporte do povo – na China o desenvolvimento é um pouco melhor que na Índia. Neste mix, a revista fala também sobre os EUA, o que não cabe qualquer comparação com os países supracitados.

A decisão da Copa do Mundo de 2010, entre Holanda e Espanha, teve audiência de 24,3 milhões de americanos. Para se ter uma perspectiva, o decisivo jogo 5 da World Series (final da MLB) entre Texas Rangers e San Francisco Giants, no mesmo ano, teve audiência de 15 milhões... A audiência do jogo 7 da final da NBA entre Los Angeles Lakers e Boston Celtics, também em 2010, teve apenas 4 milhões a mais de telespectadores do que a partida entre holandeses e espanhóis...

Na belíssima Copa das Copas, que tem o Brasil como anfitrião, são os americanos o público estrangeiro que mais comprou ingressos para assistir as partidas do torneio.

Se a Fifa confirmar a Copa de 2022 nos Estados Unidos, o ano será um marco para a MLS e o futebol, que é popular sim.

Quando que você imaginou que americanos deixariam de trabalhar para verem uma partida de Copa do Mundo de futebol?

Brasileiros tudo bem, mas os americanos...

(GL)
Escrito por João da Paz

A culpa é (não só) das estrelas


A festa foi em casa e merecida.

O San Antonio Spurs, com a vitória no último domingo, 15, sobre o Miami Heat conquistou o quinto título da franquia, ficando na quarta posição entre os clubes que mais foram campeões da NBA, atrás do Chicago Bulls (seis), Los Angeles Lakers (16) e Boston Celtics (17).

Após perderem de forma dramática no ano passado para o mesmo Heat, o principal líder dos Spurs, o pivô Tim Duncan, único jogador da equipe que tem todos os cinco anéis de campeão da franquia, lamentou o revés, mas garantiu que na temporada seguinte o time estaria de volta, só que mais competitivo para não deixar o título escapar da forma como foi.

A determinação de Duncan, junto com a do armador francês Tony Parker e do ala argentino Manu Ginóbili motivou seus companheiros e a diretoria da equipe, que não agiu inconsequentemente e, depois de perder a taça por tão pouco, manteve a cabeça no lugar, mexeu apenas no necessário e permaneceu confiando no trio base do time, acreditando que eles seriam capazes de realizar o que almejaram.

Trio esse que, juntos, custam menos do que 30 milhões de dólares/ano na folha salarial dos Spurs – o brasileiro Tiago Splitter ganha 3 milhões de dólares a mais do que Ginóbili. (o trio de Miami, LeBron/Chris Bosh/Dwyane Wade receberam nesta temporada, juntos, 56 milhões de dólares).

Mais um título. E assim se fez.

Os Spurs não só derrotaram o Heat, deram um outro significado para a palavra atropelamento. As quatro vitórias alcançadas que levaram à conquista foram devastadoras, deixando o mínimo de dúvida sobre quem levou a melhor no duelo melhor time x melhor jogador (LeBron James).

Com os veteranos dando o exemplo, sendo somente mais alguns elos da engrenagem sincrônica que são os Spurs, ficou fácil para os coadjuvantes aparecerem e facilitarem o trabalho ofensivo e defensivo de todos do elenco. Uma das características desse time que ficará marcada é a eficiência mostrada no ataque, com um engajamento executado à beira da perfeição, puro exemplo de companheirismo em detrimento ao individualismo, com cada jogador trocando um bom arremesso seu por um melhor arremesso de um colega. Cada passe feito com precisão cirúrgica, cada passe que levou a uma cesta, cada cesta que contribui para um massacre inesperado.

Tudo isso é resultado de comprometimento e cumplicidade.

As estrelas apareceram, brilharam, estavam lá. Mas quem desfrutou os holofotes mesmo foi uma que reluz de forma tímida, mas que também apareceu, brilhou, estava lá.


Kawhi Leonard, ala, foi eleito o MVP das Finais (melhor jogador) - acima recebendo o troféu do lendário Bill Russell. Assim que entrou na NBA, em 2011, era uma das apostas para ser um jogador de impacto e os Spurs eram o destino ideal. Acabou acontecendo justamente isso. O clube trocou um jogador importante para o time então, George Hill, por Leonard, aquisição que aconteceu na noite do draft daquele ano – quem escolheu Leonard, na 15ª posição, foi o Indiana Pacers.

Três temporadas depois Leonard mostrou sua importância, seguindo a liderança das estrelas maiores e sendo, com 22 anos, o mais novo MVP das Finais da NBA nos últimos 34 anos (junto com Duncan, que tinha a mesma idade em 1999, ano do seu primeiro título).

A postura de Leonard somada a dos seus companheiros levaram os Spurs a mais um título.

Uma postura semelhante não se viu do outro lado.

Antes do decisivo jogo 5, LeBron juntou seus colegas e os incentivou. Proferiu palavras de ordem e deu a dica: “Siga minha liderança”.

Nada disso.

LeBron entregou mais um jogo dentro do seu alto nível, marcando 31 pontos, um pouco a cima da média que teve durante toda a série final: 28.2 pontos por jogo, com aproveitamento de arremessos de quadra excelente, 57%. A diferença, total, que deu o título aos Spurs, é que LeBron teve ajuda nula de seus companheiros, não seguiram a liderança, o exemplo, a estrela maior.

A culpa é (não só) das estrelas.

E para os Spurs não há problema que os chamem de time muito velho, muito pragmático, muito entediante...

Só lamento!



(GL)
Escrito por João da Paz

Neymar e LeBron James são os amores preferidos dos recalcados

Um beijinho no ombro não faz o recalque passar longe.

Nesta quinta, 12, inicia-se a competição esportiva mais importante do planeta: a Copa do Mundo. Realizada pela segunda vez no Brasil, a Copa-14 será mais um palco de cobrança para Neymar, camisa 10 da Seleção e responsável em dar o título ao país que perdeu a taça na Copa-50, sendo então derrotado na final pelo time do Uruguai.

Essa cobrança teria um ar de normalidade se fosse ela por si, mas não, vem com uma torcida contra e com um ódio inútil. Mesma situação passa LeBron James, melhor jogador da NBA, que paralelamente à Copa disputa as Finais em busca do seu terceiro título na carreira.

É possível explicar porque há tanta hostilidade contra Neymar e LeBon?

Sim.

Antes de virar gíria e ser presença comum em letras de funk, a palavra recalque já existia e o conceito não foi desenvolvido por qualquer um, apenas pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud.

Existem duas definições interessantes sobre quem são e o que pensam os recalcados. No dicionário Aulete, recalque é um “mecanismo psicológico de defesa pelo qual desejos, sentimentos, lembranças que repugnam à mentalidade ou à formação do indivíduo são excluídos do domínio da consciência e conservados no inconsciente, continuando, assim, a fazer parte da atividade psíquica do indivíduo e a produzir nela certos distúrbios de maior ou menor gravidade”. Já para o dicionário Michaelis, é uma “exclusão inconsciente, do campo da consciência, de certas ideias, sentimentos e desejos que o indivíduo não quisera admitir e que todavia continuam a fazer parte de sua vida psíquica, podendo dar origem a graves distúrbios”.


O melhor jogador do Brasil


Neymar, 22, é a síntese do que todo homem gostaria de ser quando sonhava na infância chutando uma bola de plástico no quintal de casa: ser jogador de um time grande na Europa (Barcelona), camisa 10 da Seleção e astro do principal torneio de futebol do mundo, ainda mais no Brasil. Fora isso, é estrela de comerciais, patrocinado por marcas famosíssimas e faz sucesso com as mulheres.

Quem nega isso não quer admitir o sentimento de recalque. Mas ele existe. Evidente que o gostar de alguém ou não é inerente a cada ser, nem todos devem admirar o próximo somente porque sim. Neymar, contudo, é vítima desse sentimento que não vai passar, seja qual for seu sucesso dentro ou fora de campo. O recalque está enraizado naquele que o deixa brotar no seu íntimo, impedindo que a razão sobreponha opiniões vinda do inconsciente, externadas em forma de ódio – não aquele enfurecido, mas o brando, porém tão nocivo quanto.

Na última partida do Brasil antes da estreia da Copa, contra s Sérvia em São Paulo, Neymar saiu de campo no final do segundo tempo. A substituição veio com um mix de vaias e aplausos da arquibancada paulistana. E o Brasil estava vencendo...

Por que as vaias, então?

Quem o vaiou também não saberá dizer efetivamente o motivo. Foi um comportamento involuntário da lembrança de que “É preciso vaiar Neymar”. Daí vem a torcida para ele falhar, para não ir bem na Copa, para ser um fracasso. E isso vem dos próprios fanáticos brasileiros.

Kaká, em 2007, foi o último jogador do Brasil a ser escolhido o melhor do mundo. Antes dele, em 13 edições do prêmio dado pela Fifa ao melhor jogador de futebol do mundo, entre 1994 e 2006, sete vezes o Brasil teve um atleta em primeiro lugar (Romário, Rivaldo, Ronaldinho-2 vezes e Ronaldo-3 vezes). De 2008 a 2013, seis edições, o Brasil se quer teve um representante entre os três primeiros colocados.

Neymar é a chance real de o Brasil voltar a ter um melhor jogador do mundo. Até pode ser neste ano, vai depender do seu desempenho na Copa.

Um jogador completo, Neymar teve a oportunidade de ser o camisa 10 do Santos e trazer a taça Libertadores da América de volta ao litoral paulista, marcando gol na final, inclusive. Jovem, é a aposta do Barcelona para manter o clube espanhol em alta nas disputas europeias. É o camisa 10 da Seleção... E, em 340 jogos na carreira, marcou 200 gols, média altíssima de 0,6 gols por partida.

Ganha uma fortuna com comerciais dos mais diversos produtos. Não importa a razão, as mulheres estão em cima dele. A inveja vem de caras com a mesma idade de Neymar ou mais velhos. Todos frustrados porque queriam ser ele, mas não admitem.

Quem o admira são as crianças. Porém querem ser justamente o que Neymar é.

Sem recalque.


O melhor jogador (da história) da NBA


LeBron, 29, está a caminho de ser...

Aí entram os recalcados para impedir que a frase acima seja completa, pois ela “só pertence” a um jogador: Michael Jordan.

Essa defesa, literal e mental, vem por sentimentos fortalecidos na infância. Similar ao que acontece com Neymar, Jordan tem seus admiradores as pessoas que o acompanharam quando criança/adolescente. As imagens dele voando em quadra e convertendo cestas incríveis fincam lar no inconsciente, criando uma empatia mitológica que faz com que esqueçam os erros da “sua majestade”.

Jordan errou e teve suas falhas em quadra em tamanho proporcional a LeBron. Mas como um não viveu na era das overdoses dos números e outro sim, só LeBron é criticado de maneira exacerbada por seus tropeços em jogos importantes.

A ilusão criada pelo recalque de que Jordan foi imune ao erro e sempre atuou de forma infalível é perpetuada incorretamente. Em todas as seis temporadas que o Chicago Bulls, time de Jordan, foi vitorioso, o camisa 23 teve performances dúbias. Seja com números acima da média e mesmo assim os Bulls perderam, ou com atuações pífias e os Bulls venceram.

Alguns exemplos:

1991 – Jogo 3 contra o Philadelphia Sixers, Jordan marcou 46 pontos. Derrota dos Bulls.

1992 – Jogo 2 das Finais contra o Portland Trail Blazers, Jordan marcou 39 pontos. Derrota dos Bulls.

1993 – Jogo 2 contra o Cleveland Cavaliers, Jordan marcou 18 pontos em 31 minutos. Vitória dos Bulls... Jogo 3 e 5 das Finais contra o Phoenix Suns, Jordan marcou, respectivamente, 44 e 41 pontos. Derrota dos Bulls em ambas as partidas.

1996 – Jogo 3 contra o New York Knicks. Jordan marcou 46 pontos. Derrota dos Bulls... Jogo 3 contra o Orlando Magic. Jordan marcou 17 pontos em 39 minutos. Vitória dos Bulls.

1998 – Jogo 6 contra o Indiana Pacers. Jordan marcou 35 pontos. Derrota dos Bulls... Jogo 1 das Finais contra o Utah Jazz. Jordan marcou 33 pontos. Derrota dos Bulls.

Tudo isso, uma pequena amostra, para deixar claro que Jordan foi humano dentro de quadra. Os Bulls perdiam com ele jogando bem e venciam com ele jogando mal. Passou por situações comuns a outros grandes nomes da NBA. Contudo, recebe um tratamento como se suas falhas fossem meros pormenores.

E as de LeBron são sinais do apocalipse.

Não importa qual seja o resultado da sua quarta final seguida da NBA. Venha o título ou não, terá irrisória influência no resultado final de sua carreira. LeBron não precisa de sete títulos para ser maior que Jordan, afinal, outros jogadores tem mais anéis de campeão o que os dois juntos. Outros jogadores marcaram mais pontos que Jordan na carreira, mais assistências, mais rebotes, com melhor aproveitamento de quadra...

Jordan é a figura que transformou a NBA, ele foi a cara da globalização da liga. Seu talento e qualidade são inquestionáveis. Mas o título de melhor jogador da história da NBA não. Para ele, ficará o honroso rótulo de melhor cestinha de todos os tempos do basquete.

LeBron, um jogador mais completo e eficiente em todos os aspectos do jogo, caminha para destronar “sua majestade”.

O recalque vem para tentar desmentir.

A ladainha formada em torno de “Jordan, o melhor jogador da história da NBA” é dita ininterruptamente pelos recalcados. Mas vai exaurir. A psicanalista Maria Rita Kehl, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo em 24 de março de 2013, intitulado “A verdade e o recalque”, define bem o que se passa na mente de quem é invejoso e ranzinza, que vive longe de parâmetros reais e é abastecido por devaneios:

A fantasia recalcada revela que a verdade psíquica é capaz de libertar o neurótico das repetições sintomáticas”.

E a neurose nada mais é do que expressões simbólicas de um conflito psíquico enraizado na história infantojuvenil de cada ser humano.

(GL)
Escrito por João da Paz

Miami Heat em seu lugar apropriado


Respeito.

Quando o time do Miami Heat, atual campeão da NBA, visitou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em janeiro deste ano, essa palavra os conectou.

“Ás vezes, parece que eles [Heat] ainda estão lutando por um pouco de respeito – eu me identifico com isso”, disse Obama em seu discurso, mostrando entender o que grandes nomes, mesmo realizando grandes feitos, não são reconhecidos como deveriam. Pelo contrário até, são desmoralizados e desvalorizados.

Nesta quinta, 5, começa as Finais da NBA temporada 2013-14 e será a quarta vez consecutiva que o Heat disputa o título. É um feito tão raro que apenas duas outras franquias conseguiram atingi-lo em 67 anos: Boston Celtics (duas vezes) e Los Angeles Lakers (uma vez).

A última vez que uma equipe chegou a esse status foi na década de 80. Os Lakers entre 1982 e 1985, e os Celtics entre 1984 e 1987. Ambas conseguiram dois títulos em suas respectivas sequências. Ambas têm trio de jogadores considerados lendas da NBA (Lakers: Magic Johnson, James Worthy e Kareem Abdul-Jabbar; Celtics: Larry Bird, Robert Parrish e Kevin McHale).

Porém, o senso comum questionará, caso o Heat seja derrotado pelo San Antonio Spurs em 2014, o papel na história da NBA do time e do trio LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh.

O mínimo de dúvida beira o ridículo.

Somos testemunhas da história e tem os que não aproveitam para desfrutar e escolhem a murmuração e o ranger de dentes. É indissociável gostar de basquete e não admitir a grandeza das conquistas alcançadas pelo Heat em apenas quatro anos.

Note que é preciso voltar duas décadas e meia para ver que algo parecido aconteceu na NBA. A liga, que vive seu melhor momento, é cada vez mais competitiva e disputada no topo. Estrelas surgem, grandes times são formados e torna a mera repetição uma dificuldade imensa.

Agora, manter o mesmo nível elite por quatro anos seguidos, repetindo jogos em Finais? É formidável e merece mais do que destaque.

O Heat tem cumprido todas as expectativas autoimpostas. É muito tentador desviar o foco e se acomodar quando se consegue cumprir uma meta almejada. Com o Miami, além disso, há a sede de continuar e alta, de não esmorecer.

O que LeBron, Wade e Bosh conseguiram - a quarta final seguida – nem Michael Jordan, Kobe Bryant, Shaquille O’Neal ou mesmo Tim Duncan (estrela dos Spurs) obtiveram ao longo da carreira.

Nesse período de quatro temporadas, o Heat venceu 14 séries de playoffs de 15 disputadas (perdeu para o Dallas Mavericks nas Finais de 2011). Foram 10 jogos decisivos em casa, venceu todos eles. Foram três jogos número 7 disputados, venceu todos eles. Não foi páreo para nenhum concorrente da Conferência Leste nos playoffs, destroçando o Boston Celtics duas vezes, o Indiana Pacers três vezes e o Chicago Bulls duas vezes – fora eliminando novamente Paul Pierce e Kevin Garnett nesta pós-temporada, agora com o Brooklyn Nets, antes com os Celtics.

Não bastassem esses impressionantes números, outra estatística chama mais atenção por ser fundamental para o sucesso nos playoffs: o Heat tem ao menos uma vitória fora de casa em cada uma das séries de playoffs que disputou nos últimos quatro anos.

Esse sentimento que a imprensa (e fãs) apregoam contra os grandes times/grandes jogadores é curioso. O mundo dos esportes é recheado de casos que esses tipos não são apreciados. Só aumenta a conta deles quando não ligam para isso e buscam a cada dia provar que são dignos de estarem em lugares altos.

Ambos os títulos do Heat da era LeBron-Wade-Bosh são contestados. Inclusive é possível ler/ouvir que a última vitória nas Finais contra os Spurs foi produto da sorte...

Por mais que o Miami perca para San Antonio nestas Finais, o lugar do Heat entre os grandes times da história da NBA está assegurado. Assim como para o trio formado pelos seus principais jogadores.

Qualquer coisa diferente disso é estupidez e uma cegueira burra.

Similar ao que é feito com o técnico do Heat, Erik Spoelstra. É clichê diminuir o trabalho do treinador, em qualquer esporte coletivo, quando sua equipe é formada por atletas de talento. Dizem “com um time desse é fácil ganhar”. Não tem visão mais torpe, simplista e preguiçosa.

Na NBA, Mike Brown ganhou o troféu de melhor treinador na temporada 2008-09 (66 vitórias com o Cleveland Cavaliers em 82 jogos de temporada regular. LeBron James estava em Cleveland). Em 2012-13, Brown estava a frente dos Lakers com um dos quartetos mais incríveis colocados juntos no mesmo time: Steve Nash (duas vezes MVP), Kobe Bryant (MVP), Pau Gasol (MVP do Mundial de Basquete) e Dwight Howard (três vezes melhor defensor). Em oito jogos na pré-temporada, os Lakers perderam todos. Nos cinco primeiros jogos da temporada regular, foram quatro derrotas. Mike Brown foi demitido.

No futebol, já que estamos em clima de Copa do Mundo, temos dois exemplos interessantes com a Seleção brasileira.

Em 1970, o time do Brasil foi campeão e justamente o treinador Zagallo não ganha créditos, porque “com um time desse é fácil ganhar”. Havia cinco camisas 10 no time titular: Jairizinho (Botafogo), Gérson (São Paulo), Rivelino (Corinthians), Pelé (Santos) e Tostão (Cruzeiro). Levantaram a taça.

Na Copa de 2006, a seleção brasileira tinha tantos jogadores bons que o camisa 10 do Real Madrid era banco (Robinho). Mesmo assim, o ataque ganhou o apelido de quadrado mágico, com outros dois camisas 10 de grandes clubes europeus: Ronaldinho (Barcelona) e Adriano (Inter), com o complemento de Ronaldo, nada mais nada menos - Kaká vestia a 22 no Milan, mas é um típico camisa 10. Neste quarteto, perceba que tem três jogadores eleitos melhores do mundo: Ronaldinho, Kaká e Ronaldo. Com o treinador Parreira no comando, a Seleção não passou das quartas-de-final.

Com LeBron-Wade-Bosh, Spoelstra não apenas vence, mas domina as quadras da NBA com atuações consistentes.

Seja com o tricampeonato ou não, ele tem de receber respeito pelo seu trabalho como um dos grandes treinadores da NBA – enterrando de vez o rótulo de articulista de um time cheio de peladeiros.

Outra taça dará a Spoelstra o terceiro título em seis temporadas na associação. Assim sendo, igualará o que Pat Riley, seu tutor, treinador daquele Lakers da década de 80 e presidente do Heat, atingiu na mesma quantidade de campeonatos.

Riley é venerado.

Spoelstra, não?

Se não o tratam devidamente agora, não será mais um título que mudará o resultado da equação.

Obama, ao ganhar das mãos de Spoelstra um troféu simbólico da NBA, pôde sentir que o Heat e seus integrantes estão em busca de ideais similares.

Respeito.

(GL)
Escrito por João da Paz

Aquele time do Canadá – sim, o Toronto Raptors – se distancia do desaparecimento


Fundado há 19 anos, o Toronto Raptors está no caminho certo que o levará à sobrevivência na NBA. Assim como Vince Carter fez no final da década de 90, a nova direção da franquia toma atitudes agressivas para estabelecê-la como a representante do Canadá na maior liga de basquete do mundo.

Com cores de time de segunda divisão, logo e nome bregas, os Raptors chegaram junto com o Vancouver Grizzlies para inserir o basquete da NBA no país ao norte dos Estados Unidos. Os Grizzlies, também com nome e logo infantis, duraram pouco, graças a campanhas horrendas (em 1998-99, venceu apenas 8 vezes em 50 partidas, aproveitamento de 16% em vitórias) e má vontade de todos (franquias, NBA e fãs locais). Após somente seis temporadas, os Grizzlies deixaram Vancouver e aterrissaram em Memphis (2001-02). Sem nenhuma pós-temporada quando estava no Canadá, a franquia participa agora do sétimo playoffs, o quarto seguido.

Se não fosse por Vince Carter, certamente os Raptors não estariam mais no norte, fato. Carter chegou como estrela vindo da tradicional Universidade da Carolina do Norte, reduto de estrelas da NBA. Ele sofreu um pouco com a depressão da associação que desejava loucamente um substituto para Michael Jordan, mas fez seu trabalho em Toronto com empenho e seu estilo de jogo ajudou a franquia a criar um vínculo maior com a cidade.

Em seu primeiro ano na NBA, Carter levou o prêmio de melhor novato. Na segunda temporada, levou o time aos playoffs. No ano após a estreia na pós-temporada, os Raptors estiveram a uma cesta de avançar às finais da Conferência Leste. Porém, o arremesso dado por Carter contra o Philadelphia 76ers de Allen Iverson tocou no aro e a sirene soou, anunciando o fim do jogo sete.

Com Carter, os Raptors estiveram presentes em três playoffs. Mas sua contribuição foi maior que isso. Carter tornou o time do Canadá popular entre crianças/adolescentes. Era carismático, jogava ousadamente e tinha nas enterradas sua principal assinatura.

Indiscutivelmente, Carter apresentou a melhor sequência de enterradas apresentadas em um final de semana do Jogo das Estrelas. (Nota: Veja o vídeo abaixo, com a íntegra de todas os lances de Carter, e entenda porque ele "estragou" o torneio de enterradas. Foi tão incrível que ninguém vai chegar perto de igualá-lo. Sinta a reaão da torcida e jogadores).



Ao lado do seu primo Tracy McGrady, Carter fazia uma dupla jovem e empolgante, agradando a parcela mais jovem do público da NBA. Porém, nem tudo dura pra sempre. A franquia não administrou bem o fora de quadra de ambos e não tinham outra saída a não ser buscarem um melhor lugar na liga. McGrady deixou os Raptors em 2000 e foi para Orlando – com a camisa do Magic, foi duas vezes seguidas o cestinha da NBA (2003 e 2004). Em 2004 foi a vez de Carter largar a camisa roxa e preta, indo defender os Nets em New Jersey.

O fim dos Raptors passou a ser mais nítido.

A partir da saída de Carter os Raptors não sabiam que rumo tomar: reconstrução, mudança por completo, continuidade... Chris Bosh, escolhido no draft de 2003, foi “eleito” o sucessor, rótulo que além dele não querer, era incompatível com seu estilo (de jogo e postura). Um sucesso repentino, título da Divisão do Atlântico na temporada 2006-07 (campeonato que nem Boston Celtics e New York Knicks estavam competitivos e ficaram de fora dos playoffs), prejudicou a franquia, pois se iludiram pensando que faziam a coisa certa.

Não.

Fracassos vieram, em grande parte por decidirem optar por uma revolução, revolução sem qualquer sentido. Os Raptors escolheram montar um time “europeu” na NBA. Daí se formou um mutante, um clube sem identidade verdadeira. Era um falso time da NBA que mandava seus jogos em Toronto.

FUNDAÇÃO URBANA

Dentro de quadra, o novo Toronto Raptors, este que está nos playoffs da temporada 2013-14, chegou a tal ponto com o título da Divisão do Atlântico, novamente se beneficiando da má fase de Celtics e Knicks – nenhum dos dois avançaram.

As trocas de Rudy Gay (Kings) e Andrea Bargnani (Knicks) foram decisões acertadíssimas. Desta maneira, o time teria de se sustentar nos líderes DeMar DeRozan e Kyle Lowry. Com ginga urbana e um street style que remete ao que Carter e McGrady faziam a uma década atrás, os Raptors tem dois jogadores de talento e potencial para recuperar o aspecto contemporâneo que marcou o time no seu tempo áureo.

A franquia, antes do inicio dos playoffs desta temporada, lançou uma ótima campanha publicitária chamada “We The North” (tr. Nós do Norte). Uma das metas da ação é mostrar o basquete praticada nas ruas, nas áreas urbanas de Toronto. E destaca, claro, DeRozan e Lowry, atletas certos para serem a face da propaganda.

Aqueles adolescentes, sejam eles do Canadá ou não, fãs de Carter e McGrady, abandonaram os Raptors. A franquia não soube prender os torcedores, que se dispersaram. A mídia também esqueceu o clube. Os patrocinadores idem. A irrelevância a cada dia, jogo, mês, temporada se apoderava dos Raptors, que trilhava com agonia rumo ao deslocamento (para os EUA), ou ao desaparecimento (redução de times da NBA, projeto que está ativo e pronto para ser executado).

Colocando uma tag urbana na franquia, e com jogadores ideais para sustentá-la, os Raptors tentam resgatar os fãs perdidos de Carter e McGrady, na mesma toada que buscam cativar novos torcedores, os que são admiradores do estilo NBA de jogar basquete: contra-ataque showtime, enterradas, jogadas de efeito e marra.

Lembrando ainda que no atual elenco dos Raptors, o terceiro jogador em importância é Tereence Ross, exímio enterrador, campeão do torneio de enterradas em 2013.

Aliás, nos últimos 18 anos, o Toronto Raptors é o único time com dois jogadores diferentes campeões do torneio de enterradas (Carter e Ross).

TIME DO CANADÁ


A campanha We The North tem mais um objetivo principal: instituir os Raptors o time oficial do norte da fronteira.

É interessante isso, pois transformar um comentário negativo (“aquele time do Canadá”) a seu favor (“sim, somos aquele time do Canadá”).

Nisso tudo, evidente, há um estratégia de marketing pensada. Já que, sendo assim, os Raptors teriam o maior mercado da NBA (a população do Canadá é de, aproximadamente, 35 milhões de pessoas).

Timidamente, os Raptors já tentaram se aproximar mais do público canadense. Um dos gestos foi pôr a maple leaf no uniforme. Depois, alterar as cores da equipe, despejando o roxo na lixeira e assumindo as cores do país, branco e vermelho.

Contudo, a segunda fase da campanha é radicalizar mais no visual, com mudança no logo sendo a mais primordial O nome Raptors, por mais que seja tão cafona quanto sua inspiração (Jurassic Park), será mantido.

O passo a vir depois é atrair/criar jogadores canadenses. O clube organiza amistosos e clínicas de treinamento ao redor de todo o Canadá, almejando apertar/criar laços com fãs. A fase do basquete canadense atualmente é morna – está fora do Mundial da Espanha deste ano –, mas o futuro é promissor e os Raptors podem aproveitar esta onda.

A safra é muito boa no país do hockey. Tristan Thompson (Cleveland Cavaliers), Andy Rautins (Tulsa 66ers/NBDL), Joel Anthony (Boston Celtics), Cory Joseph (San Antonio Spurs) e Andrew Nicholson (Orlando Magic) são bons jogadores que estão no quinteto titular da seleção canadense. Outros nomes (jovens) podem reforçar a equipe na busca por vaga nos Jogos Olímpicos do Rio-16, como Andrew Wiggins (cotado para ser uma escolha alta no draft-2014), Anthony Bennett (número 1 do draft do ano passado, Cavaliers), Robert Sacre (Los Angeles Lakers) e Nick Stauskas (Universidade de Michigan).

Não é uma má ideia buscar fazer dos Raptors o time do Canadá. A seu favor, conta a boa gestão que a atual diretoria está fazendo. É o combustível necessário para tirar a franquia do limbo e levá-la a estabilidade (também às transmissões da ESPN/TNT e ao centro da conversa dos fãs da NBA).

Entre os 30 times da associação o Toronto Raptors, segundo a revista Forbes, é o 18º mais valioso, a frente de Philadelphia 76ers, Washington Wizards, Atlanta Hawks e Detroit Pistons, todos times de grandes cidades dos Estados Unidos. Após muita disputa e lobby, o time do norte vai ser sede de um Jogo das Estrelas. O evento será realizado pela primeira vez no Canadá e servirá para comemorar os 20 anos dos Raptors na NBA – evento que renderá para Toronto uma injeção de US$ 100 milhões.

Para não fazer feio, e realizar uma bela homenagem em casa para caras como Carter e Ross no torneio de enterradas daqui a dois anos, a diretoria tem de continuar o bom trabalho e manter o Toronto Raptors competitivo nas próximas temporadas, mesmo que os rivais de divisão Celtics e Knicks se recuperem.

(GL)
Escrito por João da Paz


Veja vídeo da campanha do Toronto Raptors - We The North

Enquanto tradicionalistas murmuram, NBA vive seu melhor momento


As viúvas esportivas são as piores. Se prendem à valores primitivos e não prestam atenção na genialidade que desfila em quadra a cada jogo da NBA. Com os melhores números ofensivos em 20 temporadas e exemplar saúde financeira na administração, a maior liga de basquete do mundo está em sua melhor fase da história.

A temporada 2013-14 registrou o jogo mais veloz estatisticamente, em tempo de posse de bola, desde o campeonato de 1993-94. A média de pontos por jogo, 101, é a maior dos últimos 19 anos. Todos esses dados podem ser observados em dois duelos de playoffs que começam neste sábado: Houston Rocktes x Portland Trail Blazers e Golden State Warriors x Los Angeles Clippers.

É totalmente válido o argumento de que ambos os duelos sejam os mais empolgantes que uma primeira rodada de pós-temporada já teve. Serão partidas típicas da nova era da NBA: jogo de transição forte, contra-ataque a todo instante e muitos arremessos de três pontos.

Dos 16 times que vão disputar o troféu Larry O’Brien, entregue ao campeão da associação, há exemplos de trabalho consistente e exemplar (San Antonio Spurs), um que superou perda de dois líderes e mesmo assim conseguiu classificação aos playoffs (Chicago Bulls) e até aquele time canadense avançou, como campeão da Divisão Atlântico ainda por cima (Toronto Raptors).

O sentimento de glória da NBA hoje é meio amargo para três times tradicionais, uma vez que sem eles a liga desfruta de um formidável momento.

Pela primeira vez na história da competição que Los Angeles Lakers, New York Knicks e Boston Celtics ficam, ao mesmo tempo, fora dos playoffs. Porém, o trio tem condições plenas de voltar, desde que, evidentemente, seja feito um bom trabalho de recuperação. A situação dos Celtics é a mais complicada, a dos Knicks intermediária e a dos Lakers a mais rápida de ser solucionada.

As tais viúvas bramam e destilam veneno ao não admitir que, mesmo sem forças da velha escola, a NBA consegue não apenas manter um nível excelente de jogo, mas elevá-lo. Claro, os playoffs da NBA seria mais charmoso com Lakers, Knicks e Celtics, mas a ausência é um simbolismo importante. A NBA não depende tanto assim do sucesso deles para estar bem.

Um tema recorrente aqui no grandes ligas é o desapego, aprender a viver no presente e deixar o passado, para trás. Do mesmo modo, há quatro anos um especial do blog levou o leitor a refletir sobre um fato: a qualidade de jogadores de nível A que atuam na NBA.

Com o título de Prósperos, o texto detalha feitos de grandes nomes da liga, como Tony Parker, Dirk Nowitzki, Derrick Rose, Chris Paul, Dwyane Wade, Kobe Bryant, Carmelo Anthony, Deron Williams, Dwight Howard...

E, óbvio, Kevin Durant e LeBron James.

Ambos estão em outro patamar, de fato. E a NBA merece que Durant destrone LeBron - pelo menos por uma temporada – e ganhe o MVP da atual temporada.

Os tradicionalistas, com seus argumentos nocivos e postura ranzinza, permeiam todos os setores... não é?

“Hoje não se faz boa música. Qualidade era lá em antigamente”

Filmes? Só vemos explosão e sexo nas telas. Coisa boa são os filmes em preto branco”

“Hoje só tem jogador de futebol perna de pau. Chamá-los de craques? Craques só os de outrora”

Engraçado que esse método de raciocínio interfere até na discussão do estado da nossa sociedade. Os jovens de ontem criticam aos quatro cantos o comportamento dos jovens de hoje, dizendo que tudo é baixaria, que não há mais responsabilidade.

Quando surgiu a revolução sexual, onde tudo era amor, sexo, drogas e rock and roll? Lá não existia esse comprometimento todo que os adultos de hoje (jovens de ontem), pregam.

Logo, a NBA que é tão contemporânea e progressiva, que dita regras e inova a cada instante, não é digna de ser ditada por valores antiquados e entrar na furada de propagar o que passou como superior apenas porque sim.

A NBA realmente está no seu melhor momento. Os tempos de thug players está bem longe e placares com mais de 100 pontos mais recorrentes. O novo comissário, Adam Silver, está estudando as melhores maneiras de criar meios para fazer a NBA progredir mais, ser mais próspera – entrará corretamente no mercado de patrocínio em camisas de jogo, próxima inevitável ação, porém essencial para continuar na modernidade.

E ainda conta com o camisa 6 do Miami Heat, que está prestes a se tornar o melhor jogador da história da liga.

Quem é inteligente e deixa o rancor de lado, percebe.

(GL)
Escrito por João da Paz

NBA merece que Kevin Durant destrone LeBron James – pelo menos por uma temporada


Melhor jogador da NBA nas últimas cinco temporadas, levando o prêmio de MVP em quatro delas, LeBron James, ala do Miami Heat, terá sua sequência dominadora outra vez interrompida, só que agora com merecimento: Kevin Durant, ala do Oklahoma City Thunder, é o MVP do atual campeonato da associação.

Durant tem um discurso pronto de que odeia ser o segundo (segundo melhor atleta da sua classe no high school, segunda escolha do draft, segundo colocado nas eleições de MVP, vice-campeão...). Luta a cada dia para quebrar essa sina.

Ele está naquela temida lista de grandes jogadores que ficam atrás de um fora de série. Sentimento que Reggie Miller, Charles Barkley e Karl Malone, por exemplo, experimentaram ao atuarem à sombra de Michael Jordan. Na era LeBron James, a caminho de ser o melhor jogador da história da NBA, Durant está na caixinha junto com Carmelo Anthony, Chris Paul, e outros, desfrutando o dissabor de ver LeBron reinar.

A vantagem que faz Durant ficar à frente de LeBron na corrida de MVP nesta temporada é o aprimoramento do seu jogo. Daí entra um toque de nerdice do ala do Thunder, que contratou um especialista em números analíticos da NBA para o orientar sobre quais melhores arremessos a serem feitos em determinados lugares na quadra.

Isso tem contribuído para seu jogo melhorar. Durant tem mantido o ótimo aproveitamento de 51% nos jumps, alcançado no ano passado. Está com uma formidável média de pontos por jogo, 32, cinco pontos à frente do segundo colocado: Carmelo Anthony.

Continuando nesse ritmo, Durant será cestinha da NBA pela quarta vez (outras foram entre 2010 e 2012). Com mais de sete rebotes por jogo (vice-líder entre os alas, atrás de Carmelo) e com mais de cinco assistências (também vice-líder, só que atrás de LeBron), Durant será apenas o quarto jogador em toda história da liga a terminar uma temporada com 32-7-5, igualando marcas registradas por Michael Jordan, Kareem Abdul-Jabbar e Bob McAdoo).

Outro aspecto que demonstra a evolução do camisa 35 do Thunder é a defesa, fundamento que LeBron é mestre. Durant tem sido eficiente no setor e rendido muito e com eficiência para a equipe, a quinta melhor defesa da associação.

Ser mais participativo com o time do Thunder ajuda Durant no seu caso de MVP, principalmente por ter aumentada em uma assistência, da temporada passada para a atual, sua média neste fundamento, que demonstra sua colaboração mais disposta para com o grupo – algo que LeBron faz desde sempre.

Durant apresentou uma postura menos egoísta no momento mais crítico do seu time, quando ficou, por oito semanas, sem o armador Russell Westbrook (cirurgia no joelho). Com a ausência do All-Star, Durant brilhou, mostrando-se decisivo quando foi exigido. Arremessou mais e converteu mais cestas (sua média de pontos por jogo com Westbrook é 26; sem ele, 32).

Lembrando que em janeiro, Durant teve 12 jogos seguidos com ao menos 30 pontos.

Com 25 anos de idade, são várias conquistas que o “veterano” de 6 anos tem. Uma delas é internacional, super importante: MVP do Mundial de basquete de 2010. Esse feito nem remotamente é lembrado, como se nem tivesse acontecido. Nem o próprio Durant menciona...

Sua vontade de ser o melhor jogador da NBA, pelo menos por uma temporada, está próxima de se realizar.

O título? Também está próximo.

Mas uma coisa de cada vez.

(GL)
Escrito por João da Paz

MLB na Fox Sports Brasil e como a tecla SAP é o grande trunfo da ESPN Brasil


Na semana passada a assessoria de imprensa da Fox Sports Brasil confirmou que transmitirá a temporada 2014 da MLB (liga americana de beisebol). É mais uma investida do canal no grande filão esportivo da TV paga: os esportes americanos.

O Fox Sports Brasil agrega a MLB ao pacote de basquete universitário (NCAA) e corridas de stock cars (NASCAR). Tudo isso com o aporte da matriz dos Estados Unidos, um dos mais importantes canais esportivos do país.

Essa mais recente ação da Fox Sports Brasil é uma clara ameaça à hegemonia da ESPN Brasil na cobertura de jogos ao vivo dos esportes americanos – status alcançado, em grande parte, pela exclusividade de mercado. A concorrência é sempre saudável e benéfica, com o cliente saindo sempre como o grande vencedor.

Porém, o assinante precisa agir com inteligência, para não acontecer o mesmo que o BandSports enfrentou quando transmitia a NFL.

Imediatamente após o anúncio da MLB na Fox Sports Brasil, fãs vociferaram palavras contrárias, negativas contra essa excelente novidade. Ao invés de celebrarem mais um espaço (raro) dos esportes americanos na TV brasileira, as criticas vieram supondo que as transmissões serão ruins, com profissionais despreparados e etc.

Similares palavras eram recebidas pelo BandSports quando inovou e trouxe ao Brasil jogos da NFL nas tardes de domingo no final da década passada. Servia como alternativa para que o telespectador pudesse acompanhar mais times e jogadores, além dos que apresentados aos domingos e segundas à noite na ESPN Brasil.

O BandSports hoje transmite o basquete universitário da NCAA, mas com uma aquisição de direitos “mais na raça” do que em berço esplêndido, que é o caso da ESPN Brasil e Fox Sports Brasil, pois ambos canais têm como fonte as matrizes americanas, que são concorrentes ferrenhas nos Estados Unidos e essa boa briga está se transferindo para cá.

Com a criação de um segundo canal, a Fox Sports Brasil criou um novo espaço para aproveitar direitos de transmissão de importantes competições de esportes americanos que sua matriz detém – que lá há o núcleo parte do canal aberto, Fox; diversos canais esportivos locais de TV por assinatura; e o recente criado canal nacional Fox Spots 1, para ser um rival direto a ESPN.

De direitos de transmissões plenos, a Fox Sports dos Estados Unidos têm a MLB com jogos aos sábados, NFL com jogos ao domingo, futebol americano universitário e a NASCAR. No âmbito local, há ainda NBA, NHL, basquete da NCAA. Todo esse leque é possível de chegar aos fãs brasileiros (parte já está aqui) e a MLB é mais um passo para que o canal assuma uma posição consolidada para ameaçar a ESPN Brasil também nos esportes americanos – lembrando que no futebol internacional, a Fox Sports está lado a lado com a rival, inclusive tendo direitos exclusivos do Campeonato Italiano e futuramente do Campeonato Alemão; nos Estados Unidos, a Fox Sports tirou a Liga dos Campeões da ESPN.

O grande trunfo da ESPN Brasil é a tecla SAP, serviço que desde a origem do canal é disponibilizado aos assinantes para que possam ouvir os jogos de esportes americanos com a narração original em inglês. Esse diferencial é importante, pois é bastante utilizado pelos telespectadores que não gostam dos narradores/comentaristas brasileiros. A Fox Sports Brasil, por enquanto, não oferece essa opção.

Não é desvalorizar os profissionais, mas vender as transmissões de esportes americanos valorizando o fato de ter a tecla SAP à disposição do telespectador é uma estratégia inteligente da ESPN Brasil em se destacar em relação à Fox Sports Brasil que, com o anúncio das transmissões da MLB, dá mais um passo para entrar definitivamente no mercado lucrativo dos esportes americanos.

É importante, contudo, reforçar que os fãs tem papel importante na manutenção da MLB na Fox Sports Brasil e na inclusão de outros eventos na grade de programação do canal. Incentivar e dar audiência são melhores atitudes do que criticar e desmerecer as transmissões – basta não assistir.

No Fox Sports Brasil 2, a MLB terá a concorrência do futebol e será preterido algumas vezes pelo esporte que é paixão nacional e registra números de audiência superiores. Mesma situação pela qual a NFL no BandSports sofreu. Os fãs, então, inconsequentemente, destilaram veneno contra o canal do Grupo Bandeirantes. Que agora sejam mais compreensíveis e apoiem a iniciativa da Fox Sports Brasil.

Tudo isso é bom, até mesmo para a ESPN Brasil, que precisa sair da zona de conforto e investir mais (especificamente na MLB), pois uma concorrente de peso está, aos poucos, ameaçando a autointitulada “líder mundial em esportes”.

(GL)
Escrito por João da Paz

A estupidez de comparar todo jogador branco da NBA com Larry Bird

Racismo?

A revista Sports Illustraded dessa semana reviveu uma capa do ano de 1977 quando Larry Bird, então jogador da Indiana State, chamava a atenção dos olheiros da NBA por ser um dos principais jogadores do basquete universitário da época.

Doug McDermott, atleta da Creighton University, está galáxias longe de ser um Bird, mas a respeitada publicação decidiu fazer um remake e colocou McDermott na capa, relembrando a mesma imagem do final da década de 70.

Em nenhum momento a revista compara McDermott com Bird, mas a relação criada com as capas faz com que volte o debate que anos cerca a NBA: por que todo jogador branco é comparado a Larry Bird.

McDermott pode terminar sua carreira universitária, após o torneio da NCAA que começa na próxima semana, como o segundo maior cestinha da história do basquete universitário, atrás apenas de Pete Maravich. Porém, isso não é argumento, muito menos fundamentação, para considerá-lo um jogador de nível A da NBA.

Talvez nem C...

Ele marca muitos pontos, cestinha inato. É ágil, habilidoso e eficiente. Tem qualidades para jogar no nível profissional sim, só que não tem perfil de estrela nem de coadjuvante.

Então, qual motivo de compará-lo com Bird? Apenas por serem de pele branca?

A recente história da NBA diz que sim para a última pergunta.

Desde que Bird se aposentou em 1992, basta um jogador branco ter qualidade que logo é igualado ao eterno ala do Boston Celtics. Ao longo desses 24 anos, muitos caras tiveram que passar por isso: J.J. Redick, Keith Van Horn, Adam Morrison, Wall Szczerbiak, Kyle Korver, entre outros.

Com Van Horn, há uma história interessante.

Keith Van Horn tinha tamanho e altura próximos ao de Bird quando ambos atuavam na NBA – Van Horn; 2,08m e 109 kg / Bird: 2,06 e 100 Kg.

Van Horn foi, no draft de 1997, a segunda escolha do draft, pego pelo Philadelphia 76ers – o número 1 foi Tim Duncan, San Antonio Spurs.

Van Horn teve uma carreira mediana na NBA, defendendo, além dos Sixers, Nets, Knicks, Bucks e Mavericks. Terminou a carreira em 2006 com média de 16 pontos por jogo.

Ele, desde o tempo de escola, era comparado com Bird. Não era isso que achava. Para Van Horn, o jogador com estilo mais parecido ao dele era Derrick McKey (negro).

Logo, basta o cara ser branco, alto e saber arremessar bem que automaticamente será comparado a Bird. Não há atletas negros, altos e que também sabem arremessar?

E qual a dificuldade de relacionar o jogo de McDermott com um jogador negro?

Isiah Thomas, um dos melhores armadores da história da NBA, bicampeão com o Detroit Pistons e rival de Bird no final de década de 80, começo da de 90, fez um comentário, na época, corajoso sobre Bird, no qual há verdades:

“Larry é um excelente jogador, bom mesmo. Talento excepcional. Mas, se fosse negro, ele seria apenas mais um bom jogador”.

Hoje, a NBA tem um jogador branco de altíssimo nível: Kevin Love, ala-pivô do Minnesota Timberwolves. O hoje comentarista Geroge Karl, enquanto técnico do Denver Nuggets, comparou Love com Bird. Situação que Love passa (passou) constantemente.

Por haver menos jogadores brancos que negros na NBA, fazer comparações enfatizando o tom de pele como fator primordial é estúpido. Óbvio, se existem similaridades, não há razão para negá-las. Contudo, a relação não deve ser automática, muito menos feita na base da coincidência.

Lembrando que, dos 40 maiores cestinhas da NBA até o momento (14/03), seis são brancos: Love (4º colocado - 26,5 PPJ); Dirk Nowitzki (13º - 21,5); Goran Dragic (17º - 20,6), David Lee (26º -18,5), Klay Thompson (27º - 17,9) e Chandler Parsons (40º - 16,3).

(GL)
Escrito por João da Paz

Triste saga de Carmelo Anthony no New York Knicks


Nas últimas cinco partidas do New York Knicks, Carmelo Anthony anotou mais de 35 em quatro delas, sendo que mais de 40 em três. Esforço em vão, pois foram quatro derrotas nesses jogos. Questionamentos sobre liderança sempre sondaram o ala, mas na atual temporada as dúvidas ficam mais evidentes e agressivas, pois até o momento, no final do seu contrato com o clube, foram apenas uma vitória de rodada nos playoffs em três campeonatos.

E o cenário do momento é a não participação dos Knicks nesta pós-temporada.

O detalhe é que Carmelo chegou à franquia para recolocá-la na elite do Leste. Ganhou muita grana para tanto, e nada. Marca seus pontos, habilidade inata, mas não é um bom exemplo para o elenco, mostra sinais de descompromisso com a equipe e não lidera, como uma estrela de seu calibre deve fazer.

Acaba ao final da temporada 2013-14 o contrato entre ambos. O detalhe é que a opção de renovação está com Carmelo e no papel diz que uma assinatura por mais um ano dará ao jogador o salário de US$ 23,5 milhões/ano, reforçando seu status de um dos jogadores mais bem pagos da NBA.

Vale tudo isso?

Do jeito que os Knicks estão sendo administrados, é bem possível que o acordo seja estendido. Um caos está a franquia de New York, com membros do elenco pegos em indisciplina (JR Smith) e ações criminosas (Raymond Felton).

O que os Knicks têm feito é similar com o que o Orlando Magic fez com Dwight Howard: tentar de tudo para agradar a estrela; entre essas coisas, contratação de bons jogadores.

Só que, em ambos os casos, isso não deu certo.

Chega, então, o momento de assimilar a necessidade de seguir em frente e escolher a melhor renovação: a da estrutura do time.

Carmelo tem de liderar, não importa em qual área, se será o líder geral ou não. Não importa! Ele precisa assumir responsabilidades pelo alto salário que recebe.

Os Knicks apostaram nele e o fato de não ter dado certo não anula a boa tentativa da franquia em acreditar que um dos alicerces do Redeem Team (seleção americana de basquete medalha de ouro nas Olimpíadas de 2008 e 2012) em voltar a ser competitiva na Conferência Leste da NBA. E nem desqualifica o jogo técnico de Carmelo. O que evidencia é que o atleta não tem condições de ser o número 1 de qualquer time que seja, daquele que, evidente, almeja ser campeão e relevante por um bom tempo.

Por mais que Carmelo não tenha as características necessárias para ser um bom líder fora de quadra, ao menos dentro dela é imprescindível que tais traços sejam mostrados. Mas ele faz o oposto, similar ao apresentado quando defendia o Denver Nuggets: quando recebe marcação dupla, prefere infiltrar do que passar a bola (desencoraja companheiros de time); não é comprometido na defesa; quando perde uma bola no ataque, não volta na transição e fica argumentando com juízes por um falta inexistente...

Sua qualidade é inegável, como as mais recentes performances individuais atestam. Contudo, isso não tem trago resultado positivo para os Knicks, como os resultados mais recentes de partidas comprovam.

Carmelo hoje está com 29 anos, 11 de NBA. Entrou na associação em 2003 em um dos melhores drafts da história. Esquece o sérvio Darko Milicic (segunda escolha): entre os cinco melhores escolhidos, três estão em Miami e já foram campeões da NBA (LeBron James-1º; Chris Bosh-4º; e Dwyane Wade-5º). Já Carmelo, a terceira escolha, nada por enquanto.

Interessante que antes de virar profissional, Carmelo liderou a universidade Syracuse ao título da NCAA daquele ano. Em entrevista ao jornal USA Today, antes da final contra Kansas, ele disse isto ao falar sobre ser o cabeça da equipe:

“Eu nasci para ser líder”.

Não é o que o Knicks está experimentando.

Talvez teria sida apenas mais um devaneio da juventude.

(GL)
Escrito por João da Paz

NBA sabe falar a linguagem dos jovens


O final de semana das estrelas da temporada 2013-14 da NBA marca o primeiro grande momento de Adam Silver como o novo comissário da liga. Assumindo o posto deixado por David Stern após 30 anos no comando, o principal show do campeonato foi um exemplo nítido de como a NBA conhece, como ninguém, apresentar um produto jovem, de qualidade e moderno.

Com mudanças nas competições, as atrações receberam críticas de gente chata e antiquada. Os jovens, principal alvo do marketing da NBA, receberam bem as novidades, evidenciando mais um acerto da liga, indício que Silver está no caminho certo.

As reclamações mais contundentes aconteceram contra o torneio de enterradas, pois não houve competição de um participante contra o outro e sim um duelo entre as conferências Leste e Oeste, formato que permeou todo o final de semana das estrelas.

Contudo, ocorreram duelos sim entre os jogadores, mas com cada um dos seis representando sua respectiva conferência. Além deste aspecto, o que chamou a atenção foi a exibição freestyle que abriu a competição de enterradas. Os três representantes de cada conferência tinham um tempo para apresentarem as enterradas que quisessem, dando um aspecto street à disputa, com uma trilha sonora de hip-hop, tudo simbolizando a essência do basquete.

Essas específicas adaptações no torneio de enterradas são demonstrações de que a NBA está antenada com a linguagem dos seus principais consumidores.

Já nas competições coadjuvantes, as mudanças e clima criados deram, por exemplo, a uma simples exibição de fundamentos do basquete (Skills Challenge) um tom de espetáculo, algo que só a NBA sabe fazer.

A maneira de como escolher o campeão no torneio de enterradas em 2015 pode mudar, o que não necessariamente significa que o deste ano foi ruim. A NBA é uma liga que ousa e acerta. Não tem medo de acrescentar novos elementos para incrementar mais o espetáculo que é o final de semana das estrelas.

O impecável show de abertura do Jogo das Estrelas fica como o retrato de que a NBA está na direção correta, organizando o evento com primazia e valorizando mais a sua marca a cada dia com o público que de fato interessa.

E faz isso muito bem.

(GL)
Escrito por João da Paz

Tom Brady é melhor que Peyton Manning parte 2 – e as similaridades entre o QB dos Patriots e LeBron James


Vimos aqui no grandes ligas a primeira parte.

E essa discussão sobre quem é o melhor quarterback entre Tom Brady e Peyton Manning não existe e é perda de tempo se perder nesse assunto.

Contudo, é importante distinguir a posição que ambos estão na NFL, seja no atual momento ou na história, e entender porque Brady está num patamar bem acima de Manning. O jogo deste próximo domingo (19), Denver Broncos versus New England Patriots - final da Conferência Americana, tem objetivos bem diferentes para ambos os jogadores.

Enquanto Manning briga para se afirmar como um QB no mínimo mediano em playoffs, Brady disputa o topo como melhor QB da história da NFL. Uma derrota afeta muito mais a carreira de Manning do que a de Brady.

Com uma vitória, Brady será o único QB a levar seu time a seis Super Bowls.

Manning precisa vencer para não ficar com um status vergonhoso atrelado ao seu nome. Por quatro vezes um time com ele no comando entrou nos playoffs como cabeça de chave número 1 e foi eliminado jogando em casa.

Elaborar estatísticas que colocam Manning a frente de Brady é manipulação. O que é importante para um QB de alto nível e vencer nos playoffs consistentemente.

Um dado que equipara exatidão com qualidade argumentativa são as chamadas game winning drives. Em toda a carreira, Manning tem 51 drives que resultaram em vitórias; Brady 42. Porém, somente duas de Manning foram no mês de Janeiro; Brady teve seis em Janeiro/Fevereiro, três em Super Bowls.

Em entrevista coletiva nesta semana, Manning usou uma frase elogiosa para cutucar de leve Brady. Ele se colocou em frente aos microfones e disse que “é seguro dizer que Bill Belichick [treinador dos Patriots] vai encerrar a carreira como o melhor treinador da NFL de todos os tempos”. A provocação sutil é dentro da linha de raciocínio idiota de que o sucesso de Brady tem de ser creditado em grande parte a Belichick.

Na verdade, isso deveria ser ao contrário.

Até Belichick encontrar Brady, o treinador conseguiu apenas uma temporada vitoriosa (1994, 11v-5d) em seis temporadas na NFL. Os outros aproveitamentos foram 6v-10d; 7v-9d; 7v-9d; 5v-11d; e 5v-11d.

Brady é hoje o melhor QB da NFL e terminará a carreira como o melhor da história. O incrível e ver fãs do esporte, admiradores do futebol americano, simplesmente discordarem destes fatos, criando factoides insustentáveis para desmerecer um atleta histórico. O mais absurdo de tudo é fazer isso ao invés de aproveitar e desfrutar.

Um ingrediente maligno que sonda Brady é o ciúme, o mesmo que despejam contra LeBron James na NBA. O QB dos Patriots teve de começar de baixo, escolhido no draft na posição de número 199. Entrou numa franquia super instável, com apenas sete aproveitamentos positivos de vitórias e derrotas em 31 anos na NFL

Desde que Brady assumiu o papel de QB em 2001, foram 13 temporadas positivas em... 13 anos.

Assim, hoje os Patriots, segundo a revista Forbes, é a segunda franquia mais valiosa da liga, atrás apenas do Dallas Cowboys, o time da América.

O ciúme à LeBron é por ele ter conseguido suprir e superar todas as expectativas depositadas nele quando ainda era um adolescente jogando basquete de nível escolar. Além disso, colocou uma cidade irrelevante (Cleveland) para o esporte americano na capa dos jornais nacionais e os jogos dos Cavaliers em horário nobre. Deixou a equipe porque não tinha mais nenhum vínculo contratual com a franquia e juntou amigos para morar na praia e ganhar títulos da NBA. Em três temporadas, três finais e dois anéis de campeão.

Cleveland, na primeira temporada sem LeBron, foi a pior equipe da NBA.

LeBron está a caminho de ser o melhor jogador da história da NBA, ultrapassando o posto hoje de Michael Jordan. Para discípulos cegos pela idolatria, essa frase é blasfêmia, contudo não enxergam inúmeras falhas e erros que Jordan cometeu em sua carreira (fora e dentro da quadra), isso porque se alimentam apenas dos vídeos que apresentam os melhores momentos do eterno camisa 23.

Apontam equívocos na carreira e no jogo de LeBron, nesse tempo que qualquer respiração dele é analisada microcosmicamente, é fácil criar teses nesses termos. Porém, não é justo manipulá-los para rotular erroneamente o camisa 6 do Heat.

São tantas as conquistas e feitos de LeBron... São tantas as conquistas e feitos de Brady...

Estamos vendo dois esportistas históricos, os melhores no que fazem concorrendo contra atletas de alto nível. Porém o ciúme, misturado com a inveja, fazem com que alguns escolham o ódio ao invés do amor.

Paciência.

Azar o deles.

(GL)
Escrito por João da Paz

A NBA tem mais a ganhar ou a perder com apelidos de jogadores nas camisas?


Nesta sexta, 10, a NBA permitiu que jogadores entrassem em quadra com apelidos nas costas de suas camisas. Uma ação que não é inédita nos esportes americanos, muito menos na associação. O marketing está explícito, mas só trará resultados positivos para a imagem da NBA?

A ideia tem aprovação do futuro comissário da liga, Adam Silver, que assumirá o posto quando o atual comandante David Stern se aposentar no primeiro dia de Fevereiro. Silver seguirá a linha contemporânea da NBA, uma das marcas de Stern, um dos responsáveis por dar uma nova cara à liga de basquete americano em 30 anos no cargo.

Entretanto, como já vimos aqui no Grandes Ligas, o próprio Stern recuou quando notou que a ousadia estava desproporcional e arranhando a NBA. O exemplo mais evidente disso foi quando impôs o código de vestimenta nos atletas, determinando o tipo de roupas a serem usadas quando estão suspensos de partidas e ficam no banco de reservas, assim como os trajes ideais em viagens, pré-jogos e entrevistas coletivas.

Objetivo maior era tirar o rótulo de street league, pois os atletas estavam se vestindo como se estivessem na rua, com calças e camisas largas, bandanas, correntes...

Permitir apelidos em camisas usadas em jogos oficiais é permitir que um elemento estritamente das ruas volte à NBA. Um caminho percorrido pela liga há alguns anos e que não trouxe a ela benefícios.

Apelidos são comuns em jogos de basquete de rua. A marca mais famosa deste estilo, And 1, justamente chama todos os seus atletas pelo apelido e vendem produtos utilizando essa artimanha. Dá uma pegada mais street.

Todos os jogadores dos Nets e Heat têm apelidos e não foi o confronto entre eles que os criaram. Alguns são chamados pelo vulgo por muitos (LeBron James – King James; Kevin Garnett – The Big Ticket).

Então pra quê fazer um jogo desse tipo?

O marketing às claras é evidente, porém faz tempo que fãs podem customizar as camisas como bem entenderem. Logo, ter “King James” acima do número 6 da regata do Heat não é novidade.

Também não há necessidade de fazer com que os atletas sejam conhecidos por apelidos, já que muitos o são – e a história mostra isso.

Um dos mais conhecidos jogadores por apelido da NBA é Pete “Pistol” Maravich. Isso nos anos 70. Somente quando jogou no tradicional Boston Celtics que o apelido Pistol não foi permitido na camisa de jogo. Outros atletas usaram apelidos nas regatas: Elvin Hayes – E; Rudy Tomjanovich – Rudy T; Nick Weatherspoon – Spoon.

Tem jogadores que conhecemos mais pelo apelido do que pelo nome: Dr J (Julius Earvin), Magic Johnson (Earvin Johnson), Skip to my Lou (Rafer Alston), Melo (Carmelo Anthony), The Answer (Allen Iverson), Doc (Glen Rivers), The Jet (Kenny Smith), Penny Hardaway (Anfernee Hardaway) entre outros.

É um movimento arriscado da NBA permitir que esse aspecto da rua fique marcado nas camisas oficiais dos clubes. Não há a necessidade da liga atestar um aspecto natural do jogo.

No uniforme, a NBA já permitiu que os shorts folgados entrassem no fardamento padrão dos times. Características das ruas.

Os apelidos retornaram às camisas para ficar? Será opção?

Ou apenas um plano fracassado, o primeiro da gestão Silver?

Ao menos a ESPN americana mostrou o jogo Nets x Heat de maneira correta, e o narrador Mike Breen não falou os apelidos dos jogadores a cada posse de bola...

(GL)
Escrito por João da Paz

Baltimore Ravens e a inutilidade dos Power Rankings


Os playoffs da NFL se aproximam e os cenários de confrontos na pós-temporada estão se desenhando. Há duas rodadas do fim, é certo o time que ninguém da Conferência Americana quer enfrentar: Baltimore Ravens.

Porém os fatídicos Power Rankings, que surgiram com uma boa intenção, colocam os atuais campeões fora dos supostos 10 melhores times da NFL. Similar com o que aconteceu ano passado.

Para sair da exatidão numérica da tabela de classificação, os Power Rankings têm a função de classificar os times fora da ordem vitórias-derrotas. Isso porque nem sempre o time com mais vitórias e menos derrotas é o melhor.

Os Ravens estão com 8 vitórias e 6 derrotas e numa situação não tão confortável assim na Divisão Norte da Conferência Americana – apesar das chances de serem o primeiro lugar; está atrás do Cincinnati Bengals. Mesmo sendo um time extremamente perigoso e de qualidade, os Ravens são preteridos pelos responsáveis dos Power Rankings.

No da ESPN, Baltimore é o 12º; no da NFL, é o 14º; no da Fox, é o 11º; e no da CBS, o 12º. Times como Indianapolis Colts, Arizona Cardinals, Miami Dolphins e Cincinnati Bengals estão à frente dos Ravens.

E o Baltimore Ravens é melhor que todos esses.

Na atual temporada, os Ravens teve só uma derrota pesada, mas foi fora de casa: perdeu por 22 pontos contra o Denver Broncos na abertura do campeonato. Todas as outras 5 foram por diferença de um touchdown ou menos.

Levando em consideração as importantes vitórias do time, superando situações adversas para conseguir o resultado positivo como nos jogos contra Detroit Lions, Pittsburgh Steelers e Minnesota Vikings, os Ravens mostram que tèm plenas condições de fazer uma campanha boa nos playoffs, brigando com os Broncos e New England Patriots por uma vaga no Super Bowl.

Existem times com menos derrotas que os Ravens, mas não quer dizer que são melhores tecnicamente. Aí que deveria entrar os Power Rankings, com uma análise mais ampla e profunda dos times. Atualmente, porém, é uma réplica do que pode ser vista na tradicional tabela de classificação: os times colocados na ordem crescente de derrotas.

Nunca fiz Power Rankings para nenhuma das grandes ligas, nem aqui nem em outro lugar. Mas, para não deixar o texto incompleto, entendo que os Ravens é o quinto melhor time da NFL:

1-Seattle Seahawks
2-Denver Broncos
3-New England Patriots
4-Carolina Panthers
5-Baltimore Ravens

No campeonato passado, a ESPN colocou os Ravens como o 10º melhor time da liga no encerramento da temporada regular. Sabemos como foi o final da história, certo?

É muito difícil uma equipe ser bicampeã da NFL; última foi o New England Patriots (2004/05). Desde então, nenhum vencedor do Super Bowl voltou à decisão no ano seguinte. É improvável que os Ravens consigam repetir ao menos um desses feitos. Contudo, é um time digno de estar, no mínimo, no Top 10 da liga.

Um time que ninguém quer enfrentar, apesar de Ray Rice (RB) não ser mais o mesmo e Joe Flacco (QB) ter sofrido uma pancada no joelho no último confronto contra os Lions.

Quem quiser apostar contra fica à vontade.

Eu não.

(GL)
Escrito por João da Paz

A idolatria esportiva custa caro e o Los Angeles Lakers é a vítima da vez


Clubes enfrentam um dilema quando um ídolo chega ao fim da carreira e uma dúvida surge: renovar o contrato ou não? O Los Angeles Lakers (NBA) optou por estender o contrato de Kobe Bryant até 2016 por US$ 48,5 milhões. O compromisso firmado mais pelo o que ele fez do que poderá fazer, custará ao time muito mais do que o exagero de dólares compromissados.

O jogador nada tem a ver com a direção da diretoria – como ele bem disse em entrevista coletiva. Apenas aceitou o que lhe foi oferecido. O receio de ver Bryant vestindo outro uniforme fez com que os Lakers supervalorizassem o astro da NBA, pagando um valor que se justifica apenas em performances passadas.

E quando acordos são fechados baseados no passado, eis um clamoroso erro.

Não há questionamentos sobre a qualidade de Bryant e o que ela ainda pode render em suas temporadas finais no melhor basquete do mundo. O problema é pagar um preço altíssimo como esse e comprometer toda a folha salarial do elenco, não dando brechas para que nomes relevantes cheguem em Los Angeles e ajudem a equipe a ser competitiva.

Mas a idolatria fala mais alto.

Caso similar aconteceu com o New York Yankees quando renovou com Derek Jeter no final de 2010. O contrato também foi elaborado com base no passado e o mesmo medo que sondou os Lakers visitou os Yankees – imagina Jeter com a camisa dos Red Sox?

Contudo é preciso administrar um clube com a razão ao invés da paixão, encarar as movimentações financeiras e de Recursos Humanos como fazem as grandes empresas.

Da mesma forma que há exemplos ruins existem os bons.

O Green Bay Packers decidiu não se comprometer mais com Brett Favre, um dos maiores nomes da história da NFL e super identificado com a franquia e com a cidade – nomes de rua e restaurantes têm Favre na placa. Mas enxergaram a longo prazo, o deixou partir e apostou no garoto Aaron Rodgers. O resultado? Um troféu do Super Bowl para os Packers liderados por Rodgers.

Favre passeou pela NFL, chegou a jogar no rival Minnesota Vikings, porém foi só isso.

O Indianapolis Colts, também da NFL, escolheu um novato e não se apegou ao ídolo Peyton Manning. Uma ruptura difícil, porém a ideal para a franquia. Manning está em Denver e pode levar os Broncos ao Super Bowl, só que os Colts estão mais seguros (financeiramente e em campo), com um quarterback – Andrew Luck – altamente capacitado em manter a franquia na elite da liga.

Na MLB o Saint Louis Cardinals é o exemplo mais nítido da importância em não se apegar tanto a um ídolo. Albert Pujols deixou o clube em 2012, um dos maiores nomes da franquia mais vitoriosa da liga. Até que os Cardinals ofereceram um alto contrato para renovar com o jogador – US$ 210 milhões em 10 anos –, mas Pujols não aceitou (teve ainda a sua mulher dizendo que a oferta foi um “insulto). O clube escolheu não se comprometer e não aumentou a proposta. Então veio o Los Angeles Angels e colocou na mesa US$ 254 milhões em 10 anos. Pujols aceitou.

Os Cardinals aproveitaram e reformularam o elenco. Essa ação culminou na ida à World Series neste ano (perdeu para o Boston Red Sox). Já os Angels não foram aos playoffs nem em 2012 nem em 2013.

Chega a ser constrangedor como a idolatria cega os torcedores/dirigentes, que cheios de paixão não compreendem a importância do “não dá mais”. No futebol brasileiro ocorre um fenômeno parecido com esses citados, que envolve a vista grossa pela vergonha alheia.

Rogério Ceni é tido como “mito” no São Paulo. Merece todo o reconhecimento pelo o que fez; e não pelo o que faz. Pude presenciar emoções curiosas ao estar no estádio do Morumbi acompanhando a partida entre São Paulo e Portuguesa (2 a 1). Ceni cometeu duas falhas graves, uma errando o tempo de bola tentando cabecear a bola, que resvalada por pouco não entra no gol. Foi para escanteio. Se entrasse, seria um gol contra vergonhoso.

O torcedor na arquibancada respirou fundo. Nenhuma palavra foi dita. Preferiram não enxergar a realidade e “passaram a mão na cabeça do mito”.

Bryant pode ter o mesmo fim? Provavelmente. Vem de contusões que limitam seu jogo. Os Lakers deveriam usar a perspectiva e deixá-lo partir. Assim poderia reformular completamente o elenco, entrar forte no draft de 2014 (um dos melhores da última década) e construir mais um time vencedor.

Entretanto se ajoelhou ao ídolo e terá de amargar a mediocridade nos próximos 3, 4 anos.

(GL)
Escrito por João da Paz