Velho e experiente, Kobe Bryant assume novo papel nos Jogos de Londres-2012


Os Jogos Olímpicos de Londres-2012 é a segunda participação de Kobe Bryant na maior competição esportiva do mundo; poderia ser a terceira. De 2004 até hoje, nove anos foram registrados na carreira do armador que em cada momento específico desfrutou uma função na seleção americana. A atual é ser um líder fora de quadra e deixar que os mais jovens brilhem e carreguem a equipe ao bi campeonato.

São 12 estrelas num elenco de tremenda qualidade. Tecnicamente, Bryant está atrás de LeBron James, Kevin Durant e Carmelo Anthony. Nos cinco amistosos preparatórios para Londres-12, ele ficou com uma média de pontos menor que a do armador Russell Westbrook: 9.4 versus 8.2. Porém será procurado na hora da decisão das partidas e precisa corresponder para justificar suas declarações polêmicas que o cercaram nesta pré-olimpíada.

Há 20 anos o melhor time de basquete entrou em quadra num Jogos Olímpicos, Barcelona-92, e encantou, ganhando um apropriado apelido: Dream Team (“Time dos Sonhos”). Kobe entrou na pilha da imprensa e disse que a atual seleção americana venceria o tal Dream Team – declaração corroborada por LeBron. Não existe argumento para uma coisa tão sem sentido, mas Bryant mostrou acreditar no potencial deste elenco que conta com alguns desfalques importantes (Dwight Howard e Dwyane Wade), mesmo assim é extremamente forte, habilidosos e o grande favorito da competição.

Esta defesa dele, um certo patriotismo leal, é interessante de se observar, pois Kobe nem sempre foi assim. Apesar de ser o único membro do atual elenco na casa dos 30 anos (33), não é o que tem mais partidas pela seleção principal dos Estados Unidos: por exemplo, LeBron James e Carmelo Anthony tem 50 partidas cada; Kobe tem 25. Poderia ter mais participações se escolhesse defender o país nas primeiras Olimpíadas da década passada.

Em Sydney-2000 e Atenas-2004, Bryant escolheu não participar. Os EUA passaram sufoco em Sydney sem o Black Mamba, conquistando a medalha de ouro com muita dificuldade. Bryant estava no fino da sua forma e foi tri-campeão da NBA logo na sequência dos Jogos (2000-01-02). Já em Atenas não só Bryant, mas 9 dos 12 convocados decidiram não ir para a competição. Com “meninos” na seleção (como LeBron e Wade, novatos na associação) o vexame aconteceu: medalha de bronze. Pela primeira vez desde a permissão dos atletas da NBA em participar das Olimpíadas que os EUA ficaram sem o ouro.

Não só o metal, mas a áurea também se perdeu...

A mística arranhada fez com que a federação americana de basquete criasse um plano para remir a imagem do esporte, surgindo então o Redeem Team (Time da Remissão). Nesta nova estrutura, Kobe Bryant era peça fundamental e aceitou o desafio de retomar a hegemonia do basquete dos EUA.

Em Pequim-2008 a missão era dominar. Bryant vestiu o uniforme para ser referência em quadra, um cestinha. Fundamental para subir no lugar mais alto do pódio nos Jogos da capital chinesa, ele foi o terceiro maior pontuador do elenco, não muito distante dos primeiros (só fera, aliás):

Dwyane Wade – 16.0 Pontos Por Jogo (128 no total)
LeBron James – 15.5 PPJ (124)
Kobe Bryant – 15.0 PPJ (120)

Depois dos Jogos, Bryant foi MVP da NBA (2008 - foto abaixo), bicampeão (2009-10) e bi MVP das Finais (2009-10).


Agora é diferente. Nos cinco amistosos de preparação (contra República Dominicana, Brasil, Grã-Bretanha, França e Espanha), Bryant foi o quinto cestinha:

LeBron James – 18.6 PPJ (93)
Kevin Durant – 17.6 PPJ (88)
Carmelo Anthony – 13.2 PPJ (66)
Russell Westbrook – 9.4 PPJ (47)
Kobe Bryant – 8.2 PPJ (41)

O melhor jogador do time é LeBron James, atual campeão da NBA, MVP e quatro vezes seguida o melhor jogador da temporada regular. Durant é cestinha da liga por três vezes consecutiva. Anthony tem toda sua experiência em competições internacionais... Bryant, logo, tem um novo papel, servindo como líder motivacional.

Dizer que o atual elenco tem condições de vencer o Dream Team talvez não seja a melhor das motivações, mas tem um motivo para dizê-la.

Enquanto isso Kobe aproveita seu final de carreira. Quando entrou na NBA, em 1996, disse que com 35 anos iria se aposentar. Com 33 anos, ainda resta dois anos para cumprir o atual contrato. É bem provável que o que disse no século passado se cumpra.

Nesta fase, é tempo de aproveitar os derradeiros instantes e olhar tudo o que conquistou. Bryant é o quinto maior cestinha da história da NBA, tem 5 títulos, 2 MVP’s, 1 MVP de temporada regular, 1 medalha de ouro... E continua sendo o mais paparicado atleta do time americano.

A imprensa o cerca por onde quer que vá. Chegou em Londres e foi o jogador que mais deu entrevistas, distribui mais autógrafos, tirou mais fotos. Tem certa facilidade com o mundo fora dos EUA por ter morado na Europa dos 6 aos 13 anos de idade e falar dois idiomas do velho continente: italiano e espanhol.   

Tira onda, mas tem espaço para frases explosivas (sempre naquelas: “você quer tudo, menos a verdade”). É saudosista, mas defende a atual geração. Terá menos a bola em suas mãos, mas não perde a característica de finalizador.

Velho, experiente... e perito. Jerry Colangelo, diretor da federação USA Basketball, em conversa com a imprensa dos EUA, explicou o papel de Bryant em Londres-2012:

No final, quando for o último jogo e o último arremesso está para ser definido, penso que tem de considerar Kobe para ter a bola decisiva. Acho que Kobe é o cara, por tudo o que fez em sua carreira; ele converte este arremesso em cesta”.


(GL)
Escrito por João da Paz

© 1 Arte por Sergio Rueda

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