O Outro


Mais um confronto entre Minnesota Vikings e Green Bay Packers. Mais um confronto entre Brett Favre e Aaron Rodgers. Mais uma vez Rodgers será o outro quarterback (QB).

Toda a atenção desta partida do próximo domingo (1º/11) está em Favre e a volta dele ao Lambeau Field (estádio dos Packers). Só que ao invés de vestir verde e amarelo, Favre estará no vestiário do visitante, se preparando para ouvir vaias dos torcedores que o apoiaram durante 15 anos quando ele jogava em Green Bay, porque agora os fãs dos Packers têm outro QB para incentivar.

Este mesmo tratamento de “o outro” Rodgers recebeu no primeiro encontro das equipes nesta temporada. No jogo do dia 5 de Outubro, em Minnesota, Favre levou a melhor contra seu ex-time, mas Rodgers fez uma grande partida: foram 2 touchdowns (TD) e 384 jardas, que é sua maior marca na carreira. Este foi o jogo que impulsionou Aaron a fazer ótimas atuações neste mês, recebendo na última quarta (28) o prêmio de melhor jogador ofensivo da Conferência Nacional do mês de Outubro.

...tudo bem que os outros dois jogos (duas vitórias) do mês foram contra o Detroit Lions e Cleveland Browns...

Os números ofensivos de Rodgers em 2009 são excelentes. Na categoria rating (estatística que faz um cálculo de tudo que o QB faz em campo: passes completos, passes tentados, TD´s, interceptações e jardas ganhas) ele está em segundo lugar com média de 110.8, atrás de Peyton Manning (Indianapolis Colts) com 114.5 e a frente de Drew Brees (New Orleans Saints) com 106.9. Rodgers está em primeiro na categoria jardas por passe, com média de 9.25.

Embora estes números sejam importantes, o que o torcedor mesmo se preocupa é com as vitórias. Ano passado, por exemplo, Rodgers entrou para a história da NFL sendo apenas o segundo QB a atingir a marca de 4000 jardas na primeira temporada como titular – o outro QB é Kurt Warner, que conseguiu o feito em 1999. O problema foi que os Packers terminaram a temporada com 6v e 10d.

Em 2009 a história é diferente. Rodgers está impressionando a todos jogo após jogo e o Green Bay está vencendo: 4v e 2d. O encontro contra o arqui-rival de divisão será essencial para definir o futuro da equipe ao longo deste campeonato, pois além de jogar no Lambeau Field, os Vikings vêm de um jogo fora de casa e esta será a quarta partida longe de Minnesota em oito semanas (MINN ainda não teve folga). Lembrando que os Vikings não vencem os Packers no Lambeau Field desde 2005.


Para contribuir ainda mais, Aaron pode lembrar do seu primeiro jogo como titular com a camisa do Green Bay: vitória em casa sobre o Minnesota (24 a 19).

Se Mike McCarthy, treinador dos Packers, quiser levar o time aos playoffs – como fez em 2007 ainda com Favre –, precisa da vitória neste confronto dentro da divisão. Ele está fazendo de tudo para deixar Rodgers à vontade e sua principal missão é melhorar a linha ofensiva que permitiu oito sacks no confronto do dia 5 (Rodgers recebeu um total de 25 sacks, maior número de toda a liga). A questão principal é achar o left tackle ideal para protegê-lo de Jared Allen, defensive end dos Vikings, líder de sacks da NFL com 7.5 por jogo. Ontem, em entrevista coletiva, McCarthy disse que não definiu o titular da posição, que só deve ser divulgado no sábado à noite – Chad Clifton, TJ Lang e Darryn Colledge disputam a vaga.

É curiosa a relação de Rodgers com McCarthy. O QB precisou do técnico no momento mais importante, quando Favre saiu. Entretanto, quando McCarthy precisou de um QB, "o outro” não foi o escolhido.

Antes de assumir o comando do Green Bay em 2006, Mike era o coordenador ofensivo do San Franscisco 49ers em 2005, ano que o clube tinha a primeira escolha do draft. Mike Nolan, treinador dos Niners na época, delegou a missão à McCarthy de escolher um QB para a franquia. Dois nomes estavam na mesa: Alex Smith (Utah) e Aaron Rodgers (Cal).


Ambos eram considerado os melhores QB´s do draft – que tinha também Jason Campbell (Auburn). Smith e Rodgers brigavam diretamente pela primeira escolha e os dois fizeram trabalhos físicos e táticos com McCarthy. A comissão técnica gostou de Smith e Mike foi fazer um teste com ele em particular. Alex foi aprovado e pego por San Francisco.

A grande história do Draft-2005 foi a queda drástica de Rodgers nas posições: de um possível número 1, ele foi o 24º escolhido (Packers). Ele fez uma temporada na NCAA (2004) fantástica, com Cal perdendo apenas uma vez para a então universidade número 1 USC – nesta derrota, Rodgers empatou o recorde da NCAA de mais passes completos (seguidos) em um jogo :23

Ao ser questionado nesta semana se Favre jogará com um gosto de vingança contra sua ex-equipe, Rodgers disse que é ele que entra em campo sempre com este sentimento, principalmente quando enfrenta os 21 clubes que passaram por ele em 2005; em especial os Vikings, que tinha duas escolhas no TOP 20.

Por isso que Aaron é grato à Ted Thompson, diretor de football (GM) da franquia. Os dois têm uma boa amizade fora de campo, construída em 2005, primeiro ano de Thompson no cargo que iniciou com a escolha de Rodgers. Esta relação ficou mais próxima quando o GM defendeu e bancou o camisa 12 como o futuro do clube. Thompson tomou uma atitude de esquecer o passado (Favre) e projetar o potencial que seu atual QB tem para mostrar, não negando a representatividade de Brett, mas se posicionando em mudar o pensamento do clube, trazendo a renovação no tempo certo e no momento que se mostrou oportuna.

Com certeza é estranho escrever isto, mas hoje o QB da franquia Packers chama-se Aaron Rodgers. A cada dia que passa ele está se adaptando mais a cidade, ao clube e ganhando o crédito dos exigentes torcedores do time. Mesmo sendo considerado o outro QB que foi draftado, o outro QB com a camisa do Green Bay e o outro QB da principal partida da semana 8, Rodgers vai a campo sabendo que se fizer uma performance como a apresentada no última dia 5, pode levar sua equipe à vitória. Mas ainda não deixará de ser “o outro” nas manchetes de segunda-feira.

(GL)



© 1 por Balmes / George Szakall
© 2 Kurt Rogers / San Francisco Chronicle

Efeito Kate Hudson


Eu lembro que depois da operação [no quadril] perguntei aos médicos se teria condições de voltar a jogar ainda este ano. Não tinha nenhuma expectativa e isto me fez jogar mais relaxado, sem muita pressão”.

O que Alexander Emmanuel Rodriguez, terceira base do New York Yankees, disse após o jogo 2 contra o Minnesota Twins, refletindo sobre a sua temporada 2009, pode ter uma fator a mais que colaborou para que ele atuasse bem ao longo do campeonato e principalmente em Outubro: a “Quase Famosa” Kate Hudson.

Depois de uma pré-temporada turbulenta e cheia de distrações, A-Rod passou a se concentrar somente no beisebol dia 8 de Maio, quando ele estreou neste campeonato contra o Baltimore Orioles, e marcou um home run (HR) de três corridas rebatendo a primeira bola que lhe foi arremessada. As informações das “agências OK! OK!” dão conta que foi no início do mês cinco que Alex e Kate começaram a namorar.

Parece que ela vem fazendo boas coisas para ele.

A temporada regular não foi marcante em números para A-Rod, mas ele foi consistente ao longo dos jogos. O mais importante foi terminar forte o campeonato para entrar bem nos playoffs. Ele fez isto no último jogo da temporada, contra o Tampa Bay Rays, marcando um grand slam e um HR de três corridas na mesma entrada – o único jogador em toda história da Liga Americana a marcar 7 RBI´s em uma entrada. Este feito contribuiu para que ele terminasse com 30 HR´s e 100 RBI`s (ou mais) pela 13ª vez na carreira, empatando com Manny Ramirez, Babe Ruth e Jimmie Foxx em toda a história da MLB.

Porém, o que todos esperavam é como ele jogaria na pós-temporada. Alex tem a sina de não atuar bem nos playoffs, principalmente desde 2004. Sem contar 2009, os números dele neste período (até 2008) foram desastrosos: 8-56 (.146 BA), 0-18 com corredores em posição de marcar (na 2º e/ou 3º base), um HR e uma RBI. Em 2006, na série contra o Detroit Tigers, o então treinador Joe Torre chegou a colocá-lo na posição número 8 na linha de rebatedores. Dados convincentes para questionar o potencial dele em ajudar os Yankees na busca por mais um título.

Tudo mudou nestes playoffs.


O camisa 13 dos Yankees vem de uma sequência fantástica, quebrando recordes e sendo decisivo em todos os confrontos. Dos 5 HR´s que ele anotou, três foram para empate, da sétima entrada para frente; segundo o Elias Sports Bureau (instituto de pesquisa esportiva) nenhum jogador fez isto antes.

Este mês de Outubro está mostrando ao mundo da MLB outro Alex. Ele chega a World Series com um aproveitamento de .438, 12 RBI´s e 14 rebatidas, além dos 5 HR´s. Entre tantas estatísticas favoráveis, uma chama a atenção do Philadlephia Phillies (adversário da grande final): seu OBP.

On Base Percentage (OBP) é uma das estatísticas complicadas do beisebol, mas que pode ser resumida da seguinte forma: é a medição das vezes que o rebatedor alcança uma das bases. O número de A-Rod nesta pós-temporada é de .548, extremamente alto para o seu padrão (.390 é a média na carreira) e também para o padrão da MLB. Não chega ao .582 que Barry Bonds, ex-jogador do San Francisco Giants, conseguiu nos playoffs de 2002 (quando seu time enfrentou o Anaheim Angels na World Series), mas A-Rod poderá ter o mesmo tratamento que a estrela dos Giants teve. Na decisão de´02, Bonds recebeu 13 walks e muitos especialistas argumentam que os Phillies devem fazer o mesmo com Alex, forçando os arremessos sem medo de dar a primeira base de bandeja, não fazendo um walk intencional, mas sendo agressivo quando ele estiver no ataque. Melhor assim do que desafiá-lo com o bastão.

Os sinceros não têm medo de afirmar que não esperavam tanto assim de A-Rod, embora duas pessoas da organização Yankee afirmem que não é surpresa estas boas performances. Joe Girardi, treinador, disse que “A cirurgia deu a ele [Alex] um tempo para refletir e eu acredito na importância da reflexão para as pessoas. Desde a primeira vez que ele veio para o bastão em Maio, ele está conseguindo boas rebatidas depois de boas rebatidas”.

George Steinbrenner, dono da franquia, tem uma explicação mais simplista. Quando questionado se imaginava esta cena atual lá atrás em Fevereiro, ele respondeu: “Sim, porque ele [Alex] é um cara incrível”.


Talvez haja uma razão mais simples ainda, e ela tem nome e sobrenome: Kate Hudson (acima). Os milhões de torcedores anti-Yankee, e que entendem o mundo das celebridades, dizem que Hudson está “usando” A-Rod, assim como fez com outros (ator Owen Wilson - Bater ou Correr, Marley e Eu - , por exemplo) e que a qualquer hora do dia (ou da noite) tudo pode acabar.

Os milhões de torcedores pró-Yankee torcem para que Hudson continue fazendo com A-Rod “o-que-seja-que-ela-está-fazendo”. E se caso queira terminar o relacionamento, que aconteça depois da World Series, mesmo (Ok! Ok!) com o casamento marcado para o final do ano – Ok! Ok!²: ela também ia casar com Owen Wilson...

É isso que dar ser rico, bonito e jogador do New York Yankees: o resultado desta soma é igual a namorada de Hollywood. Impossível não lembrar de Joe DiMaggio (jogador do New York Yankees) com Marilyn Monroe (namorada de Hollywood), apesar de ser óbvia a péssima comparação, pois ambos precisam fazer muito para chegar ao nível do casal famoso dos anos 50. O título da World Series será um passo importante para A-Rod entrar na galeria de ídolos dos Yankees; e virá com um embrulho escrito “presente da Kate Hudson”.


(GL)



© 1 Stephen Dunn / Getty Images


*Montagem sobre cartaz do filme "Raising Helen (Um Presente Para Helen) da Touchstone Pictures / Direitos Reservados


PS: Leia “Luzes da Sexta à Noite” , artigo sobre Derek Jeter e a quebra do recorde de mais rebatidas com a camisa dos Yankees (publicado em 14 de Setembro)

Inativo, Mas Operante


Ao todo serão seis dias de descanso; tempo suficiente para relaxar e se preparar para a segunda World Series (WS) consecutiva. O Philadelphia Phillies conheceu ontem seu adversário (New York Yankees) da grande decisão da MLB e chegará à próxima quarta (28) – jogo 1 – com uma preparação semelhante ao que aconteceu na temporada passada: seis dias de folga e jogando contra um time com dois dias de folga (Tampa Bay Rays, na ocasião).

A discussão sobre quem leva a vantagem nesta situação vem desde a classificação dos Phillies para a WS, que veio na semana passada, derrotando o Los Angeles Dodgers na final da Liga Nacional (LN). Muitos acreditam que uma semana sem jogos é melhor; outros argumentam que menos dias de descanso é mais vantajoso. Na verdade, esta série mostrará quem tem a razão.

Nas últimas três WS, dois clubes venceram o título vindo de um período de folga menor: em 2006 o Saint Louis Cardinals (dois dias) venceu o Detroit Tigers (seis dias); e em 2007 o Boston Red Sox (dois dias) venceu o Colorado Rockies (oito dias). O único time que venceu com mais tempo de descanso foi justamente os Phillies em 2008.

Por já ter passado por esta experiência, Philadelphia sabe como fazer para chegar ao primeiro jogo em um bom ritmo. Apenas na quinta (22) e no sábado (24) os jogadores não trabalharam, nos outros dias foram (e serão) de intensa movimentação entre os arremessadores e rebatedores, contando o jogo-treino de ontem.

Enquanto isso, a comissão técnica analisa e estuda o confronto contra os Yankees, projetando o que pode acontecer. Eis alguns tópicos importantes para os Phillies e que vem sendo tema nas discussões entre os torcedores do time:



New York não é Tampa Bay


Uma coisa é jogar no Tropicana Field (casa dos Rays), outra é jogar no Yankee Stadium... Não só isto: NYY está fazendo uma pós-temporada excelente e PHI precisará fazer muito mais do que vem mostrando nestes playoffs: vencer (ou pelo menos igualar) o duelo entre os arremessadores titulares.

Uma virtude do time deste ano pode ser algo negativo nesta série. “Em 2008, o arremesso foi o que nos colocou no topo. Este ano a nossa qualidade é o jogo coletivo” disse Cole Hamels, arremessador titular, depois de ganhar o titulo da LN. Para se dar bem em 2009, os Phillies precisam encaixar boas atuações dos arremessadores, assim com aconteceu na temporada passada.

O único arremessador titular que vem mostrando consistência em Outubro é Cliff Lee (foto acima). São três jogos, com duas vitórias e uma “não decisão” (que o PHI ganhou). Foram 24 entradas e 1/3 com 1.48 ERA – o ERA dos outros arremessadores do clube nestes playoffs é de 4.99. Será difícil Charlie Manuel, treinador, colocar Lee em campo no jogo 1, jogo 4 e num provável jogo 7 – fazendo assim um duelo contra seu ex-companheiro do Cleveland Indians, CC Sabathia. A certeza é que Lee começa arremessando na primeira partida da WS.

Precisamos ser mais eficientes com nossos arremessadores titulares. Somos capazes de fazer isto” diz Manuel sobre a melhora que seu time precisa ter.



Pressão da defesa do título


O último time que conseguiu o bi campeonato na MLB foi o NYY em 1999-2000. E o último time que conseguiu ganhar duas vezes seguidas a WS vindo da LN foi o Cincinnati Reds na década de 70: 1975-1976.

São diversos os fatores que dificultam a possibilidade de repetir uma conquista: contusões, agentes-livres, excesso de confiança... Porém, Philadelphia tem muita coisa a seu favor que o capacita para alcançar o bi: além de Lee estar muito bem, Ryan Howard foi o MVP da pós-temporada na LN, Jayson Werth e Jimmy Rollins estão aparecendo ofensivamente em momentos decisivos, e Brad Lidge parece ter encontrado o poder de fechar os jogos, depois de uma péssima temporada regular.



Rebatedores de Liga Americana


Aqui está o tal jogo coletivo que Hamels falou. A média de corridas nestes playoffs é de 6.3 por jogo, com toda a linha ofensiva contribuindo para esta alta produção. O destaque maior vai para Howard, que está com um aproveitamento de .355, com 2 HR´s e 14 RBI´s. Um exemplo da qualidade do ataque aconteceu no jogo 5 contra os Dodgers – decisão da LN.

Vincent Padilla, arremessador do Los Angeles, estava enfrentando Howard e já tinha eliminado dos jogadores dos Phillies, faltando mais um para terminar a entrada (a primeira do jogo e os Dodgers estavam na frente: 1 a 0). Com Chase Utley na primeira base, Padilla foi agressivo contra Ryan, arremessando bolas dentro e em cima da zona de strike; foram quatro arremessos e um walk para Howard. Na sequência veio Werth para o bastão e Padilla arremessou três bolas seguidas fora da zona de strike e depois dois strikes parecidos (slider). Quando a contagem ficou completa, Padilla arremessa outra slider e Werth faz um HR, colocando os Phillies na frente (3 a 1) e garantindo a vitória que levou o clube para a WS – o jogo terminou 10 a 4.

Só contra os Dodgers, o Philadelphia anotou 35 corridas e conseguiu 10 HR´s. Do primeiro (Jimmy Rollins) até o oitavo (Carlos Ruiz), os rebatedores estão produzindo corridas ao monte. O caso de Ruiz é interessante, porque ele tem um aproveitamento nesta pós temporada estupendo: .346, com 9 HR`s e 7 RBI´s. Este são os números do, em tese, rebatedor mais fraco da equipe.

O problema para os Philies serão os jogos em New York, quando a equipe terá que usar um rebatedor designado. Será uma desvantagem para o time da LN, pois um reserva entrará na posição: Greg Dobbs, Matt Stairs, Eric Bruntlett e Ben Francisco são as opções – combinados eles tem 0 rebatidas em 8 oportunidades nos playoffs 2009.


(GL)



© 1 Jeff Zelevansky/Getty Images
© 2 AP Photo
© 3 David J. Phillip / AP

O Mundo é Dela


A terceira mulher mais poderosa no mundo dos esportes segundo a revista Forbes – atrás de Donna Goldsmith [2], executiva chefe de operações da WWE (liga de luta livre) e Lesa France Kennedy [1], diretora geral do Daytona Speedway (autódromo) –, Heidi Ueberroth (foto acima), 43, está prestes a conquistar toda a Terra faltando chegar à Índia, que é o próximo passo. São várias as realizações que ela conseguiu, levando a marca NBA aos quatro cantos do planeta e com muitas idéias para executar.

O cargo que ela tem na associação é especial – criado exclusivamente para ela: Presidente Global de Parcerias em Marketing e Operações de Negócios Internacionais. Nesta pré-temporada ela manteve a visão mundial da NBA, trazendo de volta o jogo no México e organizando partidas em Madrid (Espanha), Taipei (Taiwan) e Pequim (China). Isto para expandir mais o basquete da associação e difundir o jogo em outros países.

Dentro deste pensamento, ela organiza, nas férias dos atletas, jogos exibições e eventos em vários países. O Brasil teve a oportunidade de receber um desses programas no mês de Agosto (dia 9) – NBA Cares – que foi realizado no ginásio do Maracanãzinho, cidade do Rio de Janeiro-RJ, com crianças do projeto “Basquete de Rua do Cesarão”, bairro Santa Cruz, zona oeste carioca. Depois foi realizado um jogo que contou com a presença de Anderson Varejão, Leandrinho, Danny Granger, Shawn Marion, Drew Gooden, Keith Bogans e Coby Karl. Este tipo de promoção visa expor o nome NBA, estampado nestes jogadores citados, para enriquecer ainda mais esta marca valiosíssima.

Leandrinho, Anderson Varejão e Shawn Marion

Se as estrelas das décadas de 80 e 90 tornaram a liga popular, alguém precisava por ordem nas coisas, focar os principais objetivos e administrar profissionalmente este valor intangível: a magia da NBA. Justamente para concretizar tais metas, Heidi entra na associação – 1994 – com o trabalho de vender os direitos de transmissão para redes televisivas de todos os países possíveis. Apesar dela não continuar nesta posição dentro do organograma da NBA, Heidi ainda tem um papel crucial nas negociações desses direitos e é considerada a responsável por a associação estar em 215 países - 43 diferentes línguas. No último acordo feito com as TV´s americanas (ABC, ESPN e TNT), ela fechou um contrato, que começou na temporada passada e vai até 2015-16, de US$ 7.5 bilhões, aumento de US$ 3.9 blihões em relação ao último acerto feito em 2001.

O torcedor brasileiro terá mais opções de acompanhar a NBA nesta temporada, apesar de não ter transmissão na TV aberta: as TV´s por assinatura ESPN e Space, junto com o site/portal Terra vão passar os jogos para o Brasil.

Os contratos com as redes de televisões estrangeiras não são tão consideráveis assim no gráfico de ganhos da NBA – 10% no faturamento total. Entretanto, existe a arrecadação indireta e a associação fatura bem com isto. “Se alguém quer assistir um jogo [de basquete] na TV, queremos que este alguém veja uma partida da NBA. Se, depois do jogo, alguém queira jogar vídeo game, queremos que ele pegue um jogo da NBA. E, se depois disto, este alguém for querer jogar basquete, queremos que ele use algo da marca NBA. Está tudo conectado e faz parte do planejamento” disse ela ao site Sports Pro Media.

Manter a marca NBA no topo das principais ligas esportivas do mundo não é fácil. Heidi tem a missão de fazer que o lucro + divulgação cresça; e ela quer isso. O “ataque” publicitário no território chinês já foi feito, agora ela está a caminho da Índia.

O foco da NBA é nos países emergentes. Depois de três décadas de trabalho sólido na China, todos os esforços estão voltados ao segundo país mais populoso do mundo. O trabalho na Índia é a longo prazo e similar ao que ocorreu no país vizinho. Hoje, a NBA é um nome forte na China (Heidi é estrela por lá) e já está na raiz do basquete chinês, a espera da mais nova estrela da potência esportiva. Ela criou um projeto, organizado em 64 cidades chinesas, que será uma competição para achar o mais talentoso jogador do país; o vencedor vai ganhar um teste na D-League (liga de base da NBA).

Lara Dutta, Kobe Bryant e Dino Morea

A aproximação com a Índia será parecida, mas como a NBA está chegando por lá agora, o foco é associar o esporte com o que há de mais popular no país: Bollywood. Os mais populares atores da indústria cinematográfica indiana estiveram presentes no último Jogo das Estrelas em Phoenix e a NBA TV gravou cenas deles nos bastidores e fez um especial para a TV local do país; nem precisa dizer que o programa foi um sucesso. No ano passado, a ESPN Star Sports (Índia) fez uma reportagem mostrando os bastidores do Los Angeles Lakers, e os “repórteres” foram dois dos mais reconhecidos atores bollywoodianos – foto acima.

Se Heidi for nesta caminhada, quem sabe o Brasil não seja o próximo alvo – assim, tentando completar a sigla BRIC´s (Brasil, Russia, Índia e China) dos países emergentes na economia mundial. Ela sabe que 20% dos jogadores que atuam hoje na associação não são americanos e que há potencial enorme de crescimento das vendas dos produtos relacionados à NBA fora dos EUA, principalmente nos países destes atletas.

Tudo que ela faz está dentro de um estudo e de um plano. As brilhantes execuções de suas obrigações é uma credencial de apresentação fortíssima, a colocando como o principal nome na sucessão do comissário David Stern, que completa 25 anos no comando da NBA. Para isto acontecer, muitos dizem, é só questão de tempo. Enquanto não chega a hora, ela vai explorando o mundo e levando a marca da NBA consigo, passeando pela Terra como se fosse seu quintal.

Só dela.


(GL)



© 1 Site Globo Esporte

Política e Intere$$e$


A metade da temporada da NCAA football (NCAAf) indica polêmica à vista. Pois este é o momento que o comitê BCS (Bowl Championship Series) divulga o primeiro ranking anual das melhores escolas do esporte no campeonato. Mesmo usando opiniões de pessoas e aspectos tecnológicos, o sistema de bowls está longe de ser unanimidade e tem como principais inimigos o Congresso dos EUA e o presidente do país.

Junto com a lista das universidades, que saiu na última segunda (19), veio uma representação do Senado contra o BCS, em conjunto com a Casa dos Representantes americana (espécie de Câmara Federal). Nomes fortes da política, encabeçados pelo Sen. Orrin Hatch, Rep. Neil Abercrombie e o Rep. Joe Barton, fizeram uma carta criticando o sistema BCS de forma bastante contundente.

“Por que este envolvimento?” [alguém está dizendo por aí...]

Boa pergunta.

O ponto principal e que atinge o BCS é a questão da conhecida lei antitruste, que trata sobre cartéis, concorrência livre e monopólio. Segundo os legisladores, o BCS infringe essa lei, permitindo que apenas algumas universidades concorram ao “título nacional”.

“Título nacional” está entre aspas porque, oficialmente, a NCAA não reconhece e não faz nenhum torneio para definir quem é o melhor time no football (diferente do que acontece com os outros esportes). Este sistema de bowls, criado para realizar decisões por todo o país, é antigo, mas tem sua formação mais moderna desde 1992, quando foi criada a Bowl Coalition para tentar organizar os bowls.

O BCS surgiu em 1998 e coordena os principais jogos da chamada pós-temporada. São quatro decisões – Rose Bowl, Orange Bowl, Sugar Bowl e Fiesta Bowl – e o problema todo é como determinar quais universidades tem o direito (ou privilégio) de participar. Aí entra a política.

Existem 12 conferências – total de 131 escolas – de football da Divsão-I (a principal da NCAA). Porém, apenas seis conferências – 73 escolas – têm direito (ou privilégio) de se classificar aos melhores bowls. O restante só pode mandar uma – e somente uma – universidade aos prestigiados bowls do BCS. Esta discriminação é considerada pelo legislativo americano como concentração de poder e favorecimento ilegal.

O G6, se assim podemos chamar, consiste nas conferências ACC, Big East, Big XII, Pac-10, Big Ten e SEC. Os campeões de cada uma delas estão classificados automaticamente para os bowls:


Vencedor da ACC: Orange Bowl
Vencedor da Big Ten x Vencedor da Pac-10: Rose Bowl
Vencedor da Big XII: Fiesta Bowl
Vencedor da SEC: Sugar Bowl

E quem ganha a Big East, vai para um dos bowls com vaga disponível. Através do ranking são escolhidas as outras duas escolas para completar as partidas decisivas.

Fora isso, claro, há o bowl final, que é disputado entre a universidade número 1 e número 2 do campeonato segundo o ranking do BCS.

E aí começa a confusão.

Como determinar quais são as melhores equipes?

Esta é a fórmula que o BCS usa – quem tem a melhor média, fica em primeiro:

BCSavg=(hp/2825+up/1550+(c1+c2+c3+c4)/100)/3 . Onde:

BCSavg é a média final

hp (Harris Interactive Poll) é o ranking feito pela empresa especializada em pesquisa de mercado, composta por ex-jogadores, ex-técnicos e jornalistas em atividade.

up (USA Today Poll) é o ranking publicado no jornal, feito por 61 treinadores.

c1, c2, c3 e c4 são os resultados extraídos de outros seis rankings, usando um computador, com cada escola tendo a melhor e pior posição descartada.

Fazendo todas estas contas se chega a universidade número 1, a número 2... Os defensores do sistema BCS acham coerente esta fórmula por usar elementos humanos e matemáticos. Os que fazem oposição usam o mesmo argumento para contrariar o método, pois como definir a real qualidade dos times através de um cálculo? Por que não decidir em campo através dos tradicionais e bem sucedidos playoffs? Aí entra os intere$$e$.

Estes quatro bowls, mais a decisão do "título nacional", gera milhões de dólares em direitos de transmissão e em merchandising. As universidades ficam com um pedaço do bolo, mas é o BCS que sai no lucro nesta história. Os bowls deste ano têm patrocínios de peso: FedEx, empresa de logística (Orange Bowl); Tostitos, empresa alimentícia (Fiesta Bowl); Allstate, empresa de seguros (Sugar Bowl) e Citibank, empresa financeira (Rose Bowl e o “título nacional”). Para quebrar esta poderosa corrente de dinheiro não será fácil, contudo com a ajuda de Barack Obama, presidente dos EUA, a chance de sucesso aumenta consideravelmente.


Em entrevista ao mundialmente famoso programa 60 minutes, logo após ser eleito, Obama afirmou “Eu irei me envolver nisto. Acredito que é a coisa certa” sobre a criação dos playoffs. Este aspecto, inclusive, talvez seja o único que tem total acordo entre a direita e esquerda americana que, caso o BCS não faça algo para mudar seu sistema em curtíssimo prazo, vai entrar pesado para criar uma lei e/ou estatuto modificando as regras da pós-temporada da NCAAf.

A pressão está aumentando a cada dia que passa e algumas sérias movimentações estão sendo feitas. O BCS está atrás de alguém que seja o defensor do sistema, alguém que se dedique exclusivamente para manter a imagem intacta da marca e rechaçar a opinião pública das críticas que o comitê recebe constantemente. Precisam achar um cara rápido, pois o estado de Utah já está na ativa contra o BCS.

Mark Shurtleff, procurador-geral do estado, está investigando o BCS baseado na lei antitruste (abordada aqui no inicio). O caso usado é da universidade de Utah que terminou a temporada invicta duas vezes nos últimos cinco anos, mas não decidiu o campeonato em nenhuma ocasião (Utah não faz parte do G6). O argumento usado é que, universidades como Utah, estão em desvantagens no nível financeiro e competitivo se comparado com as escolas do G6. Fato que se encaixa na lei antitruste.

Os políticos nada podem fazer para mudar o sistema BCS até 2011 – devido a contratos. Se o comitê não optar por buscar uma alternativa, ao que é visto hoje em vigor, o governo e o legislativo vão atacá-los com a meta de implementar os playoffs e deixar que o campeão se decida em campo verdadeiramente. Resta saber se os Intere$$e$ serão mais poderosos que a política.



(GL)



© 1 Imagem da rede de televisão Columbia Broadcasting System (CBS)

*Todos os logos aqui publicados pertencem a seus respectivos donos.

Até Que o Fracasso os Separe


Prestes a iniciar a segunda temporada no comando do New York Knicks, Mike D´Antoni terá mais desafios pela frente, tentando recolocar a franquia na elite da Conferência Leste da NBA. Com jogadores em final de contrato e com a diretoria se preparando para a temporada 2010-11, a tarefa do treinador neste campeonato será complicada, mas possível de ser atingida: se classificar para os playoffs. Neste processo de reformulação e reestruturação do clube, D´Antoni é o homem ideal para executar esta missão.

Ele chegou a New York ano passado e quem o trouxe foi o diretor de basquete da franquia Donnie Walsh (ex-Indiana Pacers), encarregando Mike para cumprir a novo metodologia do clube em quadra, uma transformação completa comparando com o que os torcedores dos Knicks acostumaram a ver nesta década. Este foi um dos primeiros acertos de Walsh.

O estilo de trabalho de D´Antoni se encaixa naquele perfil, bem famoso no futebol, do “treinador dos jogadores”. Não que ele seja um cara omisso e que deixa os comandados fazer o que quiserem, pelo contrário: ele impõe autoridade sem ser autoritário. É o tipo do treinador que desenha na prancheta como a jogada deve ser executada e entra em quadra para exemplificar na prática. Nos treinamentos dos Knicks, é comum ver D´Antoni junto com seus atletas participando dos exercícios técnicos e táticos.

Todos os jogadores gostam disto: do treinador que sai da teoria e entra na prática. Diferente daquele que enche o peito e dá uma aula de basquete na lousa do vestiário, porém é incapaz de chegar na quadra, pegar a bola e mostrar como se faz. A aproximação treinador-atletas é uma meta a ser atingida, servindo como mais um atrativo para a contratação de novos jogadores.


Não que New York precise de algum incentivo extra. O que mais falar da “capital do mundo”? O glamour da cidade já é suficiente para chamar a atenção dos principais nomes da associação. Mas, se o clube não for vencedor... não há dinheiro que compre os grandes atletas, que precisam vencer para aumentar o status de “estrela”. Enquanto a diretoria faz manobras para colocar um time em quadra pagando o mínimo possível, tendo assim mais espaço no “teto salarial” e ir com agressividade ao mercado de agentes livres na temporada ´10-11; D´Antoni se vira para não passar vexame e faz de tudo para colocar em todo jogo um time competitivo.

Vitorioso ainda não, competitivo. Temporada passada, por exemplo: os Knicks terminaram com 32 vitórias e teve, no total de 82 partidas, 18 jogos decididos por 5 pontos ou menos. Das 32 vitórias, só uma veio sem o time chegar a marca centenária no placar. Quando o time anotou menos de 100 pontos, perdeu 21 jogos e ganhou apenas 1. Tudo isso feito com limitação de jogadores, graças às movimentações feitas pela gerência do clube.

Certa vez, D´Antoni teve disponível apenas sete jogadores, com seu armador, Chris Duhon, jogando todos os 48 minutos da partida com uma dor nas costas, sem descanso algum! Na loucura do campeonato passado, o destaque ficou por conta do pivô David Lee, líder da NBA em double-double (65).

Destaque e dor de cabeça também. Como seu contrato terminou junto com o fim da temporada 2009-10 (agente-livre restrito), a franquia teve que raciocinar bem e decidir o que seria melhor para ambas as partes: o NY não queria perder o pivô, mas não queria soltar tanto dinheiro assim pra ficar com ele. No final das contas o jogador assinou por um ano (US$ 7 milhôes), entendendo a posição do clube em se preservar para 2010 – situação parecida aconteceu com Nate Robinson, armador, que assinou também por apenas um ano (US$ 5 milhões).

A equipe está numa situação peculiar, com seis jogadores (Lee, Robinson, Larry Hughes, Duhon, Darko Milicic e Al Harrington) tendo seus contratos terminando no final desta temporada. Há o potencial da equipe se tornar muito individualista e egocêntrica – com cada jogador lutando para estar na equipe ano que vem – porém, segundo Lee, “não temos estes tipos de profissionais por aqui”.

Entre todos jogadores do elenco que vão começar esta temporada, só quatro tem permanência (quase) garantida em´10: Danilo Galinari, habilidoso ala que D´Antoni gosta muito e terá um tratamento de novato, pois jogou apenas 28 jogos em sua estréia na NBA; Al Harrington, jogador mais talentoso da equipe (o que não quer dizer muita coisa) e escolha de Walsh quando ele estava em Indiana; e os novatos Jordan Hill (ala) e Toney Douglas (armador).


Walsh (acima), quando estava nos Pacers, sempre foi considerado como um ótimo selecionador em drafts (sistema de escolha dos atletas para a NBA). Neste ano com os Knicks, o foco estava no armador Stephen Curry (que foi para o Golden State Warriors). Sendo assim, Hill foi escolhido na oitava posição, ótimo ala-pivô da Universidade do Arizona. Walsh não desistiu da busca por um armador e foi atrás de Douglas (originalmente escolhido pelo Los Angeles Lakers) e o adquiriu por dinheiro e uma escolha de segunda rodada no draft de 2011 – Douglas foi, em 2009, o melhor jogador defensivo da ACC, uma das melhores conferências de basquete da NCAA.

D´Antoni e Walsh estão trabalhando para fazer do New York Knicks uma potência da associação nos anos que estão por vir. Assim como em um casamento, ambos os lados precisam se esforçar para que a união seja duradora e produtiva. Em Phoenix, com a chegada de Steve Nash, Mike conseguiu ir as finais da Conferência Oeste com apenas um ano treinando os Suns. Hoje o time não está pronto, mas a adição de uma super estrela (LeBron James, Chris Bosh, Amare Stoudemire...) em 2010 pode elevar o nível dos Knicks. Walsh sabe o que é preciso e está elaborando o melhor plano para que isto aconteça.

Esperando que as vitórias venham e que elas levem o clube ao sucesso, para que a separação da dupla não seja curta, repentina e estampada nos tablóides nova-iorquinos


(GL)



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Trinca de Ases

AJ Burnett, Andy Pettitte e CC Sabathia - da esq. para a dir.


A rotação do New York Yankees está com uma formação diferente nesta série final da Liga Americana contra o Los Angeles Angels. Ao invés de usar quatro arremessadores, modelo tradicional, o NY vai com apenas três. Joe Girardi, treinador do time, e Dave Eiland, técnico dos arremessadores, sabem o que estão fazendo, pois convivem diariamente com seus atletas; logo ambos conhecem a capacidade de cada um.

CC Sabathia, AJ Burnett e Andy Pettitte foram os escolhidos para serem os titulares na decisão da Liga, que dá ao vencedor a oportunidade de jogar a World Series. Com exceção de CC, os Yankees não tinham a certeza de quem estaria na rotação nos playoffs e de como seria a ordem dos arremessadores. É consenso comum que, na pós-temporada, o que qualifica um clube ao título são dois fatores: bons arremessadores titulares (2) e um closer. Como o NY tem Mariano Rivera para encerrar as partidas, faltava o segundo arremessador.

Burnett e Pettitte alteraram bons e maus momentos durante o campeonato deste ano. Não tiveram números excelentes, mostrando insegurança e ganhando desconfiança dos torcedores, que também tinham que se preocupar com a profundidade da rotação. Chien-Ming Wang teve um início de campeonato fraco (derrotas nas três primeiras partidas com um ERA de 34.50 nestes jogos), ele entrou no departamento médico na metade do mês de Julho e fez uma cirurgia no ombro que o tirou da temporada. Joba Chamberlain voltou ao bullpen depois de jogar partidas medianas como titular e a solução foi então apostar nos homens de US$ 31 milhões de salário anual - somando os ganhos de Sabathia (US$ 15 mi) e Burnett (US$ 16 mi), contratados para esta temporada - e na experiência de Pettitte.

Contra o Minnestoa Twins na primeira rodada dos playoffs, os três atuaram muito bem, indo pelo menos até a sexta entrada e cada um cedendo apenas uma corrida. O teste, entretanto, viria a seguir contra os Angels, clube que eliminou os Yankees duas vezes nesta década: em 2002 (quando os Angels foram os campeões) e em 2005.


No primeiro jogo da final realizado nesta sexta, 17, Sabathia (acima) foi o titular e tinha um desafio: melhorar sua performance nos playoffs e contra os Angles. Os scouts da MLB sempre questionaram o poder de dominação de CC – em cinco jogos de pós-temporada (sem contar esta), foram 22 walks em 25 entradas. Para complicar as coisas, ele perdeu os dois confrontos contra o time de Los Angeles em 2009, com um ERA de 6.08.

Contudo, Sabathia teve uma atuação de gala no jogo 1: permitiu apenas um walk e uma corrida em quatro rebatidas, contando ainda sete strikeouts, não permitindo nenhum rebatedor, que começou uma entrada, ir para a primeira base. É um jogador completamente diferente de outros playoffs que participou com o Cleveland Indians e com o Milwaukee Brewers: antes de New York CC, em Outubro, tinha 2v-3d e um ERA de 7.92; já com os Yankees são 2v-0d e um ERA de 1.23. Por ter jogado pouco em Setembro, Sabathia está bem descansado e pronto para jogar partidas decisivas em um curto espaço de tempo – ele vai arremessar no jogo 4 (amanhã) e no jogo sete, se necessário.


O irregular Burnett (acima) iniciou o jogo 2 no sábado. Em 6 entradas e 1/3 ele cedeu duas corridas e três rebatidas, com quatro strikeouts. Foram muitos arremessos (114) e muitas bolas fora da zona de strike (39). AJ recebe críticas exatamente por perder o controle de seu comando nas partidas e não atuar bem contra grandes equipes. Só que neste ano, quando os Yankees quebraram um recorde, ele foi creditado com a vitória: no dia 23 de Julho, Burnett teve onze strikeouts e o NY venceu uma série contra os Angels em Anaheim pela primeira vez desde Maio de 2004.

AJ ainda está em busca da primeira vitória em playoffs, já que este é o primeiro que ele está participando. As suas duas partidas (a outra com os Twins) foram encerradas nas entradas extras e ele ficou "sem-decisão" em ambas, mas volta a arremessar no jogo 5 que será em Anaheim, onde ele pode se inspirar com o que foi feito anteriormente na temporada regular.


Hoje começa os jogos com o mando dos Angels e Pettitte (acima) será o titular pelo lado dos Yankees, com a meta de quebrar o recorde de mais vitórias em playoffs (15). As lembranças de Anaheim não são boas para ele, pois foram dois jogos lá em 2009 e duas derrotas. Agora é a hora de Andy usar sua vasta experiência para reverter esta situação desfavorável. São 224 entradas e 146 strikeouts em 15 pós-temporadas, lembrando sempre das sete World Series (6 com os Yankees e uma com o Houston Astros) que ele disputou.

Apesar de não terem tido uma ano de 2009 fantástico, Sabathia, Burnett e Pettitte são as melhores opções para Joe Girardi conseguir chegar a World Series. Esta curta rotação traz uma vantagem para o treinador que tem mais arremessadores no bullpen para utilizar, como ocorreu no jogo 2 contra os Angels quando sete relivers participaram da partida: Phil Coke, Chamberlain, Phil Hughes, Rivera, Alfredo Aceves, Damaso Marte e David Robertson.

O dinheiro investido para montar o elenco desta temporada será recompensado só se um objetivo for alcançado: o título. É assim que funciona o beisebol com os Yankees, outro resultado será considerado um “fracasso”. Caso chegue à final, esta rotação com os três arremessadores deverá ser mantida, levando em consideração que CC, AJ e Andy já atuaram na Liga Nacional e não terão dificuldade em jogar no ataque – nas partidas fora de casa.

Sem blefe, o New York Yankees mostra as suas cartas e a poderosa trinca de ases passando, por enquanto, ileso e invicto nestes playoffs.


(GL)



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Dossiê Rush Limbaugh e o Saint Louis Rams


No mínimo, polêmico.

Talvez esta seja a melhor forma de definir Rush Limbaugh, apresentador de um programa político de rádio extremamente popular nos EUA. Ele fazia parte do grupo que está se preparando para entrar com uma oferta na compra do Saint Louis Rams, porém saiu por sofrer um ataque massivo da opinião pública que não concorda com sua associação a NFL.

Limbaugh se coloca como vítima de toda a história. Parte da mídia concorda com ele, outra parte se posiciona contra. Quem está a seu favor é o setor da imprensa conservadora e da direita – que compartilha das mesmas idéias de Limbaugh – simbolizado no canal de notícias da TV por assinatura mais popular do país: FOX News, rede de televisão que defende abertamente Limbaugh em diversas questões, especialmente nesta. Quem está contra é o setor da imprensa liberal e da esquerda, simbolizado no canal de notícias CNN, que fez reportagens e organizou debates contra Limbaugh.

Esta polarização surge das declarações que Limbaugh fez (ou não) sobre a NFL e seus jogadores. Além disto, há (ou não) citações polêmicas do apresentador acerca de questões delicadas da sociedade, principalmente sobre os afro-americanos.

Aí é que começa o imbróglio todo.

Antes de ser um jornalista político, Limbaugh trabalhou com esportes e era uma figura muito conhecida. Fazia parte da ESPN e era um dos importantes comentaristas da NFL no início desta década. Em 2003, ele disse algo sobre o quarterback (QB) Donovan McNabb, estrela do Philadelphia Eagles, que lhe custou o emprego e desafetos:

Me desculpa pelo o que eu vou dizer, mas eu não acho ele [McNabb] tão bom assim. Acredito que existe uma preocupação social na NFL e a mídia está com desejo de ver um QB preto se dar bem na NFL.” (abaixo o vídeo, em inglês)



Ele foi demitido semanas depois.

Porém, na época, apesar de muitos atacarem Limbaugh pelo o que ele disse – e a ESPN ter feito uma retificação no dia seguinte – alguns jornalistas concordavam com a visão de Rush, mas evidentemente usariam palavras diferentes.

Em outro episódio, o próprio admite que se equivocou no tom usado para comentar sobre os jogadores da NFL que estavam se envolvendo em diversos crimes na metade desta década. Ele disse:

Deixa eu dizer desta forma: a NFL está parecendo um jogo entre os Bloods e os Crips [gangues de rua] sem armas. Pronto! Eu disse

Limbaugh, depois, reconheceu o erro e mais recentemente comentou que deveria ter usado outra analogia para expressar seu ponto de vista.

O importante de se entender é que Rush é extremamente opinativo e fala o que vem na cabeça, esta é a sua característica, sua personalidade. Muitos concordam com ele e até dizem o mesmo, só não tem um programa de rádio com uma audiência de 20 milhões de pessoas (por dia) na hora do almoço. Limbaugh fez questão de reafirmar isso quando o grupo, liderado por Dave Checketts, dono do Saint Louis Blues (NHL), se aproximou dele o convidando para se juntar na sociedade.

Limbaugh é do estado de Missouri (onde fica a cidade de Saint Louis). Em Junho deste ano, quando ele ficou sabendo que os Rams estavam à venda, deixou a entender em seu programa que gostaria de adquirir a franquia. Dias depois, em um campo de golfe, Checketts encontra Limbaugh e comenta sobre o que ele disse no rádio e Rush convida Dave para ir à sua casa conversarem. Checketts apresenta o projeto e convida Limbaugh para ser um dos sócios minoritários. Antes de concordar, Limbaugh faz questão de avisar aos parceiros da repercussão que a história teria quando chegasse ao grande público (leia-se: imprensa). Eles fizeram questão de mostrar que estavam cientes da situação, que falaram com gente importante do alto escalão da liga e que tudo daria certo.

Semana passada a história vazou e a “avalanche” predita começou. Foram posições das mais diversas e variadas, começando com os jogadores dizendo que não iriam jogar para ele, passando pelo massacre da mídia, até chegar ao comissário da liga, Roger Goodell (foto abaixo). Nesta terça (13) ele deu uma entrevista coletiva e disse: “Eu falei várias vezes que estamos em busca do alto nível por aqui. Penso que comentários polêmicos não caracterizam a NFL e eu não quero ouvir estes tipos de comentários vindos de pessoas da alta hierarquia dos clubes e/ou da liga”.


Horas depois, Checketts liga para Limbaugh pedindo para que ele saísse do grupo, pois a situação estava ficando insustentável. Rush, contudo, respondeu que não iria se demitir e que, se caso Checketts quisesse ele fora, teria que vir a público e falar. Dave fez isto na Quarta (14) dizendo: “Está claro que o envolvimento dele [Rush] no nosso grupo se tornou uma complicação e uma distração para o nosso objetivo, que é manter os Rams em Saint Louis”.

Como Limbaugh gosta de polarizar as coisas, ele disse ontem em seu programa: “...este ataque foi orquestrado pela esquerda, que não quer ver os conservadores crescerem...” Tá certo que ele não é o cara mais politicamente correto que existe, mas muito do que foi escrito não é verdade, principalmente citações creditadas a ele e que nunca foram provadas. Como ele vai se justificar de algo que não fez? Dizer que ele foi infeliz em alguns dos seus comentários é compreensível. Afirmar que ele é racista é muito complicado. Exemplo: uma atitude racista seria ele não contratar um jogador por causa da sua cor de pele, caso ele fosse dono dos Rams.

E olha que a NFL já passou por isso verdadeiramente.

A liga começou a assinar com jogadores afro-americanos em 1946 e a escolhê-los no draft a partir de 1949. George Marshall, dono do Washington Redskins na época, era abertamente racista e só colocou um afro-americano na sua equipe em 1962. Em outras ligas há casos de preconceitos e racismo tão graves quanto este mencionado, partindo de diretores.

Na MLB, a ex-dona do Cincinnati Reds, Marge Schott, dizia: “Dave [Parker] é meu ne*** que vale milhões de dólares” e não permitia que seus jogadores usassem brinco porque “...é coisa que só fruta usa...” Ela foi banida pela MLB quando demonstrou publicamente, através de declarações e atitudes, simpatia pelo partido nazista e ao seu líder Adolf Hitler, logo após ter o controle majoritário da franquia.

Na NBA, o ex-executivo do Los Angeles Clippers Elgin Baylor, entrou com um processo em Fevereiro deste ano contra o dono da franquia, Donald Sterling, por “discriminação racial trabalhista”. Nos documentos da parte acusadora constam declarações de Sterling do tipo: “vou encher meu time de pobres garotos pretos do Sul [dos EUA, região de maioria afro-americana] e um treinador branco” e “estou oferecendo muito dinheiro a este pobre menino preto” – falando da negociação acerca do jogador Danny Manning.

Se o assunto abordado para banir Limbaugh for comentários politicamente incorretos, o que dizer dos rapper Jay-Z (New Jersey Nets – NBA) e Nelly (Charlotte Bobcats – NBA) que não cantam “conselhos da mamãe” em suas músicas e mesmo assim tem parte nestas respectivas franquias?

A questão é que nem foi dada uma oportunidade a Limbaugh de participar da compra dos Rams e em grande parte isto aconteceu por pensamentos que ele nunca expôs. Por mais que ele seja uma pessoa que defende valores duvidáveis e tenha convicções esquisitas, o dinheiro que ele ganhou é limpo. Limbaugh tem o direito de participar de qualquer grupo que queira comprar qualquer franquia de qualquer liga. Se ele será aprovado, aí é outra história, porque ser dono é um privilégio.

Em todas as ligas, seja sócio majoritário ou minoritário, é feito uma triagem completa do passado do indivíduo. Mark Cuban, dono do Dallas Mavericks (NBA), diz que foram falar com pessoas que ele não via há anos; foram a lugares que ele nunca imaginaria que fossem. Limbaugh não passou por isto e teria que, ainda, ser aprovado por 24 dos 32 donos das outras franquias da NFL.


Não foi uma exclusão oficial, mas o quarto poder (imprensa) tirou Limbaugh do jogo. A mídia não formou opinião, já entregou feita aos ouvintes, telespectadores e leitores; estes que receberam uma enxurrada de notícias anti-Limbaugh e não foram verificar se o que lhe estavam informando era verídico ou não e se tinha alguma procedência.

No final das contas, a opinião de Goodell prevalece e parece ser a mais sensata. Limbaugh não é bom para a NFL e a liga não precisa dele, justamente por ser polêmico e tomar atitudes insensatas; como falar sem pensar. A NFL está cheia de gente que têm ideais da ultra-direita, porém tudo fica entre eles. Limbaugh é uma figura pública e todos iriam querer uma opinião dele sobre o assunto que surgisse e fosse pauta da imprensa, tentando sempre criar um “algo a mais” – parecido com o que fazem com Cuban na NBA.

Se ele quer continuar nesta busca, que tem desde criança, de ser um dono ou fazer parte da diretoria de um clube, pode ir atrás de uma franquia da NBA; lá deve ser mais fácil... A NFL já mostrou que a porta tá fechada e, consequentemente, abre uma jurisprudência que irá limitar muita gente de entrar no seleto grupo – isto se a mídia for fazer a mesma cobertura com potencias futuros donos. A conferir.

O problema todo foi a maneira como lidaram com o assunto. O desfecho (Rush Limbaugh fora da NFL), porém é o mais correto e o esperado.


(GL)



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© 3 Landow / UPI

Legítima Afirmação


Pode parecer um pouco desconexo, mas a sentença a seguir é verdadeira: o Cincinnati Bengals é o melhor time da divisão Norte da Conferência Americana. Se isto não fosse suficiente, manchetes do tipo “Cincinnati em primeiro lugar” e “Bengals com quatro vitórias em cinco jogos” retratam, verdadeiramente, o que vem acontecendo com a equipe do estado de Ohio, por mais que soe estranho “Bengals” e “vitória” juntos na mesma frase.

São vários os fatores que colocam o time nessa posição: defesa forte, jogo corrido com qualidade... Contudo, tudo funciona a favor de uma pessoa: Carson Palmer. O quarterback (QB) da equipe está à frente de seus companheiros buscando liderá-los para mais um playoff, assim como aconteceu em 2005. De lá pra cá, Palmer passou por duas graves contusões e a sua recuperação é fundamental para o sucesso dos Bengals.

Em 2008, a temporada de Palmer foi curta e durou só 4 partidas. A lesão que ele teve foi no cotovelo do braço de arremesso (direito). Uma cirurgia chamada de Tommy John (procedimento bem conhecido entre os arressadores da MLB e que precisa de um longo período inativo para o jogador obter uma recuperação completa), era uma das opções que Palmer tinha para tratar a contusão. A outra escolha era esperar que o cotovelo curasse por si só através de um programa de reabilitação.

O QB optou pela fisioterapia, confiando nos seus médicos que falaram sobre a possibilidade da contusão “desaparecer”. Para que isto acontecesse, dois meses e meio de trabalhos contínuos na sala de musculação; ele passou por algo parecido em 2006 – só que na época a cirurgia foi inevitável.

Depois de fazer uma estupenda temporada com os Bengals em 2005-06, levando a equipe para a primeira pós-temporada desde 1990, Palmer encontrou o arqui-rival Pittsburgh Steelers no primeiro jogo dos playoffs. Em uma das jogadas iniciais da partida, Palmer lançou uma bola para touchdown (66 jardas). Porém, o brilhante lance deixou uma marca negativa em Carson. O defensive tackle dos Steelers, Kimo Von Oelhofen, acertou intencionalmente a perna esquerda do QB, mais precisamente o tornozelo. A ressonância magnética mostrou diversas e graves lesões na perna. Palmer teve que sair do jogo e os Bengals perderam a partida.

Quem tratou o QB foi um médico de fora da franquia. Ele informou ao clube sobre a gravidade da contusão, dizendo que poderia acabar com a carreira de Palmer. O jogador aceitou fazer a cirurgia, que reconstruiu todo o tornozelo. Palmer usou um método novo de fisioterapia chamado HydroWorx, tratamento que usa uma piscina especial e é utilizada por diversos clubes esportivos do mundo. O sucesso da recuperação de Carson foi notório e ele estave estampado em diversas capas de revistas e jornais, por ter conseguido voltar a jogar no começo do campeonato de 2006.


Apesar de ele ter tido um ótimo ano individualmente – foi o MVP do Pro Bowl ´07 –, os Bengals não tiveram uma boa temporada. Na verdade, foram três campeonatos sem conseguir um aproveitamento de vitórias acima dos 50%. Em 2009, entretanto o clube já igualou o número de vitórias obtido em toda a temporada passada (4) em apenas cinco jogos. Mais importante do que isto é como tais resultados foram alcançados e quem eles enfrentaram.

Das quatro vitórias, três foram fora de casa (destaque para os jogos em Green Bay e em Baltimore, ambientes completamente hostis). Das quatro vitórias, três foram contra rivais de divisão (além de derrotar o Cleveland Browns, passaram por Pittsburgh e Baltimore). Das quatro vitórias, duas chamam a atenção pela atuação de Palmer nos momentos decisivos, mostrando que seu braço está muito bem.

Contra os Steelers, Palmer tinha os 5 minutos finais da partida para atravessar 71 jardas, enfrentando a agressiva e temida defesa de Pittsburgh. Sem pressa, em 15 jogadas ele chegou à jarda de número 4, faltando 14 segundo para terminar o jogo. Palmer então acha o wide receiver (WR) Andre Caldwell no meio da end zone e os Bengals passam um ponto a frente. Eles completam a conversão de dois pontos e vencem a partida de 23 a 20.

Em situação semelhante Palmer esteve contra os Ravens: 80 jardas para atravessar, só que com menos tempo a seu favor. Para compensar, ele teve a colaboração dos defensores de Baltimore que cometeram três faltas seguidas, sofrendo uma punição combinada de 30 jardas. Restando 22 segundos, Palmer lança o WR Caldwell (foto abaixo), e o touchdown de 22 jardas dá a vitória aos Bengals.


Esta preferência por Caldwell, ótimo WR que veio da Universidade da Florida em 2008, tem uma explicação. Nas férias ele esteve na Califórnia na casa de Palmer e os dois, de vez em quando, treinavam algumas rotas e passes. O entrosamento de ambos se concretizou nessas duas partidas.

Palmer tem boas “armas” para escolher no ataque. Além de Caldwell (projetado para ser uma espécie de T.J. Houshmandzadeh), há os WR´s Chad Ochocinco, Cris Henry e Leveranues Coles (pois é, se alguém ainda não percebeu, ele está em Cincinnati). As atuações qualitativas do running back Cedric Benson neste campeonato são excelentes para Palmer, que pode balancear mais o jogo ofensivo e deixar a defesa adversária desprevenida.

Antes de a temporada começar, Ochocinco (sem dar risada) disse que seu time terminaria o campeonato com 12 vitórias e 4 derrotas... (fazendo com que outros dessem risada). Agora, o Cincinnati vem mostrando, semana após semana, que tem potencial para chegar à meta de Chad. A questão é: Vai chegar de fato? Quem sabe? Porém, ninguém pode duvidar: os Bengals e Carson Palmer estão jogando bem e consistentemente. Esta é uma legítima afirmação.



(GL)



© 1 Newcomon
© 2 Robb Carr / AP Photo



PS¹: Leia “O Que Passou, Passou...” texto que fala sobre o defensive tackle Ed Johnson, dispensado do Indianapolis Colts nesta semana (artigo publicado dia 08 de Julho)

PS²: Leia “Além de Um Conto de Fadas” texto sobre as Irmãs Williams no Miami Dolphins (publicado no dia 28 de Agosto)

The Weaver Brothers


Los Angeles tem duas franquias representando a cidade nas finais de Liga: uma na Nacional (LN) e uma na Americana (LA). A família Weaver também tem dois representantes do clã nas decisões: Jeff Weaver pelo lado da LN (Los Angeles Dodgers) e Jered Weaver pelo lado da LA (Los Angeles Angels). O destino pode, novamente, fazer com que haja um confronto entre os dois, mas agora em um local especial: na World Series.

O comentário é grande pelos lados da “Cidade dos Anjos” de uma provável final entre os times locais. Pelo apresentado até agora nos playoffs, é considerável a probabilidade disso acontecer, e tanto Jeff quanto Jered estão contribuindo para que o duelo volte a ocorrer, apesar dos outros dois encontros não terem sido tão agradáveis.

Jeff é o irmão mais velho (32) e, naturalmente quando adolescente, não saia muito com Jered (26) pela diferença de seis anos entre eles; Jeff era o típico irmão que não queria o caçula por perto e fazia questão de mostrar quem era o “chefe” da casa. Contudo, o beisebol os aproximou, criando assim uma relação bem especial.

Ambos fizeram carreira na Califórnia – são naturais da cidade Simi Valley, parte da Grande Los Angeles. Jeff foi destaque na Simi Valley High School e nem foi para uma universidade jogar beisebol, sendo a 14ª escolha do draft de 1998 (Detroit Tigers), onde ele foi o arremessador titular número em 2001 e 2002. Jeff é o que chamamos de atleta “rodado”; passou por seis diferentes clubes na MLB: Tigers, New York Yankees, Los Angeles Angels, Los Angeles Dodgers, Saint Louis Cardinals e Seattle Mariners.

Já Jered tem um currículo um pouco diferente do seu irmão mais velho; só o status de estrela na Simi Valley HS é o mesmo. Ele participou da NCAA defendendo a Universidade Estadual da Califórnia (Long Beach) e em 2004 recebeu o prêmio de melhor jogador (Troféu Dick Howser) e melhor arremessador (Troféu Roger Clemens). Esse foi o mesmo ano que os Angels o escolheram na 12ª posição do draft. Jered disputou dois campeonatos nas ligas de base do clube, até o primeiro encontro com Jeff em 2006.

Em 2005 terminou a primeira passagem de Jeff pelos Dodgers e ele assinou, no ano seguinte, um contrato por uma temporada com os Angels. Enquanto isso Jered estava se destacando e os olheiros já o recomendavam à equipe principal. Entretanto, houve uma coincidência incrível: o lugar vago na equipe de arremessadores que Jered ocupou foi justamente o deixado pelo Jeff, dispensado do clube (foi para os Cardinals). No final das contas, a parceria não se concretizou, mas a situação ficou boa para ambos.

Jered teve uma sequencia histórica em seu primeiro ano, com nove vitórias nos nove primeiros jogos. Jeff se deu tão bem quanto o caçula, tendo uma participação efetiva na conquista da World Series de 2006, com a vitória no jogo 5 contra os Tigers - partida que deu o título aos Cardinals.

Nesse meio tempo, os dois se uniram. Eram constantes as ligações de Jeff para Jered, o orientando sobre qual a melhor forma de arremessar para um jogador específico ou time. Quando ainda estava nas divisões de base e Jeff nos Yankees, Jered viaja até New York para ver o irmão atuar e aprender um pouco mais. Na World Series de 2006, Jered esteve na arquibancada com sua mãe e seu pai torcendo por seu irmão mais velho e o apóio que Jeff ganhou da família contribuiu para ele vencer a partida decisiva, se recuperando da derrota no primeiro jogo da série.


A emoção dos pais (foto acima) em ver um dos filhos ganhar um título foi superada por um feito histórico e raro. No dia 20 de Junho deste ano, os dois se enfrentaram como arremessadores titulares – o 15º duelo de irmãos na MLB desde 1967 e o primeiro desde 2002. Na ocasião Gail Weaver, a mãe, disse ao site da MLB que esperava “...ver um empate até a sétima, oitava entrada e que os bullpens decidam o jogo”. Nenhuma das duas coisas aconteceu. Jered jogou 5 entradas e 1/3, permitindo seis corridas e 10 rebatidas. Jeff conseguiu a vitória, mas também só atuou em 5 entradas, cedendo duas corridas e seis rebatidas. Mesmo sendo um encontro “entre-ligas”, um não arremessou para o outro, porque o mando era dos Angels e os times usaram o rebatedor designado (DH) no lugar do arremessador no ataque, assim com fazem os times da LA.

Houve um alívio grande quando o confronto terminou, tanto por parte dos pais quanto dos irmãos, que confessaram na entrevista coletiva que foi bastante complicada situação. Não é pequena, porém a chance do encontro se repetir.

Os irmãos e seus respectivos times estão bem nesta pós-temporada. Jeff foi primordial para a vitória dos Dodgers no jogo 1 da série de divisão contra os Cardinals. Ele só jogou 1 entrada e 1/3, substituindo Randy Wolf em uma delicada situação na 4ª entrada com as bases lotadas e dois rebatedores eliminados. Jeff eliminou o jogador que restava, voltou para a 5ª entrada e saiu com a vitória. Jered fez uma partida mais completa no jogo 2 contra o Boston Red Sox; em sete entradas ele permitiu uma corrida e duas rebatidas, conseguindo sete strikeouts.

Hoje Jered é titular dos Angels; Jeff é reliever. Não será um encontro igual ao de Junho, mas, caso ocorra uma final entre Angels e Dodgers, entre tantos elementos históricos e curiosos, teremos um duelo de arremessadores irmãos na World Series. Será a chance do caçula se vingar do mais velho pela derrota nesta temporada e pelos "perrengues" passados na adolescência.

Além de tudo, será nada mais do que um confronto de superioridade entre irmãos.


(GL)



© 1 Joo Soo Hoo / Dodgers Media
© 2 Cris Carlson / AP

Pega Leve?! - Parte II

No mês de Julho, o Grandes Ligas fez um especial sobre o treinamento dos jogadores da NFL (leia “Pega Leve?!”). Muitos foram os e-mails recebidos para que fosse feito algo semelhante e que mostrasse os exercícios dos atletas da NBA.

Pronto!

A temporada 2009-10 está para começar (dia 27) e os jogadores treinaram muito para ficarem em forma no início do campeonato. Veja cinco vídeos especiais de cinco atletas e, para você que joga basquete, aplique algumas das dicas na sua rotina de malhação, apesar de que só alguns exercícios são recomendáveis, outros nem tanto.


Blake Griffin
Los Angeles Clippers – Ala Pivô
20 anos – 2,08m – 113kg

Nada vem fácil. Se Griffin é absurdamente ágil e forte, tais condições vieram após muito treino e esforço. Quem acompanha a NCAA viu as jogadas fantásticas do cara defendendo sua universidade (Oklahoma Sooners). Hoje com os Clippers, muito trabalho será preciso para levar a franquia ao ponto mais alto possível (leia-se: classificar para a pós-temporada). Além dos gritinhos de “Ok” – inspirados no rapper Oj Da Juiceman – o vídeo mostra um pouco dos seus exercícios de controle de bola e movimentação das pernas. Depois, só simplicidade: como subir um morro de areia fofa com um peso na mão, ou com uma barra de alumínio, ou com as duas coisas juntas...











Dwight Howard
Orlando Magic – Pivô
23 anos – 2,11m – 120kg



E ele precisa se exercitar mais? Na verdade não, só manter o corpo de “Super Homem” já é o suficiente e difícil ao mesmo tempo. Ele diz no vídeo que está se alimentando corretamente e indo regularmente para a academia malhar – o foco dele, entretanto, foi em treinar arremessos livres. A revista da ESPN o elegeu (junto com outros cinco atletas) para estar na capa da edição especial do mês de Outubro, chamada “Body Issue” (A Edição do Corpo – foto acima); Dwight foi o escolhido para representar os jogadores da NBA.






Carmelo Anthony
Denver Nuggets – Ala
25 anos – 2,03m – 100kg

A evolução física de ´Melo e surpreendente; dos tempos da NCAA (Syracuse) para a NBA. Ele credita todo o ganho de sua massa muscular ao preparador físico do Denver Nuggets, Steve Hess, e ao seu método de trabalho. Hess utiliza um equipamento chamado TRX Suspension Trainning, que usa suspensões ao invés de barras e pesos. O vídeo mostra bem os detalhes dos movimentos de Anthony e também a intensa energia do preparador.






Luke Walton
Los Angeles Lakers – Ala
29 anos – 2,03m – 105kg

Agora é momento de relaxar. Muitos acham que não funciona, que não dá certo, porém é grande o números de atletas que usam exercícios de Yoga para realizar três coisas ao mesmo tempo: alongar, relaxar e concentrar. Em um dia de folga, depois do primeiro jogo contra os Nuggets nos playoffs da temporada passada, Walton, junto com o armador dos Lakers Jordan Farmar, foi praticar Yoga – dizem que os resultados são ótimos para quem faz regulamente. Muitos jogadores nesta pré-temporada optaram pela Yoga como um dos métodos de treinamento, evitando assim o trivial.






Shaquille O´Neal
Cleveland Cavaliers - Pivô
37 anos – 2,16m – 147kg

Só mesmo Shaq para elevar o nível de preparação a um nível inimaginável. Depois de tantos anos em academias fazendo os mesmo exercícios, temporada após temporada, ele teve uma idéia genial: desafiar os melhores atletas do mundo nos seus respectivos esportes – dizem que ele pegou a idéia do Steve Nash (armador do Phoenix Suns), mas esta é outra história.

Ótimo tema para um reality show, não? A rede de televisão ABC comprou o formato, que teve Nash como “Produtor Executivo” e grandes nomes do esporte aparecendo no programa, chamado “Shaq Vs.”. Albert Pujols (beisebol), Ben Roethlisberger (futebol americano), Oscar de La Hoya (boxe), Misty May e Kerri Walsh (vôlei de praia) participaram do show, contudo a aparição mais ilustre foi do super campeão olímpico Michael Phelps (natação). O desafio era o seguinte: piscina semi-olímpica, Shaq nada 50 metros e Phelps 75. Quem chega primeiro? Assista ao vídeo e descubra a resposta.



(GL)

A Tragédia Humaniza o Ser Humano


Esta frase foi dita pelo filósofo brasileiro Luís Felipe Pondé para definir a obra A Poética de Aristóteles. Essa frase pode também sintetizar o que ocorreu com Micheal Beasley, ala do Miami Heat; alvo de piadas e de sarcasmo, até entenderem que o problema enfrentado por ele era grave e mais sério do que se imaginava.

Há algo além do “apontar o dedo” e do pré-julgamento.

Todos os elementos trágicos que caracterizam A Poética foram materializados na história de Beasley: compaixão, pena e medo (como diria o pensador grego “tudo para deleite do povo...”). Quando a infame foto – de Michael mostrando sua nova tatuagem – apareceu no Twitter (rede social), os olhos de quem viam a imagem não se voltaram para o mais novo desenho no corpo dele, e sim para dois pequenos sacos plásticos que estavam no fundo do quarto, quase imperceptíveis.

Mesmo sem saber o que eram verdadeiramente, as especulações surgiram aos montes: “É droga, maconha” diziam por aí. Talvez o buchicho surgiu pelo passado de Beasley que, apesar de estar só um ano na NBA, já tem violações por não cumprir as regras da cartilha anti-drogas da associação. Dizer que ele estava sendo um garoto muito desobediente e com um péssimo comportamento é fácil, assim como afirmar que ele é mais um rebelde na liga. Porém, há algo além do “apontar o dedo” e do pré-julgamento.

Na sua conta no Twitter (já cancelada), ele escreveu coisas assustadoras tipo: “Sinto que não vale mais a pena viver!!!! Estou cheio” e “Vejo que todo mundo está contra mim. Não posso vencer para perder”. Estas declarações e a foto (abaixo) foi a gota d´agua para Pat Riley, presidente da franquia, colocá-lo em uma clínica de reabilitação (para depressivos e dependentes químicos) na cidade de Houston, estado do Texas.

Usando esta analogia do copo, se ele transbordou é porque já estava cheio, certo?


Exato! O que Erik Spoelstra, treinador da equipe, dizia constantemente na temporada passada sobre os poucos minutos que Beasley atuava, mesmo ele sendo o número dois do draft, não tinha fundamento. Spoelstra falava que Beasley “precisava melhorar sua defesa”, usando uma deficiência do jogo do ala para justificar a não titularidade e os “20 minutos” em quadra. Na verdade, tanto a comissão técnica quanto o elenco, não aguentavam a falta de profissionalismo de Beasley; ele chegava atrasado aos treinos, não se dedicava o bastante e mostrava imaturidade. Os veteranos do time o alertavam para estes fatos, mas ele não ligava.

A mente de Michael estava a mil. “Ontem” ele estava na universidade – jogou só um ano em Kansas State – ; “hoje” ele está no basquete profissional. Não é qualquer um que, com 19 anos de idade, consegue fazer esta transição ileso, sem marcas dolorosas. Mais do que aprender as táticas e como se joga o basquete da NBA, ele precisava aprender a viver a vida, a ser adulto. Alguém se habilitou, então, para ajudá-lo?

As frases feitas e motivacionais se transformaram em ação quando a tragédia se aproximou, prestes a se concretizar. A decisão da franquia em levá-lo a um centro de reabilitação foi fundamental para salvar Beasley; e ele fez a opção pela coragem, admitindo que passava por um problema e que necessitava de um auxílio.

Agora, foi lhe dado o melhor tratamento possível.

O ala foi para uma clínica modelo em recuperação de atletas. A John Lucas Athletes After Care Program, comandada por John Lucas – ex-jogador da associação e atual assistente técnico do Los Angeles Clippers – é especializada em tratar jogadores, os ajudando a reverter as adversidades e superar a depressão e o vício das drogas e bebidas. Lucas pode falar com propriedade sobre o assunto, pois ele conseguiu vencer a dependência alcoólica e criou esse centro para dar o seu testemunho de transformação. Ao invés de lerem livros e assistirem palestras cheias de moralidade, quem vai para lá vê o exemplo vivo.

Foi com sofrimento que Beasley chegou a clinica, mas ela lhe serviu como uma metamorfose. Os jogos da pré-temporada são indícios de que ele está bem.


Nos testes físicos do clube, ele foi o primeiro colocado – ganhou 4,5kg de massa muscular. A tendência é que ele seja o ala de ligação titular da equipe (posição número 3), algo que Riley e Spoelstra visualizam desde o ano passado (ele jogou na NCAA como ala de força – posição número 4). A comissão técnica vai trabalhar para que ele seja mais forte que os alas nas laterais e mais ágil que os pivôs no garrafão.

Hoje Beasley está feliz. Com 20 anos e prestes a se tornar pai (abril/maio do ano que vem) ele está bem, seja fora ou dentro das quadras. Depois do jogo contra o Orlando Magic, ele disse: “Estou ansioso, nervoso, empolgado em poder voltar a jogar e fazer o que eu sei melhor. Estou de volta ao meu santuário, onde posso colocar todas as coisas de lado e único lugar onde eu posso me isolar de tudo”.

Será que o esporte é uma das estratégias usadas pela clínica de John Lucas? Quem sabe? O importante é Michael Beasley esquecer o que passou e se concentrar no futuro; que é uma carreira promissora na NBA. Lembrando do salmista que diz:

Os que semeiam com lágrimas, segarão com cânticos de alegria” (SL 126:5)


(GL)



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