Patriotismo sim, até a página 3


O jogador Nenê, pivô do Denver Nuggets, recusou a convocação da seleção brasileira que jogará o pré-olímpico na Argentina a partir do próximo 30 de Agosto. A dispensa gerou diversos comentários e, em entrevista ao blog Balanacesta (do Fábio Balassiano), a maior referência do basquete brasileiro deu sua opinião sobre.

Oscar Schmidt, ao ser perguntado “O que achou da atitude do atleta?” Respondeu assim:

Achei deplorável. Se Manu Ginóbili (ala da Argentina e campeão olímpico), Dirk Nowitzki (ala-pivô da Alemanha que acaba de se sagrar campeão da NBA) e Kobe Bryant (ala-armador norte-americano considerado um dos melhores de todos os tempos), craques consagrados, jogam por suas seleções com gosto, não justifica, de maneira alguma, que os nossos atletas fiquem de fora.”

Tudo muito bonito. Porém há ressalvas.

Veja o exemplo de Kobe Bryant.

Kobe fez parte do “Time do Resgate”, equipe que ganhou o ouro na Olimpíada de Pequim em 2008 (foto acima). O rótulo do elenco retrata o significado da conquista. O jogador dos Lakers está na NBA desde 1996 e seu primeiro jogo pelo selecionado americano foi em 2007. Por quê?

Ao final da temporada que lhe deu seu primeiro título da associação, 1999-2000, Kobe foi convocado para atuar nos jogos olímpicos em Sydney. Não quis ir. Deu sua explicação ao jornal The New York Times três meses antes da competição afirmando o seguinte: “Eu estou me inclinando para não ir. Há muita coisa que quero fazer neste verão (férias). Passar tempo com minha família, casar, relaxar.”

Hum!

Para o mundial de 2002 nos EUA (cidade de Indianápolis) ele pediu dispensa. Mesmo assim estava incluído nos planos das três competições futuras: Pré-Olímpico (2003), Olimpíada (2004) e Mundial (2006). Devido cirurgias, não participou do Pré-Olímpico, na ocasião Vince Carter foi convocado no lugar, mas a vaga de Kobe estava garantida para os Jogos em Atenas. Não defendeu os EUA na Grécia e nem no Mundial do Japão.

Desde 1992, quando os jogadores da NBA tiveram permissão para participar das Olimpíadas (e desde 1994 dos Mundiais), a seleção americana teve dois períodos extremos de auge: o Dream Team nos Jogos de Barcelona (’92) e o Redeem Team nos Jogos em Pequim (’08). Entre um ponto e outro houve uma parábola de barriga pra baixo que expõe o desempenho da seleção nas competições e o envolvimento dos jogadores da NBA. Do sonho à remissão, muita coisa aconteceu.

Mundial de 1994 em Toronto, Canadá (EUA campeão)


A primeira colocação veio fácil. O time não tinha jogadores da Olimpíada de Barcelona e era composto por caras novas – observando a qualidade e o alto nível de jogo. Shaquille O’Neal, Dominique Wilikins, Reggie Miller e Joe Dumars faziam parte do grupo.

Olimpíada de 1996 em Atlanta, Estados Unidos (EUA Medalha de Ouro)

Foi mais um time forte e a torcida local gostou de ver. Cinco membros do Dream Team estavam neste time (Charles Barkley, Karl Malone, Scottie Pippen, David Robinson e John Stockton). O’Neal também marcou presença e esta foi sua última participação pela seleção. Sua não inclusão nos times seguintes merece destaque.

Shaq não gostou de ser colocado de fora do Pré-Olímpico de 1999, achou falta de respeito. Pegou birra, fechou a cara e disse à revista Sports Illustraded na época: “Provavelmente eu não vou [jogar as Olimpíadas de Sydney]. Eles podem achar outra pessoa”. Depois ele usou seu denso humor para explicar sua não ida para os Jogos de 2000: “Tenho duas medalhas de ouro, é o bastante”. Recusou ir para o Mundial de 2002, Olimpíada de 2004 e para o grupo do Mundial 2006 e Olimpíada 2008.

Mundial de 1998 em Atenas, Grécia (EUA 3º lugar)

O time dos Estados Unidos foi horrível e até poderia ser excluído desta lista. A NBA passava por um lockout e nenhum jogador da associação estava autorizado para participar. O grupo formado de atletas de quinta categoria até que conseguiu uma boa campanha e saiu da competição no pódio. Do time só dois jogadores conseguiram progredir: Brad Miller, que faz uma boa carreira na NBA e Trajan Langdon, um dos melhores americanos que jogou no circuito europeu (MVP do Final Four da Euroliga em 2008 e parte integrante do time ideal da Euroliga da década ’01-’10).

Olimpíada de 2000 em Sydney, Austrália (EUA Medalha de Ouro)

A campanha deste time foi uma das mais fracas, mesmo com a invencibilidade no torneio. A mística dos jogadores da NBA estava acabando e criou-se a sensação de que a derrota estava próxima. Dos três times ideais da temporada 1999-00 (15 jogadores no total, todos americanos), só 5 foram para os Jogos: Kevin Garnett, Gary Payton e Jason Kidd (1º Time); Alonzo Mourning (2º Time) e Vince Carter (3º Time).

Mundial de 2002 em Indianápolis, Estados Unidos (EUA 6º lugar)

No solo americano ocorreu a primeira derrota de um time formado por jogadores da NBA: contra a Argentina, vice-campeã do torneio. O interesse do público local era pouco e só 5.623 pessoas compareceram no ginásio para assistir o jogo. Mesmo em casa, muitos atletas da NBA recusaram servir a seleção, entre eles estrelas do momento como Tim Duncan, Kevin Garnett, Kobe Bryant, Tracy McGrady e Michael Jordan. Outros dois grandes nomes iriam participar, mas foram cortados por sofrerem lesões: Ray Allen e Jason Kidd. No elenco não tinha nenhum jogador do 1º ou 2º time ideal da temporada 2001-02, porém havia três do 3º time (Ben Wallace, Paul Pierce e Jermaine O’Neal). O apelido deste grupo era “Time da Soneca”, colocado por membros da imprensa.

Olimpíada de 2004 em Atenas, Grécia (EUA 3º lugar)

O elenco dos Jogos em Atenas ganhou um apelido mais forte: “Time do Pesadelo”. Apesar de contar com dois MVP’s (Tim Duncan e Allen Iverson), o time sofreu uma desintegração total em comparação àquele que conseguiu a vaga no Pré-Olímpico em 2003. Nove jogadores dos 12 convocados inicialmente pediram dispensa (Tracy McGrady, Jason Kidd, Karl Malone, Ray Allen, Vince Carter, Elton Brand, Nick Collinson, Kenyon Martin e Mike Bibby) – sem contar as desistências de Shaq e Garnett. Então o treinador Larry Brown teve que incluir na lista os novatos LeBron James, Dwyane Wade e Carmelo Anthony – atuaram pouco.

Mundial de 2006 em Saitama, Japão (EUA 3º lugar)

A comissão técnica formada mudou o conceito e exigiu lealdade dos atletas para as três competições principais que viriam pela frente: Mundial, Pré-Olímpico e Olimpíada. Uma das exceções foi dada a Kobe que só não jogou o Mundial. No Japão os capitães foram Wade, LeBron e Carmelo e os três, junto com Chris Bosh, Dwight Howard e Chris Paul, foram membros do grupo de 2008 conhecido por “Redeem Team”.

Uma peça chave neste período foi o armador Chauncey Billups do New York Knicks. É dele a outra exceção. Parte integrante do time no Pré-Olimpico de 2007, Billups não viajou à China no ano seguinte por motivos pessoais – a esposa dele estava esperando um filho. Porém esteve presente na equipe de 2010.


O projeto de três anos (2010-12) continua e 27 jogadores fazem parte dele. No Mundial do ano passado o treinador Mike Krzyzewski optou por excluir os jogadores do “Redeem Team”, mas os selecionados conseguiram o título em Istambul, Turquia (foto acima). Membros desses dois grupos formarão o elenco para os Jogos em Londres no ano que vem. Por serem os atuais campeões mundiais, a seleção americana não precisa participar do Pré-Olímpico, mas o diretor da federação USA Basketball, Jerry Colangelo, pretende reunir o máximo de jogadores possíveis neste meio de ano para criar e aumentar o entrosamento entre eles.

Quando há harmonia e um propósito único de ser vencedor, comprometimento que vem de todas as partes envolvidas, fica fácil ser “fiel ao país”.



(GL)
Escrito por João da Paz

O marketing de Jimmer Fredette


O melhor jogador universitário da temporada passada foi a principal atração do draft 2011 da NBA. O interesse era grande para saber qual seria o destino profissional do nome que carrega um poder peculiar no mundo do basquete. James Taft Fredette, mais conhecido por Jimmer Fredette (22 anos) não foi para a cidade que o colocaria numa posição mais favorável que a atual, mas a franquia que o escolheu está contente com a aquisição e os resultados fora de quadra são pequenas amostras do que virá.

Numa seleção que teve 3 jogadores europeus entre os 6 primeiros, a atenção maior estava voltada em Jimmer. A expectativa era grande para sua ida ao Utah Jazz na 12ª posição, porém o Sacramento Kings trocou sua 7ª escolha pela 10ª e pegou o veterano da Brigham Young University (BYU). Esta inquietação rendeu ao draft 2011 a maior audiência nos Estados Unidos desde 2007, ano que dois jogadores americanos estavam em alta: Greg Oden e Kevin Durant.

Os Kings apostam em Jimmer como a salvação da franquia. Não em quadra. Logo após o término do campeonato 2010-11 a cidade de Sacramento por pouco não ficou sem o clube de basquete, que pretendia mudar para Anaheim, também no estado da Califórnia. Muitas negociações ocorreram e os irmãos Maloof (Joe e Gavin) decidiram ficar por pelo menos mais uma temporada. Esperam trazer torcedores, reavivar o mercado Kings e conseguir a aprovação para construção de uma novo e moderno ginásio.

Nome: Jimmer. Função: fazer tudo isto acontecer.

Gavin Maloof, menos de 24 horas depois de selecionar Fredette, anunciou que a venda neste curto período dos carnês de ingressos para toda próxima temporada superou a quantidade total negociada em 2010-11. Jimmer, na entrevista coletiva de apresentação, disse estar ciente de que para o time permanecer em Sacramento vai ser necessário atrair torcedores e criar novamente um forte interesse local. O primeiro passo foi dado.

Os irmãos Maloof tentam arduamente não expor que Fredette vai ser usado com força no trabalho de marketing do clube, só que não tem como esconder. Até em Las Vegas, terra onde está um dos negócios da família – o hotel/casino Palms – o painel de boas vindas dizia o seguinte em letras garrafais:


Junto com o Minnesota Timberwolves (Kevin Love), os Kings irão gerenciar nas propagandas um jogador americano branco; somente estas duas franquias tem tal possibilidade. E os Maloofs não vão perder a oportunidade de aproveitar este nicho, embarcando na lotada carona da popularidade do jogador natural do interior do estado de New York.

Em Glenn Falls, cidade com 14.700 habitantes, Jimmer foi destaque no nível escolar, terminando a carreira sendo o sexto maior cestinha em toda história do estado – incluindo a cidade de New York, famosa por produzir importantes nomes para o basquete. Entretanto não recebeu propostas de grandes universidades e entre Siena e BYU, escolheu a última.

Decisão que teve influência da sua irmã Lindsay e pesou o lado religioso na questão. Siena é uma universidade católica que fica no estado de New York, BYU é uma universidade mórmon que fica no estado de Utah – a maior universidade religiosa dos EUA e a quarta maior instituição privada do país. A mãe de Jimmer é católica, o pai mórmon. Apesar da ambiguidade, Jimmer nunca foi forçado a escolher uma religião e naturalmente inclinou-se para a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmon).

Morar em um lugar tão distante de casa não era problema, então Jimmer foi para a cidade de Provo em Utah e ingressou em BYU. Ele estava ciente do esforço necessário para encarar a rigidez da universidade, mas sentia-se em casa já que cerca de 98% dos estudantes de BYU (30 mil) são mórmons. Utah é o estado onde essa igreja é mais ativa.

Brigham Young, quando fundou a universidade em 1875, era o presidente da igreja. Baseou as doutrinas ensinadas nos templos para moldar o corpo estudantil. Ao longo do tempo isto passou a ser mandatório e todo estudante da BYU precisa seguir um código de conduta que segue a linha de ensinamentos morais, éticos e religiosos dos mórmons.


Durante os quatro anos que esteve em BYU, Jimmer cumpriu bem as diretrizes ordenadas. Quando seu jogo ganhou notoriedade nacional em seu ano de veterano, tornou-se símbolo local, admirado por todos da cidade de Provo e por todo estado de Utah. Conheciam sua história, sua caminhada e o viam brilhar nas quadras levando o nome da universidade a novos ares.

Queriam que fosse para o Utah Jazz, a escolha perfeita. Contudo os Maloofs anteciparam a escolha (a 12ª) e são eles que vão administrar estes valores que o jogador traz à Sacramento. Inicialmente quem perdeu foi o atleta, pois cálculos de agências dão conta que Jimmer deixou de ganhar, somente com a assinatura com o Jazz, 1 milhão de dólares. Dinheiro que viria de patrocínios e propaganda.

Os irmãos Maloof estão perdendo espaço em Las Vegas e o controle do hotel/casino Palms está ficando longe da família. Eles já venderam grande parte dos negócios dos quais eram donos e os Kings permanecem como um dos poucos fortes ativos do clã. Na ideia de arriscar o jogo no “All In” (vai ou racha), os Maloofs vão se dedicar em reestruturar o clube de basquete alicerçado no totalmente famoso Fredette.

Mais conhecido por um nome só, Jimmer desfruta de uma tietagem ferrenha. Em Utah ele só podia fazer reservas em restaurantes com um nome fictício para não causar tumulto. Tumulto este que acontecia no campus da BYU, que chegou ao ponto do reitor da universidade, em Abril deste ano, pedir que Jimmer terminasse o curso de Estudos Americanos pela internet no conforto de sua casa, porque sua presença nas salas de aula causava distração nos colegas.

A chegada em Sacramento foi marcante. Autógrafos, fotos, abraços... Gavin Maloof sabia que seu mais novo jogador tinha sua fatia de popularidade, mas ao ver o assédio na noite do draft na costa leste e presenciar um alvoroço no costa oeste, incluindo o sucesso em Utah, sentiu o gostinho tentador de ganhar um mega prêmio depois de apostar todas as fichas que tem.

Din din com um pouquinho de chuá.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 José Luis Villegas / SacBee

NBA Draft 2011 - As Apostas

A classe de jogadores universitários que hoje ingressará na NBA não é a das melhores e muitos consideram uma das mais fracas da história. Fora estes rótulos afirmativos, o fato é que grande maioria destes jovens estarão na temporada 2011-12 na liga de desenvolvimento da associação (Development League) do que propriamente na elite do basquete mundial.

Nas 60 escolhas que as franquias irão decidir hoje a partir das 20hs (horário de Brasília), é evidente que bons nomes serão chamados, atletas com capacidade de atuar bem já no próximo campeonato e alguns até participando de times vencedores. Os grandes clubes têm uma oportunidade de mostrar o valor que sua equipe de scouts (olheiros) possui ao ficarem com jogadores prontos para a NBA após os outros não observarem este talento.

Há três bons recrutas neste draft (Kyrie Irving, Derrick Williams e Brandon Knight). Depois existe muita promessa e pouca certeza. Porém tem aqueles com potencial de brilhar e indico três deles – junto com os 3 citados anteriormente – hoje no especial que completa três anos.

Veja quais foram os destaques nos anos passados:

As Apostas – 2009: Jrue Holiday, Earl Clark, Stephen Curry, Brandon Jennings, Ricky Rubio e Blake Griffin

As Apostas – 2010: John Wall, Ed Davis, Evan Turner, Wesley Johnson, DeMarcus Cousins e Xavier Henry

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Natural de: Fort Lauderdale, Flórida
Idade: 19
Posição: PG (1)
Universidade: Kentucky Wildcats (Novato)
Curso: Estudos Pré-Graduação
Curiosidade: Foi o melhor jogador de basquete dos EUA no nível escolar em 2009 e 2010 – escolhido entre 552 mil atletas nas duas ocasiões.

Knight entra na NBA com o rótulo de “um dos armadores de John Calipari”. Calipari foi o treinador universitário de Derrick Rose (MVP em 2010-11 e novato do ano em 2008-09), Tyreke Evans (novato do ano em 2009-10) e John Wall (vice novato do ano em 2010-11). Rumores dão conta que ele pode ser escolhido pelo Utah Jazz na 3ª posição, clube que trocou Deron Williams na temporada passada. Tyrone Corbin, treinador do Jazz, gostou do trabalho individual que Knight mostrou na avaliação em Utah.

Kentucky chegou no Final Four do ano passado graças as atuações de Knight – primeira aparição da tradicional universidade nas semifinais da NCAA desde 1998. No Torneio ele teve grandes jogos, principalmente na segunda rodada. Knight fez uma estreia ruim contra Princeton e só marcou 2 pontos – embora estes tenham sido o da vitória nos últimos segundos. Contra West Virginia na rodada seguinte, Brandon marcou 30 pontos e converteu 6 arremessos livres no minuto final.



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Natural de: Riverside, Califórnia
Idade: 19
Posição: SF (3)
Universidade: San Diego State Aztecs (Segundanista)
Curso: Economia
Curiosidade: Fez trabalho de preparação pré-draft com Chauncey Billups na cidade de Las Vegas.

O sucesso dos Aztecs ajudou a cotação de Leonard subir. A universidade chegou até as oitavas de final (Sweet 16) e perdeu para Connecticut Huskies, campeões do Torneio. O resultado disto foi o interesse dos scouts em observar mais de perto o melhor jogador do elenco de San Diego.

Leonard então aparece. Em duas temporadas no sul da Califórnia, conseguiu impressionantes 40 doubles-doubles (todos em pontos-rebotes). Foi campeão da Conferência Mountain West ganhando na decisão da Brigham Young University (BYU), time responsável pelas únicas duas derrotas dos Aztecs na temporada regular – Leonard marcou 21 pontos e pegou 10 rebotes no jogo em questão.

Apesar dessas qualidades, os analistas argumentavam contra seu fraco arremesso de 3 – 29% de aproveitamento no Torneio da NCAA. Então seu empresário Brian Elfus contratou um especialista em corrigir este defeito: Joe Abunassar, que trabalhou com Leonard por ininterruptas três semanas e meia.



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Natural de: La Mirada, Califórnia
Idade: 20
Posição: SF ou PF (3 ou 4)
Universidade: Arizona Wildcats (Segundanista)
Curso: Não-Declarado
Curiosidade: Entre a oitava e nona série, seu número de calçado aumentou 6 vezes.

Mesmo que seja escolhido na posição de número 2, Williams é considerado o melhor jogador desta classe 2011. Sua trajetória à universidade foi desconhecida até um acaso o colocar no estrelato.

Tim Floyd, ex-treinador da Universidade do Sul da Califórnia (USC), foi observar um dos seus recrutas que hoje está no Toronto Raptors, DeMar DeRozan, que jogava na Compton High School e nesse dia estava enfrentando a La Mirada High School, escola de Derrick. Foi descoberto.

Williams não entrou na USC porque a NCAA puniu Floyd por violações e o treinador saiu do programa. Desta forma ele ficou livre e escolheu Arizona e lá fez uma grande campanha na temporada passada, levando o time até as quartas de final (Elite 8) do Torneio. A partida contra a então campeã Duke foi histórica. Anotou 32 pontos e pegou 13 rebotes na vitória por uma margem de 16 pontos (93 a 77).



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Natural de: Filadélfia, Pensilvânia
Idade: 21
Posição: SF (3)
Universidade: Kansas Jayhawks (Junior)
Curso: Estudos Americanos
Curiosidade: Foi bicampeão estadual na Pensilvânia defendendo a escola Prep Charter (2006 e 2007). No ano de veterano converteu o arremesso vitorioso do título nos segundos finais – três pontos.

A fama no nível escolar (high school) somada com o sucesso na NCAA pelo famoso programa de Kansas, fez com que Marcus alimentasse mais a sua confiança, atingindo um ponto bem próximo da arrogância. Em suas entrevistas pré-draft ele tem se mostrado bem certo do seu potencial e do que é capaz de fazer na NBA. A questão a ser respondida e se os scouts vão entender isto como audácia ou prepotência.

Seus três anos com os Jayhawks foram produtivos. Eleito o jogador que mais evoluiu em toda NCAA na sua temporada de segundanista e como junior elevou seu jogo. Em Dezembro de 2010, contra Iowa State, Marcus conseguiu sua melhor pontuação na carreira universitária, marcando 33 pontos. Foi eleito o melhor jogador da Conferência Big XII (2010-11), uma das melhores da NCAA.



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Natural de: Melbourne, Victoria (Austrália – tem dupla cidadania: americana e australiana)
Idade: 19
Posição: PG (1)
Universidade: Duke Blue Devils (Novato)
Curso: Não-Declarado
Curiosidade: Nasceu na Austrália quando seu pai jogava basquete por lá pelo Bullen Boomers. Morou no país até os 2 anos de idade até mudar para os EUA. Tanto ele quanto a confederação local já pensaram na possibilidade dele defender as cores verde e amarela em torneios internacionais.

Irving, aparentemente, não se encaixa no perfil do programa de Duke, mas o treinador Mike Krzyzewski fez questão de recrutá-lo mesmo sabendo que sua estadia seria por um ano apenas. O paparicado jogador pouco pôde ajudar os Blue Devils devido a uma lesão sofrida no oitavo jogo do campeonato (pé direito).

Ele só voltou no Torneio da NCAA e conseguiu fazer boas participações: 14 pontos contra Hampton, 11 contra Michigan e 28 contra Arizona. Irving foi apenas o quinto armador novato a ser titular num time de Duke dirigido por Krzyzewski (no comando desde 1980); Jason Williams foi o último em 1998.



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Natural de: Stone Moutain, Georgia
Idade: 22
Posição: Armador
Universidade: Providence Friars (Veterano)
Curso: Ciências Sociais
Curiosidade: Teve uma carreira universitária com um crescimento gradativo. Média de 8 minutos por jogo como novato, reserva como segundanista e terceira opção no ataque como junior.

Na temporada de veterano ele explodiu. Teve média de 24.6 pontos por jogo, segundo cestinha da NCAA somente atrás de Jimmer Fredette – a média de pontos por jogo de Brooks na sua terceira temporada foi de 14.2. O armador de Providence é muito melhor que Jimmer e o fato de jogar numa conferência forte (Big East) ajuda. Em Fevereiro deste ano ele marcou 43 pontos contra Georgetown. Quatro jogos depois foram 52 pontos contra Notre Dame, então número 2 da NCAA. Nesta partida Brooks anotou 35 pontos no segundo tempo, 15 deles nos 2m57s finais.

Este seu avanço mostra-se consistente quando é incluído os treinos pré-draft. Começou como um esquecido e no Combine teve seu nome mencionado entre os que mais agradaram. Nas apresentações com clubes específicos, Brooks deixa os avaliadores impressionados e sua posição no draft só aumenta. Pode aparecer no meio da primeira rodada.



(GL)
Escrito por João da Paz


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Em Minnesota um novo estádio para os Vikings; lições para a Copa-2014 no Brasil


Dinheiro público em estádios para uso privado.

Este é um dos grandes tabus que o Brasil enfrenta na construção/reforma dos locais que serão sedes da Copa do Mundo de 2014. Assim que o país foi escolhido para receber a maior competição esportiva do mundo, ouviu-se um alto brado que afirmava o não uso de dinheiro do povo nas obras envolvendo pontos esportivos. Uma prática comum nos Estados Unidos, por exemplo, foi rejeitada prontamente por aqui, mas anos depois esta posição foi revista.

Governos federais, estaduais e municipais estão reavaliando o conceito de injetar dinheiro público diretamente nos estádios. De inúmeras formas esta ação deverá ser feita para que as obras não apenas sejam entregues a tempo, mas que sejam de fato executadas. O jornalista João Carlos Assumpção do jornal Lance! informou em seu blog algumas das cifras que poderá sair dos cofres públicos para os estádios, diferenciando a forma de investimento de acordo com a natureza do campo:

- Maracanã, Rio de Janeiro (público): R$ 250 milhões
- Fonte Nova, Bahia (público): R$ 200 milhões

Para o estádio do Corinthians existe a possibilidade de uma ajuda através de incentivos fiscais por volta de R$ 400 milhões em isenção de impostos, cedido pela Prefeitura de São Paulo. Há ainda os investimentos, já em execução, em melhorias infra-estruturais ao redor do estádio que pertencerá ao alvinegro paulistano – escrevi sobre isto e outros detalhes no artigo “Mitos e Verdades Sobre o Novo Estádio do Corinthians em Itaquera (SP)”.

As batalhas que cercam o debate sobre como e onde o usar o dinheiro público em praças esportivas lideram as ordenanças no estado de Minnesota, norte dos EUA. Embora lá haja uma importante diferença: é certo que o financiamento público vai ocorrer se não o time muda para um lugar que receba esta proposta, aceita por quase todas as cidades americanas que tem uma franquia esportiva.


O time em questão é o Minnesota Vikings, representante do estado na NFL. O estádio que eles usam é o Metrodome, situado na cidade de Minneapolis. O teto sofreu um grave colapso no inverno do ano passado e a cobertura cedeu. As reformas estão sendo feitas e 80% do conserto já está pronto. Caso houver temporada, os Vikings jogaram lá [foto acima].

Este acidente só ajudou o pedido dos donos da franquia para que se construa um novo e moderno estádio para o clube, coincidindo com o vencimento da licença entre os Vikings e o Metrodome (público) ao final da futura temporada. Caso o novo estádio não saia do papel, a mudança será inevitável – o destino pode ser Los Angeles, num caminho parecido que aconteceu com os Lakers, franquia da NBA que também saiu de Minnesota.

O prazo para definir este imbróglio é curtíssimo: 30 de Junho. Esta é a data que o estado de Minnesota precisa entregar o orçamento para o ano fiscal 2011-2012 e nele têm que estar incluído os investimentos no novo estádio. O problema maior é que o estado passa por uma grande crise partidária e o orçamento pode não ser aprovado, causando um shutdown (situação que só os serviços básicos receberão dinheiro). Mesmo que um acordo for acertado entre os Vikings e o governo estadual, se o orçamento não passar no poder legislativo, esse acerto perderá a validade.

A franquia está fazendo uma campanha para que os torcedores do clube liguem para seus representantes políticos para que eles aprovem o financiamento do projeto e orçamento. A permanência dos Vikings em Minnesota depende disto.

De três pontos fundamentais para a construção do novo estádio, dois tem um ponto final. Um deles é o local do campo, na cidade de Arden Hills, distante 16 km do Metrodome. O outro é em relação a participação do governo estadual – US$ 300 milhões – e na contribuição do governo municipal nas obras de acesso ao novo estádio. O problema que está para ser resolvido e que trava um acordo é como será gasto os US$ 300 milhões do estado.

O projeto dos Vikings não inclui apenas o campo físico, mas 12 outras obras no entorno, como CT (Centro de Treinamento), parque, cinema, galerias e obras rodoviárias. Tudo custará US$ 1.1 bilhão e o governador de Minnesota, Mark Dayton, diz que os 300 milhões são para ser usados no projeto. Os Vikings querem fazer um aparte nas obras rodoviárias e não incluir esta quantia nesta questão específica – a participação do clube no novo estádio será de US$ 400 milhões, a outra parte fica por conta do condado de Ramsey, região que administra a cidade de Arden Hills e que presta contas a Saint Paul, capital do estado.

Os Vikings destacaram os investimentos nas ruas/avenidas que levam ao novo estádio, uma cifra de US$ 131 milhões. O condado de Ramsey já acertou sua participação nisto e colocará US$ 81 milhões, dinheiro que será pego emprestado e pago pelos compradores de carro (usado ou novo) da região, com uma taxa de 20 dólares por cada transação. A franquia quer que o restante seja fruto de investimento do governo federal ou estadual, com isenção de impostos e criação de taxas.


Dayton [foto acima], até o momento, está irredutível. Diz que o clube pode usar dinheiro do estado para as obras rodoviárias, desde que sai dos 300 milhões. Reuniões extraordinárias serão realizadas durante toda esta semana para resolver o impasse. Além de se preocupar em direcionar o dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes de Minnesota para os setores cruciais como educação, saúde, habitação, segurança e etc., será preciso achar uma solução para os investimentos no novo estádio se não Dayton sofrerá uma séria derrota política.

O uso do estádio será privado/público, com os Vikings administrando as operações e o governo podendo usar para eventos, feiras e exposições – assim como jogos de campeonatos estudantis. O projeto visa ser referência para abrigar não só os Vikings, mas ter condições de receber jogos do Final Four da NCAA, decisões de football da NCAA e a grande final da NFL (Super Bowl). Por isso tanto dinheiro, tanto investimento, tanto interesse.

Quem tem mais a perder é o estado de Minnesota. Com o acordo não sendo feito, os Vikings terão caminho livre para mudar de sede. O ideal para ambas as partes é encontrar um meio termo nestas negociações. Do contrário o clube não terá escolha.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Arden Hills Project
© 2 Office Photo

LeBron Raymone James versus o camisa 6 do Miami Heat


Quantos anos você tem?

Seja qual for sua idade, a vida lhe proporcionou momentos felizes e tristes, tempos que exigiram força maior da sua capacidade para manejar crises e situações nas quais nada restou a não ser aceitar as condições impostas e seguir em frente. O modo de encarar a rotina e as peripécias do cotidiano vem da criação e de experiências vividas. Diferente de roteiros teatrais onde o personagem não tem controle do seu rumo, a vida dá a oportunidade de evitar a pobreza do termo “produto do meio” e entrega todas as chances de rendição, de agir diferente.

Cada um é um ser específico e um erro comum é achar que um indivíduo deve agir como outro; ou pior, como nós mesmos. O exercício de pensar “se fosse eu faria isso” é legal até certo ponto, pois o importante é saber o que seria ideal que tal pessoa fizesse em determinada situação que esteja passando. Pra isso é necessário conhecer o comportamento do outro.

Com pessoas famosas o julgamento “se fosse eu faria isso” é recorrente. Aqui é difícil usar a prerrogativa de saber quem o outro é justamente por, na maioria dos casos, o famoso não está ao alcance. Mas por ser conhecido, não fica difícil entender sua trajetória, basta olhar os fatos e tomar iniciativa progressiva.

O camisa 6 do Miami Heat, time da NBA que perdeu o título no domingo passado, mais uma vez sofreu um ataque da mídia – e consequentemente dos fãs – por dois motivos: não jogar bem e se comportar mal na derrota. Nos dois casos há verdades nas opiniões ditas, porém o erro ocorre em algumas avaliações.

Pratique este exercício: você tem 26 anos, como hoje será seu dia? Como hoje foi seu dia? Soube administrar bem as crises? Aproveitou o sucesso profissional/pessoal? Terá que passar por um momento crítico que pode mudar tudo ao seu redor?

O camisa 6 do Miami Heat tem um nome e este é LeBron Raymone James, conhecido por LeBron James. Não há como separá-los, é um único indivíduo, uma única pessoa, um único ser. Mas existe uma relação intensa entre ambos, comum a todos. Afinal temos que conviver com batalhas internas que irão determinar se vamos fazer isto ou aquilo. A mania é dizer: “uma coisa me diz para ir por aqui, só que não sei se é o correto caminho”.

Para onde for LeBron James, o camisa 6 do Miami Heat estará presente; para onde for o garoto de uma pequena cidade americana, vai junto um dos melhores esportistas do mundo.

A diferenciação aqui não há. Entretanto o camisa 6 do Miami Heat teve sua formação lá atrás quando decidiu jogar basquete num time amador com garotos de 13 anos de idade. O sucesso foi enorme e eles foram convidados para participar de um campeonato nacional americano na Flórida – estilo torneio da NCAA. Chegaram como meros participantes. Viajaram separados de Akron, estado de Ohio (norte dos EUA), até o sul, alguns numa mini van, outros no carro particular da esposa do treinador. As vitórias vieram até a grande decisão, quando perderam para uma forte equipe do sul da Califórnia, reduto criador de grandes nomes do basquete. A derrota foi por três pontos e um arremesso de LeBron, que poderia ter empatado o jogo no estouro do cronômetro, acertou o aro.


A base deste time, Sian Cotton (agachado à esquerda), Willie McGee (agachado à direita), Dru Joyce III (em pé à direita) e LeBron, decidiu entrar numa escola de ensino médio (High School) e optaram por St. Vincent-St. Mary, colégio católico e privado da cidade. Nos quatro anos juntos, com a adição de Romeo Travis, o grupo colecionou títulos e fracassos, vitórias e derrotas, fama e desprezo. Para LeBron foi a oportunidade de aparecer para o mundo do basquete e aprimorar seu jogo, assim como a oportunidade de crescer como um adolescente comum.

LeBron foi criado sem pai e só sua mãe (Glória) estava ao seu lado. O time de basquete era literalmente tudo para LeBron e seus companheiros se tornaram irmãos, mais chegados que qualquer um possa imaginar. A importância deles na vida de James é tão grande que um gesto chama a atenção. No último jogo de despedida deles da escola (dia dos veteranos), cada um dos membros do time entraram em quadra de braços dados com pai e mãe, com a família. LeBron também entrou em quadra com a sua família e lá estavam Sian Cotton, Dru Joyce III, Willie McGee e Romeo Travis abraçados com James adentrando o solo que os uniram.

Sem uma estrutura sólida, sem exemplo próximo, LeBron tornou-se um monstro. Com 16 anos, em sua terceira temporada no high school, ele já queria entrar na NBA. Encaminhou um pedido, mas foi negado. Nesta época ele já era mais forte que os companheiros e adversários, assim como mais habilidoso, mais talentoso e com mais fama. Então sua personalidade interna conheceu um amigo que esta com ela até hoje: o Ego.

Caso Ego tivesse uma página no Facebook, teria mais amigos que Tom no MySpace. Todos têm uma relação interna com o ego, não importa a proporção dela. Para alguns é um convívio bom, para outros é um pesadelo. O segredo não é tentar eliminá-lo, muito menos fazer tudo que ele quer; a chave é estar no comando.

Covarde é aquele que ignora o ego, que finge não existir tão forte presença. Coragem é tentar tê-lo sob controle e esta habilidade é possível aprender. LeBron precisa se aplicar melhor nestas aulas, ainda há tempo de agir diferente.

Uma consideração é válida aqui: não é uma tarefa fácil. Vá, se coloque na posição de LeBron. Com 17 anos de idade você estava em capas de revistas? Era assunto nacional? Nada do que você fazia passava despercebido? Até um apelido comum criaria vida própria e iria destruí-lo mais a frente.

LeBron incorporou um nome que surgiu de uma forma simples, pura. King James vem de Rei James, mas especificamente do Rei James I que reinou na Inglaterra entre 1603 e 1625. Ele ordenou que fizessem uma tradução da Bíblia para a língua inglesa e, claro, assim foi feito. A edição ficou conhecida como King James e até hoje é a versão mais usada do idioma. Pelo domínio que LeBron demonstrava com a bola laranja em mãos, a associação do nome comumente usado foi inevitável. LeBron não viu problema algum, aceitou e seu primeiro ato foi escrever “King James” em seu par de tênis...


Para piorar a situação, ele foi escolhido no draft de 2003 pelo time local da NBA, o Cleveland Cavaliers. Seu status então só cresceu e a promessa estava se tornando realidade. Na quadra LeBron correspondia com atuações magníficas, angariando fãs e mais fãs. Hoje, devido suas ações fora de quadra, uma espécie de nuvem nebulosa “cobre” os feitos fantásticos que LeBron conseguiu até agora em sua carreira profissional – talvez seja culpa do ego. A lembrança de tais realizações é altamente proveitosa pra ser feita. Azar dos perversos e dos incautos que não admiram seu trabalho em quadra:

- Marcou 25 pontos, 9 assistências, 6 rebotes, 4 roubos e 60% de aproveitamento de arremessos em sua estreia na NBA .

- Foi o jogador mais jovem a conseguir marcar ao menos 40 pontos num jogo (41 contra o New Jersey Nets)

- Foi o jogador mais jovem a marcar um triplo-duplo (temporada 2004-05)

- Foi o mais jovem MVP do Jogo das Estrelas com 21 anos (temporada 2005-06)

- Na temporada 2005-06 marcou 35 ou mais pontos em nove jogos consecutivos, se juntando a Kobe Bryant e Michael Jordan como os únicos a conseguirem esta sequencia desde 1970

- Foi o jogador mais jovem a ter média de 30 pontos por jogo (temporada 2005-06)

- Marcou um triplo-duplo em seu primeiro jogo na pós-temporada. Só Johnny McCarthy e Magic Johnson conseguiram fazer o mesmo (temporada 2005-06)

- Foi o primeiro jogador, desconsiderando os armadores, que teve ao menos 7 assistências em oito jogos seguidos de playoffs (temporada 2006-07)

- Foi o jogador mais novo a alcançar a marca de 10.000 pontos (em Fevereiro de 2008)

- Tornou-se o terceiro jogador desde 1976 a marcar 50 pontos e 10 assistências num jogo (contra os Knicks em 2008)

- Na temporada 2008-09 liderou os Cavs nas cinco principais estatísticas (total de pontos, rebotes, assistências, roubos e tocos), apenas o quarto jogador na história da NBA a conseguir isto com qualquer clube

- Jogador mais jovem a atingir a marca de 15.000 pontos (em Março de 2010)

Levou esta estupenda bagagem, junto com seus talentos, para Miami. Em uma temporada chegou às Finais, mas o muito é pouco.

LeBron Raymone James fez o camisa 6 do Miami Heat ser um dos mais importantes jogadores de basquete da história. O camisa 6 do Miami Heat fez LeBron Raymone James ser uma das personalidades mais importantes do esporte mundial. O ódio de muitos contra LeBron e a indiferença destes só fazem seu nome crescer em popularidade. A péssima ideia de escolher um time num programa de TV e as pesadas críticas que acompanharam esta história o fez entrar numa lista exclusiva: em 2010 LeBron foi indicado pela tradicional revista TIME para concorrer ao prestigiado título entregue pela publicação: Pessoa do Ano.

Pode até está acontecendo neste exato instante, mas é certo que em algum ponto de sua trajetória LeBron irá ter que se adaptar melhor ao ataque que sofre da mídia e das pessoas que o amam odiar. Sua resposta a estes, após a derrota para o Dallas Mavericks no jogo 6 das Finais, foi verdadeira e sincera. Tanto que ele até tentou mudar um pouco sua declaração, mas não conseguiu porque o que ele disse na entrevista coletiva foi a real. Ele respondeu as perguntas mais ácidas e viciantes com calma e tranquilidade, expondo nada mais que seu ponto de vista.

Isto já é um avanço do que aconteceu em outros casos semelhantes. Aprendeu alguma coisa e falta sempre mais, é jovem e tem muito para assimilar.

Sabe ele muito bem que tudo o que é sólido pode derreter.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Mike Ehrmann / Getty Images
© 2 Lionsgate

Dallas Mavericks, campeão classe A


AS de Altamente Satisfatório.

Foi uma década de vitórias, criando um clube forte e competitivo. Mark Cuban, dono do Dallas Mavericks, recriou a franquia e mudou os torcedores da cidade. Tradicionalmente Dallas é – e sempre será – reduto dos Cowboys, time da NFL, mas para os jovens entre os 16 anos basquete é o que importa. O time da estrela não disputa um título desde 1995, já os Mavs são os atuais campeões da NBA.

Donnie Nelson recebe os créditos por ter construído um grupo vitorioso e agora campeão. Quando Cuban chegou em 2000, Donnie era assistente técnico. Assumiu cargos na diretoria até ser o comandante das operações de basquete. No ápice da comemoração da inédita conquista, Cuban fez questão de dizer que ele só assina os cheques e segue a direção que Donnie indica.

Cuban também lembrou outra pessoa importante, aquela que fundou a franquia em 1980. Quando David Stern apresentou o troféu Larry O’Brien, quem esteve lá presente foi Don Carter, com o mesmo figurino que ele usava quando era o dono dos Mavs nas iniciais temporadas fracassadas, o mesmo figurino que ele usa para acompanhar os Mavs no American Airlines Center nestas temporadas de sucesso sob o comando de Cuban.

O pós-jogo, pós-título, foi excelente. Todos os membros dos Mavs lidaram bem com a glória de ser o melhor time da NBA na temporada 2010-11. A norma foi atitudes de alto caráter e postura louvável. Os jogadores falaram as coisas certas e mesmo DeShawn Stevenson com seu comportamento intransigente foi engraçado na sua provocação direcionada ao melhor jogador do rival e seu feroz inimigo.

Nas reflexões dos membros da equipe, veio o registro pelo ótimo trabalho do treinador Rick Carlisle. Ele, após três jogos na série, achou o melhor esquema para anular a principal força do Heat e encaixou seu método de jogo. Além de conseguir fazer os Mavs jogar bem na defesa, algo que o time nunca fez bem nesta era.


Dirk Nowitzki, MVP das Finais, completou o ciclo de menções ao lembrar de Cuban e do trabalho e esforço entregue para formar um elenco campeão. Décadas de vitórias sim, contudo faltava o mais importante. O alemão queria muito erguer o troféu de campeão, Cuban também. Só que no final do campeonato passado estes desejos comuns por pouco seguiram rumos diferentes.

Os Mavs se classificaram para os playoffs com o segundo lugar da Conferência Oeste, formando um duelo dentro do estado do Texas contra o San Antonio Spurs, sétimo colocado. Dallas foi eliminado na primeira rodada e o pensamento de Nowitzki foi longe depois do baque da derrota. Lembrou da perda do título em 2006 para o Heat; lembrou da excelente campanha da temporada 2006-07 com 67 vitórias e o prêmio de MVP, mas eliminado na primeira rodada pelo oitavo colocado Golden State Warriors; lembrou da eliminação na primeira rodada dos playoffs na temporada seguinte; lembrou de outra eliminação na pós-temporada no campeonato de 2008-09. Todos estes “quases” passaram na mente de Nowitzki e após perder para os Spurs em 2010 perguntaram para ele se seus dias com a camisa dos Mavs estavam acabados. Optou por deixar que o tempo respondesse.

Com a super classe de agentes livres crescendo a cada dia e os rumores dos diversos times interessados acompanhando o ritmo, Nowitzki escolheu não renovar mais um ano com o Dallas e deixou de lado US$ 21 milhões de dólares que receberia caso mantivesse o contrato que estava em vigor. A tentação de ficar disponível para ouvir qualquer proposta falou mais alto.

O temor bateu na franquia. A preocupação dos torcedores crescia porque rapidamente Dirk se tornou o 3º agente livre mais cobiçado (atrás de LeBron James e Dwyane Wade). Donnie foi à imprensa local tentar acalmar os ânimos e disse ao jornal Dallas Morning News: “Assim que passar este momento de emoção, vamos na hora certa sentar e falar sobre [o novo contrato]. Mas eu posso dizer por Mark [Cuban] até o pessoal da administração e todos do clube, vamos fazer o que for necessário para que ele [Nowitzki] esteja com um uniforme dos Mavericks”.

No primeiro dia de negociações com os agentes livres, Donnie estava na Alemanha em Wuzburg, cidade natal de Nowitzki, para falar com o jogador e mostrar a proposta do clube. Não era só uma oferta individual, mas um plano para criar um time com condições de passar do quase e ser de fato campeão. Dias depois Cuban convidou Nowitzki para sua casa e numa conversa particular os dois entraram num acordo. O alemão aceitou ficar, desde que houvesse dedicação para contratar outros jogadores para adicionar qualidade no elenco.

O novo contrato é de 4 anos (US$ 17 mi/2011, US$ 19 mi/2012, US$ 20 mi/2013 e US$ 22 mi/2014). É muito, porém menos do que ele poderia conseguir com outro clube ou em outras condições (cerca de US$ 16 mi a menos).

O próximo passo era entrar em contato com outros nomes e Cuban foi atrás do mais cobiçado.

Não havia condições de pegar LeBron de forma direta, era preciso que o atleta assinasse com os Cavaliers e fosse trocado. Cuban estava disposto a fazer isto, propôs a oferta, mas não foi ouvido. Partiu para outro plano que era assinar com um pivô. A primeira opção era Al Jefferson, mas ele assinou com o Utah Jazz. A segunda opção era Tyson Chandler e com ele a negociação foi fechada – com aprovação de Nowitzki.

Junto com Jason Kidd, Shawn Marion e Jason Terry, Nowitzki e Chandler formaram um time com condições de disputar as primeiras colocações do Oeste. Muitos desacreditavam do potencial do grupo, embora Terry tenha sido ousado e ao saber destas mudanças no elenco tatuou o troféu Larry O’Brien no braço num sinal de premonição.

Nowitzki renovou para ser campeão. E assim aconteceu. Passaram pelos atuais detentores do título e derrubaram o favorito longe de casa. O desenho se tornou real, entretanto não saiu dos braços do Jason Terry:




(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Marc Serota / Getty Images
© 2 Ennis Ront / Chicago Tribune
© 3 Matt Otero / AP

Tempo perdido e a legião urbana de Miami


Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...


Hoje começa as Finais da NBA, uma série melhor de 3 entre o campeão da Conferência Oeste, Dallas Mavericks, e o campeão da Conferência Leste, Miami Heat – a primeira partida em Dallas e as outras duas em Miami.

Este não é um anúncio fictício, só não conta toda a verdade. Ambas as equipes já se enfrentaram na decisão quatro vezes e cada uma venceu duas. Mas agora o que interessa são os jogos que restam. Ou não? Esta filosofia, tirada dos gramados de futebol e dita pelos praticantes do esporte bretão extraindo conhecimento do alto dos seus intelectos, que diz “O próximo jogo é o mais importante” se encaixa nas Finais da NBA? O que aconteceu nos encontros passados não vale nada?

Há um mix de fatores padrões e que agrupa aspectos dos dois pontos. A concentração total está no jogo 5 em Dallas, uma vitória do time local o deixa a um resultado positivo do título – e as chances são boas porque os Mavs jogam bem fora de casa. Já pro Miami vencer o jogo 5 é chave para conquistar o título junto com sua torcida – e vai haver duas oportunidades para atingir este objetivo se assim for.

Entretanto todos os lances e jogadas dos quatro primeiros jogos são usados para proveito do respectivo clube. Estudos são realizados para apontar erros e corrigi-los, movimentos que deram certos vão ser repetidos. Uma conclusão fácil de ser feita ao olhar para os duelos anteriores é observar a evolução do time dirigido por Rick Carlisle (Mavs) que se adaptou bem melhor ao esquema do seu adversário. O jogo 4, mais especificamente, foi um exemplo disto.

Pela primeira vez o Dallas conseguiu liderar bem o placar da partida no momento mais crucial: no 4º período. Foram 5m45s na frente – nos três primeiros jogos foram só 3 segundos de liderança no quarto final. Isto causou no grupo um sentimento de alívio e a vitória um sabor de triunfo. Mas, na verdade, tem sido assim com qualquer time que venceu um jogo destas Finais; o dia posterior é um genérico do que vai acontecer se ganhar de fato. Já a derrota nos jogos da série é o oposto; como se a equipe fosse a pior do mundo e não tivesse mais chance.

O técnico do Heat, Erik Spoelstra, definiu estas Finais com uma frase interessante: “Todo jogo é como se fosse uma bola no ar”. Não quer dizer que é a sorte que vai determinar quem vai pegá-la, mas que as oportunidades para que qualquer uma das equipes vença são iguais. O que vai diferenciar são mudanças em detalhes para mudar o curso dos jogos e Spoelstra pode fazer isto – como Rick fez no jogo 4.

O Miami utilizou pouco uma formação que o treinador pôs em ação em certa parte da temporada regular: LeBron James como ala-pivô (posição 4). Até agora ele optou por deixar seus jogadores de origem marcar a principal força de ataque do Dallas: Dirk Nowitizki. O resultado disto não é bom. No jogo 2 Chris Bosh tava na marcação no lance decisivo de Nowitzki, o alemão passou fácil e converteu uma bandeja pelo lado esquerdo. No jogo 3 Udonis Haslem era o homem da vez, Nowitzki tentou um arremesso e errou. No jogo 4 Haslem foi designado para anular o alemão, ele fechou o lado esquerdo mas Nowitzki foi para a direita e fez a bandeja.


Quem sabe este não seja o momento que muitos esperam: LeBron marcando Nowitzki.

Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem!

No jogo 4 LeBron teve uma das piores atuações da sua carreira. Ele disse: “Definitivamente não joguei bem ofensivamente [8 pontos]. Preciso fazer um melhor trabalho e ser mais participativo no ataque, não ficando fora de ritmo ofensivamente durante toda partida”.

Sua pífia performance foi reconhecida por ele e o objetivo passou a ser evitar tamanha passividade e melhorar seu desempenho. Porém a preocupação dos outros é tão grande e fora do normal que atinge níveis sórdidos. Muitos compararam e lembraram do jogo 5 dos playoffs do ano passado quando LeBron defendia o Cleveland Cavaliers e seu time foi eliminado pelo Boston Celtics. Ele terminou o jogo em questão com 27 pts, 10 ast e 19 reb. – cestinha e reboteiro da partida. Mas dizem que ele “entregou”...

Após o jogo 4 das Finais 2010-11 surgiram as mais loucas e insanas teorias sobre os péssimos números de LeBron (8pts, 7ast e 9reb). Tudo foi levado em consideração, menos o que o próprio jogador disse sobre sua própria atuação. Não é suficiente, precisa de mais drama – quem sabe arranjam um “caso” pervertido por aí.

LeBron aprendeu a transformar o ódio em combustível. Ele está acompanhando o que estão dizendo e as risadas são altas depois de encerrar uma leitura ou ouvir uma fala. Ele está numa posição única e que ninguém jamais pôde experimentar. A opinião de muitos ele desconsidera, pois provém de um princípio torpe e mesquinho, já que o repúdio para com ele seria grande se tivesse marcado 32 pontos, mas errado um lance livre primordial (performance de Dwyane Wade no jogo 4).

Junto com seus super amigos, LeBron vai continuar buscar a glória alçado pelas asas da Niké, deusa da vitória. Se não for neste ano, tem outro pela frente. Se não for no outro, tem mais um pela frente. O trio está unido, ainda resta muita coisa para ser aproveitada e a urgência, junto com o desespero, ficam com os contritos.

E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Marc Serota / Getty Images

PS: Trechos destacados em itálico são da música “Tempo Perdido” do Legião Urbana

Aniquilação de fábulas, como ‘Mais ajuda para Nowitzki’ e afins

Existem as formas mais diversas para analisar os acontecimentos de uma partida de basquete. O ponto de vista específico do comentarista aparecerá em suas opiniões, dentro da sua linha de raciocínio. Cada um tem uma particular visão de um lance ou momento do jogo. Porém há fatos e ações que não mudam, são intrínsecas ao corpo do jogo.

Nestas Finais da NBA entre Dallas Mavericks e Miami Heat, após três encontros, dá para nitidamente perceber certas nuances comuns e diferenciadas. Encontram-se afirmações que um diz e o outro acredita e passa pra frente. Assim aquela primeira visão não foi abordada de maneira correta e lhe foi imputada verdade. Por ter sido disseminada com força, mesmo que não tenha tamanho valor, ganha importância desproporcional.

Aqui serão ponderados três temas recorrentes a estas Finais. Começando com um que diz o seguinte:

Mais Ajuda Para Nowitzki

Esta corrente ganhou um adepto de peso, o próprio Nowitzki. Entretanto sua motivação é outra (e será explicada). Ontem, no encontro com repórteres, o alemão disse que precisa de mais ajuda, principalmente de Jason Terry, segundo cestinha do time.

Dirk abraçou esta ideia porque o favorece, não que seja necessariamente verdade. Ao final do jogo 3 a mídia procurou algo que justificasse a derrota dos Mavericks por apenas dois pontos em casa. Ao analisar superficialmente o desenrolar da partida e os números, chegou a conclusão que Nowitzki não teve ajuda substancial dos seus companheiros, por isso o Dallas perdeu.

Nem tanto, nem tanto... Note, tudo que aconteceu nos segundos finais do jogo 3 foi similar ao jogo 2: duas bolas decisivas com Nowitzki. No jogo 2 ele converteu um arremesso de três pontos e fez a bandeja da vitória. No jogo 3 ele errou um passe e errou um arremesso que poderia levar o jogo para a prorrogação. Neste último lance específico, foto abaixo, Nowitzki disse em entrevista coletiva que “A visão que tive da cesta foi a melhor possível”.


No jogo 3 Dirk marcou 12 pontos seguidos no 4º período; no jogo 2 foram 9 pontos seguidos no quarto final. No jogo 2 foi ele que venceu e no jogo 3 faltou ajuda?

Ao levar em consideração a participação dos outros jogadores do Dallas no 4º período no jogo 3, é visto uma porcentagem muito baixa. Nowitzki marcou mais de dois terços dos pontos do time nesta ocasião. No jogo 2 (vitória dos Mavs), a participação de Nowitzki foi menor e teve mais ajuda, o alemão marcou pouco mais que um terço dos pontos (9 de 24).

Aí alguém diz: “Tá vendo, com mais ajuda o Dallas venceu”.

Só que no quarto período do jogo 1, Nowitzki também marcou pouco mais que um terço dos pontos (10 de 23) e o Dallas perdeu...

Reservas do Dallas

Quando eles entram na discussão, as coisas ficam mais interessantes.

Após o jogo 1, dentro daquela linha de buscar algo que justificasse a vitória por 8 pontos de diferença do Miami Heat, alguém olhou para os reservas e a lâmpada em cima da sua cabeça acendeu: “É isto! Veja, os reservas do Heat marcaram 27 pontos enquanto os do Dallas 17. Se a equipe texana quiser vencer o jogo 2 precisa de maior contribuição do seu banco”.

Ótimo. Acaba o jogo 2, Nowitzki ganha a partida e entre os argumentos surge a participação dos reservas: “Olha só! O banco do Dallas produziu 23 pontos e o do Heat 11 pontos. Como é importante...”.

Não.

Este volume dos reservas do Dallas no jogo 2 é incontestável, mas não foi determinante para a vitória da equipe. Quando restavam 5m45s para acabar o jogo, Jason Terry (reserva) marcou uma bandeja que diminuiu a vantagem do Heat no placar para 11 pontos (77 Dallas, 88 Miami). Neste exato instante os reservas dos Mavs tinham 19 pontos contra 8 (!) dos reservas do Heat. Tinham 11 pontos a mais, entretanto o time perdia por 11 pontos.

No jogo 3, mais uma vez, os reservas do Dallas foram mais eficientes do que o adversário, marcando 25 pontos contra 18. Ué? Não são mais pontos que o jogo 2? Se lá Nowitzki teve auxílio dos reservas, no jogo 3 foi diferente?

Fator LeBron

Definitivamente falta bom senso ao analisar a importância do LeBron James nestas Finais. No jogo 3 ele recebeu críticas que mais pareciam terem sidos tiradas de um roteiro de comediantes estilo stand-up. Dizer que ele não contribuiu em nada e que só prejudicou com erros...

Sim, no 4º período ele andou duas vezes e estes erros afetaram o time. Mas ele teve quatro assistências no quarto decisivo (Jason Kidd, Dallas, só uma). Na jogada vitoriosa do Heat, a assistência veio do camisa 6 que mostra a “pobre visão de jogo” que ele tem num “passe extremamente fácil, qualquer um consegue!” [:28]. Tire suas conclusões:



Na coletiva de imprensa depois da partida o jornalista Gregg Doyel (CBS) provoca LeBron e faz uma pergunta que muitos queriam fazer, destacando que ele “Não tem jogado como uma super estrela no 4º período nestas Finais. Por que isto vem acontecendo?" (Note que Doyel está falando do mesmo cara que nas séries anteriores contra Boston Celtics e Chicago Bulls foi extremamente importante nos lances finais de ataque dentro dos jogos de fechamento da série).

LeBron, com calma, respondeu assim:

Vejo que você está se concentrando em apenas um lado da quadra, se concentrando nas estatísticas. Honestamente, sou um jogador com duas funções. Hoje, já que D[wyane] Wade estava bem no lado ofensivo, permitimos que ele jogasse com tranquilidade no ataque. Hum... você deve assistir o jogo de novo e ver o que fiz defensivamente e amanhã você pode me fazer uma pergunta melhor

Ouch!

O que LeBron fez foi anular Jason Terry e Nowitzki, quando disse ontem que precisa de mais ajuda, notou para este fato: “Eles [Heat] mantém ele [LeBron] na cola do Terry durante o quarto período e ele [LeBron] está fazendo um bom trabalho”.

Em todos jogos dos playoffs, quem é marcado por LeBron tem um aproveitamento aquém do normal: 35.6% (58 de 163 - segundo a firma Synergy Sports). Ele, somente nestas Finais, tem sete roubos de bola - nenhum jogador do Dallas tem mais que três.

Quando super estrelas atuam bem na defesa, às vezes precisam se dedicar a isto. No jogo 2 da série entre New Orleans Hornets e Los Angeles Lakers, Kobe Bryant dedicou seus minutos para parar Chris Paul. No jogo 1 Bryant marcou 34 pontos com 50% de aproveitamento nos arremessos (LA perdeu); no jogo 2 ele marcou 11 pontos com 30% de aproveitamento nos arremessos (LA ganhou). Neste caso as manchetes pós jogo 2 caminhou na linha “Kobe Bryant não produziu no ataque porque estava anulando Chris Paul”

Nada de “11 pontos? Talvez você não seja tão importante para a equipe, afinal...”.

A insensatez não foi usada aqui, mas não pouparam LeBron. Evidente caso de dois pesos, duas medidas.


(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Mark Humphrey / AP
© 2 Ronald Martinez / Getty Images

Especial - As Mais Belas da WNBA

A debutante WNBA iniciará sua 15ª temporada na noite desta sexta-feira no jogo entre Minnesota Lynx (Candice Wiggins, Seimone Augustus e Maya Moore) contra o Los Angeles Sparks (DeLisha Milton, Tina Thompson e Candace Parker). A atual equipe campeã, o Seattle Storm (Sue Bird, Lauren Jackson e Swin Cash) estreia amanhã contra o Phoenix Mercury (Diana Taurasi. Penny Taylor e Candice Dupree). O Atlanta Dream (Angel McCoughtry), time das brasileiras Érika e Iziane e atual vice-campeã começa o campeonato só no domingo contra o New York Liberty (Cappie Pondexter e Leilani Mitchel).

Apesar da WNBA ter conseguido entrar aqui no Grandes Ligas em algumas ocasiões (Diana Taurasi, Candace Parker) – quem sabe este seja o ano da Tamika Catchings –, não vou falar dos detalhes técnicos de cada equipe, das jogadores destaques... Segue uma lista totalmente subjetiva e pessoal das jogadoras mais bonitas da associação. Sinta-se à vontade para desfrutar das beldades e de comentar alguma omissão feita, rankeamento exagerado ou abaixo de uma atleta em especial.

Vamos ao que interessa, da número 7 até a primeira colocada:



Natural de: Hoover, Alabama (EUA)
Altura: 1.91m
Peso: 83 kg
Idade: 26
Universidade: Tennessee Lady Volunteers
Curso: Administração Esportiva
Posição: Armadora (G / 1)
Na WNBA desde: 2007
Time atual: New York Liberty
Título: Campeã da NCAA em 2007
Curiosidade: Quando está de férias faz missões cristãs e já visitou Belize, Costa Rica, República Dominicana e o Brasil.


***


Natural de: Baltimore, Maryland (EUA)
Altura: 1.80m
Peso: 70 kg
Idade: 24
Universidade: Stanford Cardinal
Curso: Comunicação
Posição: Armadora (SG / 2)
Na WNBA desde: 2008
Time atual: Minnesota Lynx
Curiosidade: Se você tiver 3 minutos sobrando, veja Candice fechar todos os lados do cubo mágico neste vídeo:




***


Natural da: Melbourne, Victoria (Austrália)
Altura: 1.73m
Peso: 75 kg
Idade: 26
Posição: Armadora (PG / 1)
Título: Campeã Mundial com a seleção australiana no Brasil em 2006
Na WNBA desde: 2006
Time atual: Indiana Fever
Curiosidade: Tem uma superstição na qual liga para a mãe, pai e namorado para eles desejarem boa sorte antes dos jogos.


***


Natural de: McKeesport, Pensilvânia (EUA)
Altura: 1.85m
Peso: 73 kg
Idade: 31
Universidade: Connecticut Huskies
Curso: Ciências da Comunicação
Posição: Ala (SF / 3)
Na WNBA desde: 2002
Time atual: Seattle Storm
Títulos e Premiações: Campeã da NCAA (2000 e 2002), MVP do Final Four NCAA (2002), Três vezes campeã da WNBA (2003 e 2006 com o Detroit Shock; 2010 com o Storm), Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos em Atenas (2004).
Curiosidade: No seu ano de novata, Cash protagonizou um histórico (e hilário) lance com a camisa das Huskies. Veja:




***


Natural de: Van Nuys, Califórnia (EUA)
Altura: 1.68m
Peso: 59 kg
Idade: 23
Universidade: Oregon Ducks
Curso: Administração Financeira
Posição: Armadora (PG / 1)
Na WNBA desde: 2010
Time atual: Phoenix Mercury
Curiosidade: Seu primeiro emprego foi na Disneylândia e gostaria de participar um dia do Cirque du Soleil.


***


Natural de: Gomel, Brest-Litovsk (Bielorrússia)
Altura: 1.96m
Peso: 88 kg
Idade: 28
Universidade: West Virginia Mountaineers
Curso: Estudos Internacionais
Posição: Pivô (C / 5)
Na WNBA desde: 2006
Time atual: Atlanta Dream
Curiosidade: Fez o ensino fundamental numa escola especial no seu país natal que prepara jovens para serem atletas olímpicos. Com 17 ganhou uma bolsa para estudar na West Virginia.


***


Natural de: Sanit Louis, Missouri (EUA)
Altura: 1.93m
Peso: 80 kg
Idade: 25
Universidade: Tennessee Lady Volunteers
Curso: Administração Esportiva
Posição: Ala (PF / 4)
Na WNBA desde: 2008
Time atual: Los Angeles Sparks
Títulos e Premiações: Bi campeã da NCAA (2007 e 2008), Jogadora universitária do ano (2008 – Naismith Award), Novata do ano na WNBA (2008), MVP da WNBA (2008), Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) – possui mais de 60 troféus individuais ou coletivos em sua carreira somando escola, universidade e WNBA.
Curiosidade: Ela também é formada em Psicologia – completou os dois cursos ao mesmo tempo. Sua nota média no ano de veterano em Tennessee foi 3.55 (de um máximo 4.0).


(GL)
Escrito por João da Paz

Quem tem LeBron e Wade vence e sorri. Quem não tem, aflige e range os dentes

Em público causa uma má impressão, mas o esforço para não mostrar a corriqueira alegria é em vão. Segurar a felicidade estampada no rosto não é a especialidade de Erik Spoelstra e Pat Riley, respectivamente treinador e presidente do Miami Heat. O que eles sabem é executar suas funções com fina habilidade: um comandando a equipe de super estrelas e o outro a administrando.

No decorrer do jogo 1 das Finais da NBA na última terça o Heat adotou um ritmo despreocupado, relaxante. Quando tinha oportunidade de estourar num contra-ataque, reduzia a velocidade e trabalhava a bola em meia quadra. Se o Dallas Mavericks, adversário campeão da Conferência Oeste, abrisse certa vantagem no placar a preocupação passava longe do elenco do Heat. Sabiam eles que na hora da decisão as duas principais estrelas iriam aparecer.

Riley visualizou isso quando orquestrou a reunião dos amigos, Spoelstra é ciente que no momento mais crítico LeBron James e Dwyane Wade assumirão o controle. Por mais previsível que seja, é difícil não sorrir.

O entrosamento entre os dois está cada vez melhor e Wade afirmou isto após a vitória na primeira partida. Estão no mesmo ritmo e com a mesma linha de trabalho. Na ocasião eles executaram suas funções com fina habilidade: um assumiu o jogo no 3º quarto e o outro no quarto final.

O primeiro tempo terminou com os Mavericks liderando: 44 a 43. Dallas dominou em pequenos momentos, porém não foram suficientes para abrir uma larga vantagem e nem para afugentar o poder maior do Heat. No 3º período LeBron tomou conta do jogo em todos os aspectos, marcou forte na defesa e dominou o ataque. Dos 22 pontos que o Heat anotou no 3º quarto, 13 tiveram participação dele: converteu 3 arremessos de três e deu 2 assistências.

O 4º período iniciou com Miami na frente: 65 a 61. Então foi a vez de Wade dominar o quarto. Dos 27 pontos que o Heat marcou, 13 tiveram participação dele: 7 pontos e 3 assistências. Coincidiu com o desaparecimento de Dirk Nowitzki, principal arma ofensiva dos Mavs. O alemão converteu dois pontos restando 9 minutos para acabar o jogo (numa bandeja) e só voltou a anotar outros pontos faltando 3 minutos para encerrar a partida (em lances livres).

A imprensa de Dallas abraçou a ideia de cobrar mais do melhor jogador do clube, mas não deixou de lado os amargos comentários contra LeBron e Wade, chamando o camisa 6 de “coadjuvante” – como se uma provocação do tipo ajudasse.

Na verdade ajuda, só se for para o próprio LeBron. A caixinha com o rótulo “Invejosos de LeBron” está cada vez mais cheia e protagoniza cenas hilárias. A principal fonte é Cleveland. Lá uma camisa está ganhando fama, tipo a que víamos em tempos atrás no Brasil (Boca Juniors/Corinthians x Palmeiras; River/Palmeiras x Corinthians). Um famoso designer pegou o logo antigo dos Cavs em laranja, colocou um “M” azul em cima do “C” e um chapéu de cowboy no “S”. Este é o resultado do dissabor:


Entretanto em Cleveland é assim: torcem mais contra LeBron do quê a favor do time local. Há um sentimento que explica isto e um pesquisador tem a resposta. O jornal “The New York Times” divulgou um levantamento feito pelo instituto Public Policy Polling de Raleigh, Carolina do Norte, avaliando o nível de apoio de LeBron em sua terra natal. 49% dos entrevistados são contra o jogador, 28% indiferente e 23% torcem pela prata da casa. O diretor do órgão, Tom Jensen, afirma: “Sem dúvida o fator ciúme está presente, as pessoas estão percebendo que provavelmente ele [LeBron] vai ser campeão e não será com o time deles”.

Vilão sempre atrai audiência, por isso Cleveland aparece entre as cidades que dão mais telespectadores nos jogos do Heat. Aliás LeBron, mesmo com uma postura duvidosa em certos casos e passíveis de repreensão, consegue algo que a NBA a muito tempo não obtém: pessoas que assistem um jogo de basquete mesmo sem gostar do esporte, mas querem saber qual será o final deste conto.

David Stern, comissário da associação, disse à FOX: “Quando temos muitas pessoas assistindo um evento, alguns que sequer nunca viram um jogo da NBA antes, isto aumenta o interesse de tantas outras para fazerem o mesmo”.

É isto que aconteceu (e acontecerá) com as Finais 2011 da NBA, transmitida nos EUA pela ABC. O jogo 1 teve uma audiência 3% maior que o jogo 1 do ano passado entre duas franquias tradicionais em dois grandes mercados publicitários: Boston x Los Angeles. O número da última terça foi 20% maior que as Finais de 2009 (Los Angeles x Orlando) e 15% maior que as Finais de 2006 (entre as mesmas equipes que se enfrentam neste ano).

O produto será usado como um coringa pela ABC. Na faixa etária mais importante para o marketing, adultos entre 18 e 49 anos, ela liderou o ibope durante todo o jogo. No público geral, porém, perdeu na primeira hora (21hs-22hs, horário dos EUA) para o “America’s Got Talent” da NBC, episódio inédito do início de temporada (que o SBT tem a versão brasileira chamada de “Qual é o Seu Talento?”) e perdeu na segunda hora (22hs-23hs) para o “The Voice” também da NBC. Deixou de ser segundo para liderar na meia hora final.

Os jogos das Finais são um trunfo da ABC para ganhar em audiência das rivais. Hoje será um grande teste, pois quinta à noite é o dia mais importante para a TV americana, horário dos principais programas e que gera mais público. Porém a concorrência nesta quinta será com reprises de episódios das séries “CSI” e “The Mentalist” (CBS), “The Office” (NBC) e “Glee” (FOX).

Quem compartilha do mesmo motivo da risada de Riley e Spoelstra são os diretores da ABC. Eles também contam com LeBron e Wade para derrotar os adversários. Caso vá até o jogo 7, as Finais da NBA serão realizadas em mais duas terças, dois domingos e uma quinta. Aqui não importa muito o resultado dos jogos, desde que haja emoção, lances espetaculares e pontos de exclamação como este:



(GL)
Escrito por João da Paz