Dallas Mavericks, campeão classe A


AS de Altamente Satisfatório.

Foi uma década de vitórias, criando um clube forte e competitivo. Mark Cuban, dono do Dallas Mavericks, recriou a franquia e mudou os torcedores da cidade. Tradicionalmente Dallas é – e sempre será – reduto dos Cowboys, time da NFL, mas para os jovens entre os 16 anos basquete é o que importa. O time da estrela não disputa um título desde 1995, já os Mavs são os atuais campeões da NBA.

Donnie Nelson recebe os créditos por ter construído um grupo vitorioso e agora campeão. Quando Cuban chegou em 2000, Donnie era assistente técnico. Assumiu cargos na diretoria até ser o comandante das operações de basquete. No ápice da comemoração da inédita conquista, Cuban fez questão de dizer que ele só assina os cheques e segue a direção que Donnie indica.

Cuban também lembrou outra pessoa importante, aquela que fundou a franquia em 1980. Quando David Stern apresentou o troféu Larry O’Brien, quem esteve lá presente foi Don Carter, com o mesmo figurino que ele usava quando era o dono dos Mavs nas iniciais temporadas fracassadas, o mesmo figurino que ele usa para acompanhar os Mavs no American Airlines Center nestas temporadas de sucesso sob o comando de Cuban.

O pós-jogo, pós-título, foi excelente. Todos os membros dos Mavs lidaram bem com a glória de ser o melhor time da NBA na temporada 2010-11. A norma foi atitudes de alto caráter e postura louvável. Os jogadores falaram as coisas certas e mesmo DeShawn Stevenson com seu comportamento intransigente foi engraçado na sua provocação direcionada ao melhor jogador do rival e seu feroz inimigo.

Nas reflexões dos membros da equipe, veio o registro pelo ótimo trabalho do treinador Rick Carlisle. Ele, após três jogos na série, achou o melhor esquema para anular a principal força do Heat e encaixou seu método de jogo. Além de conseguir fazer os Mavs jogar bem na defesa, algo que o time nunca fez bem nesta era.


Dirk Nowitzki, MVP das Finais, completou o ciclo de menções ao lembrar de Cuban e do trabalho e esforço entregue para formar um elenco campeão. Décadas de vitórias sim, contudo faltava o mais importante. O alemão queria muito erguer o troféu de campeão, Cuban também. Só que no final do campeonato passado estes desejos comuns por pouco seguiram rumos diferentes.

Os Mavs se classificaram para os playoffs com o segundo lugar da Conferência Oeste, formando um duelo dentro do estado do Texas contra o San Antonio Spurs, sétimo colocado. Dallas foi eliminado na primeira rodada e o pensamento de Nowitzki foi longe depois do baque da derrota. Lembrou da perda do título em 2006 para o Heat; lembrou da excelente campanha da temporada 2006-07 com 67 vitórias e o prêmio de MVP, mas eliminado na primeira rodada pelo oitavo colocado Golden State Warriors; lembrou da eliminação na primeira rodada dos playoffs na temporada seguinte; lembrou de outra eliminação na pós-temporada no campeonato de 2008-09. Todos estes “quases” passaram na mente de Nowitzki e após perder para os Spurs em 2010 perguntaram para ele se seus dias com a camisa dos Mavs estavam acabados. Optou por deixar que o tempo respondesse.

Com a super classe de agentes livres crescendo a cada dia e os rumores dos diversos times interessados acompanhando o ritmo, Nowitzki escolheu não renovar mais um ano com o Dallas e deixou de lado US$ 21 milhões de dólares que receberia caso mantivesse o contrato que estava em vigor. A tentação de ficar disponível para ouvir qualquer proposta falou mais alto.

O temor bateu na franquia. A preocupação dos torcedores crescia porque rapidamente Dirk se tornou o 3º agente livre mais cobiçado (atrás de LeBron James e Dwyane Wade). Donnie foi à imprensa local tentar acalmar os ânimos e disse ao jornal Dallas Morning News: “Assim que passar este momento de emoção, vamos na hora certa sentar e falar sobre [o novo contrato]. Mas eu posso dizer por Mark [Cuban] até o pessoal da administração e todos do clube, vamos fazer o que for necessário para que ele [Nowitzki] esteja com um uniforme dos Mavericks”.

No primeiro dia de negociações com os agentes livres, Donnie estava na Alemanha em Wuzburg, cidade natal de Nowitzki, para falar com o jogador e mostrar a proposta do clube. Não era só uma oferta individual, mas um plano para criar um time com condições de passar do quase e ser de fato campeão. Dias depois Cuban convidou Nowitzki para sua casa e numa conversa particular os dois entraram num acordo. O alemão aceitou ficar, desde que houvesse dedicação para contratar outros jogadores para adicionar qualidade no elenco.

O novo contrato é de 4 anos (US$ 17 mi/2011, US$ 19 mi/2012, US$ 20 mi/2013 e US$ 22 mi/2014). É muito, porém menos do que ele poderia conseguir com outro clube ou em outras condições (cerca de US$ 16 mi a menos).

O próximo passo era entrar em contato com outros nomes e Cuban foi atrás do mais cobiçado.

Não havia condições de pegar LeBron de forma direta, era preciso que o atleta assinasse com os Cavaliers e fosse trocado. Cuban estava disposto a fazer isto, propôs a oferta, mas não foi ouvido. Partiu para outro plano que era assinar com um pivô. A primeira opção era Al Jefferson, mas ele assinou com o Utah Jazz. A segunda opção era Tyson Chandler e com ele a negociação foi fechada – com aprovação de Nowitzki.

Junto com Jason Kidd, Shawn Marion e Jason Terry, Nowitzki e Chandler formaram um time com condições de disputar as primeiras colocações do Oeste. Muitos desacreditavam do potencial do grupo, embora Terry tenha sido ousado e ao saber destas mudanças no elenco tatuou o troféu Larry O’Brien no braço num sinal de premonição.

Nowitzki renovou para ser campeão. E assim aconteceu. Passaram pelos atuais detentores do título e derrubaram o favorito longe de casa. O desenho se tornou real, entretanto não saiu dos braços do Jason Terry:




(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Marc Serota / Getty Images
© 2 Ennis Ront / Chicago Tribune
© 3 Matt Otero / AP

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