S de Satisfatório


Com o final de 2009 chegando, listas e mais listas de melhores da década aparecem aqui e acolá. Quando o assunto é NBA, com os 10 anos passados visto como perspectiva e comparado com os anos 90, uma franquia se destaca: Mavericks. Após um período de futilidade (1990-91 até 1999-2000) o time de Dallas ressurgiu tornando-se relevante e importante. Muitos computam esta transformação a Mark Cuban (dono) – e que teve sim um papel importante na reestruturação financeira do clube –, mas o maior responsável por fazer o time competitivo foi o diretor de basquete (GM) Donnie Nelson.

O núcleo de jogadores dos Mavs veio de transações (trocas ou draft) feitas por Nelson, desde as contratações de Erick Dampier, Jason Kidd, Jason Terry e Shawn Marion até as escolhas no draft de Josh Howard (leia “Lembranças do Erro”) e Dirk Nowitzki. Todas as aquisições não só se concentraram em fatores do jogo de cada atleta, há também as questões extra-quadra como, por exemplo, o entrosamento com os outros membros do elenco. A vinda de Marion para a equipe sintetiza esta maneira de trabalhar.

Por mais que a economia tenha afetado o mercado de jogadores da NBA na pré-temporada passada e, sendo assim, Marion não recebeu muitas propostas, Nelson se posicionou em assinar com o ala, pois ele já visualizava o que o jogador poderia acrescentar ao elenco - a diretoria estava em busca de um jogador atlético e defensor. Marion não foi a primeira opção, porém ele se adaptou bem ao time encontrando velhos companheiros de NBA: Terry e Kidd.

Shawn e Terry são amigos de longa data – ambos foram escolhidos no mesmo draft (1999), com Marion sendo a 9ª escolha e Terry a 10ª. Agora unidos, eles aprontam bastante parecendo duas crianças traquinas e quem aproveita são os outros jogadores dos Mavs, desfrutando do “Matrix and Jet Show” que ambos apresentam no ônibus ou no avião quando o time está viajando.

Já a aproximação dele com Kidd vêm dos tempos de Phoenix Suns. Em recente entrevista a Sports Illustraded, Marion disse que voltar a jogar com Kidd “... é como se nós não tivéssemos separados...”. Ele aproveita para contar vantagem, porque quando eles estavam em Phoenix era Kidd que contava várias histórias para o garoto novato e agora, após anos de experiência, é Marion que conta as histórias.


Embora o que importa são as atuações em quadra e, até agora, Nelson vem gostando do que tem visto. Mesmo com Howard voltando de contusão – o que significa mais um ala para dividir o tempo em quadra –, o diretor em nenhum momento se preocupa com isto, porque ele confia no treinador Rick Carlisle (foto acima) e sabe que ele vai achar minutos suficientes para os dois. Outra coisa que não irá tirar o sossego do GM são os baixos números estatísticos de Marion: “Isto acontece porque ele está percebendo o que precisa ser feito para ganhar campeonatos” diz Nelson “Ele está tentando não inventar muito, sendo mais participativo e simples”.

Talvez para se contrapor a todas as boas negociações, existe uma que ainda hoje deixa alguns torcedores inquietos: a troca de Devin Harris por Jason Kidd – que envolveu outros cinco jogadores (e duas escolhas no draft), mas esses dois foram os principais. Depois da transação, o que os fãs dos Mavs viam era uma jovem promessa brilhando em New Jersey e um veterano em quadra defendendo sua equipe. O que Nelson visualizou nesta troca foi além desta rasa analise e a argumentação dele é convincente:

A realidade na época era que tínhamos muitos pontuadores, muitos cestinhas e precisávamos de um armador nato, no sentido mais puro da palavra. Não que Harris não venha a se tornar um deste tipo de jogador, mas a opção para nos foi a melhor, tanto na ocasião quanto agora. Kidd é um cara que transforma todos em sua volta e faz os outros serem melhores jogadores”.

O objetivo principal foi (é) colocar os Mavs em posição de ganhar um título da NBA. Não atingiu tal meta neta década, entretanto não foi por falta de empenho. O aproveitamento da franquia nas últimas 9 temporadas é impressionante e, para quem viu o quanto o time era fraco na década passada, os números a seguir são surpreendentes (temporada regular de 2000-01 até 2008-09):

- Cinco temporadas com mais de 50 vitórias; e uma com exatas 50 vitórias

- Duas temporadas com mais de 60 vitórias; e uma com exatas 60 vitórias

- No campeonato 2006-07 foram 67 vitórias, marca que empatou com a sexta melhor campanha de toda a história da NBA

- Nove classificações seguidas para os playoffs, indo duas vezes para as finais da Conferência Oeste (2002-03 e 2005-06) e uma para as finais da NBA (2005-06).


Para receber um AS de Altamente Satisfatório Nelson precisa vencer o título da NBA. Para alcançar esta meta ele terá que conseguir mais um feito histórico: colocar o Dallas 10 vezes seguidas na pós-temporada. Então, o próximo passo é chegar na decisão da Conferência e, quem sabe, destronar o bi-campeonato do Los Angeles Lakers. Há um longo caminho para percorrer, contudo as coisas parecem estar em ordem e mais uma temporada bem sucedida está se concretizando.



(GL)



© 1 Glenn James / Getty Images

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