NFL Draft 2011 - As apostas

A guerra judicial entre a NFL e o sindicato dos atletas (incluindo o processo movido em separado por alguns jogadores) não vai atrapalhar a principal maneira das franquias construírem um elenco competitivo: o draft.

Mas a paralisação da liga afeta alguns aspectos importantes na seleção dos universitários. Abaixo você confere as mais importantes restrições válidas para a primeira rodada - tudo pode mudar a partir da segunda rodada que será na sexta 29, quando está previsto o começo do "ano da liga":

- Os clubes não podem trocar jogadores por escolhas.

- Só troca entre escolhas é permitida.

- Nenhum jogador selecionado pode ser envolvido em troca (mesmo que seja neste draft).

- Trocas envolvendo futuras escolhas podem ser feitas, porém os clubes estão avisados do risco já que sem um novo acordo trabalhista em vigor, não há garantia da realização de futuros drafts.

Para manter a tradição, o Grandes Ligas apresenta as apostas do draft 2011 e pelo 3° ano revelo os jogadores que acredito estarem prontos para brilharem assim que vestirem um uniforme profissional. Veja também os especiais de anos anteriores:

NFL Draft 2009 com perfis de Mark Sanchez, Michael Crabtree, Max Unger, Malcolm Jenkins, Aaron Curry e Brian Orakpo

NFL Draft 2010 com perfis de Sam Bradford, CJ Spiller, Golden Tate, Rolando McClain, Gerald McCoy e Eric Berry

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Natural de: Summerville, Carolina do Sul
Idade: 22
Posição: Wide Receiver
Universidade: Georgia Bulldogs (Júnior)
Curso: Economia
Curiosidade: Em 2006 a revista Sports Illustraded fez uma reportagem projetando o futuro dos principais atletas escolares daquele ano. Green estava na lista junto com Tyreke Evans (hoje no Sacramento Kings – NBA) e John Taveres (New York Islanders – NHL). A publicação cravou que em 2011 o receiver entraria no draft da NFL como uma das cobiçadas promessas.

A avaliação Wonderlic, espécie de teste de QI, sempre causa polêmica no draft. É uma prova de 50 questões para ser respondidas em 12 minutos e tem como objetivo analisar o potencial da pessoa em resolver determinados problemas (é aplicado em entrevistas de emprego). Green acertou apenas dez questões, um dos cinco piores resultados – Patrick Peterson, CB que você verá mais sobre ele neste especial, acertou nove. Historicamente a média de acertos de um receiver no Wonderlic é 17. Ter uma pontuação alta ou baixa não quer dizer tudo é só mais um método para entender melhor qual o perfil do jogador. Apesar do baixo número de acertos, não deve afetar sua cotação.

Green disputa com o WR de Alabama Julio Jones o rótulo de melhor da posição neste draft. Para Jerry Rice, melhor receiver de todos os tempos, Green leva vantagem neste duelo. Como novato na Georgia (2008) dominou a competitiva Conferência SEC recebendo 56 passes para 963 jardas e marcando 8 touchdowns. Em 2010 ele sofreu uma punição por vender uma camisa de jogo sua e foi suspenso por quatro jogos, mesmo assim fez uma temporada crucial, mantendo o nível apresentado no primeiro ano: 57 recepções para 848 jardas e 9 TD´s. A velocidade e aceleração de Green são características fortes levando em consideração sua altura: 1m92.



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Natural de: Los Angeles, Califórnia
Idade: 21
Posição: Linebacker
Universidade: University of California, Los Angeles – UCLA Bruins (Júnior)
Curso: História
Curiosidade: Quando foi recrutado, a personalidade brincalhona era considerada um defeito a ser corrigido. O cotidiano da universidade mudou sua atitude e Ayers amadureceu, encerrando a carreira como capitão do time, escolhido pelo elenco.

Em 2009 foi titular de todos os jogos da temporada como strongside linebacker, posição na qual o jogador fica na ponta da linha de LB´s no esquema 3-4, no mesmo lado que estiver o tight end do adversário. Já em 2010 Ayers mesclou e também jogou como defensive end. Contra Texas atuou nas duas posições no mesmo jogo e teve uma boa atuação: 6 tackles, 1 sack, que resultou em fumble, e 1 interceptação.

Seria ótimo que Ayers não mudasse de posição, mas caso os olheiros da NFL não achem nele habilidade suficiente para pressionar o QB constantemente, pode jogar como um inside linebacker, atuando no meio da defesa no esquema 3-4. Apesar de ter passado grande parte das temporadas da NCAA enfrentando os melhores jogadores da linha ofensiva e os melhores tight end bloqueadores, Ayers pode mostrar rápida adaptação e acrescentar mais uma qualidade madura no seu currículo.



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Natural de: Katy, Texas
Idade: 23
Posição: Quarterback
Universidade: Texas Christian University – TCU Horned Frogs (Veterano)
Curso: Marketing
Curiosidade: Jim Harbaugh, treinador do San Francisco 49ers, disse que Dalton deu a melhor resposta entre todos os jogadores no Combine para uma importante pergunta. Jim: ‘Qual seu plano de liderança?’ Dalton: ‘É conhecer o papel de cada membro da equipe’.

A inteligência de Dalton é um dos chamados “valores intangíveis” que elevam seu status. Se você quer um QB que lidera seu time em vitórias e sucesso, prefira alguém assim ao invés do oposto.

Ele vem do tradicional sistema escolar do Texas e chegou às finais estaduais com seu colégio (Katy High School) no ano de veterano. Dalton não recebeu oferta de bolsas de muitas faculdades e só UTEP (Universidade do Texas em El Paso) concorreu com TCU pelo seu jogo. Ao final de um ciclo universitário completo, o QB não decepcionou e surpreendeu, terminando sua jornada na NCAA com 42 vitórias e apenas 7 derrotas. Levou os Horned Frogs para 4 bowls nas suas 4 temporadas, ganhou 3 e foi MVP nos 3 – destaque para a vitória no Rose Bowl do ano passado contra a forte Universidade Wisconsin.

Tem um rápido movimento de braço em seu arremesso, é preciso nos passes curtos e tem um sentido de percepção excelente, traços que o ajudarão a ser titular em um clube da NFL.



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Natural de: Bamberg, Carolina do Sul
Idade: 21
Posição: Defensive End
Universidade: Clemson Tigers (Júnior)
Curso: Administração em Recreação Comunitária
Curiosidade: Uma Fender Stratocaster de 1964 é seu objeto mais importante, lembrança do seu pai.

Entrou na NCAA como segundo jogador mais bem avaliado saindo do high school (atrás do QB Terrell Pryor, que está na Ohio State). Foi o vencedor do prêmio de MVP defensivo no jogo das estrelas dos atletas escolares (All-American Bowl). Em Clemson fez no ano passado uma temporada memorável com 63 tackles e 15.5 sacks; mais sacks que 23 times das divisões que compõe o sistema de Bowls (FBS). Fez boas partidas contra times fortes, destacando o jogo contra a atual campeã Auburn no qual teve 9 tackles e um sack.

Nas primeiras previsões do draft deste ano, Bowers figurava entre as primeiras escolhas. A cotação despencou para o final da primeira rodada porque há dúvidas sobre seu joelho direito, que vem de uma cirurgia reparatória. O clube que o selecionar vai estar ciente que precisa monitorar com atenção essa lesão e preparar para cuidar dela. Se conseguir sucesso assim, terá um formidável jogador em mãos.



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Natural de: Hackensack, New Jersey
Idade: 22
Posição: Running Back
Universidade: Alabama Crimson Tide (Júnior)
Curso: Telecomunicações
Curiosidade: Filho de Mark Ingram Sr., receiver campeão do Super Bowl XXV (1991) com o New York Giants.

Em 2009 venceu o Heisman, troféu entregue ao melhor jogador universitário da temporada. Foi o primeiro membro na história de Alabama a vencer o prêmio e apenas o sexto que ganhou tal honraria no mesmo ano que sua universidade foi campeã – a última vez que isto aconteceu foi em 1950.

Como novato, em 2008, mostrou bons números e terminou o campeonato com 5.1 jardas em média por corrida. No ano seguinte fez espetaculares atuações que lhe renderam tantos títulos. Por jogar na SEC e num programa altamente competitivo, Ingram teve que mostrar seu melhor contra os melhores e em 2009 enfrentou seis times rankeados entre os top 25 dos EUA e nestes jogos ele correu em média 156.8 jardas por partida.

Teve que fazer uma cirurgia no joelho antes do início da temporada 2010 e ficou fora dos dois primeiros jogos. Só teve uma partida com mais de 100 jardas, mas os olheiros ressaltam o número de jardas em média por corrida que ele conseguiu: 5.6.



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Natural de: Fort Lauderdale, Flórida
Idade: 20
Posição: Cornerback
Universidade: Louisana State University – LSU Tigers (Júnior)
Curso: Administração Esportiva
Curiosidade: Tem quatro primos jogando na NFL: Bryant McFadden (Steelers), Walter McFadden (Raiders) , Sinorice Moss (Eagles) e Santana Moss (Redskins)

Peterson é o melhor jogador deste draft. Na sua última temporada universitária ele venceu os prêmios de melhor jogador defensivo da NCAA, melhor jogador da secundária na NCAA, melhor defensor da Conferência SEC e melhor jogador de time de especialistas da SEC. Só não será a primeira escolha porque o Carolina Panthers não vai gastar num cornerback a enorme quantia em dinheiro para assinar com o número 1 do draft. Se o novo acordo trabalhista estivesse valendo e o limite para assinar com um novato fosse determinado, a história seria outra.

Só as melhores universidades foram atrás dele: Florida, LSU, Georgia, Florida State... Optou pelos Tigers e lá fez grandes atuações. Ficou conhecido por marcar touchdowns e conseguiu fazer isto de três maneiras diferentes: retornando punt, retornando interceptação, e retornando um field goal bloqueado.

Sua preparação para a NFL é das mais ricas. Assim que saiu da universidade foi treinar com Sam Madison, ex-cornerback do Miami Dolphins e com o velocista Ato Bolden, medalha de prata nos 100m rasos em Sydney 2000, ex-membro da equipe olímpica de atletismo de Trinidad e Tobago.




(GL)
Escrito por João da Paz

Ainda resta uma esperança


O comissário da MLB, Bud Selig [foto acima], não enxergou outra alternativa a não ser tomar controle de uma das mais importantes franquias da sua liga. O Los Angeles Dodgers, desde o último dia 20, está nas mãos da MLB e ontem Selig anunciou que J. Thomas Schieffer, político e ex-presidente do Texas Rangers, vai assumir as operações diárias do clube.

Este movimento é mais um capítulo da novela Dodgers, prestes a ter o final de uma fase e o início de outra. Selig precisou intervir após o dono do time, Frank McCourt, pegar um empréstimo pessoal no valor de US$ 30 milhões com a TV FOX de Los Angeles, detentora dos direitos de transmissão dos Dodgers. O dinheiro em questão seria para pagar a folha salarial deste mês. Porém há suspeita que a grana iria ser destinada a fins pessoais de Frank e como complemento para comprar definitivamente a parte da franquia que pertence a sua ex-esposa Jamie. A ação drástica de Selig veio para impedir mais Cambalacho (1).

Um episódio marcante e que mostrou os podres da organização sob o comando de Frank foi o divórcio do casal. Jamie, após ser demitida do cargo de CEO, entrou com o pedido de separação e exigiu uma montanha enorme de dinheiro (pensão), a metade dos Dodgers e outros agrados. Em Dezembro de 2010 o juiz do caso, Scott Gordon, invalidou um acordo pós-nupcial que dividia o clube entre ambos e declarou Frank como único dono. Porém o lado de Jamie não desistiu e luta pela sua parte judicialmente até quando não couber mais recurso.

Ao ficar sabendo da intervenção da MLB, Jamie num sutil e Suave Veneno (2) declarou: “Como dona de 50% do Los Angeles Dodgers, eu recebo e apoio as ações do comissário para trazer a necessária transparência e direção para a franquia e para os fãs dos Dodgers”.


Já a reação de Frank [foto acima] foi Rebelde (3). Ele, talvez acostumado a viver em tribunais, disse que vai processar a MLB. O ponto central da revolta é insustentável e não vai resultar em algo favorável. Os advogados de Frank irão construir os principais argumentos do processo questionando a ação movida contra os Dodgers, rotulando como perseguição. Será usado o exemplo do New York Mets que passa por um momento delicado e cheio de problemas financeiros, porém é justamente aí que o caso cai por terra.

Fred Wilpon, dono dos Mets, gasta todo dinheiro que o clube arrecada para pagar as dívidas e quitar credores. Ele está terminando uma venda de parte da franquia para arrecadar mais dinheiro e sanar débitos. Frank, por outro lado, não pretende ceder qualquer fração da franquia (nem pra sua ex-esposa), não busca tirar do vermelho o caixa do clube e usa os Dodgers como um banco particular, gastando em despesas pessoais o dinheiro que a franquia produz.

Frank tem direito em buscar sua razão, afinal Os Ricos Também Choram (4), mas a saída dele é inevitável. Os fãs não o querem mais e é visto como O Homem Proibido (5). A franquia que uma vez foi sinônimo de bons públicos no estádio – a primeira a chegar a marca de 3 milhões, alcançada em 1978 – não tem mais apelo e os torcedores, por maior que seja a paixão, não estão se dedicando ao clube como deveriam. Claro, o time em campo não é dos melhores, cada ano que passa o investimento no elenco diminui, o estádio não recebe atualizações e os preços em lanchonetes e estacionamento são caríssimos. Assim, pela primeira vez em 51 anos que o Los Angeles Angels poderá ter um público total maior em seu estádio que os Dodgers.

Nunca é Tarde Demais (6) pra Começar de Novo (7) e Selig tenta achar um novo dono, alguém que possa comprar a franquia e administrá-la com o cuidado que merece. O comissário (ainda) não admitiu, porém pode ter sido um erro de sua parte em permitir que Frank comprasse os Dodgers em 2004 da News Corp. (conglomerado de órgãos da mídia) por US$ 399 milhões. Talvez não tenha sido feito um bom trabalho de casa e pesquisado se realmente Frank era abastado o suficiente para comandar um clube de beisebol na MLB. Como são águas que passaram, o objetivo é resolver a enorme dívida que os Dodgers têm – US$ 430 milhões.

Embora tenha ocorrido toda esta Fatalidade (8) a revista Forbes, especializada em economia, estimou os Dodgers, em um estudo publicado em Março deste ano, como a terceira franquia mais valiosa da liga: US$ 800 milhões; atrás do Boston Red Sox e New York Yankees. De 2004 pra cá o preço estipulado do clube só cresceu e em 7 anos dobrou de valor.

Contudo a administração foi de mal a pior. No caso do divórcio, se tornou público alguns gastos supérfluos do casal McCourt, assim como a contratação de dois dos seus quatro filhos em cargos de diretores (recebendo sem trabalhar) e uma evasão de US$ 108 milhões não declarados no imposto de renda. E o diplomata J. Thomas Schieffer [foto abaixo] então é visto como O Salvador da Pátria (9). Ele traz experiência para os Dodgers, pois exerceu o cargo de presidente dos Rangers por 8 temporadas (de 1991 à 1998). Sua função é pôr ordem nas contas e tudo o que for gasto acima de 5 mil dólares tem que ser reportado para a MLB.


Os torcedores sabem que pior não fica, então acreditam e apóiam incondicionalmente a entrada da liga na administração diária dos Dodgers. É triste ver um time de Los Angeles nesta situação, precisar que a autoridade maior da MLB se intrometa nos negócios da equipe para que ela não chegue num lugar indesejado.

Após a turbulência, o que eles esperam é um Final Feliz (10).



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Lisa Blumenfeld / Getty Images
© 2 Kevork Djansezian / Getty Images


*As novelas citadas neste texto:
(Título) Ainda Resta Uma Esperança, de Júlio Atlas para a TV Excelsior – 1965
(1) Cambalacho, de Silvio de Abreu para a Rede Globo – 1986
(2) Suave Veneno, de Aguinaldo Silva para a Rede Globo – 1999
(3) Rebelde, produzida pela Televisa (México) e exibida no Brasil pelo SBT – 2004
(4) Os Ricos Também Choram, original de Inés Rodena, adaptada no Brasil pelo SBT – 2005
(5) O Homem Proibido, de Teixeira Filho para a Rede Globo - 1982
(6) Nunca é Tarde Demais, de André José Adler para a TV Bandeirantes – 1968
(7) Começar de Novo, de Antônio Calmon e Elizabeth Jhin para a Rede Globo – 2004
(8) Fatalidade, de Oduvaldo Vianna para a TV Tupi – 1965
(9) Salvador da Pátria, de Lauro César Muniz para a Rede Globo – 1989
(10) Final Feliz, de Ivan Ribeiro para a Rede Globo - 1982

Caso Barry Bonds e Caso Roger Clemens – onde um pingo é letra

A era dopada da MLB sobrevive. Dois dos maiores representantes dela voltam à cena após um curto ostracismo. Barry Bonds, sete vezes MVP da Liga Nacional, teve seu julgamento encerrado semana passada e recebeu apenas uma condenação entre quatro acusações. Roger Clemens, sete vezes vencedor do Cy Young (prêmio ao melhor arremessador), tem seu julgamento marcado para iniciar no dia 6 de Julho deste ano, mas com uma audiência preliminar marcada para hoje na corte federal americana na capital Washington.

Entre os dois casos há pontos semelhantes e divergentes. Em nenhum deles está tentando descobrir se os respectivos jogadores atuaram dopados em determinada parte de suas carreiras (grande probabilidade que isto aconteceu), mas estão em jogo mentiras ditas perante a justiça (Bonds) e ao Congresso (Clemens).


Bonds (foto acima) penou, porém o júri só chegou ao veredito unânime em uma acusação: obstrução à justiça. Aqui o jogador, segundo o corpo de jurados, foi evasivo em uma pergunta relacionada à Greg Anderson, seu personal trainer. Bonds, como alguns que estavam presentes apontaram, agiu como fez sempre, desviou de questões com potencial de lhe prejudicar, evitando ser direto e falar a verdade. Para a imprensa isto pode, porém sob juramento não há impunidade.

Nas outras três acusações Bonds ganhou por pouco. Sobre mentir ao dizer que nunca usou esteróides sabendo que eram de fato substância dopante, quatro jurados (de doze) derrubaram a acusação; sobre mentir pelo uso de HGH (hormônio de crescimento humano), três jurados votaram contra a acusação; sobre falso testemunho por dizer que só seu doutor particular lhe aplicou injeções durante sua carreira, só um jurado votou a favor de Bonds (11 a 1) suficiente para livrá-lo de condenação na acusação mais grave.

Um depoimento seria suficiente para mudar este quadro, mas a pessoa que esclareceria tudo optou pela prisão do que testemunhar. Greg Anderson recusou ser testemunha contra seu amigo Bonds e, como um dos jurados destacou, “Faltou uma peça para completar este quebra-cabeça. Anderson traria luz para muitos detalhes obscuros. Ele seria extremamente útil para ligar os pontos”.

Anderson decidiu o silêncio, pois se fosse submetido ao tribunal não poderia mentir. Por saber de muita coisa e detalhes que prejudicariam sensivelmente Bonds, escolheu se sacrificar pelo amigo. Os dois têm uma relação antiga, amizade de anos. Será que há presente importante que possa comparar ao que foi feito por Greg? Fato é que Bonds precisa fazer algo para agradecer a inusitada e leal atitude do amigo. Com o depoimento de Anderson, o jogador poderia ser condenado em todas as acusações e pegar uma pena enorme com poucos recursos disponíveis. Entretanto, apesar da obstrução à justiça ser algo grave (10 anos de prisão), seus advogados vão negociar para 15 meses – ou multa e serviços comunitários. A sentença não foi deferida, já que a defesa vai recorrer.


Para Clemens (foto acima) vale também a acusação de mentir e dar falso testemunho sob juramento. Enquanto o Caso Bonds foi fruto do seu testemunho (intimado) no Caso Laboratórios BALCO, Clemens optou testemunhar perante o Congresso dos EUA. A diferença é que Clemens livremente predispôs participar da investigação dos deputados e senadores americanos sobre o Mitchell Report, documento do Sen. George Mitchell (partido democrata) que contém 409 páginas e lista 89 jogadores da MLB, em atividade ou não, que usaram substâncias dopantes – Clemens é um dos citados.

Seu depoimento foi transmitido pela TV e no seu julgamento ele sofre três acusações de falsas afirmações, duas por falso testemunho e uma por obstrução ao Congresso. Na audiência preliminar de hoje os advogados de Clemens vão tentar indeferir as acusações – embora não terão sucesso. Porém um ponto que eles irão argumentar com firmeza é que o Congresso fez perguntas imprecisas que resultou em dúbias respostas – há jurisprudência.

A defesa de Clemens sairá bem neste ponto, mas em outro se complicará. Se Barry Bonds tem em seu personal trainer um amigo, Roger Clemens tem em seu personal trainer (Brian McNamee) um inimigo. O treinador está disposto e vai testemunhar contra seu ex-cliente, sem medo de nada. Naquela investigação do Mitchell Report perante o Congresso, McNamee contradisse Clemens em vários tópicos.

A defesa neste caso terá que ser forte e valente, pronta para replicar denúncias e argumentar firmemente a favor do arremessador. Até um ex-companheiro não está ao seu lado. Andy Pettitte, atual arremessador dos Yankees e parceiro de Clemens quando estavam em New York (também jogaram juntos pelo Houston Astros), tem seu nome citado no Mitchell Report e assumiu que usou HGH, aplicado justamente por McNamee. Pettitte escreveu uma carta sob juramento para o Congresso americano e nela há menção que Clemens usou HGH – Andy será intimado para testemunhar no julgamento.

Pettitte e Clemens eram amigos próximos, mas quando a justiça apertou o cerco eles se distanciaram, tomaram rumos opostos. Roger, assim, fica sem muita vantagem ao seu lado, pois duas testemunhas chaves e decisivas do caso vão depor contra ele. Será uma árdua labuta para o time de defesa.

Conforme as ordenanças do tribunal forem se encaminhando, os advogados de Clemens focarão em diminuir qualquer condenação mais grave. Tudo leva para uma derrota acachapante, basta os procuradores fazerem um trabalho eficiente. Bonds também tinha tudo a perder, contudo contou com a audácia do sue personal trainer e saiu com uma condenação - o que criou um clima de "empate" na decisão, nenhum dos lados saiu completamente satisfeito.

Ileso Clemens não sairá. Um “empate” já será considerado uma vitória magnífica. Difícil acontecer outra coisa que não seja uma condenação (ou mais) pelas seis acusações. O seu time de advogados tem que agir com astúcia e destreza, incorporando o estilo Alicia Florrick*.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Justin Sullivan / Getty Images
© 2 AP

*personagem interpretada por Julianna Margulies no seriado “Pelo Direito de Recomeçar” (The Good Wife)

Você quer tudo, menos a verdade


Segundos. Uma pequena fração de tempo bastou e a polêmica nasceu. As palavras que saíram da boca de Kobe Bryant (foto acima), jogador do Los Angeles Lakers, direcionadas ao árbitro Benny Adams, um dos responsáveis pelo jogo contra o Sacramento Kings no último dia 13, foram repugnantes. O que aconteceu depois mostra a frágil relação que a sociedade tem com o esporte e com as pessoas que participam do meio.

Após cometer uma falta de ataque, Kobe mostrou frustração e Benny o puniu com uma falta técnica. O jogador foi para o banco de reservas, esmurrou uma cadeira, jogou uma toalha no chão e falou para Benny: “bicha” – depois de ter falado um palavrão.

Sabemos disso porque a transmissão da TNT manteve no ar uma das câmeras em cima de Kobe. Pelo comportamento irritado do atleta, não foi uma sábia decisão colocar para o mundo inteiro ver um cara nervoso pronto para explodir. Steve Kerr, um dos comentaristas do jogo, disse após o insulto: “É melhor tirar a câmera focada em Kobe, pelas crianças que estão assistindo em casa”. Mas foi tarde, era para ter feito isto antes.

O diretor de TV é o responsável por escolher qual das câmeras que estão no local terá seu registro no ar. Em frente dele, na sala de controle, existem monitores que mostram as imagens de todas elas, ficando a critério dele apontar a melhor. Um pouco de sensibilidade era suficiente para cortar a câmera que estava em Kobe assim que ele saiu e foi para o banco de reservas. Kerr ficou constrangido, mas teve que assumir o papel do diretor de TV e evitar um estrago maior.

Em eventos ao vivo, algumas emissoras transmitem o sinal para os telespectadores com um atraso para evitar este tipo de constrangimento. Caso houver um comportamento errado ou uma palavra inadequada, acontece o corte na imagem ou no som. Não sei se a TNT estava operando neste modo, porém deveria ser padrão, visto que é bem provável que este tipo de situação ocorra.

Quantas vezes, principalmente depois de cometer uma infração, o jogador é flagrado pelas câmeras de TV xingando o adversário, o juiz ou apenas fazendo um desabafo? Quem está errado, o jogador ou o diretor de TV? Quem chegou primeiro, os palavrões ou as dezenas de câmeras que estão por todo ginásio?

Não se engane: o ambiente esportivo é hostil e cheio de impropérios – seja na quadra perto da sua casa ou na NBA. Você até pode querer uma postura diferente, entretanto o comportamento dos jogadores no calor da partida é similar nos dois lugares citados. Isto todos os envolvidos com esporte sabe e é de imaginar que os diretores de TV também. A não ser que eles queiram criar um barraco...

Um exemplo aconteceu no jogo 1 da série entre Chicago Bulls e Indiana Pacers dos playoffs 2011 da NBA. Tyler Hansbrough, jogador dos Pacers, levou no rosto uma cotovelada de Kurt Thomas, jogador dos Bulls (veja vídeo abaixo). Hansbrough foi carregado para o vestiário e no caminho até lá o diretor de TV da ESPN decidiu segui-lo. A câmera ficou fora de foco no melhor estilo paparazzi. E se Hansbrough tivesse xingado a mãe de Thomas? E se Hansbrough tivesse falado, na mais alta adrenalina, todos os palavrões existentes no mundo? Alguém cruzou a linha do ponderável e o nome dele não começa com Tyler.



Bryant não inventou o insulto que dirigiu ao juiz, muito menos foi o primeiro e nem será o último a falar. O erro da TNT em ter veiculado sua imagem não lhe isenta de culpa, tanto que no dia seguinte Kobe divulgou um formidável pedido de desculpa e deu entrevista para uma rádio de Los Angeles respondendo abertamente as mais ácidas perguntas. Agiu bem no day after, até parecia um cara que saiu de uma escola de advogados (ou coisa do tipo).

O ponto central do seu pedido formal de desculpa é esse: “Minhas ações foram resultado de insatisfação durante a tensão do jogo. As palavras que usei NÃO refletem meu sentimento em relação à comunidade de gays e lésbicas e NÃO tiveram intenção de ofender ninguém”.

Na rádio esta foi a frase mais pontual: “Só estava pensando no jogo e em nada mais. Meu pensamento era ‘Estou aqui no banco e este é um jogo importante pra gente e nós precisamos vencer’. Estava muito centrado no jogo, no momento da partida e, obviamente, nas emoções em sua volta. Ser pego no momento e ter este tipo de explosão de raiva é totalmente normal”.

Movimentos que defendem os direitos da homossexualidade não acharam a desculpa de Kobe suficientemente sincera. Talvez quisessem estas respostas rasas produzidas por terceiros que políticos adoram usar. Podem até organizar campanhas contra Kobe e rotulá-lo de “anti isso” ou “anti aquilo”, mas é necessário reconhecer que ele não se escondeu e deu sua versão do que aconteceu.

Joe Solmonese é um homem muito respeitado nos EUA por lutar a favor da igualdade sexual. Ele é presidente da Human Rights Campaign e foi a primeira pessoa que recebeu uma ligação de Kobe após este episódio. Joe disse o seguinte sobre como o jogador administrou a situação: “Ao final de um estressante dia, aplaudo Kobe por tomar frente e assumir a responsabilidade”.

O erro de Bryant está catalogado e não há como voltar atrás. O que dá para consertar é o equivoco de colocar um atleta como modelo de cidadão, como exemplo maior para as crianças. A integridade é uma coisa tão difícil de obter que ao invés de nós buscarmos ser bons exemplos para nossos familiares, depositamos a esperança em atletas cheios de defeitos e imperfeições, características comuns em todo homem. Como se indignar com o que Kobe disse se você fala o mesmo no trânsito e na corriqueira pelada semanal?

Pode ser triste e lamentável, mas o insulto que Bryant proferiu está presente e vivo no mundo dos esportes. Esta é a realidade e se a sociedade não está pronta para lidar com isto, que os diretores de TV tomem mais cuidado com o que vão colocar no ar. Aí o cara comete uma infração grave ao dizer uma chula palavra, pede desculpa do seu jeito e ainda acham longe do ideal? Em qual parâmetro? Se o pedido de desculpa dele não lhe agradou e se a resposta dele não lhe convenceu, o problema é seu. Afinal o que você quer saber é aquilo que o deixa no lugar de conforto e não causa exercícios de reflexão.

Então é melhor omitir e mentir, não é verdade?

Sim ou não?


(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Nike Inc.

A colônia volta à metrópole. Os bilionários americanos e os clubes de futebol da Inglaterra

Stan Kroenke é o mais novo integrante do grupo estrangeiro que controla um time da Premier League (primeira divisão de futebol da Inglaterra). Sua aquisição de ações que lhe dá o cargo de dono do Arsenal faz dele o quinto americano a possuir um clube do esporte bretão. Tudo começou com Malcolm Glazer em 2005, então vamos conhecer quem são esses magnatas responsáveis em causar furor e alegria na sua respectiva base leal de torcedores.

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Malcolm Glazer
Clube nos EUA: Tampa Bay Buccaneers (NFL)
Clube na Inglaterra: Manchester United

No ramo de produtos alimentícios está a fonte de dinheiro de Glazer; ele é presidente e chefe executivo (CEO) de uma holding (First Aliled Company). Em 2003 entrou no clube ao comprar um pequeno número de ações (3%) e foi crescendo gradativamente. Chegou ao nível que lhe deu poder de dono em 2005 quando completou 75% das ações – gastou US$ 1.47 bilhão neste período.

A raiva dos torcedores do United aflorou ao saber desta notícia. Mensagens de ódio e intimidadoras foram direcionadas à Glazer. Na decisão da FA Cup de 2005 contra o Arsenal, os fãs se vestiram de preto como num funeral, queimaram fotos dele, o chamaram de Hitler e ameaçaram sua família. O tempo foi passando e o protesto pedindo a saída de Glazer tornou-se mais civilizado. Foi criada uma organização para tentar comprar a parte pertencente ao americano; ela também incentivou aos admiradores do clube a usarem as cores verde e amarelo, lembrando o time precursor do United no século 19, o Newton Health; os torcedores vestem camisas antigas feitas antes do Glazer assumir; o slogan deles é “Love United, Hate Glazer” (“Ame United, Odeie Glazer”).

Embora haja tanto atrito entre dono e torcedores, Glazer não vai deixar o clube tão fácil assim. Desde 2006 ele indicou três filhos (Bryan, Kevin e Edward) e sua única filha (Darcie) como diretores do clube. Malcolm tem 82 anos e grande parte das decisões administrativas é feita pelos outros dois filhos (Joel e Avram), que dividem o cargo de presidente do United, vencedor de 3 campeonatos inglês e 1 Liga dos Campeões desde que o americano tomou posse como dono.

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Randy Lerner
Clube nos EUA: Cleveland Browns (NFL)
Clube na Inglaterra: Aston Villa

O caminho que levou Lerner ao posto de dono foi mais tranquilo que o do seu conterrâneo (Glazer e Lerner são do estado de New York). Em 2006 Lerner comprou 89% das ações do clube da cidade de Birmingham, vencendo sozinho um grupo formado por 3 investidores.

Os torcedores do Aston Villa aceitaram a vinda do yankee e Lerner não foi vítima de ataques ou protestos. Ele vai administrando bem o clube que terminou em 6° lugar nas últimas três Premier League; chegou à semifinal da FA Cup no ano passado e foi vice da Copa da Liga (Carling Cup) também em 2010 – perdeu para o Manchester United.

Na gestão Lerner houve uma aproximação do Aston Villa com o hospital infantil Acorns, localizado em Birmingham. Como doação, nas temporadas 2008-09 e 2009-10 o logo do hospital esteve estampado na camisa oficial do clube.

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Ellis Short
Clube nos EUA: nenhum
Clube na Inglaterra: Sunderland

Em 2008 ele se tornou o principal acionista do clube numa compra que envolveu o consórcio Dumarville, formado por 7 irlandeses entre eles o ex-jogador irlandês Niall Quinn, hoje presidente do Sunderland. Short tomou controle total do clube (100%) em 2009.

O americano é dono de uma financeira chamada Lone Star Funds sediada em Dallas, Texas. Durante sua carreira procurou manter um perfil discreto. Não gosta de aparecer muito e trata dos assuntos particulares de maneira bem recatada. Tudo que o torcedor quer: um cara que traga dinheiro, mas que não queira ofuscar a marca do clube.

Short traçou metas e conseguiu uma delas que é acabar com o “efeito ioiô” de descer e subir de divisão constantemente. O Sunderland está há três temporadas seguidas na Premier League e a tendência é não cair neste campeonato. O próximo objetivo e colocar o clube numa melhor posição, situando-se no meio da tabela por volta do 10ᵃ lugar. O que Short vai precisar fazer é trazer os torcedores de volta ao “Estádio da Luz”, uma realização que o americano acha fundamental para melhorar financeiramente o clube e colocá-lo num melhor status entre as principais equipes do país.

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John W. Henry
Clube nos EUA: Boston Red Sox (MLB)
Clube na Inglaterra: Liverpool

Os fãs do Liverpool sofreram nas mãos de dois americanos que afundaram o clube em dívidas. Tom Hicks (ex-dono do Texas Rangers – MLB) e George Gillett (ex-dono do Montreal Canadiens – NHL) foram os chefões do alvirubro durante três anos. Neste período a fúria dos torcedores se compara ao que acontece em Manchester, porém aqui com um agravante já que bandeiras dos EUA foram queimadas em alguns protestos.

Em 2010 o grupo que controla os Red Sox (Fenway Sports, criado por Henry) assumiu o clube pagando US$ 476 milhões. O presidente do Liverpool na época, Martin Broughton, aprovou a venda e disse que o dinheiro seria bem vindo para quitar débitos e permitir investimento na equipe. Ele externou sua decepção ao saber que Hicks e Gillett entraram na justiça tentando impedir a transação, alegando ser este mais um mal que a dupla tentou fazer com o Liverpool.

Henry, com base nos antecedentes raivosos direcionados aos seus compatriotas, procurou estudar a história do clube antes de chegar impondo ordem. Buscou se envolver com os torcedores para criar uma atmosfera agradável, um bom ambiente de trabalho. Uma frase dele explica bem por que isto deve ser feito: “É assim que tem que ser. Depois que nós partimos, estes torcedores estarão aqui. Não se pode ignorar a quem de fato pertence o time

***


Stan Kroenke
Clubes nos EUA: Denver Nuggets (NBA), Colorado Avalanche (NHL), Saint Louis Rams (NFL) e Colorado Rapids (MLS)
Clube na Inglaterra: Arsenal

Ele é acionista dos “Gunners” desde 2006 e aos poucos foi ganhando confiança dos sócios. 2008 foi o ano no qual recebeu o convite para participar da comissão de diretores do clube, algo que o ajudou a aumentar seu número de ações. No começo desta semana foi anunciado que Kroenke vai assumir o Arsenal e quando a transação encerrar, 62% das ações será dele (vale cerca de US$ 1.2 bilhões).

Os torcedores não estão muito preocupados, desde que o americano contrate um goleiro decente... Por estar a muito tempo na organização, Kroenke tem em seu crédito o conhecimento da sua funcionalidade diária; além de não ser um “pára-quedista”, aquele que chegou do nada e já quer mandar em tudo.

Kroenke não adicionou apenas mais um clube na lista entre todos os outros que possuiu. Ele quer aprimorar o modo operacional do Arsenal e fazê-lo novamente vencedor. A preocupação com a montanha de dinheiro que precisa administrar é dividia com a família, principalmente com sua esposa Ann Walton, uma das herdeiras da rede de supermercados Wal-Mart.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 e 3 The Sun
© 2 Soccernet
© 4 Daily Mail

As ações estimulantes das Kardashians

Elas são vistas por milhões de pessoas no popular reality show que mostra a encantada e sofisticada vida da família ("Keeping Up With The Kardashians" – E! Entertainment Television). Elas estão constantemente nas páginas de revistas femininas mostrando seus charmosos traços e como conseguem manter tanta beleza. Elas também são destaques em publicações esportivas para agradar o publico alvo com belas imagens e pelo singular fato de sempre namorar jogadores profissionais; não só por isso, mas por ser um tipo de amuleto da sorte.

Existe a mística de quem sai/fica/namora/casa com uma das Kardashians se dá bem (no ibope e status masculino como também no esporte). Ou vai ter uma melhora significativa nos números ou vai conseguir um título. Algo de muito bom elas devem fazer para provocar tamanha motivação. Kris Humphries, ala do New Jersey Nets, atual namorado da Kim Kardashian, tentou explicar para a rede CBS de New York o que sua companheira faz que o deixa mais entusiasmado:

É interessante. Está ao redor dela [Kim], ver como ela trabalha com dedicação e tudo que sua família faz, é uma motivação para mim. Quero fazer o meu melhor. Não digo que essa é a única razão por eu estar com uma ótima temporada, mas é definitivamente um dos fatores que colaboram

Apesar de ter ficado de fora deste mês de Abril devido uma contusão no tornozelo, Humphries possui um saldo positivo nesta sua sétima temporada na NBA. Terminou com média de pontos (10.0) e rebotes (10.4) bem acima do que registrou em campeonatos anteriores, além do aproveitamento de arremessos acima dos 50% (52.7%). Resta saber por quanto tempo vai durar este amor e se a magia da Kim irá permanecer.


Tudo começou quando Kim (foto acima) namorava Reggie Bush, running back do New Orleans Saints. O primeiro encontro foi em 2007 na premiação esportiva anual da ESPN (ESPY Awards), tiveram um pequeno desentendimento em Julho de 2009, mas voltaram em Outubro do mesmo ano. Em Março de 2010 eles romperam o relacionamento de vez. Neste período Kim estava, sempre que possível, ao lado de Bush. Na campanha dos Saints vencedora do Super Bowl do ano passado, ela assistiu de perto as vitórias e a conquista do título.

Sua vida de solteira durou dias. Começou então a sair com Miles Austin, receiver do Dallas Cowboys. Surgiram brincadeiras enfatizando uma possível distração (natural) do jogador, preocupação com a dedicação nos treinos e coisas relacionadas. Porém os torcedores do clube torciam pelo namoro dá certo assim ele, que já vinha de uma boa temporada 2009, iria melhorar suas estatísticas e os Cowboys teriam um formidável talismã para chegar na grande decisão da NFL. Para tristeza de muitos, bem no inicio do campeonato de 2010 eles se separaram.

Quem ficou arrasado com tudo isso foi Bush e sua insatisfação foi transmitida para todo mundo ver. Assim que começou a se encontrar com Austin, Kim recebeu um telefonema do seu ex-namorado. Ele quis saber como estavam todos e blá blá blá. Até que perguntou se Kim estava com alguém, num tom de voz bem triste e inconformado. Ela respondeu que sim. Bush então começou a falar que agora a vida tinha que seguir, mesmo se sentindo muito mal pelo que aconteceu entre eles. A resposta de Kim veio num típico “Eu simplesmente não sei o que dizer”.

Kim decidiu colocar a conversa no seu programa e os telespectadores sentiram a clara decepção de perder um partido de extrema qualidade e os efeitos devastadores que isto pode causar. Depois destes relacionamentos, Kim optou por deixar de sair com jogadores de football e partiu para outro esporte (basquete). Em Dezembro de 2010 começou a namorar Humphries.


Ela entrou num território que sua irmã já estava. Em Setembro de 2009 Khloe Kardashian (foto acima) casou com Lamar Odom, ala do Los Angeles Lakers. Embora já tenha casado com ela com um anel de campeão da NBA, na temporada seguinte ele conseguiu outro. Ambos sofriam críticas pela rápida decisão de se tornarem marido e mulher, mas a duração do casamento – longa para padrões hollywoodianos – é uma prova de que o amor deles é pra valer.

Odom ganhou um novo nicho de fãs. O casório foi transmitido no "Keep Up With The Kardashians" e uma estonteante audiência de 3.2 milhões de pessoas assistiu o evento (esta é uma porção aproximada de um jogo forte da temporada regular da NBA). Ao participar de programas de entrevistas em horário nobre, a face de Odom passou a ser mais reconhecida e empresas imediatamente perceberam a oportunidade. O jogador já fez comerciais para a Samsung (eletrodomésticos), PowerBar (suplemento alimentar) e Taco Bell (restaurante fast-food).

Ele também credita o “árduo” trabalho da esposa por suas boas performances em quadra. Desde que passou a ser a Sra. Odom, Khloe tem feito boas coisas ao seu esposo e o senso de cuidar de um lar tem o ajudado. O canal E! aproveitou o alto perfil dos dois e criou um reality show para eles. "Khloe & Lamar" estreou nos EUA neste último domingo (10) e vai apresentar os afazeres diários do casal.

As irmãs Kardashians conhecem o poder que tem para conquistar homens e torná-los mais produtivos após o primeiro encontro. Até quando vai durar esta boa sorte que elas proporcionam? O que não tem como duvidar é a enorme e concorrida fila de futuros pretendentes em busca de um sucesso na vida esportiva – ou ao menos uma boa descontração num eventual passeio. Elas sabem muito bem do que são capazes e uma imagem vale mais que mil palavras para ilustrar a astúcia do olhar delas, justamente as mil palavras que foram necessárias para construir este texto.



(GL)
Escrito por João da Paz

Trágico! (na voz do Senhor Omar)

Em “Everybody Hates My Man” (4ᵃ temporada, episódio 5), da seriado “Todo Mundo Odeia o Chris”, Julius, pai do Chris, passa a ter um terceiro emprego ao trabalhar para funerária dos Senhor Omar. Sua função: carregar cadáveres. Nestas idas e vindas ele passa a admirar mais a vida, a sorrir mais e apreciar as coisas boas. Este comportamento estranho tem explicação.

Julius conta a todos que está ao seu redor o quanto que num piscar de olhos tudo pode acabar. Cita exemplos de acidentes bizarros que vê no seu novo cotidiano: um banheiro pode cair do céu e te esmagar; a porta do ônibus pode fechar no seu pescoço e te estrangular; um lagarto venenoso pode escapar do zoológico e te pegar; você pode cair de uma ponte e se afogar; você pode cair em frente de um cortador de grama e ser cortado; você pode comer uma salada de repolho estragado, pegar uma diarréia e morrer desidratado...

Estes esdrúxulos acontecimentos têm certo tom de exagero, porém os jogadores da MLB, principal liga de beisebol do mundo, são especialistas em se machucar de modo tão estranho que é totalmente razoável achar que é obra de um roteiro hollywoodiano; mas não é. Vamos começar com uma lesão sofrida por um jogador que chegou como principal estrela num time para a temporada 2011 e se contundiu praticando outro esporte.

Zack Greinke


O vencedor do Cy Young 2009 jogando pelo Kansas City Royals chegou no Milwaukee Brewers como peça principal na rotação. Greinke, em meio a pré-temporada, resolveu aproveitar seu dia de folga praticando uma atividade extra. Na brincadeira ele fraturou a costela no lado esquerdo das costas e o diagnóstico foi grave. Começou a temporada no departamento médico, tudo porque se machucou ao pegar um rebote num jogo de basquete.

Joel Zumaya

O lazer pode causar graves lesões em momentos importantes da temporada. O risco é maior quando você está jogando Guitar Hero, violento o bastante para acabar com seu controle do PlayStation. Os bruscos movimentos com os nove botões causaram problemas para o então arremessador do Detroit Tigers. A luxação no seu antebraço por jogar muito Guitar Hero o tirou da decisão da Liga Americana de 2006; embora tenha conseguido se recuperar para atuar na World Series do mesmo ano.

Adam Eaton

Em 2001, o arremessador do San Diego Padres enfrentou um problema comum que qualquer ser humano já teve que lidar: a estratégica arte de tirar o plástico protetor das caixinhas de DVD. Eaton apenas queria assistir tranquilo os filmes “Um Maluco no Golfe” e “Cortina de Fogo”. A fúria foi crescendo por não ter sucesso em rasgar o plástico com o dedo, com a unha, com os dentes... Então ele resolveu pegar uma faca e rompeu a intransponível barreira! – mas cortou seu estômago e abriu uma ferida de um centímetro de profundidade.

Brandon Inge


O terceira base dos Tigers foi honesto ao comentar sua estranha contusão ocorrida em 2008. Um músculo dolorido o colocou no departamento médico e um simples ajuste de travesseiros lhe causou a lesão. Inge disse que estava arrumando a cama para seu filho de três anos quando de repente sentiu fortes dores e ficou paralisado por alguns instantes. Ele foi verdadeiro e explicou a real causa e não inventou (bem que podia, né?). Cabia nesta história uma briga com alguém, um mau jeito ao levantar uns pesos na academia...

Geoff Blum

Depois da partida do seu time, Houston Astros, contra os Padres em 2010, o infielder Geoff Blum foi para o vestiário e entrou na sua rotina pós-jogo. O atleta trocou de roupa e na hora de vestir sua camisa machucou o cotovelo. Blum sentiu um estalo ao esticar o braço e logo foi contar para o médico do clube. O resultado dos exames mostrou que Blum já tinha problemas nos ossos do braço e o ”ríspido” movimento que se faz ao vestir uma camisa agravou-o.

Clint Barnes

A promissora temporada de 2005 estava pronta para ser brilhante. Barnes era então um dos candidatos a novato do ano na Liga Nacional pelo Colorado Rockies. Só que no meio do caminho havia uma escada (e do lado um elevador). Cansado de esperar, Barnes resolveu subir para seu apartamento enfrentando degrau por degrau. Porém ele não estava sozinho, no seu ombro tinha um grande pedaço de carne (resultado de uma caçada). Na rota até o quarto andar ele escorregou e caiu, machucando o ombro esquerdo. A lesão tirou todas as possibilidades de uma boa campanha individual e Barnes terminou em oitavo na votação de novato do ano na LN.

John Smoltz


Em 1990 não tínhamos adentrado na era da informação, mas coisas básicas sabíamos fazer (como passar roupa com ferro elétrico somente na tábua apropriada). Bem, por qualquer que seja o motivo, Smoltz não fez o óbvio e resolveu passar ferro na sua camisa enquanto ainda estava usando-a. A queimadura ocorreu (evidente), mas o arremessado vencedor do Cy Young de 1996 não admitiu que a marca em seu corpo foi consequência do uso incorreto do letal eletrodoméstico.

Vince Coleman

O diamond, parte interna do campo de beisebol, é coberta sempre que uma partida é interrompida pela chuva. Aí aparecem pessoas do staff para pegar uma lona e, na maior velocidade possível, cobrem o infield. Na decisão da Liga Nacional de 1985, o left field Vince Coleman do Saint Louis Cardinals foi surpreendido pela tal lona no Busch Stadium e machucou uma de suas pernas. A lesão foi tão grave que ficou de fora do restante da pós-temporada, inclusive da World Series que foi vencida pelos Royals. Coleman, naquele ano, foi eleito por unanimidade o novato da temporada na LN.

Steve Sparks

Antes de iniciar sua primeira temporada na MLB, Sparks mostrava um interesse enorme em aprender as novidades tentando se preparar adequadamente para a grande estreia. Na pré-temporada de 1994, os Brewers promoveram uma palestra motivacional com o objetivo de animar o elenco e criar um desejo de conquista em cada um. Sparks ficou intrigado com algo que viu no palco (o palestrante rasgar uma lista telefônica no meio). Ele tentou fazer o mesmo em casa e algo trágico aconteceu: deslocou o ombro. Assim perdeu todo campeonato e seu primeiro jogo na liga só veio ocorrer em 1995.



(GL)
Escrito por João da Paz


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Preconceito na NFL contra os QB´s Afro-Americanos? Em que ano estamos, 1978?

A tradicional revista Pro Football Weekly, que teve sua primeira edição publicada no final da década 60, produz anualmente um respeitado guia do draft da NFL com meticulosas análises dos jogadores que estão prestes a se tornarem profissionais. No especial deste ano um perfil incitou polêmica não pelo que foi escrito, mas por um ícone do football achar que houve discriminação na avaliação de um quarterback com chances de ser a escolha número 1.

Cam Newton, QB da Universidade Auburn, campeã da temporada passada, recebeu a seguinte crítica do experiente jornalista Nolan Nawrocki, editor-sênior da PFW:

Muito cínico – tem um falso sorriso e personalidade egoísta. Sempre nota onde as câmeras estão e se mostra para elas. Tem um enorme ego que constantemente o leva a problemas, fazendo acreditar que está acima da lei – não exige respeito dos seus companheiros e tem dificuldade em liderar um elenco. Só produziu durante um ano. Faltam a ele responsabilidade, foco e confiança – não é pontual, procura o caminho fácil e dá um mau exemplo. Imaturo e teve problemas com autoridades

Seu tutor é o lendário QB Warren Moon, conhecido por ser um dos maiores jogadores da posição. Assim que soube destas palavras da PFW, ele rebateu (em entrevista à CBS):

Muitas críticas que ele [Cam Newton] vem recebendo são, infelizmente, baseadas na raça. Pensei que tínhamos superado isto. Não vejo outros quarterbacks serem criticados pela imprensa ou pelos torcedores por ter um falso sorriso. Ele está sendo avaliado num diferente padrão que os quarterbacks brancos. Pensei que tínhamos superado este assunto de quarterbacks afro-americanos, mas parece que não

Moon faz parte da equipe que está preparando Newton para o draft, porém ele não recebe nada pelo trabalho que realiza. Sua manifestação é legítima e deve ser respeitada, principalmente pela história que escreveu na NFL. Agora, eu que pensei que “...tínhamos superado este assunto de quarterbacks afro-americanos...” mas parece que não.

Quem verdadeiramente sofreu racismo foi Moon. Fez uma brilhante carreira na Universidade Washington e no ano de veterano ganhou o MVP do Rose Bowl. Ao participar dos testes pré-draft de 1978, Moon ouvia a mesma conversa da época quando buscava entrar na NCAA: “É melhor trocar de posição...” Ele não aceitou (diziam para ele mudar para tight end) e acabou não sendo escolhido por nenhum time da NFL. Então decidiu jogar na CFL, liga canadense de football, e lá ganhou cinco títulos. Ficou até 1983 e no ano seguinte entrou na NFL integrando o elenco do Houston Oilers (atual Tennessee Titans).


O tempo foi passando e a lenda criando força. Em 1989, por exemplo, acontece algo marcante: Moon é o jogador mais bem pago da liga. Ao final da sua carreira em 2000, Moon tinha o primeiro lugar nas seguintes estatísticas na história do football profissional (contando outras ligas junto com a NFL):

- Maior número de jardas no passe
- Maior número de passes para touchdown
- Maior número de passes completados
- Maior número de passes tentados

O talento estava com Moon, então por que diziam para ele mudar de posição, argumentando que não daria certo como QB? Na época, por mais triste que pareça, era comum isto acontecer. Porém a qualidade do jogo de Moon provou o contrário do que acreditavam e seu lugar no Hall da Fama é uma prova disto. A batalha vencida por ele (e por outros QB´s afro-americanos, como Randall Cunningham) fez que o caminho ficasse mais fácil e tranquilo para seus sucessores. Hoje é possível olhar para o passado e ver que dois QB´s afro-americanos foram escolhidos como número 1 no draft (Michael Vick em 2001 e JaMarcus Russell em 2007).

Newton pode ser número 1 em 2011, mas a crítica da PFW não está baseada em preconceitos ou algo do tipo. Nawrocki salientou traços da personalidade do jogador fundamentais que sejam conhecidos, para que diretores da NFL saibam melhor quem é a pessoa que poderá receber milhões de dólares com uma “simples” assinatura.

A opinião escrita, originária de uma observação ‘in loco’ e de muita investigação, é natural e deve ser lida normalmente. Newton entra no draft deste ano com um título da NCAA, mas traz consigo um passado recheado de problemas. Ele foi preso por arrombamento, apropriação indébita e ameaça a uma testemunha – isto após roubar um notebook dentro da república da Universidade da Flórida (quando ele estava por lá). No mesmo ano (2008) ele foi pego em dois incidentes nos quais tentou burlar provas ao colocar seu nome em exames de outros estudantes.

A negativa avaliação pode afetar a posição de Newton no draft. Vale lembrar que ele não é a única vítima de péssimo comportamento. Ryan Mallet (branco), QB da Universidade Arkansas, terminou a temporada da NCAA como uma promessa top. Ao descobrir os envolvimentos dele com drogas, somada com sua fútil personalidade, o status dele caiu e hoje é considerado um jogador de 3ᵃ rodada.

Nawrocki não elaborou o perfil de Newton como se fosse contra o jogador – ou uma mostra de um preconceito enrustido. O jornalista não alivia quando percebe algo de errado e algo similar aconteceu com Jimmy Clausen em 2010. Eis um trecho do que Nawrocki escreveu:


Tem um ar superior por ter estudado em colégios particulares, treinado por técnicos particulares e ser um protegido da família. É arrogante, acha que sabe tudo e não mostra traços de liderança. Imaturo, não tem uma presença desejada para ser a face de uma franquia. Não se dedica nos trabalhos físicos

O mesmo tom usado na avaliação de Newton foi utilizado na de Clausen.

O tempo de preconceito contra os QB´s afro-americanos passou, tanto quanto a “imunidade” imposta que não permite uma visão negativa ao analisar o trabalho e estilo de um QB afro-americano, como se qualquer posicionamento mais incisivo seja fruto do racismo. Moon, mais do que ninguém, é a prova da mudança desta noção, vencendo olhares tortuosos com performances em campo espetaculares; da mesma forma que um desempenho ruim e atitudes dúbias levam ao fracasso e à rejeição.



(GL)
Escrito por João da Paz


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