Baltimore Ravens e a inutilidade dos Power Rankings


Os playoffs da NFL se aproximam e os cenários de confrontos na pós-temporada estão se desenhando. Há duas rodadas do fim, é certo o time que ninguém da Conferência Americana quer enfrentar: Baltimore Ravens.

Porém os fatídicos Power Rankings, que surgiram com uma boa intenção, colocam os atuais campeões fora dos supostos 10 melhores times da NFL. Similar com o que aconteceu ano passado.

Para sair da exatidão numérica da tabela de classificação, os Power Rankings têm a função de classificar os times fora da ordem vitórias-derrotas. Isso porque nem sempre o time com mais vitórias e menos derrotas é o melhor.

Os Ravens estão com 8 vitórias e 6 derrotas e numa situação não tão confortável assim na Divisão Norte da Conferência Americana – apesar das chances de serem o primeiro lugar; está atrás do Cincinnati Bengals. Mesmo sendo um time extremamente perigoso e de qualidade, os Ravens são preteridos pelos responsáveis dos Power Rankings.

No da ESPN, Baltimore é o 12º; no da NFL, é o 14º; no da Fox, é o 11º; e no da CBS, o 12º. Times como Indianapolis Colts, Arizona Cardinals, Miami Dolphins e Cincinnati Bengals estão à frente dos Ravens.

E o Baltimore Ravens é melhor que todos esses.

Na atual temporada, os Ravens teve só uma derrota pesada, mas foi fora de casa: perdeu por 22 pontos contra o Denver Broncos na abertura do campeonato. Todas as outras 5 foram por diferença de um touchdown ou menos.

Levando em consideração as importantes vitórias do time, superando situações adversas para conseguir o resultado positivo como nos jogos contra Detroit Lions, Pittsburgh Steelers e Minnesota Vikings, os Ravens mostram que tèm plenas condições de fazer uma campanha boa nos playoffs, brigando com os Broncos e New England Patriots por uma vaga no Super Bowl.

Existem times com menos derrotas que os Ravens, mas não quer dizer que são melhores tecnicamente. Aí que deveria entrar os Power Rankings, com uma análise mais ampla e profunda dos times. Atualmente, porém, é uma réplica do que pode ser vista na tradicional tabela de classificação: os times colocados na ordem crescente de derrotas.

Nunca fiz Power Rankings para nenhuma das grandes ligas, nem aqui nem em outro lugar. Mas, para não deixar o texto incompleto, entendo que os Ravens é o quinto melhor time da NFL:

1-Seattle Seahawks
2-Denver Broncos
3-New England Patriots
4-Carolina Panthers
5-Baltimore Ravens

No campeonato passado, a ESPN colocou os Ravens como o 10º melhor time da liga no encerramento da temporada regular. Sabemos como foi o final da história, certo?

É muito difícil uma equipe ser bicampeã da NFL; última foi o New England Patriots (2004/05). Desde então, nenhum vencedor do Super Bowl voltou à decisão no ano seguinte. É improvável que os Ravens consigam repetir ao menos um desses feitos. Contudo, é um time digno de estar, no mínimo, no Top 10 da liga.

Um time que ninguém quer enfrentar, apesar de Ray Rice (RB) não ser mais o mesmo e Joe Flacco (QB) ter sofrido uma pancada no joelho no último confronto contra os Lions.

Quem quiser apostar contra fica à vontade.

Eu não.

(GL)
Escrito por João da Paz

Chegou a hora de a NFL liberar o uso da maconha?


Na última terça (10) o Uruguai se tornou o primeiro país a legalizar a produção e consumo da maconha. Essa inédita decisão reacendeu o debate sobre a descriminalização da droga e os benefícios/malefícios que ela traz. Como que reage num corpo de uma pessoa? E num corpo de um atleta?

A NFL tem diversos rótulos pejorativos e um dos mais degradantes é ser a Liga do Criminoso. Na lista das violações estão problemas com bebidas alcoólicas e envolvimentos com maconha. Jogadores pegos em flagrante dirigindo embriagados, com bebidas em automóveis, portando doses altas de cannabis... Além de ser crimes, infringem regulamento de conduta da NFL.

Mas há particularidades, principalmente em relação a maconha, que traz interessantes reflexões. Exemplo: dois estados americanos (Washington e Colorado) a maconha é legalizada (para maiores de 21 anos de idade). Dois times da NFL jogam em ambos os territórios (Seattle Seahawks e Denver Broncos). Em 20 estados americanos, o uso medicinal da maconha é permitido - em oito destes há times da NFL.

Como fica a relação pode não pode?

Evidente que há distinções. Por mais que haja essas brechas, nos Estados Unidos, como instituição federal a droga ainda é proibida. Você pode andar tranquilo nas ruas de Denver com maconha no bolso, mas se for para uma agência dos Correios, poderá ter problemas.

Logo, não necessariamente porque em x estados há algum tipo de liberação da maconha que a NFL precisa abraçar a mesma ideia. Contudo é importante entender porque os atletas de futebol americano usam a droga.

O ex-receiver Sam Hurd (Bears, Cowboys) foi destaque nas manchetes no mês passado ao dizer em entrevista que fumava maconha todo o dia enquanto membro da NFL. Teve até bons momentos nos Cowboys e não é plausível dizer que a droga o afetou de alguma maneira.

Não é um argumento para esconder o uso indiscriminado, mas muitos jogadores alegam que fazem uso da maconha como um remédio, medicamento para aliviar a dor e o estresse. Contrapondo o julgamento moral irracional, esses tem a sustentação de estudos medicinais.

A NFL não lista a maconha como substância de uso médico e sim ilegal. Embora há o problema de outras drogas legalizadas permitidas pela liga, como calmantes altamente viciantes.

A maconha vicia, como o álcool... Só que não é dada a ela o crédito devido ao bem que pode trazer.

Alguns jogadores buscam alívio na maconha, outros em mulheres, outros em bebidas. Desde que Roger Goodell assumiu o cargo de comissário da NFL até o começo da atual temporada, 107 atletas foram pegos dirigindo sob influência de álcool. Existe, para concordar com a coerência, uma campanha contra as bebidas alcoólicas?

Não.

Será por que uma das maiores empresas cervejeiras do mundo (Anheuser Busch) patrocina a liga?

Para ilustrar bem essa contradição, a organização Marijuana Policy Project colocou este outdoor ao lado do estádio Sport’s Authority Field no jogo de abertura entre o atual campeão Baltimore Ravens e o time da casa:

A provocação está na frase “uma escolha segura é legal aqui”.


(GL)
Escrito por João da Paz

A idolatria esportiva custa caro e o Los Angeles Lakers é a vítima da vez


Clubes enfrentam um dilema quando um ídolo chega ao fim da carreira e uma dúvida surge: renovar o contrato ou não? O Los Angeles Lakers (NBA) optou por estender o contrato de Kobe Bryant até 2016 por US$ 48,5 milhões. O compromisso firmado mais pelo o que ele fez do que poderá fazer, custará ao time muito mais do que o exagero de dólares compromissados.

O jogador nada tem a ver com a direção da diretoria – como ele bem disse em entrevista coletiva. Apenas aceitou o que lhe foi oferecido. O receio de ver Bryant vestindo outro uniforme fez com que os Lakers supervalorizassem o astro da NBA, pagando um valor que se justifica apenas em performances passadas.

E quando acordos são fechados baseados no passado, eis um clamoroso erro.

Não há questionamentos sobre a qualidade de Bryant e o que ela ainda pode render em suas temporadas finais no melhor basquete do mundo. O problema é pagar um preço altíssimo como esse e comprometer toda a folha salarial do elenco, não dando brechas para que nomes relevantes cheguem em Los Angeles e ajudem a equipe a ser competitiva.

Mas a idolatria fala mais alto.

Caso similar aconteceu com o New York Yankees quando renovou com Derek Jeter no final de 2010. O contrato também foi elaborado com base no passado e o mesmo medo que sondou os Lakers visitou os Yankees – imagina Jeter com a camisa dos Red Sox?

Contudo é preciso administrar um clube com a razão ao invés da paixão, encarar as movimentações financeiras e de Recursos Humanos como fazem as grandes empresas.

Da mesma forma que há exemplos ruins existem os bons.

O Green Bay Packers decidiu não se comprometer mais com Brett Favre, um dos maiores nomes da história da NFL e super identificado com a franquia e com a cidade – nomes de rua e restaurantes têm Favre na placa. Mas enxergaram a longo prazo, o deixou partir e apostou no garoto Aaron Rodgers. O resultado? Um troféu do Super Bowl para os Packers liderados por Rodgers.

Favre passeou pela NFL, chegou a jogar no rival Minnesota Vikings, porém foi só isso.

O Indianapolis Colts, também da NFL, escolheu um novato e não se apegou ao ídolo Peyton Manning. Uma ruptura difícil, porém a ideal para a franquia. Manning está em Denver e pode levar os Broncos ao Super Bowl, só que os Colts estão mais seguros (financeiramente e em campo), com um quarterback – Andrew Luck – altamente capacitado em manter a franquia na elite da liga.

Na MLB o Saint Louis Cardinals é o exemplo mais nítido da importância em não se apegar tanto a um ídolo. Albert Pujols deixou o clube em 2012, um dos maiores nomes da franquia mais vitoriosa da liga. Até que os Cardinals ofereceram um alto contrato para renovar com o jogador – US$ 210 milhões em 10 anos –, mas Pujols não aceitou (teve ainda a sua mulher dizendo que a oferta foi um “insulto). O clube escolheu não se comprometer e não aumentou a proposta. Então veio o Los Angeles Angels e colocou na mesa US$ 254 milhões em 10 anos. Pujols aceitou.

Os Cardinals aproveitaram e reformularam o elenco. Essa ação culminou na ida à World Series neste ano (perdeu para o Boston Red Sox). Já os Angels não foram aos playoffs nem em 2012 nem em 2013.

Chega a ser constrangedor como a idolatria cega os torcedores/dirigentes, que cheios de paixão não compreendem a importância do “não dá mais”. No futebol brasileiro ocorre um fenômeno parecido com esses citados, que envolve a vista grossa pela vergonha alheia.

Rogério Ceni é tido como “mito” no São Paulo. Merece todo o reconhecimento pelo o que fez; e não pelo o que faz. Pude presenciar emoções curiosas ao estar no estádio do Morumbi acompanhando a partida entre São Paulo e Portuguesa (2 a 1). Ceni cometeu duas falhas graves, uma errando o tempo de bola tentando cabecear a bola, que resvalada por pouco não entra no gol. Foi para escanteio. Se entrasse, seria um gol contra vergonhoso.

O torcedor na arquibancada respirou fundo. Nenhuma palavra foi dita. Preferiram não enxergar a realidade e “passaram a mão na cabeça do mito”.

Bryant pode ter o mesmo fim? Provavelmente. Vem de contusões que limitam seu jogo. Os Lakers deveriam usar a perspectiva e deixá-lo partir. Assim poderia reformular completamente o elenco, entrar forte no draft de 2014 (um dos melhores da última década) e construir mais um time vencedor.

Entretanto se ajoelhou ao ídolo e terá de amargar a mediocridade nos próximos 3, 4 anos.

(GL)
Escrito por João da Paz

Parceria MTV – MLB é afirmação da crise e um grand slam


A MLB enfrenta temporada após temporada problemas com público nos estádios e audiência na TV. Se por um lado chega a perder para a MLS, por outro a World Series atinge números de jogo de temporada regular da NFL. Para recuperar o terreno perdido na corrida da popularidade dos esportes americanos, focar nos jovens é uma estratégia certeira.

A liga anunciou ontem (11) uma parceria com a MTV para exibir uma série durante a temporada 2014 que mostrará os jogadores da MLB fora de campo, destacando curiosidades e paixões dos homens que formam os elencos das 30 franquias. O método usado nas exibições será entrevistas e perfis. Andrew McCutchen e David Ortiz serão os produtores executivos do programa que será gravado na MLB Fan Cave em New York. Todas as plataformas do canal (MTV, MTV2, mtvU, MTV Hits, MTV Jams e site) vão veicular spots sobre a MLB. O programa semanal, a partir de Abril do ano que vem, vai ao ar na MTV 2.

Essa iniciativa evidencia o problema que a MLB tem em falar com o público jovem. A missão do comissário Bud Selig, no cargo desde 1998, em seu último ano no serviço, é criar um bom diálogo com essa faixa etária que são consumidores em potencial num grau elevadíssimo. Falar a linguagem deles também é fundamental para criar vínculo, fidelidade.

Hoje a MLB é um liga de “velhos”, com enorme dificuldade em ter uma linguagem mais contemporânea, ficando atrás das grandes ligas americanas (NFL, NBA e NCAA) e de outras (NHL, NASCAR e MLS) no que tange à modernidade na composição do produto.

O marketing é aquele setor básico para uma transformação que a MLB precisa. Fazer trabalho em conjunto com a MTV é um passo interessante na retomada de relevância.

A MLB se sustenta no tradicionalismo. Em contrapartida, NBA e NFL agem com agressividade andando de mãos dadas com o presente e sempre visando o futuro. A NFL, com pudor ou sem, apoia uma campanha legítima como o Outubro Rosa, mas com interesses além da filantropia na lista de prioridades. Fora vender mais produtos, a ideia é fidelizar o ávido consumismo feminino com o objetivo de não perder espaço em anos vindouros.

Funciona assim: o alvo principal da campanha ocorrida no mês passado são as mulheres entre 18 e 30 anos, faixa considerada de “mães em potencial”. Se elas passam a consumir a NFL corriqueiramente (virar fã), terão menos resistência em impedir que seus filhos não joguem football (ou admirem o esporte), isso quando bombardeados pelo debate sobre a violência e concussões do jogo.

A brilhante visão da NFL tem a meta de não perder a popularidade que tem hoje, cuidado que a MLB não teve quando desfrutava do termo “passatempo dos americanos”.

De certa forma, esse rótulo ainda está estampado na MLB, mas por ser o único esporte do verão do que qualquer outra coisa. Focar nos jovens numa plataforma que tem esse nicho como target, está no planejamento ideal na movimentação de não ficar tão atrás assim no mercado dos esportes americanos.

Os puristas fundamentalistas do beisebol clamam aos quatro cantos que o esporte está bem, que não há necessidade de mudança e outras baboseiras. Mentiras e falácias. A MLB passa por dificuldades com o publico mais jovem e reconhecer isso é um passo.

O seguinte é agir, por isso fazer parceria com a MTV é uma atitude mais do que correta.

O próximo é ter qualidade, conseguir fincar raiz no impaciente, porém rentável, público jovem.

E que não apenas sejam consumidores das marcas, cores e logos da MLB pelo simples motivo “fashion”.

(GL)
Escrito por João da Paz

Miami Dolphins, as ofensas e o ofendido


O jogador da linha ofensiva do Miami Dolphins, Jonathan Martin (foto acima), abandonou o time na semana passada. A inesperada ação causou espanto, pois só um acontecimento muito grave para um atleta tomar esse tipo de atitude. A imprensa foi atrás dos porquês e uma tormenta.

Martin deixou o clube por considerar ser vítima de bullying, de assédio moral. Ele não especificou da onde partiu as ofensas, mas reportagens apontam que seu companheiro de linha ofensiva, Richie Incognito, foi o autor dos ataques verbais e intimidações.

O apurado pela mídia mostra que Incognito abusava de Martin, exigindo que pagasse viagens e jantares, fora o tratamento inadequado no ambiente de trabalho. O que explodiu agora teve um ponto culminante em Abril deste ano, quando Incognito deixou esta mensagem na caixa postal de Martin:

E aí, seu meio-negro de m---. Vi você no Twitter, que está treinando a 10 dias. [Eu quero] c--- na sua p--- de boca. [Eu vou] bater na sua p--- de boca. Vai se f---, você ainda é um novato. Eu te mato

Um assunto tão delicado como esse tomou conta do noticiário nos últimos dias, extrapolando os limites do jornalismo esportivo, fazendo com que pessoas não familiarizadas com a NFL opinassem sobre. Entre argumentações de especialistas e leigos, um ponto extremamente básico é desprezado.

Antes de acusar Incognito de animal e Martin de delicado, tem algo fundamental que se perde nas emoções: o ofendido.

Não importa o quanto o linguajar chulo e comportamento ignorante é parte da cultura da NFL, se uma pessoa se diz ofendido por algo que fizeram contra ela, é suficiente para rotular o “brincalhão” de agressor, passível de punição civil (difamação).

Isso basta para encerrar qualquer discussão – e dar a voz da razão para Martin. Jogadores da liga disseram terem passado por situações piores, mas “encararam como homens” e seguiram em frente. A ação tomada por Martin de abandonar o elenco não faz dele menos homem nem o lado fraco da história. Ele, efetivamente, agiu com coragem e não aceitou ficar num ambiente contrário ao que entende ser o correto numa equipe de football.

(GL)
Escrito por João da Paz

David Ortiz é um herói, um herói suspeito


O dominicano David Ortiz está na história do Boston Red Sox, uma das mais importantes franquias dos esportes americanos. Ele está há 11 anos no clube e participou das últimas três conquistas da World Series (2004, 07 e 13). Nessa última foi considerado o MVP, o melhor jogador das finais. Mas uma dúvida paira a conquista do jogador de 37 anos.

Essa idade é o marco final da carreira, que tem um asterisco sim, a mancha do doping.

Nos últimos anos de MLB a performance de Ortiz não declinou como de costume, pelo contrário, atingiu números de um rebatedor no auge. Ortiz admitiu em 2009 que usou esteroides, relembrando flagra em teste no ano de 2003 (junto com Alex Rodriguez, New York Yankees), mesmo ano que entrou nos Red Sox. O Minnesota Twins o dispensou por baixa produtividade e “de repente” ele melhora seus números?

Veja que é legítimo suspeitar de Alex Rodriguez, mas não de David Ortiz.

Um erro não justifica o outro, porém a negação burra é nociva. Isso ocorre para não macular uma bela história e querer que o desfecho seja uma cópia de um conto de fadas.

Boston enfrentou momentos difíceis em 2013, principalmente pelo atentado ocorrido na tradicional maratona da cidade. O slogan Boston Strong foi abraçado pelos Red Sox e Ortiz, como um dos veteranos, liderou a equipe, que deixou o último lugar da tabela em 2012 para ser a campeã neste ano.

Dizer que Ortiz merece uma análise suspeita em relação a seu desempenho na temporada encerrada é totalmente plausível. Só quem o defende dirá ser algo sem sentido e inapropriado.

Porque o final tem de ser fantasioso.

Aí apelam para o termo acredito, misturando fato com fé – coisas diferentes.

Existe provas de Ortiz ter jogado dopado na World Series 2013? Não. Existe provas de Ortiz não ter jogado dopado na World Series 2013? Não. Logo, se acreditar no jogo limpo do rebatedor é aceitável, suspeitar (devido a seu histórico e produção) é tão quanto.

Só que ninguém quer dar o braço a torcer.

Não querem saber que Lance Armstrong, o grande mito filantrópico do esporte mundial forjou suas conquistas se escondendo atrás de substâncias estimulantes/proibidas.

Não querem saber que Michael Jordan agrediu companheiros (soco mesmo) e tinha sérios problemas com apostas ilegais.

O contrário vale também.

Afinal, A-Rod é o vilão egocêntrico. Mais um jogador dos Yankees, alvo de um ódio doente.

LeBron James “largou” Cleveland e nem quem tem interesse no assunto se doeu por ele querer uma carreira melhor e mais saudável. Será execrado sempre, mesmo que fatos comprovem diferente, pois creem no vilão e não aceitam um posicionamento oposto.

Nem o vil A-Rod, nem o herói Ortiz vão entrar no Hall da Fama da MLB. O rebatedor dos Yankees também teve uma pós-temporada suspeita, em 2009, quando foi eleito o melhor jogador dos playoffs e conseguiu números nunca antes visto em sua carreira. Levantou a taça da World Series.

Ambos são dignos de suspeita, porém é raro achar uma voz sensata sobre o assunto. Quem odeia os Yankees ou os Red Sox vai atacar o jogador respectivo. E a defesa será na base da famigerada injustiça, rechaçando com veemência o rótulo de suspeito.

Negar falhas é encobrir erros.

É errar outra vez.

(GL)
Escrito por João da Paz

Do videogame à TV: como um processo judicial pode acabar com o amadorismo da NCAA


A juíza federal Claudia Wilken, do estado da Califórnia, mais uma vez deu parecer favorável ao processo liderado por Ed O'Bannon, ex-jogador de basquete da UCLA (Universidade de Califórnia, Los Angeles), contra a NCAA. A acusação era contra o uso irregular da imagem de ex-atletas feito pela associação de esportes universitários amadores, pela empresa de videogame EA Sports e pela Collegiate Licensing Co., maior firma dos Estados Unidos que cuida de marcas registradas e licenças.

Wilken votou na última sexta (25) contra o cancelamento desse processo, pedido feito pela NCAA. Vitória que fortalece a ação e pode levar ao fim do amadorismo nos esportes americanos universitários, pois os litigantes ganhariam o direito sobre suas respectivas imagens, usadas não somente em videogames ou camisas oficiais das universidades, mas parte do grande bolo de grana que são os acordos da NCAA com as emissoras americanas.

O’Bannon protocolou o processo em 2009. Junto com outros ex-atletas universitários, tinha como meta primordial batalhar por parte do dinheiro arrecadado com o jogo da EA Sports (NCAA Football). No joguinho em questão os jogadores não são marcados pelo nome, apenas pelo número. Mas a altura, peso e características físicas são semelhantes ao respectivo atleta.

A base da ação é um documento que os atletas universitários da Divisão I precisam assinar para que possam atuar nos campeonatos. Com a assinatura “obrigatória” eles passam os direitos de imagem exclusivos e perpetuamente para a NCAA. Lá diz: “Você autoriza a NCAA (...) usar seu nome ou imagem para promover campeonatos da NCAA, outros eventos, atividades ou programas”.

O processo engatinhava na justiça americana e precisava de ingredientes para alcançar posições mais avançadas. A primeira delas aconteceu quando os contratos televisivos entraram na jogada, na intenção de atrair jogadores em atividade para o processo.

Deu certo.

Em Janeiro deste ano a mesma juíza Wilken negou moção da NCAA para retirar desse processo o adendo de direitos de transmissão dos jogos ao vivo. Vitória importante para os acusadores, pois conseguiram o que queriam.

Em Julho seis jogadores em atividade se juntaram ao processo: Jake Fischer e Jake Smith (Arizona), Chase Garnham (Vanderbilt), Darius Robinson (Clemson), Moses Alipate e Victor Keise (Minnesota).

Aí salgou.

Prevendo o pior, as conferências SEC (Southeastern), Big Ten e Pacific-12 romperam com a EA Sports. O movimento foi causado pelo receio de que o envolvimento com a empresa poderia dificultar ainda mais o processo de defesa delas.

Por perder metade das principais conferências e ficar sem apoio forte, a EA Sports anunciou em Setembro que não produziria o joguinho NCAA Football ’14, uma decisão inédita. No mesmo dia a empresa de videogames, junto com a Collegiate Licensing Co., entraram em acordo com os atletas e ex-atletas do processo. Os termos do acerto não foram divulgados, porém a certeza a partir de então era que o firmado na corte federal da cidade de Oakland, Califórnia, deixaria a NCAA sozinha na batalha.

Isso levou a associação a NCAA pedir à juíza Wilken que rejeitasse o processo por completo, usando três argumentos em sua defesa. Sem entrar em mais detalhes jurídicos, Wilken simplesmente indeferiu categoricamente todos eles – saiba aqui (em inglês) quais os posicionamentos da juíza. A premissa dela é que a NCAA usa os direitos de imagens dos atletas para fins comerciais (lucro).

O cenário é incerto após a decisão de Wilken tomada nesta sexta. A tendência é que os acusadores ganham mais força no campo judicial, contudo é indefinido o que acontecerá de fato com todos os jogadores de todos os esportes da NCAA.

Como o dinheiro seria dividido? De forma igualitária ou proporcional? Se for igualitária, como mensurar o que todos os atletas devem receber? Quem joga boliche vai receber o mesmo que um quarterback de uma grande universidade? Se for proporcional, é justo um atleta ‘amador’ receber mais que o outro? E quando eles vão receber o dinheiro, durante a carreira universitária ou depois?

Essas são somente algumas perguntas, todas sem respostas claras. De certo é possível notar o enfraquecimento da NCAA, principalmente por ter uma juíza que em duas decisões favoreceu o lado dos acusadores.

A provável derrota naturalmente levaria a um acordo, decisão sábia feita pela EA Sports e a Collegiate Licensing Co.. E seja agora ou depois, um resultado negativo fará com que a NCAA perca bilhões de dólares. Ela está na zona chamada de “no win situation”.

Porém a NCAA acredita estar certa em sua defesa. E mesmo com o letal desgaste, indica que vai lutar nos tribunais até que o processo chegue à Suprema Corte dos Estados Unidos, instância maior da justiça americana.

Terá de torcer para não encontrar uma Wilken por lá.

(GL)
Escrito por João da Paz

O lado sombrio da campanha Outubro Rosa da NFL


O mês de Outubro chega e com ele vem um “inocente” lacinho rosa, singelo símbolo da conscientização no combate ao câncer de mama. Na onda aparecem diversos objetos, total ou parcialmente pintados de rosa, para dar a entender que tal produto/marca aderiu a campanha.

Desde 2009 a NFL abraçou a causa feminina e conseguiu fazer com que homens quebrassem um milenar tabu, usar a cor rosa sem frescura. O grandes ligas acompanha de perto toda essa história, nos textos Rosa Básico (2009) e Outubro Rosa na NFL (2011). A cada ano dessa campanha, que toma todo o mês de Outubro, a NFL se torna mais agressiva no marketing e - ao menos pra mim - ultrapassou o nível do bom senso na atual temporada e faz pensar na questão: Por que a NFL é tão dedicada ao câncer de mama? E o câncer de próstata?

Não foi a NFL quem criou o tal Outubro Rosa. A cineasta canadense Lea Pool, em seu documentário Pink Ribbons Inc. (2011), explica como o lacinho rosa surgiu. Na verdade a cor original era salmão, mas a criadora do acessório não quis vender a ideia para a poderosa marca de perfumes Estee Lauder, que queria usá-lo em campanhas publicitárias. Contudo a Estee Lauder analisou que não precisaria de autorização se apenas mudasse a cor do lacinho.

Sabemos o que veio depois...

Daí surgiram os mais variados produtos com o lacinho rosa. Empresas mais ousadas pintaram suas peças com a cor dita feminina. Do mercado ao shopping center, tudo rodeado de rosa.

A NFL enxergou uma estratégia de marketing genial para ela, pois conseguiria lucro num negócio maquiado.

O que a NFL decidiu pôr em prática em 2009 é o chamado marketing relacionado com uma causa. É basicamente vender produtos e "reverter todo o dinheiro” para uma instituição de caridade, por exemplo.

Logo, o que começou com um detalhe rosa em chuteiras, luvas e bonés dos jogadores da NFL virou uma “marca”. É possível encontrar os mais diversos produtos com o lacinho rosa, tanto que a liga criou um site só para vendê-los.

O fundo criado, rotulado de Crucial Catch, abrange o dinheiro arrecadado com a comercialização de produtos rosa e com o leilão de peças usadas por jogadores dentro de campo. Entre 2009 e 2012, a NFL arrecadou US$ 4.5 milhões com a campanha – US$ 1.5 mi somente em 2012. Para efeito comparativo, o rendimento da NFL como um todo em 2012 foi de US$ 8 bilhões.

A American Cancer Society (ACS) recebe apenas 5% do que a Crucial Catch acumula. Pegando os produtos comercializados na loja da NFL, imaginando uma margem comum de 100% de lucro no ponto de venda, a NFL fica com 90% do lucro.

Excluindo os gastos administrativos, a ACS aplica apenas 70,8% do que recebe em pesquisas relacionadas ao combate do câncer de mama.

Assim, se você compra um produto rosa na loja da NFL ao valor de US$ 100, US$ 3.54 vai para programas que trabalha na conscientização do câncer de mama; e US$ 45 fica no bolso da NFL.

É grande a comoção criada ao redor da campanha Crucial Catch e assim NFL atinge em cheio o público feminino. Como mostrado aqui no texto Marie Claire e as mulheres na NFL, esse é um público que a liga almeja inserir ativamente dentro do seu catálogo de consumidores.

O câncer de mama é um assunto muito sério e deve ser tratado com todo o respeito que merece. Mas e o câncer de próstata? Não deve também ser tratado com todo o respeito que merece. Entretanto um recebe mais atenção que o outro. O investimento do governo americano no tratamento do câncer de mama no ano fiscal de 2010 foi de US$ 891 milhões; o câncer de próstata recebeu US$ 399 milhões.

De acordo com levantamento feito pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, entre 2006 e 2010, a cada 100 mulheres 22.6 morreram em decorrência do câncer de mama; no mesmo período, a cada 100 homens, 23 morreram em decorrência do câncer de próstata.

Os casos letais são iguais, porém há desigualdades quando o assunto é dinheiro e campanha.

Seria a NFL obrigada a criar o mês de prevenção do câncer de próstata? Talvez sim – ou não. Contudo é despejado esse marketing feroz na causa do câncer de mama e a doença que ataca fatalmente os homens – maioria na liga – não merece um cuidado similar?

É que na mistura de cores feita pela NFL, rosa com a cor preta do constrangimento resulta no verde impresso nos dólares americanos.

Que tal um lacinho preto, simbolo do efeito da misteriosa força passiva feminina?

(GL)
Escrito por João da Paz

Vem aí The London Royalty, o time da NFL na Inglaterra


Cheerleaders do Jacksonville Jaguars fazem a sua parte e um calendário de lingerie não causa mal algum na tentativa de angariar fãs em Londres.

As negociações estão bem encaminhadas. É questão de tempo a NFL oficializar sua expansão europeia.

Enquanto isso vamos pensando em apelidos legais para o time britânico de futebol americano.

Porque não há nada contrário que se possa fazer. A cada ano a NFL amadurece o interesse em fincar raiz na Europa. Neste próximo domingo (29) o Minnesota Vikings jogará contra o Pittsburgh Steelers no estádio Wembley, primeiro dos dois jogos em território londrino da temporada 2013. Um avanço logístico e estratégico para que os mínimos detalhes sejam acertados.

Há cinco anos o grandes ligas acompanha de perto essa movimentação da NFL – com dois textos nesse período, em 2009 e 2011. O principal fator está escolhido: o time que mudará dos Estados Unidos.

Os Jaguars chamarão Londres de casa. Outras quatro franquias estão na corda bamba e correm perigo de deslocação, Raiders, Charges, Rams e Panthers. As três primeiras são as preferidas da cidade de Los Angeles; e os Panthers estão no purgatório. Nos bastidores da NFL é certo que uma franquia em Londres acontecerá antes de uma franquia em Los Angeles.

O novo dono dos Jaguars, Shahid Khan (nacionalidade paquistanês-americana), adquiriu a franquia em 2011 com planos de transformá-la; também é dono do Fulham, time da Premier League. Investiu muito dinheiro no incentivo aos fãs, na estrutura do clube e na comunidade. Mas aceitou o desafio de internacionalizar os Jaguars e a partir do próximo ano dois jogos da equipe serão em Londres – neste ano o duelo será contra os 49ers no dia 27 de Outubro.

Os jogos da NFL em Londres começaram em 2007 com o objetivo de analisar as condições de ter um time na cidade inglesa. A cada ano ajustes são feitos. Com a aprovação da logística, o passo agora é montar uma base de fãs lá e esses dois jogos por temporada dos Jaguars tem esse objetivo.

Os tópicos a seguir ajudam a entender melhor essa transição:

- Não haverá problemas com a emissão de passaportes a nenhum membro de todas as 32 franquias da NFL. Estados Unidos e Inglaterra estão testando sistemas de emissão do documento necessário usado em viagens internacionais. Leis trabalhistas também não serão empecilhos.

- Times como Buffalo Bills (extremo nordeste dos EUA) e San Francisco 49ers (extremo sudoeste) já fazem longas viagens durante a temporada. De New York para Londres são 6 horas de voo; Bills e 49ers têm viagens corriqueiras de 5 horas. Sem contar as distâncias percorridas pelos times que vão jogar contra eles.

- A franquia londrina terá um Centro de Treinamento nos Estados Unidos, modo de facilitar quando o time for jogar fora de casa. Servirá como uma das sedes administrativas do clube.

- Alguns jogadores disseram preferir a aposentadoria do que jogar em Londres. Eles têm esse direito e podem usar. Eli Manning em 2004 disse que não queria jogar pelo San Diego Chargers, por exemplo.

- Jacksonville é uma cidade que não comporta uma franquia da NFL. No estado da Flórida é o terceiro time mais relevante, atrás do Tampa Bay Buccaneers e Miami Dolphins. Lá, apesar do esforço de Khan, não há uma infraestrutura ideal da cidade nem apoio das grandes corporações. Sem contar a falta de grana, de público e deficitário estádio. Comparar com Londres nesses aspectos é uma covardia.

- Lembrando: uma das grandes marcas do mercado automobilístico inglês, Jaguar, pode patrocinar o time.

Eis aqui dois “probleminhas” chatos de resolver:

- A mídia inglesa não mostra tanto entusiasmo com a NFL, nem quando jogos acontecem lá. Jornais britânicos mencionam a liga em minúsculas notas.

- O horário das partidas é um desafio, porém a administração de Wembley e a FA (Football Association, órgão maior do futebol na Inglaterra) mostram disposição em trabalhar um calendário satisfatório para os campeonatos locais de futebol e a NFL. Outro detalhe sobre horário de jogos é uma lei de Londres aplicada à eventos esportivos com mais de três horas de duração. Nesse caso as partidas começariam, no máximo, no final da tarde do horário americano, impossibilitando de Londres ser sede de um Sunday ou Monday Night Football.

O novo acordo com as televisões americanas, a ser firmado em 2020, será o ponto inicial da franquia em Londres, justamente quando essas questões de horários de jogos serão definidas. A NFL, contudo, está pronta para anunciar os Jaguars em Londres daqui a cinco anos. Assim oficializaria a transição e a renovação com as TVs simbolizaria o selo formal da transferência.

London Jaguars será o nome da franquia da NFL na Inglaterra – isso se a diretoria da empresa Jaguar for um pouco inteligente. Mas você pode brincar de inventar um apelido legal. Já ouvi por aí London Powers, London Slayers, London Empire, London Spitfire...

Eu dei meu palpite – você leu aqui primeiro (rs).

The London Royalty.

(GL)
Escrito por João da Paz

A escolha entre se escorar no passado, viver o presente ou se iludir com o futuro


O merecimento é uma das duras leis da vida.

A chave é aprender a lidar com essa realidade.

Você só colhe o que planta; já ouviu essa, certo?

Por isso, e por tantas outras coisas, que não era para causar espanto a troca que o Cleveland Browns fez com o Indianapolis Colts, cedendo o RB Trent Richardson por uma escolha de draft da primeira rodada de 2014. Traduzindo: os Browns estão abaixo da mediocridade porque merecem e faz um brilhante esforço para permanecer na futilidade; e os Colts são essa brilhante franquia porque não se escora no passado e nem se ilude com o futuro, quer vencer hoje.

As grandes ligas têm muitos exemplos de clubes inúteis e inoperantes. O destino desses deveriam ser a extinção e cada uma delas (NFL, NBA, MLB) necessitam urgente de uma contração. Reduzir franquias é a solução para aumentar a competitividade, aprimorar a experiência dos jogos e evitar um vexame como esse feito pela diretoria dos Browns.

O que os Browns fizeram foi liberar a troco de nada o terceiro jogador do draft de 2012, um dos melhores runningbacks da NCAA quando atuava pela poderosa Universidade de Alabama. Richardson terá a chance de atuar ao lado de um dos quarterbacks mais promissores da NFL: Andrew Luck. Os Colts agora têm no elenco a escolha número 1 e número 3 do draft de 2012.

Nada mais, nada menos.

Os Browns estão jogando mais uma temporada no lixo, tirando uma onda dos torcedores. Simplesmente se livraram do melhor jogador da equipe. Como um político formado na escola de Paulo Maluf, o CEO da franquia, Joe Banner, vendeu aos torcedores a promessa de um amanhã mais competitivo.

Nada mais vazio.

A cidade mereceu perder o time em outrora – surgiu os Ravens na cidade de Baltimore em 1996. Talvez não é para tanto, mas a diretoria deve ser punida por tratar este bem tão valioso, uma franquia da NFL, com tanto desdém. É um caso similar ao que acontece com os Raiders em Oakland, outra franquia que se escora no passado e deveria, no mínimo, mudar de donos e mudar para Los Angeles.

Além dos Raiders e dos Browns, Bills, Jaguars são os clubes que fariam um favor imenso se sumissem – ou abrissem espaço para pessoas mais competentes na direção.

Assim como os Colts, Patriots, Seahawks, Falcons, Packers, Steelers, Ravens e Giants são exemplos da boa administração de uma organização da NFL. Fazem parte da elite não por acaso. Isso pelo uso da razão, pelo planejamento vencedor.

Nas outras grandes ligas também é nítido visualizar quem é quem.

O Miami Heat (NBA) é praticante desse pensamento vencedor. Enquanto haters choram e rangem os dentes no mais brilhante ato de recalque, o time chegou em três Finais seguidas, ganhando as duas últimas. Juntou forças para ir ao topo. E conseguiu.

O Houston Rockets serve, em minúscula escala, como comparativo ao Heat. Fez de tudo para adquirir Dwight Howard e mesmo que a liga não seja mais focada nos pivôs, ao menos é uma ação digna de competidor.

Boston Celtics, Brooklyn Nets, Los Angeles Lakers, Dallas Mavericks, Orlando Magic, Golden State Warriors são alguns exemplos recentes de amantes do presente vitorioso.

Enquanto isso Milwaukee Bucks, Toronto Raptors, Washington Wizards e Charlotte Bobcats são franquias perdidas e fariam parte do grupo de contração. Detroit Pistons, Philadelphia 76ers e New Orleans Pelicans estão se aproximando do caminho da perdição.

O Los Angeles Dodgers é o exemplo mais claro na MLB de uma franquia que almeja a glória. Mudou a direção e tomou como modelo a gestão vencedora do New York Yankees. Gastaram muita grana (a folha salarial/ano no início do campeonato 2013 era US$ 214 milhões), compraram jogadores do mais alto nível e apostou em jovens talentos – o extraordinário cubano Yasiel Puig está aí como prova disso. Conquistou neste ano o título da Divisão Oeste da Liga Nacional. O último título de divisão foi em 2009.

Na MLB o caso de contração é mais grave. Miami Marlins e Houston Astros são franquias de segunda divisão. Seattle Mariners e San Diego Padres não fazem o mínimo de esforço para construir uma equipe competitiva. Tampa Bay Rays até apresenta um time ou outro com talento, mas a diretoria é fraca e administra a franquia pessimamente. Sem contar o apoio zero da cidade/região. New York Mets e Toronto Blue Jays até tentam, utilizam uma lábia forte para vender o tal futuro promissor. Todavia o produto não corresponde as expectativas.

No meio de tanto sucesso e ilusão, uma imagem representa bem como um clube não tem ideia do que está fazendo. Os Browns pegaram mais uma escolha do draft em 2014 para quem sabe escolher um QB franchise player. Mas essa é uma velha história, de que amanhã vai aparecer o QB da redenção. Detalhe é que os Browns é um time sem nome e as camisas deveriam vir assim para diminuir a vergonha. Ou o torcedor tem de fazer uma pequena gambiarra para adaptar sua camisa para ter em suas costas o nome do atual QB titular (entre 1999 e 2013).



(GL)
Escrito por João da Paz


PS: Como curiosidade eis o tempo de serviço dos atuais QBs titulares de algumas franquias. Não é coincidência que estão entre as mais bem sucedidas da liga

Atlanta Falcons: Matt Ryan (desde 2008)
Baltimore Ravens: Joe Flacco (desde 2008)
Dallas Cowboys: Tony Romo (desde 2006)
New England Patriots: Tom Brady (desde 2001)
New Orleans Saints: Drew Bress (desde 2006)
New York Giants: Eli Manning (desde 2004)
Pittsburgh Steelers: Ben Roethlisberger (desde 2004)

Marie Claire e a NFL para mulheres


Na busca anual por publicações sobre guias da NFL, que acontece todo mês de Setembro, uma revista me chamou a atenção, formando um combo bem eclético: Sports Illustraded (revista esportiva), GQ (revista masculina) e Marie Claire (revista feminina). Sim, a Marie Claire (MC) é quem causou surpresa, pois se espera que as duas primeiras tragam algo sobre a NFL no mês de estreia da temporada.

A inserção da NFL na Marie Claire é a constatação de um novo mercado que a maior liga esportiva do mundo foca há quatro anos. Mas agora em 2013 a ação propagandista atingiu um patamar elevadíssimo, ganhando a colaboração do corpo editorial da MC.

Em meio ao calhamaço de 460 páginas (246 só de propagandas), a maior edição em toda a história da Marie Claire americana, está um encarte de 16 páginas exclusivas sobre a NFL, todo ele escrito pela redação da revista, em parceria com uma campanha de marketing agressiva da NFL.

É bem interessante e curioso esse material produzido pela MC. Na capa do especial, por exemplo, está a Minka Kelly, atriz reconhecida pelo seu trabalho na série Friday Night Lights. Ela fazia o papel de cheerleader de uma escola de ensino médio do estado do Texas, um dos locais nos Estados Unidos mais apaixonados por football. Dentro do encarte há matérias desde as funções de um jogador em campo até as músicas ideais de se ouvir na preparação para uma partida; passando pelas dicas de como montar um time forte nas ligas de fantasia.

Entretanto uma revista de moda sem conselhos fashion não faz jus ao rótulo. Sendo assim esse especial da MC valoriza as novas roupas temáticas da NFL desenhadas exclusivamente para as mulheres – todos produtos licenciados, diga-se. Com a campanha “Together We Make Football” a NFL avança sensivelmente nesse mercado de alto potencial: a “outra” metade da população americana.

A relação homem-futebol americano é predominante, porém a NFL é uma liga que vê além. Essa história de investir pesado no público feminino começou em 2010, a última vez, por exemplo, que a NFL apareceu na Marie Claire (um anúncio de míseras duas páginas). Era um experimento das grandes coisas que estavam por vir, planejadas por mulheres que ocupavam o alto escalão (diretoria) da liga. Tudo girava em torno de fazer mais para vestimentas direcionadas às moças e não apenas diminuir peças masculinas e pintá-las de rosa.

O progresso é nítido. Basta olhar os anúncios da atual campanha (veja após o final do texto). São trajes para as mulheres usarem no cotidiano, seja no trabalho, academia, escola, dentro de casa... É cuidar do gênero que aprecia um esporte clássico: fazer compras.

E onde as mulheres veem “ás últimas da moda”? Revistas de moda feminina, duh!

Por isso que não é apenas na Marie Claire que a NFL aparece neste mês. Vogue (com direito a um evento-festa exclusivo), Cosmopolitan e Us Weekly também são alvos da campanha, mas em menor escala.

Daí pensar que em 2009, no São Paulo Fashion Week, o brasileiro Alexandre Herchcovitch conceitou o futebol americano em seu desfile, ineditismo indicador do que estaria por vir - como o grandes ligas registrou no especial "Tá na moda!" (com fotos).

Confira os looks (se liga no swing – rs) da campanha, porém observe estes números:

- Mais de 50% das americanas dizem assistir jogos da temporada regular da NFL (Sports Business Daily)

- A porcentagem de mulheres que assistiram o Super Bowl em 2012 foi de 46% (em 2002 foi 14%)

- Cerca de 310 mil mulheres compareceram, média por semana, nos estádios da NFL em 2012






(GL)
Escrito por João da Paz

O Leviatã socialista que é a rica NFL


A maior liga esportiva do mundo entra em mais uma temporada com a perspectiva de crescer mais e mais. Não existe campeonato que se iguale a NFL; ela chegou ao topo e permanece lá com um comando forte, mistura de autoritarismo absolutista com um tchan de caridade socialista. Fórmula que lhe rende uma grana exorbitante, livre de qualquer interferência.

O rendimento da NFL em 2012 rondou a casa dos US$ 9 bilhões – para 2013 a projeção é que ultrapasse os 10 bi. Somatória de acordos televisivos de grande lucro, patrocinadores com cotas altíssimas e a paixão do torcedor que consome loucamente produtos licenciados dos franqueados. O escudo da liga é tão poderoso que manchá-lo custa, sendo melhor acalmar os ânimos exaltados ao invés de defender cegamente um ponto de vista. Assim foi feito para encerrar o processo de ex-jogadores contra a liga e o suposto descaso dela contra as lesões na cabeça dos atletas (concussões).

Um cala boca de US$ 765 milhões resolveu o imbróglio.

A NFL fechou acordo na semana passada junto aos que a processaram. Ela usou a carta poderosa do Estado controlador, aquele que indica quem manda e quem obedece. Uma posição tomada sem perspectiva que alguém, ou alguma coisa, pudesse enfrentar de frente. Era aceitar, acatar e seguir.

Numa estratégia minuciosamente elaborada, a NFL aproveitou a comoção do assunto concussões, em momentos presentes e passados, e reverteu a seu favor um provável linchamento pública, que seria suficiente para estragar os negócios.

Então um “troco de bar” foi posto na mesa de negociações e o conselho do juiz foi para que os advogados da acusação abraçassem a proposta, pois o caso poderia ser indeferido.


O tempo foi ideal para a NFL, encerrando esse problema antes do começo da temporada 2013-14, eliminando o assunto da pauta diária da mídia. Os jogadores que sofrem problemas sérios devido concussões adquiridas por anos jogando por clubes da NFL, terão um dinheiro mais do que bem vindo para aplicarem em seus tratamentos. Esse último detalhe, aliás, foi o definidor principal do fim desse caso.

Entra em cena o aspecto emocional. Jogadores com lesões neurológicas estão sofrendo (e muito). Gastos com tratamento médico, desgaste psicológico... A acusação chegou a pedir, na conversa de mediação, US$ 2 bilhões para a NFL, valor que a liga não estava disposta a pagar. Os 765 mi foram apresentados no estilo pegar ou largar. Largar e lutar por mais deixaria os que agora precisam de dinheiro padecendo com mais pesar.

Quem tem Alzheimer, encefalopatia crônica, mal de Parkinson e outras patologias relacionadas receberão assistência imediata. Todos os ex-jogadores da NFL que apresentarem essas doenças podem entrar no novo plano, e não somente os que protocolaram o processo (mais de 4.500 ex-jogadores). As famílias dos jogadores também serão assistidas – incluindo casos de suicídio.

O ponto positivo para a acusação é que essa medida vai vigorar dentro dos próximos 60 anos. Além do fato do depósito imediato para os ex-atletas doentes, visto que a imensa maioria deles está falida. A parte negativa é que a NFL não teve de fazer admissão alguma sobre transgressão ou infração no cuidado com as constantes lesões cerebrais que jogadores da liga sofrem a cada jogo; nem foi obrigada a tornar público documentos sobre como trata as concussões.

A força da NFL mais uma vez sobressaiu. E a partilha não é só praticada na fartura, fatiando entre as 32 franquias os contratos assinados com as emissoras televisivas. A conta desse processo será paga, em parte pelos membros da liga. Cada franquia desembolsará cerca de US$ 1,2 milhões nos próximos 20 anos para quitar o acordo. Agora pense: se em 2013 o rendimento da NFL é estimado em US$ 10 bilhões, imagina em 2023, 2033...

Uma merreca – como nós brasileiros falamos. Ou dinheiro de amendoim – como dizem os americanos. Em seu relatório anual sobre as franquias da NFL, a revista Forbes calculou que o valor médio de cada clube da liga, ganhando com folga das “concorrentes”:

Valor de cada clube (média)
- NFL: US$ 1.17 bilhões (32 times)
- Futebol: US$ 968 milhões (agrupando os 20 times mais valiosos do mundo)
- MLB: 744 mi (30 times)
- NBA: 509 mi (30 times)

O Estado da NFL é de privilégio, não de direitos. Uma frase mequetrefe, mas que soa como uma espécie de mantra para o comissário da liga, Roger Goodell. Ele gere essa gigante com um pensamento bem progressista, com raízes no lucro e retidão pela imagem. O comunismo é palavrão, porém não é interessante que o Dallas Cowboys fique no topo das franquias mais valiosas e o Oakland Raiders, mesmo que com méritos, zelo e vigor, seja a franquia de menor valor. Para que a NFL goze da supremacia, o ideal é ter todas as franquias bem, de preferência num rodízio, com oportunidades para todas competirem e conquistarem vitórias/títulos.

Uma pitada inofensiva de socialismo é jogada no caldeirão.

Quem fica de fora da farra é o governo americano. O Leviatã NFL é tão monstro, uma carta magic tão top, que seu registro no cartório é de uma organização sem fins lucrativos, ou seja: sem impostos para o bolso do Tio Sam.


(GL)
Escrito por João da Paz

Aquele do ex-jogador que vira comentarista


A temporada 2012 da NFL consagrou um dos melhores defensores da história da liga, Ray Lewis, com o troféu do Super Bowl conquistado pelo seu time, o Baltimore Ravens. Na verdade ex-time, pois Lewis se aposentou depois da grande decisão. Mas ele está de volta aos holofotes, agora trabalhando como comentarista da ESPN.

Lewis passa a ser mais um ex-jogador que encara as câmeras de TV para falar sobre futebol americano aos domingos (e segundas). A emissora se antecipou às concorrentes para contar com um cara que tem uma visão bem peculiar do futebol americano – e firmou compromisso de ser original em suas participações.

Na semana inicial do campeonato 2013, Lewis fará sua estreia no pré-jogo da ESPN chamado de Sunday NFL Countdown. Sua participação efetiva será no Monday NFL Countdown, que antecipa o especial jogo de segunda feira à noite. Ele aparecerá outras 7 vezes aos domingos durante a temporada.

Apesar de jogar três anos pela Universidade de Miami, Lewis completou sua graduação em Artes e Ciências na Universidade de Maryland no ano de 2004. Sem preparo para a Comunicação, a ESPN desde o mês de Junho faz um treinamento específico com ele (técnicas de fala, respiração e postura). Como Lewis é uma pessoa extrovertida, a transição campo-TV não deve trazer problemas para ambas as partes.

Todas as emissoras que transmitem a NFL para os Estados Unidos apostam em ex-jogadores que viram comentaristas, tanto para serem figuras no estúdio ou estádio. A ideia é que apresentem a visão do campo, que possam traduzir elementos característico do esporte para o telespectador médio. O grande questionamento é que cada vez mais os torcedores estão dando menos importâncias a isso.

CBS, FOX, NBC, NFL Network e ESPN têm espaço em suas respectivas programações para o pré-jogo, apresentado no domingo à tarde antes das partidas – que iniciam às 13hs, horário de Washington, DC. Cada uma delas dedica esse tempo para apresentar as partidas da rodada, mostrar perfis de personagens da liga e debater os principais temas em evidência. Porém o que mais se ouve são clichês e frases feitas.

O time com a melhor defesa vai vencer...”. “Esses são dois times bem preparados fisicamente...”. Frases desse naipe são proferidas pelos tais ex-jogadores. Estão lá para dizer obviedades ou compartilhar uma visão efetivamente qualitativa? Como a primeira opção é a comum, os telespectadores estão fugindo desses shows. A queda de audiência entre 2012 e 2011 beirou os 20%.

As emissoras inserem os ex-jogadores tendo por objetivo criar uma forte linha de comentarista e atrair fãs. Além disso há a competição entre elas, por isso se a ESPN não assinasse prontamente com Lewis, outra faria.

Não obstante, a ausência de jornalistas nas mesas pré-jogo e estádios é a regra. Então são os ex-jogadores responsáveis por transmitir ao telespectador comentários sobre a NFL.

ESPN (Sunday NFL Countdown)
Estúdio: Tom Jackson, Keyshaw Johnson, Cris Carter, Mike Ditka

Jackson é o veterano da turma (desde 1987) – o programa estreou em 1985. Jackson foi um dos personagens centrais de uma das maiores polêmicas da história da TV americana, quando em 2003 o então comentarista Rush Limbaugh, popular nome do rádio yankee, creditou o sucesso do quarterback Donovan McNabb ao “...desejo da mídia de ter um quarterback negro bem sucedido na NFL” – saiba mais lendo “Dossiê Rush Limbaug e o Saint Louis Rams”.

O quarteto é um dos mais criticados pelos clichês ditos costumeiramente, principalmente Ditka e Jackson. Mas a produção do programa salva a lavoura e bons quadros vão ao ar. O pré-jogo da ESPN tem 7 prêmios Sports Emmy por melhor programa semanal.

NFL NETWORK (NFL Game Day)
Estúdio: Kurt Warner, Warren Sapp, Michael Irvin, Marshall Faulk
Estádio: Mike Mayock

A emissora da NFL confia em nomes mais contemporâneos, tirando Irvin, que saiu da ESPN. De todos, Warner é o mais classudo, quem mais comenta com serenidade. Os outros sofrem de uma síndrome que persegue a classe: defender os jogadores não interessando a circustância. A proteção chega a ser embaraçosa em alguns casos.

Mayock comenta as partidas de quinta-feira. Ele tem respeito dos torcedores pelo amplo conhecimento do football universitário, que o ajuda na cobertura do draft da NFL.

NBC (Football Night in America)
Estúdio: Rodney Harrison, Tony Dungy
Estádio: Cris Collinsworth

A NBC começou seu pré-jogo em 1975. Parou em 1997 quando perdeu os direitos de transmissão da NFL. Em 2006, com a retomada das transmissões – jogos de domingo à noite – foi criado o FNA.

Harrison está no programa desde 2006 e em 2009 tentou romper com o corporativismo e criticou seu ex-companheiro de New England Patriots, Tom Brady. Harrison pediu para o QB “tirar a saia”. Logo ele veio a público esclarecer que foi uma brincadeira...

Collinsworth assumiu o posto de comentarista de estádio em 2009, assumindo o posto deixado pelo lendário, mas também amante dos clichês, John Madden. Collinsworth assumiu uma grande responsabilidade, porém tem correspondido muito bem e é considerado o melhor comentarista televisivo de estádio.

O braço esportivo da NBC, NBCSports, vai lançar em 2014 um pré-jogo para concorrer com a ESPN.

FOX (FOX NFL Sunday)
Estúdio: Terry Bradshaw, Michael Strahan, Howie Long
Estádio: Troy Aikman, Daryl Johnson, John Lynch, Ronde Barder, Heath Evans e Tim Ryan

Bradshaw e Long estão no programa desde o início, em 1994. Bradshaw é o mais lúdico dos comentaristas, aproveitando sua vasta experiência e sucesso dentro de campo: 4 títulos de Super Bowl e 2 troféus de MVP de Super Bowl, tudo com o Pittsburgh Steelers. Dos que comentam em estádios, Aikman é quem mais se destaca, sempre presente nas partidas da importante NFC Leste.

A FOX é uma emissora jovem e abraça esse rótulo em sua programação e linguagem. Trouxe Strahan e criou uma sitcom para ele. Tentativa fracassada; a série foi cancelada após 13 episódios.

FOX NFL Sunday venceu quatro Sports Emmy e foi o primeiro pré-jogo com uma hora de duração.

CBS (The NFL Today)
Estúdio: Shannon Sharpe, Dan Marino, Boomer Esiason e Bill Cowher
Estádio: Phil Simms, Dan Fouts, Rich Gannon, Solomon Wilcots, Steve Tasker e Steve Buerlein

A CBS é a pioneira nessa história de pré-jogo com o Pro Football Kickoff, programa que foi ao ar em 1961 com 15 minutos de duração. O apresentador era o ex-jogador Johnny Lujack (quarterback do Chicago Bears) – Lujack saiu da CBS um ano depois, quando a Ford fechou uma cota de patrocínio com a emissora e pediu a saída dele por ter concessionária da Chevrolet...

Frank Gifford (ex-receiver do New York Giants, campeão em 1956) marcou época ao estar no show quando o nome foi alterado para The NFL Today em 1964. Ele mudou para a ABC em 1971 e passou a ser comentarista do Monday Night Football. Gifford manteve essa posição até 1997.

A atual formação de estúdio é bem equilibrada, com destaque para Marino e Cowher. Simms é o escolhido para comentar os principais jogos, incluindo Super Bowl.

O programa é altamente premiado – levou o primeiro Sports Emmy em 1979. Antes de existir essa premiação específica para programas esportivos, The NFL Today concorria no prêmio geral e levava várias estatuetas. O ano de maior glória foi em 1975 quando arrematou 13 Emmys. A equipe era formada pelo apresentador Brent Musburger, o ex-jogador Irv Cross, o apostador Jimmy ‘The Greek’ Snyder e a Miss América '71 Phyllis George.



(GL)
Escrito por João da Paz

As cortinas se fecham para Allen Iverson – e uma letra de rap é o despojo


Um ícone da NBA está prestes a encerrar sua carreira definitivamente. De acordo com reportagem da Revista SLAM, especializada em basquete, Allen Iverson vai anunciar sua aposentadoria do basquete, não tem mais volta. Após deixar a NBA em 2010, arriscou uns dribles na Turquia defendendo o Beşiktaş, mas os 38 anos de idade bateram na porta e pediram um tempo.

O que fica? O que Iverson deixa? Qual seu legado?

Uma era chega ao fim. Sim, é perfeitamente possível rotular a passagem de Iverson pela NBA como uma era. Marcou época para o bem e/ou para o mal, sendo figura de destaque dentro e fora de quadra. Coletou fãs nos quatro cantos do mundo e no Brasil tem uma base de admiradores sólida, que em grande parte surgiu graças ao estilo da pessoa que eternizou a camisa 3 do Philadelphia 76ers, com mágicos dribles e arremessos.

O que aproximou Iverson dos torcedores foram fatores de similaridades. Estava ali em quadra alguém que se vestia como um cara comum. Porém era um cara comum que não se intimidava com os adversários grandalhões. Os derrotava com um arremesso letal ou com dribles desconcertantes.

A Era Allen Iverson começou em 1996 e terminou 14 anos depois. Teve início na cidade de Filadélfia, num jogo contra o Milwaukee Bucks no primeiro dia de novembro daquele ano. 30 pontos na cabeça! A luz apagou em Chicago contra os Bulls em 20 de Fevereiro de 2010; 13 míseros pontos. Durante todo esse tempo, somente em contratos trabalhistas, ele acumulou a bagatela de (+)US$ 154 milhões. Ao menos era para ele ter uma boa fatia desse montante em caixa, porém na temporada que saiu da NBA um banco o cobrou por uma dívida de uma corrente que ele não pagou – e nem tinha condições para quitar a conta.

Péra! Mas o quê um senhor, então com 36 anos, estava fazendo com um colar de rapper no pescoço?

Então, se tem algo a creditar na conta de Iverson é sua personalidade firme e original. Afinal, não se moldava a padrões, teve que fazê-lo devido exigências patronais. Contudo Iverson não escondia sua influência cultural, muito menos pensamentos controversos.

Quando o jogador caminhava rumo ao auge, a NBA atravessava a depressão pós-Jordan e buscava uma nova direção. Confusa, não sabia se abraçava a cultura hip-hop como um todo e colocava Iverson como garoto propaganda. Não sabia se rejeitava a cultura hip-hop parcialmente e colocava Iverson como garoto propaganda.

Optou pela segunda alternativa.

Ficaram as músicas nos falantes dos ginásios e os shorts nos uniformes dos clubes. Excluídas as roupas de rua do movimento hip-hop. Como visto aqui no grandes ligas no ano passado, essa foi a melhor ação do David Stern, comissário da associação: fazer com que os jogadores da NBA se vistam como adultos.

E Iverson ficou como o bom exemplo mau. Mesmo assim seu impacto fora de quadra continuava forte, um símbolo.

Nas quadras os recordes foram se acumulando. No primeiro campeonato veio o troféu de Novato do Ano. Daí acrescente 11 nomeações para o Jogo das Estrelas, quatro títulos de cestinha, um MVP... Em temporada regular, sua média de pontos foi de 26,7; nos playoffs de 29,7. Uma análise nem tão profunda em seu currículo leva ao óbvio: daqui a dois anos entrará no Hall da Fama. Será mais um motivo pelo qual não é possível dissociar o nome Allen Iverson do basquete.

No meio tempo os Sixers vão aposentar a camisa 3. Ele aparecerá na cidade, dará um discurso impactante. Só que não haverá comparação com o que se espera que aconteça na entrada do Hall da Fama. Ali sim um momento de reflexão, de olhar para trás e ver que por mais que problemas apareceram, eles ficaram para trás. Instante para admirar a cortina fechada e apreciar a glória que chegou.

Traços da vida árdua de Iverson estão registrados no álbum de hip-hop (“40 Bars”) que ele gravou em 2000, mas não chegou às lojas por ter um conteúdo altamente explícito. Porém ele contou histórias suas, do seu ponto de vista.

De Memphis, uma das cidades que o acolheu na jornada da NBA, saiu o rap que fala sobre o problemático atleta, modelo de inspiração para muitos, modelo de desgosto para outros. O rapper Don Trip gravou um som chamado “Allen Iverson”, por ver nele um espelho. A letra é bem estruturada e as vidas de Don Trip e Iverson se encontram nos versos, com intros de declarações emocionantes do jogador, extraídas de entrevistas.

Uma dessas rimas diz:

A mídia te provoca, são como urubus
E você está no pedestal, é preciso manter o foco
Qualquer movimento que você faz representa sua cultura
Você quer ser normal, mas essa vida está morta



“Sou humano”, assim Iverson respondeu a pergunta “O que você é?”.


(GL)
Escrito por João da Paz

Atleta tem de ser bom exemplo? Uma ótima pergunta...


Quando você vai assistir um jogo (qualquer esporte), você espera aquele duelo empolgante ou que os atletas mostrem o quanto são “bonzinhos” fora da ação?

Se esporte é entretenimento, por que exigir dos praticantes de qualquer modalidade que sejam modelos ímpares de cidadania?

Ou esporte não é entretenimento?

Caso não, o que é? Um ato cívico?

Atores, músicos, estão no mesmo patamar que atletas? Devem ser julgados da mesma maneira?

Albert Pujols, do Saint Louis Cardinals, vai processar o ex-jogador do clube, Jack Clark, que ao vivo em uma rádio acusou Pujols de usar esteroides. Litígio criado porque Pujols visa preservar sua imagem de bom exemplo. Bom exemplo para quem? Os torcedores? Para as crianças?

O torcedor quer home runs ou doações caridosas? Atos de voluntariedade, talvez?

Um adendo: uma investigação da ESPN, divulgada em Março deste ano, mostrou que 115 instituições de caridade fundadas por atletas da elite dos esportes americanos não cumprem os padrões básicos de organização beneficente e usam incorretamente dinheiro de doações. Que coisa, não?

Alex Rodriguez, do New York Yankees, é vaiado e aplaudido na mesma proporção pelos fãs do seu time. O lado da perseguição contra Alex é alimentado por acusações de doping. Qual posicionamento é o correto?

Não é exagero isso? Quer dizer, o cara pode ser quem bem entender longe dos holofotes, pode fazer qualquer coisa, e o que interessa são suas atuações com um uniforme?

Sim ou não?

E as crianças?! Ah, as crianças... As crianças admiram os atletas, não é verdade?

Ao menos os jogadores deveriam respeitá-las. É pedir de mais um pouco de decência e cuidado?

Porém o problema não é esse, sabia?

LeBron James, ala do Miami Heat, disse em entrevista veiculada na última segunda (19) no Good Morning America (programa matinal da ABC), que o envolvimento de jogadores de beisebol com esteroides manda uma mensagem errada para as crianças. Tá, mas a culpa é de quem?

Dos atletas ou dos pais?

Cadê os pais para impedir que crianças escolham um esportista como ídolo?

Está tão fácil assim transferir a responsabilidade?

Como será o futuro - cotidiano - do(a) garoto(a) que idolatra um atleta, alguém distante e desconhecido?

Se é para idolatrar, que os exemplos a serem seguidos sejam os pais, né?

Atleta tem de ser um bom exemplo? Uma ótima pergunta...

Cada um no seu quadrado, pois o que temos a ver com o cotidiano deles?

(GL)
Escrito por João da Paz
© 1 Adams / NY Daily News

Yasiel Puig: a história de um cubano nos Estados Unidos


A liberdade americana pode ser questionada, mas é viva na terra do Tio Sam. Uma estátua em New York representa esse importante direito humano, simboliza uma qualidade que outros países também desfrutam. Mas para aqueles privados dela, arriscar a vida para ser livre é a única opção plausível.

O cubano Yasiel Puig, 22 anos, jogador do Los Angeles Dodgers, é um pelotero inato. Ficar num país congelado no tempo, com a cara preto&branco de 1960, estava longe de ser o objetivo de sua carreira. Assim escolheu expor o que há de mais valoroso para si, tendo por meta saborear o que não há em seu país: essa tal liberdade.

Cuba é reconhecida por produzir grandes esportistas e os jogadores de beisebol estão nesse balaio. Porém é um lugar rico em profissionais da mais alta qualidade. São advogados, médicos, professores... Muitos desses, ávidos para serem livres e seguir com suas respectivas profissões rumo ao bem estar, à segurança, ao sossego.

A Guarda Costeira dos Estados Unidos tem registrado os números da travessia nada prazerosa entre o atraso e a contemporaneidade, entre o fim e o começo, entre a morte e a sobrevivência. Desde 2000, cerca de 200 cubanos morreram tentando chegar em solo americano; nesse mesmo período mais de 10 mil cubanos foram capturados e mandados de volta para Cuba, com destino incerto. Quem é pego por fugir da nação socialista é fadado ao desaparecimento, seja o físico ou o abstrato.

Puig decidiu por em risco a sua integridade e de sua família – esses que sofrem se tiverem parentes no território inimigo. Ele arriscou pela primeira vez na forma “tradicional” que cubanos optam: pedir asilo quando a seleção nacional vai disputar um torneio internacional. Isso Puig fez em 2011 na cidade de Roterdã, Holanda. Cuba participava do World Baseball Classic, porém o pedido de asilo político foi negado.

O governo cubano puniu Puig por essa ação, o suspendendo da temporada de 2012 do campeonato nacional e banindo indefinidamente sua participação na seleção do país. A ordem era que ele não podia deixar Cuba. As autoridades locais estavam intimadas para impedi-lo de sair da ilha caribenha.

Não deu muito certo. Puig tentou outras três vezes chegar aos EUA. Só consegui na quarta tentativa quando optou por um caminho diferente via México. No ano passado o atleta embarcou numa super lancha e chegou à cidade de Cancún. Lá uma pessoa ajeitou as coisas para ele, conseguindo um visto como habitante mexicano. Os detalhes dessa operação são desconhecidos, até porque Puig mantém o silêncio pensando na preservação da sua família, alvo fácil de represálias em Cuba.

Muitas informações desencontradas circundam o visto concedido ao cubano. Algumas apontam para um envolvimento com tráfico de drogas – traficantes teriam facilitado os caminhos burocráticos e de transporte em troca de uma parte da grana que Puig receberia ao assinar com um clube da MLB. Outras mostram que pessoas ligadas ao tráfico humano estejam envolvidas; na Flórida o compatriota Miguel Angel Corbacho está preso cumprindo pena de sete anos e processa Puig e sua mãe por falso testemunho, que o levou ao cárcere. O processo diz que Puig é um “informante do governo cubano”.

Enfim...

Puig, com o visto mexicano, entrou nos Estados Unidos legalmente e ainda recebeu tratamento especial da imigração americana por ser refugiado do comunismo castrista. Aí, no mesmo ano, o Los Angeles Dodgers apareceu e assinou um contrato de US$ 42 milhões/por sete anos.

Por que os Dodgers apareceram assim do “nada”?

O lendário olheiro do clube, Mike Brito, com experiência de 35 anos e descobridor de Fernando Valenzuela, assistiu Puig jogar numa partida no Canadá. Fez todas as anotações necessárias e as guardou. Um irmão de Brito, que mora em Cuba, entrou em contato para avisar que o jogador tinha deixado o país e embarcado no México. Rapidamente Brito armou um plano para assinar com Puig, pedindo ajuda de outra força dos Dodgers na observação de talentos: Logan White, vice-presidente das categorias de base amadoras (revelou, entre outros, Matt Kemp e Clayton Kersahaw).

Ambos deram um pulinho para o México, ficaram de olho em Puig e mesmo sem atuar por um ano, fecharam acordo com o atleta. Era a oportunidade que todos os lados tanto queriam: um espaço na MLB (Puig) e um nome para tomar as manchetes do mundo e arrasar em campo (Dodgers).

A franquia cuida de Puig como de fato deve ser, como um patrimônio. Contratou uma pessoa para morar com ele e mostrar os atalhos para aproveitar melhor essa tal liberdade. Tim Bravo, amigo de faculdade de White, é Diretor de Assimilação Cultural dos Dodgers, porém recebeu a missão extra de cuidar de Puig e também ser seu professor de inglês.

O jovem cubano aos poucos está assimilando o direito de ser livre. Liberto de um regime limitador. pode notar os momentos magníficos que a vida nos entrega e soltar um sorriso com detalhes nem tão importantes. Ele nem sabia quais eram as cores dos Dodgers antes de assinar com o clube. E ficou extasiado ao ver que há várias cores e sabores de Gatorade...

Puig fala com confiança, com fé, com determinação. Traços de sua personalidade que o fez encarar o desconhecido e buscar o que ambicionava. A carreira na MLB está só começando, mas um belo filme hollywoodiano, diretamente de Los Angeles, está sendo “rodado” sobre a vida de Puig.

Para nós, observadores latinos, está mais para uma novela. Podemos assistir a cada dia um capítulo diferente se desenrolar.


(GL)
Escrito por João da Paz

Como serão as coisas quando um brasileiro estrear na NFL

Estes acontecimentos vão acompanhar a estreia de João José da Silva (também conhecido como “Jota-Jota” ou “Jay-Jay”) na NFL:

- As emissoras de TV aberta vão fazer um pool para transmitir o jogo para todo o Brasil.

- Ele vai usar a camisa 10... em homenagem a Yan Gomes, primeiro brasileiro a jogar na MLB.

- A presidenta vai decretar que pelo menos uma rua e uma escola pública em cada um dos 7.539 municípios tenha o nome “João José da Silva”.

- As cinco ligas nacionais que organizam “campeonatos brasileiros” de futebol americano vão se unificar e o nome do “único” Campeonato Brasileiro será “Jota-Jay”.

- Os torcedores brasileiros da NFL que não colocarem as iniciais "JJ" nos endereços do Facebook e Twitter serão hostilizados.

- Preta Gil, Pollo, Restart, Gaby Amarantos, Luan Santana e outros grandes nomes da música brasileira vão fazer um clipe especial em homenagem ao JJ. O vídeo vai estrear no Fantástico.

- A Globo vai comprar os direitos de transmissão do time X e todos os jogos vão passar às 16h. Torcedores do Corinthians tomam às ruas do país protestando por serem preteridos pela emissora global.

- Rodrigo Faro vai pagar um mico em seu programa dominical usando o uniforme do time de JJ.

- Como brinde, JJ vai ganhar um café da manhã com a Ana Maria Braga no programa Mais Você...


(GL)
Escrito por João da Paz

E se André Rienzo e Yan Gomes não fossem brasileiros?


O patriotismo tupiniquim é esquisito, contudo tem raiz num paternalismo natural de defender o que é seu sem medir consequência – não que isso seja certo. Características que se misturam em manifestações ditas a favor do país, mas que destroem bens públicos ou que pertencem a outrem. Traços aflorados em eventos esportivos no canto do hino à capela. Traços evacuados em tempos de eleição, vencidos pela preguiça de exercitar o pensamento crítico.

Nos eventos esportivos é nítido observar a proteção e exaltação exacerbada pelos brasucas que desfilam habilidades ao redor do mundo, refletindo o proliferado em nossa terra pela cobertura local de times de futebol que priorizam justamente os times locais. Há aí o perigo do ufanismo e da visão distorcida dos fatos em prol de ressaltar o produto oriundo da raiz.

A NBA experimentou o fútil, o medíocre e o complexo de vira-lata às avessas dos brasileiros, exemplificados no tratamento dado aos jogadores Leandrinho e Nenê. A MLB é a próxima liga americana que pode sofre desse mal que vem de baixo da linha do equador. Isso pela dupla André Rienzo (25 anos, Chicago White Sox) e Yan Gomes (26 anos, Cleveland Indians), nascidos no Brasil e hoje membros da liga de beisebol que tem como sede os EUA/Canadá e jogadores de todas as partes do mundo (Itália, Alemanha, Holanda, Austrália, Arábia Saudita...).

A terra brasilis com esses dois representantes marca seu espaço num esporte que tem grande potencial de crescimento no país do futebol. As franquias da MLB há anos estão de olho nos talentos daqui não por caridade, e sim pela qualidade que os jogadores têm e pelo lucro/sucesso que podem trazer aos clubes da liga.

O pensamento nacionalista radical cega aqueles que bebem dessa água, impedindo de enxergar o que de fato acontece e abraçam ideia utópicas, colocando Rienzo e Gomes como os semideuses do esporte. Dessa forma não são feitas as análises corretas e precisas.

E se Rienzo e Gomes não fossem brasileiros?

Ajudaria a entendê-los melhor, sem dúvida – e sem a vigente patriotada infundada.

Rienzo é o melhor exemplo. O pitcher é fruto de um trabalho extenso dos White Sox depois do garimpo em toda a América Latina. O clube deixou de lado esse método de recrutamento no começo dos anos 00’s e retomou em 2004 com a contratação do olheiro Dave Wilder (diretor de desenvolvimento de jogadores), responsável por avaliar adolescentes de 16-15 anos nos países latinos. Apesar da pouca tradição, o Brasil entrou na rota, mesmo a prioridade sendo Venezuela e República Dominicana. O beisebol na República Dominicana é igual ao futebol no Brasil.

Esse tipo de recrutamento não é uma tarefa fácil, pois são vários olheiros ligados nos mais jovens craques do beisebol e muitos empresários querendo tirar proveito (dinheiro). Então Wilder entrou na onda da corrupção e supervalorizou a compra dos jogadores que os White Sox contratavam, ficando com o excedente para repartir com os atravessadores no esquema. Em Março de 2008 Wlider foi preso na alfândega americana no Aeroporto Internacional de Miami por tentar entrar nos EUA com cerca de 40 mil dólares em dinheiro vivo não declarado. O Departamento de Justiça passou a investigar o caso e Wilder deixou a organização.

A contratação de Rienzo (e Anderson Gomes e Murilo Gouvea) está nesse rolo de Wilder. Rienzo foi contratado em 17 de Novembro de 2006. Apesar da confusão toda, o jogador não tem nada a ver com isso e dos três, Wilder acertou pelo menos um.

Rienzo chegou aos White Sox com 18 anos e o planejamento da franquia deu certo. Sete anos depois ele estreou na MLB, preparado para permanecer em Chicago por um longo tempo. Rienzo não é um cara que surgiu “do nada” – ou está na MLB por ser brasileiro. Os White Sox trabalharam duro para preparar um pitcher de alto nível. Nem mesmo o doping no ano passado (punição de 50 jogos nas ligas de base) foi empecilho. Acreditaram em Rienzo, afinal sabiam do que ele podia entregar para o time.

Agora o futuro só depende de Rienzo. Os White Sox fizeram de tudo para dar condições de se concentrar somente em arremessar. De Rienzo depende se será um titular ou um reliever. A situação atual o favorece, visto que Rienzo está na rotação dos pitchers titulares (na quinta posição), atrás de José Quintana, John Danks, Hector Santiago e Chris Sale. Seu desempenho neste final de temporada vai ser a mediação da capacidade de Rienzo de ser um pitcher dentro da rotação no começo do campeonato de 2014 ou um reliever de 7ª ou 8ª entrada.

Anos e anos passaram até Rienzo ter a oportunidade de atuar na MLB. O acaso não é o responsável por Rienzo, tampouco por Yan Gomes. Ambos atingiram o atual patamar que desfrutam por méritos. Ambos são jogadores da MLB. Nada mais, nada menos.

Yan Gomes foi duas vezes All-American (nomeado entre os melhores jogadores universitários) por dois anos: um defendendo a Universidade de Tennessee e outro pela Universidade Bradley. Atleta extremamente voluntarioso e disposto, com habilidade para jogar bem como catcher ou 1B. No ano passado, em Toronto, ele apareceu para a MLB e foi trocado para o Cleveland Indians. Hoje Gomes é um dos nomes mais sólidos na equipe e a franquia quer mantê-lo por muito tempo – não por ser brasileiro, mas pelo seu trabalho e dedicação.

Com a estreia de Rienzo frases simples passaram a ser ridículas pela desnecessária ênfase dada na entonação, similar com o que aconteceu no primeiro jogo de Gomes. “O primeiro strikeout de um brasileiro na MLB”, “o primeiro cuspe de um brasileiro no montinho da MLB”, “o primeiro ... de um brasileiro na MLB”; e outras baboseiras.

O efeito pernicioso da patriotada tem poder de embriagar, fazendo com que se enxerguem coisas que não são reais. Rienzo e Gomes são jogadores utilitários na MLB, assim como tantos outros entre 120 poucos jogadores (Mike Moustakas, Darwin Barney, Bud Norris, Felix Doubront...).

Quem quiser beber o drink ufanista fique à vontade. Mas tomar um gole de realidade é mais saboroso e faz bem.


(GL)
Escrito por João da Paz