Dwight Howard e a irrelevância dos pivôs na NBA


O melhor basquete do mundo alterou o estilo de jogo e isso é cada vez mais nítido. Os Lakers perceberam na temporada 2012-13 o quanto essa característica da nova/moderna NBA afetou negativamente a equipe. Um dos motivos para tanto foi a mistura do pivô Dwight Howard com o treinador Mike D’Antoni. Cada um com filosofia distinta de como jogar, tendo como resultado o fracasso. Apenas um tinha que ficar em Los Angeles.

Hashtag #partiu para Dwight.

Howard deixa, após somente um campeonato, a franquia mais famosa da associação para levar seu talento até a cidade de Houston. Lá, com o treinador Kevin McHale, lenda viva do estilo clássico no garrafão, Howard será o centro principal das jogadas do time. Uma decisão muito errada da franquia, analisando somente o aspecto técnico/tático.

A NBA moderna é feita de armadores e alas. Times com tais alicerces têm sucesso e vencem. A desvantagem de ter lances focados apenas no pivô faz do Houston ser apenas mais um bom time na Conferência Oeste. Vai ser um ótimo resultado se Houston ficar em quinto na classificação na próxima temporada. Tanto falação (e dinheiro) para contratar um jogador que não faz o time melhor que outros quatro na própria conferência...

Golden State Warriors, Oklahoma City Thunder, Los Angeles Clippers e San Antonio Spurs, hoje, têm conjuntos superiores ao dos Rockets com o reforço de Howard. A movimentação chamada de small ball de Houston, com Chandler Parsons, James Harden e Jeremy Lin, não é suficiente para figurar na elite do Oeste.

Concentrar os esforços da equipe num “pivô-pivô” (como diria o pofexô Vanderlei Luxemburgo), não está mais na moda. Ou melhor, só se a moda for retrô lembrando os anos 80.

A mudança da NBA em adotar a marcação por zona e ser mais rígida nos contatos no garrafão fez com que os armadores tivessem mais agilidade na decisão das jogadas, arremessar a bola ou passar para alguém mais livre à meia distância da cesta ou no perímetro. Assim estão fundamentados os quatro times elite do Oeste aqui citados:

WARRIORS: com Stephen Curry livre para finalizar com sua perfeita mecânica de arremesso, somando aí sua boa infiltração até a tabela. Contam com Klay Thompson, uma grata revelação. A contratação de Andre Iguodala só reforça mais o time titular, ganhando força na defesa. Harrison Barnes e David Lee são o exemplo claro de como deve ser formado uma dupla de garrafão na NBA; Barnes vem de origem na lateral e Lee tem como base a pegada de Florida Gators quando o jogo era todo desenhado na up-tempo offense.

THUNDER: tem dois pivôs mais tradicionais – Kendrick Perkins e Serge Ibaka –, porém estão lá apenas para fazer o que tem de fazer: o trabalho sujo no garrafão. Quem comanda o ataque/transição são Kevin Durant e Russell Westbrook.

CLIPPERS: a renovação com Chris Paul custou muito caro, mas Doc Rivers, novo comandante da equipe, sabe da importância de ter um armador de alta qualidade no elenco; e Chris Paul pode ser considerado o melhor de todos na atual NBA.

SPURS: sim, tem Tim Duncan. Porém tudo passa nas mãos de Tony Parker, armador que fez uma estupenda temporada regular, cogitado por especialistas para concorrer ao prêmio de MVP. A renovação com Tiago Splitter é extremamente cirúrgica: gastando pouco na posição de pivô, como deve ser, e tendo um bom retorno. Danny Green e Kawhi Leonard - junto com o brasileiro – são o futuro da franquia, a que age com mais eficiência em toda a associação. Adicione no mix a contratação do ala Marco Belinelli.

O ano de 2006, com Steve Nash liderando o empolgante ataque do Phoenix Suns, sem um pivô-pivô embaixo da cesta, é a marca do novo rumo da NBA. Isso é possível de se observar nos drafts, situação que as franquias constroem seus destinos. A ilusão de escolher um verdadeiro pivô enganou muitos e muitos.

DRAFT de 2006: primeiro pivô a ser escolhido foi Patrick O’Bryant (?) na nona escolha; primeiro armador escolhido foi Rajon Rondo na vigésima primeira escolha (All-Star)

DRAFT de 2007: Greg Oden (?) foi a escolha número 1! Seu companheiro, armador da Universidade Ohio State, Mike Conley, foi a quarta escolha (jogou a última final da Conferência Oeste com o Memphis Grizzlies)

DRAFT de 2008: Chicago Bulls com a primeira escolha (armador Derrick Rose) e Seattle SuperSonics/Oklahoma City Thunder na quarta escolha (armador Russell Westbrrok) fizeram o certo e deu resultado; Rose novato do ano e Westbrook jogou como titular em uma Final de NBA.

DRAFT de 2009: Hasheem Thabeet (?) foi o primeiro pivô escolhido na segunda posição; Ricky Rubio foi o primeiro armador na quinta escolha.

DRAFT de 2010: Washington Wizards fez, ao menos uma vez, certo. Escolheu o armador John Wall na primeira escolha.

DRAFT de 2011: Cleveland Cavaliers outra vez foi no óbvio e escolheu o novato do ano na primeira escolha, o armador Kyrie Irving.

DRAFT de 2012: O híbrido de pivô foi a primeira escolha do draft: Anthony Davis. O primeiro armador foi Damian Lilard na sexta posição,que acabou a temporada como o novato do ano.

DRAFT de 2013: Três pivôs foram escolhidos antes do armador Trey Burke, pego na nona posição; Burke é quem tem mais chance de ser o melhor novato da temporada 2013-14.

O tão badalado Dwight Howard, tido como o grande superstar pivô da atual geração da NBA, muda de time e faz da sua nova equipe apenas a quinta melhor da Conferência Oeste?

Não precisa desenhar, né?


(GL)
Escrito por João da Paz

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