Super Bowl e seus comerciais

"Em 8 de janeiro deste ano, o CEO da CBS, Leslie Moonves, anunciou em entrevista coletiva que todos os espaços comerciais do Super Bowl 47 tinham sido vendidos. Cada 30 segundos, em média, custou para as empresas contratantes US$ 3,8 milhões. Isso mesmo, três milhões e trezentos mil dólares! Exagero? Justo?"

Leia o texto na íntegra publicado no Observatório da Imprensa - "Por que os comerciais no Super Bowl custam tão caro?"

Abraço!

Especial 500 dias Copa 2014 - Mitos e verdades sobre o estádio do Corinthians em Itaquera

Este texto originalmente foi publicado na página Lance Activo, projeto do jornal Lance! Hoje marca uma data especial para a Copa do Mundo 2014, 500 dias para o início do torneio que terá o Brasil como sede. Por isso coloco, especialmente, o artigo aqui no grandes ligas, um dos textos mais importantes que escrevi.

***


O local está definido, o projeto aprovado, os documentos burocráticos protocolados e o que existe no momento é a espera da Petrobras para o início das obras do campo particular do Sport Club Corinthians Paulista, situado numa das regiões mais populosas da cidade de São Paulo.

Nesse meio tempo a grande mídia brasileira (esportiva ou não) tratou de massacrar e menosprezar o provável palco de abertura da Copa do Mundo 2014 a ser realizada no Brasil. O destrato teve como foco principal o bairro no qual será construído o estádio e a Rede Globo (SP-TV), Rede Record (Esporte Fantástico) e Band (CQC) desenvolveram matérias tendenciosas, abordando como base central a suposta difícil locomoção até o lugar. Em todos os casos não foram retratadas a situação da maneira mais correta, esquecendo de citar alguns fatos e, consequentemente, entregando aos telespectadores uma visão errada. Assim o público em geral cria uma opinião forte contrária ao projeto, porém não receberam as informações exatas.

Este argumento de que o estádio é longe atinge o nível cômico. Uma simples pergunta cabe aqui: longe pra quem? Por exemplo: nunca vi uma matéria mostrando a cansativa viagem que os torcedores do Santos, Palmeiras, São Paulo e Corinthians, residentes em Itaquera, tem que fazer para chegar até o estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi) e como é preciso ter coragem para ir às partidas das 22hs e correr o risco de encontrar as portas do metrô fechadas na volta pra casa.

Todos os programas citados acima tiveram repórteres fazendo determinado percurso até chegar na estação de Metrô/Trem Corinthians-Itaquera (que fica ao lado do terreno e terá uma passagem direta até o estádio). O caso mais interessante foi o do SP-TV (27/04) que mostrou a jornalista Monalisa Perrone fazendo o trajeto de Metrô entre a estação Morumbi e Itaquera (veja o vídeo na integra da reportagem). Percebe-se claramente o tom crítico da matéria ao exagerar os pontos negativos e não discutir parcialmente a questão. O trecho no qual a Monalisa passa por dificuldades para chegar ao terreno depois de descer na estação Itaquera, aconteceu simplesmente porque não há estádio; logo não há acesso para pedestres.

Ir do bairro Morumbi até Itaquera é, como o dito popular rotula, “atravessar a cidade”. O percurso toma boa parte da Zona Sul, atravessa o Centro e vai até o extremo da Zona Leste. O trajeto do Metrô/Trem é este mesmo, 2 horas. Ir mais cedo, como a Monalisa reclamou que queria fazer, só iria mostrar as composições lotadas devido ao evidente movimento mais intenso por ser o momento que grande cota dos habitantes de São Paulo está indo ao trabalho – o tempo de viagem seria o mesmo, se houvesse diferença seria mínima. E de carro, tomando como ponto de partida o horário que ela disse, “8 e pouquinho”, 1 hora e 20 minutos de trajeto é um tempo ótimo pela longa distância percorrida. Acredite: o acesso ao campo é o menor dos problemas. A estação Corinthians-Itaquera é o terminal das linhas de Metrô e Trem da cidade. Como você pode ver neste mapa, de lá a pessoa vai para qualquer estação de Metrô ou Trem pagando apenas uma passagem (há estações que a transferência de linhas é gratuita); da mesma forma que se chega à Corinthians-Itaquera de qualquer outra estação.

Ônibus não será problema também. Na própria estação de Metrô/Trem há 56 linhas de ônibus e vans que operam de segunda a segunda (na rodoviária da sua cidade existem tantas linhas?). Aliás, será construída uma rodoviária com saída e chegada de ônibus do Litoral Paulista, Rio de Janeiro e Nordeste.

Automóvel não será problema também. Hoje há duas grandes avenidas que direcionam até o local do estádio: Avenida Jacú-Pessêgo e Nova Radial (ambas com 3 vias em cada mão). Contudo, dentro do projeto “Plano de Desenvolvimento da Zona Leste”, aprovado semana passada pelo governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab, há uma radical mudança nas ruas e avenidas próximas ao estádio. Serão construídas ampliações, alças e articulações para melhorar o trânsito na região. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), já está fazendo medições nas adjacências para começar as obras e avisar os moradores das possíveis mudanças.

A rodoviária, as obras nas ruas e avenidas são algumas partes do projeto. O total investido na região será de R$ 478 milhões, dinheiro que surgiu da parceria estado e município. Faz parte do programa a construção de uma Fatec (Faculdade de Tecnologia) – que já está com prédio erguido –, uma Etec (escola técnica estadual), SENAI, Central para Polícia Militar e Bombeiros, Centro de Convenções/Eventos e Parque Linear.

Estas obras não se ouvem falar por aí na nossa estimada imprensa... Ao contrário, fazem irresponsáveis afirmações de que a região não comportará o estádio, conotando um ponto de vista como se Itaquera fosse o “fim do mundo”. No último sábado, escrevi este tweet informando que o restaurante Mc Donald's que mais vende no Brasil (e 22° do Mundo) fica no Shopping Itaquera (situado ao lado do futuro novo estádio do Corinthians). Imediatamente recebi respostas debochadas e incrédulas, duvidando que isto fosse possível na “famigerada” Zona Leste. Então tive que mandar outro tweet linkando uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Fora isso, na região fica o maior Shopping da América Latina (Centro Comercial Leste Aricanduva) com área total de 1 milhão de m², com 425 mil m² de área construída e estacionamento com 14.700 vagas – recebe em média 4.5 milhões de pessoas mês (dados da Abrasce).

Entre tantas outras opções de lazer na região há o Parque do Carmo, um dos maiores da cidade com 1,5 milhão de m² e o SESC Itaquera, o maior do estado de São Paulo (15 mil visitantes por dia).

Como visto, não será apenas construído um campo. Duas secretarias estaduais (Desenvolvimento e Transportes) e mais cinco municipais (Planejamento, Desenvolvimento, Infra-Estrutura, Transportes e Meio-Ambiente) estão empenhadas para produzir melhorias em volta do novo estádio. Com os documentos em ordem, logo as construtoras irão estar em atividade e o abstrato se tornará concreto. Enquanto isso a área já sofre valorização absurda e uma imóvel novo e simples (da CAIXA) com 4 cômodos vale cerca de R$ 150 mil. A COHAB (Companhia Metropolitana de Habitação) irá construir perto do estádio 2.178 apartamentos e a Construtora Tenda está levantando 10 torres no entorno...

Coisas que é bom você saber.


(GL)
Escrito por João da Paz

Los Angeles Lakers e a nova/moderna NBA


Após mais uma derrota, na última quarta (23) contra o Memphins Grizzlies, Mike D’Antoni, treinador do Los Angeles Lakers, repetiu uma verdade duas vezes seguidas mesmo respondendo perguntas diferentes. Fatos que colocam seu time fora da zona dos playoffs na metade da temporada da NBA 2012-13 e com poucas chances de classificação. A realidade dos Lakers dita por D’Antoni:

Eles [Grizzlies] simplesmente foram mais rápidos e velozes; e são mais jovens que nós [Lakers]”.

Declaração que vai de encontro ao que disse Kobe Bryant, principal jogador do elenco, depois da derrota para o Philadelphia 76ers no primeiro dia de 2013:

Você acabou de assistir um velho time [Lakers]. Não sei outra forma de dizer. Somos lentos demais! Você viu do outro lado um time bem mais novo que nós e que jogou com mais energia”.

A NBA não é mais para um grupo de atletas recheados de experiência e que tenta envolver pivôs no sistema ofensivo. Hoje a associação é dominada por armadores e juventude. Porém até que ponto? Pois o San Antonio Spurs é rotulado de um time velho/experiente e está em segundo lugar na Conferência Oeste. Detalhe é que os Spurs mudaram a forma de jogar – saiba mais em Marcar mais cestas ao invés de sofrer menos pontos.

Vamos comparar a idade do time base dos Lakers com as dos cinco melhores times da NBA:

Lakers: Steve Nash (38), Kobe Bryant (34), Metta World Peace (33), Pau Gasol (32) e Dwight Howard (27) = 164 anos

Spurs: Tony Parker (30), Danny Green (25), Kawhi Leonard (21), Tim Duncan (36) e Tiago Spliter (28) = 140 anos

Los Angeles Clippers: Chris Paul (27), Willie Green (31), Caron Butler (32), Blake Griffin (23) e DeAndre Jordan (24) = 137 anos

Oklahoma City Thunder: Russell Westbrook (24), Thabo Sefolosha (28), Kevin Durant (24), Serge Ibaka (23) e Kendrick Perkins (28) = 127 anos

New York Knicks: Raymond Felton (28), Iman Shumpert (22), Carmelo Anthony (28), Amare Stoudemire (30) e Tyson Chandler (30) = 138 anos

Miami Heat: Mario Chalmers (26), Dwyane Wade (31), LeBron James (28), Udonis Haslem (32) e Chris Bosh (28) = 145 anos

O Miami Heat, além de ter um quinteto mais velho que o do Spurs, é o elenco, entre esses citados, com mais jogadores igual ou acima de 30 anos: 9 atletas. Os Clippers e Knicks têm 8, Lakers 7, Spurs 6 e Thunder 1.

Os melhores times da NBA atual usam uma combinação de armador inteligente com um chutador eficiente... Péra (sic), mas isso os Lakers têm? O problema é outro então.

Quando Howard chegou à LA muitos, inclusive eu, colocaram a equipe como uma das favoritas ao título. Também pudera: 4 futuros Hall da Fama no grupo [Nash, Bryant, Gasol e Howard], todos na lista dos 10 jogadores mais bem pagos da atual temporada. Contudo concentrar movimentação ofensiva em pivôs não é a moda. Howard teria de ser um coadjuvante no ataque, concentrando-se em sua especialidade que é a defesa – tricampeão do prêmio Defensor do Ano na NBA.

Howard trouxe para Los Angeles uma reclamação que virou ladainha em Orlando: quer a bola no ataque. Nem Nash nem Kobe entregarão a laranjinha nas mãos do pivozão quando a partida precisa ser decidida; coloque na equação o péssimo aproveitamento de lance livre de Howard.


Com Mike Brown (foto acima), ex-treinador dos Lakers, demitido após as cinco partidas iniciais da temporada ’12-’13 (1v-4d), Howard seria melhor aproveitado, levando em consideração a especialidade de Brown, um estrategista defensivo. A diretoria optou por trocar o comando técnico e trouxe um cara que nada tem de similar com o que o atual elenco apresenta e investiu muita grana. Trouxe D’Antoni, US$ 12 milhões/3 anos. Brown permanece na folha de pagamento dos Lakers, contrato (de 2011) foi de US$ 18 milhões/4 anos.

Os Lakers não vão demitir D’Antoni e pagar dois treinadores para não treinar.

Hora de se livrar de Howard – e Gasol também, porque não.

Na verdade é melhor manter Gasol. O espanhol está mais acostumado com os companheiros, com a cidade e (o mais importante) tem bom relacionamento com Kobe. O camisa 24 do bicolor de Los Angeles perguntou, antes do confronto versus os Grizzlies, se Howard tem algum problema em jogar com ele – Bryant é difícil de lidar mesmo, ele próprio admite. Com sinal de apatia, sem um traço sequer de liderança, Howard ficou quieto. Esse é o líder que a franquia quer a longo prazo? O pivô chegou para ser a nova face do legendário clube na pós-aposentadoria de Kobe. Poucos meses pôde se notar que não foi a melhor escolha.

As opções são ficar com um técnico que nunca chegou às Finais ou com um atleta que levou seu ex-time (Orlando Magic) às Finais. A escolha certa e melhor é a primeira. Até pelo fator financeiro já abordado aqui.

Howard quer ficar em Los Angeles e a franquia é a única que após esta temporada pode lhe oferecer um contrato de cinco anos – outra de apenas quatro anos (cláusula de contrato chamada de Bird Rights). Mesmo assim os Lakers correm o risco de perdê-lo. Logo uma negociação é bem vinda, seja antes de fechar a janela de contrato (21 de Fevereiro) ou depois da temporada, com uma assinatura de contrato e troca em seguida.

Apesar de tudo Howard vale muito. Se entrar no time certo pode render como de costume. Qual melhor destino?

Como o salário de Dwight é altíssimo – US$ 19,5 milhões – é necessário envolver outros dois times na negociação. A mais realista que proponho, e dentro da legalidade das regras da NBA, é esta:

*Dwight Howard para o Brooklyn Nets – Brook Lopez (Nets) e CJ Watson (Nets) para o Cleveland Cavaliers – e Anderson Varejão (Cavaliers), Kyrie Irving (Cavaliers) e MarShon Brooks (Nets) para o Los Angeles Lakers*

Desta forma Dwight vai para o lugar que deveria ter ido anteriormente e os Lakers pegam dois jovens e talentosos atletas para a armação/finalização ofensiva, se adequando ao novo estilo de jogo da NBA e mantendo a franquia na vanguarda da associação; Varejão ficaria como alternativa para o próximo campeonato.


(GL)
Escrito por João da Paz


PS: Outras trocas interessantes, mas envolvem times rivais da Conferência Oeste:

Dwight Howard para o Golden State Warriors – Jarret Jack (Warriors), Harrison Barnes (Warriors) e Earl Clark (Lakers) para o Indiana Pacers – e Danny Granger (Pacers) e Andrew Bogut (Warriors) para o Los Angeles Lakers

Dwight Howard para o Brooklyn Nets – Brook Lopez (Nets), MarShon Brooks (Nets) para o Portland Trail Blazers – e Nicolas Batum (Trail Blazers), Damian Lilard (Trail Blazers) e Jerry Stackhouse (Nets) para o Los Angeles Lakers

Esta é uma ideia do comentarista da ESPN, especialista em NBA, Bill Simmons. Foge do proposto no texto, mas dá certo – com pequenos ajustes, porque ele só mencionou os principais nomes: Dwight Howard para o Brooklyn Nets – Brook Lopez (Nets) e Jerry Stackhouse (Nets) para o Minnesota Timberwolves – e Kevin Love (Wolves) e MarShon Brooks (Nets) para o Los Angeles Lakers

O punter dos Patriots é o MVP da franquia


Dentro de campo, evidentemente, o melhor jogador do time é o quarterback Tom Brady.

Mas, de acordo com o dono do clube, Robert Kraft, o punter Zoltan Mesko é o jogador mais valioso da franquia e nesta temporada foi reconhecido pelo seu trabalho comunitário ao receber um prêmio dado anualmente ao atleta do New England que mais presta serviços aos moradores de Boston e região. Mesko, pago para aparecer o mínimo possível nas partidas, é destaque entre os fãs do tricolor patriota e caminha ao holofote que o colocou na vitrine nacional.

Há um ano os Patriots estavam no Super Bowl e com uma vitória contra o Baltimore Ravens neste domingo (20) volta a disputar o título da NFL. Ambas as equipes classificadas para o maior evento esportivo da América ganham um momento especial com a imprensa, chamado de Media Day, quando os jogadores ficam à disposição e respondem perguntas – ridículas na maioria das vezes. Mesko teve uma experiência diferente, oportunidade de se apresentar a quem não o conhecia.

Em Boston, e em toda New England, ele é admirado. Veste as cores dos Estados Unidos e pode ser classificado com um produto do propalado “Sonho Americano" - Da Romênia à terra do Tio Sam.

Natural da cidade de Timișoara, ele viajou com seus pais e chegou no estado de Ohio. Tinha 12 anos de idade. Seu pai ganhou o cobiçado green card, visto que confere estadia permanente nos Estados Unidos, sem limitações. O pai largou a profissão de engenheiro mecânico para ganhar um salário mínimo trabalhando de chaveiro. A mãe deixou o cargo de engenheira civil e passou a ser diarista. E Mesko teria a chance de estudar num local mais apropriado que no coração do comunismo romeno.

Entra em cena aquela história: no high school alguém o viu chutando uma bola redonda e o chamou para o time de futebol americano. Quando menos se esperava universidades estavam dispostas a entregar a ele uma bolsa para jogar e estudar. Seus pais não imaginavam isto: conseguir um diploma sem desembolsar um dólar.

E não foram universidades medianas que queriam os serviços da Mesko, a ponto dele escolher para qual iria. Optou simplesmente pela lendária Michigan, tanto no aspecto educacional quanto no programa de football. Sua família ainda não acreditava que ele poderia ter uma graduação sem dívidas bancárias de brinde, como acontece com grande parte dos universitários americanos.

No final do seu ciclo em Michigan, depois de ser capitão do time e estabelecer recordes, Mesko tinha duas formações: um bacharelado em Economia Financeira e Marketing, e um diploma em Administração Esportiva. Entrou no draft da NFL em 2010 por esporte, sem muita expectativa, já que enviou vários currículos para empresas de Boston e New York esperando conseguir uma vaguinha. Eis que na quinta rodada do draft, escolha 150, o New England Patriots pega Mesko – 49 posições acima de quando eles escolheram Tom Brady. E Bill Belichick, então com 10 anos de Patriots, nunca tinha escolhido um punter.

Imediatamente Mesko foi sucesso, principalmente por recordes quebrados na temporada de novato. Acabou virando figura popular dentro do vestiário e os jogadores ofensivos tiravam onda dele dizendo que ficavam feliz por ele ter aparecido pouco em campo, sinal de que o ataque não devolvia a bola frequentemente para o outro time. Os punters da NFL, de modo geral, chutam por volta de 10 vezes durante um jogo; Mesko apenas a metade. Na atual temporada ele chutou mais que 5 em uma única partida: 6 contra os Jets (semana 7). Mesma quantidade atingida nos próximos três jogos somados, chutando 2 vezes em cada uma das partidas (contra Rams, Bills e Colts), sendo essas as menores marcas.


O confronto contra o Saint Louis Rams foi especial, jogo realizado em Wembley, Inglaterra (foto acima). Era seu retorno ao Velho Continente. Na Europa ele saboreou o que experimentou no Super Bowl do ano passado, quando até a emissora CNN deu atenção a ele. A vez agora era da rede pública BBC. Assim sua exposição aumentou. Mas quando a bola oval passou a ser o centro das atenções para valer, Mesko apareceu somente duas vezes... Porém com eficiência, como é de costume. O que o faz ser respeitado entre os membros do elenco. Nesta partida contra os Rams ele anotou um punt de 62 jardas (!!!), segunda melhor marca da carreira.

A melhor? Em dois momentos conseguiu atingir 65 jardas (!!!): uma contra o Miami Dolphins em 2011 e outra em 2010 contra o... Baltimore Ravens.

Os companheiros de ataque vão continuar querendo que seja chamado o mínimo possível, contudo quando for chutar a bola, pedirão que performances desse patamar elite se repitam.

Mesko espera o mesmo. Imagina participar de dois Super Bowls seguidos em três anos de experiência? Lembrando que será a oportunidade dele detalhar um pouco mais sobre esse cativante personagem patriota de 26 anos de idade.

Os torcedores podem observá-lo ao ver a camisa 14 entrando em campo. Ou basta olhar a faixa pendurada atrás da end zone do Gillette Stadium e notar o que nela está escrito: “Celebrate Volunteerism” – Instituição de Caridade da franquia.

E o dono dos Patriots deixou bem claro quem é o homem mais valioso da temporada para a organização.

Em 18 anos, tempo que temos a nossa Instituição, talvez não houve um jogador que tenha contribuído tanto para a comunidade em um período tão curto de tempo” – Robert Kraft


(GL)
Escrito por João da Paz
© 1 por Carmine Jack
© 2 por Mark Fletcher

Russell Wilson e os rótulos destroçados


Cada pessoa tem o melhor jeito para se motivar e Russell Wilson, quarterback do Seattle Seahawks, usava na época de escola (high school) um método convencional: escrevia num papel o que as pessoas diziam que ele não podia fazer e o colava na parede do seu quarto. O dia despertava e lá estavam várias anotações, lhe dando incentivo para superar as dúvidas que tinham dele. Ao dormir Wilson fazia um resumo do que conseguiu superar e jogava no chão os lembretes que, agora, faziam parte do passado.

Essa prática foi mantida, mesmo longe do lar onde passou toda a vida antes de ingressar na faculdade, na cidade de Richmond, Virginia. Quando buscou um lugar para jogar football e beisebol, pensou primeiro na universidade do estado, Vírginia, mesmo campus que seu pai cursou e também jogou em dois esportes – no football era wide receiver. Mas os olheiros dos Cavaliers optaram por um quarterback mais alto que Wilson. E mais uma anotação, essa mental, era produzida.

Durante toda carreira universitária a questão altura tornava-se tema recorrente quando o jogo do QB era analisado. Atuando pela North Carolina State, Wilson conseguiu graduação em Comunicações, ser QB do time de football, jogar beisebol primorosamente até ser draftado pelo Colorado Rockies... Conquistas que não sobrepunha o tamanho dele, muito aquém do que consideram ideal para jogar na liga que ele queria disputar.

Um metro e oitenta centímetros: a medição da discórdia. Até tentava dizer para os olheiros da NFL que era mais alto do que diziam, mas não dava para forjar o que era visto claramente. Baixinho assim, QB profissional não dá.

A oportunidade de jogar beisebol tinha potencial de ser um bom caminho, porém não era isso que ele queria, mesmo sendo o desejo do pai. Harrison Wilson III tentou a sorte na NFL, cortado do San Diego Charges na última hora da temporada de 1980. O paizão tinha o desejo de ver o filho na MLB. Assistiu Wilson ser selecionado pelos Rockies em 2010, mas no dia seguinte faleceu.

Wilson optou por permanecer na luta que enfrentava desde 2007, quando entrou na NC State. Tudo que ele obteve contou com esforço, dedicação e inteligência. Ficou fora dos esportes no ano de calouro. Em 2008 acordava as 4:30, treinava football, depois participava das aulas e seguia para os treinos de beisebol. Na sua primeira temporada na NCAA foi listado como o quarterback número 5 no elenco; na semana 1 do campeonato era o titular.

Muitas vitórias na Carolina do Norte, muitas dúvidas permaneciam. Além da sua altura, surgiu essa batalha de lidar com a ausência do pai, figura que o acompanhou passo a passo no seu processo esportivo.

Mais uma anotação mental.

Decidido em manter as duas carreiras intactas, em 2010 Wilson participou das ligas de base amadoras (minor leagues) representando os Rockies num time chamado Tri-City Dust Devils. O treinador de NC State, Tom O’Brien, não gostou da ideia e determinou que Wilson escolhesse o beisebol ou football. As duas alternativas foram abraçadas e, assim, Wilson saiu da NC State com o diploma na mão, com uma carreira pela frente no beisebol e com a chance de jogar mais uma temporada pela NCAA na universidade que quisesse!

Wisconsin e Auburn se dispuseram para ficar com o talentoso QB. Wiconsin apresentou a melhor oportunidade e pra lá Wilson partiu. Na única temporada com os Badgers o QB levou o time ao lendário Rose Bowl.


E com um detalhe: juntando todas as equipes da NFL e NCAA de 2011, a linha ofensiva de Wisconsin (foto acima) era a terceira mais alta dos Estados Unidos. Bom teste para mostrar que um QB baixinho pode ser um QB profissional – que pode lançar bolas sendo protegido por cinco gigantes.

Bem, na verdade nem foi tanta garantia assim...

Numa classe dominada por dois QBs rotulados como “o futuro da NFL” (Andrew Luck e Robert Griffin), Wilson nem no debate principal do draft estava. Os jogadores citados foram respectivamente a primeira (Indianapolis Colts) e segunda (Washington Redeskins) escolha do draft de 2012. Três outros QBs foram pegos antes de Wilson: Ryan Tannehill na 8ª escolha do Miami Dolphins; Brandon Weeden na 22ª escolha do Cleveland Browns; Brock Osweiler na 57ª escolha do Denver Broncos. Então, na 75ª escolha, Wilson encontra os Seahawks.

Seattle que não apostou no Wilson em posições anteriores, ficando com Bruce Irvin (defensive end) na 15ª escolha e Bobby Wagner (linebacker) na 47ª escolha.

Melhor que o anunciado. Pete Carroll, treinador dos Seahawks, conseguiu reforçar seu sistema defensivo (melhor da NFL na atual temporada) com dois atletas jovens e, no kit, veio o QB que permanece mais uma rodada nos playoffs 2012-13, que teve as derrotas de Luck e RG III nas partidas wild card.

Wilson liderou seu time numa estupenda vitória fora de casa, situação que o time, geralmente, não se dá bem. Para dificultar, precisou atravessar o país para chegar na fria Landover, Maryland, e enfrentar os Redskins do RG III. Saiu como vitorioso. Antes do duelo, até mesmo durante, muitos fãs duvidavam de Wilson, se seria capaz de reverter um placar extremamente desfavorável – os Seahawks chegaram a ter a desvantagem de 14 a 0 (venceu por 24 a 14).

O desafio a seguir é contra o melhor time (no retrospecto vitórias-derrotas) da Conferência Nacional: Atlanta Falcons. Partida em Atlanta, mais uma longa viagem. Não enfrentará o frio do nordeste americano, encontrará um estádio coberto, que contribui para suas características técnicas. Em contrapartida vai ter de encarar a enorme pressão exercida pela torcida local.

Duvida que Wilson pode liderar os Seahawks à vitória contra os Falcons?

Eu não.


(GL)
Escrito por João da Paz

Sobre graduação e futebol americano

Rice, Vanderbilt, Stanford e Northwestern. Universidades americanas reconhecidas pela excelência acadêmica e que venceram bowls de futebol americano na atual temporada - reforçando que Notre Dame está na grande final do BCS (Bowl Championship Series). Todas as instituições relacionadas estão entre as 20 melhores dos Estados Unidos segundo o Ranking Nacional de Universidades da agência US News:

1- Harvard (Cambridge, Massachusetts)
2- Princeton (Princeton, New Jersey)
3- Yale (New Haven, Connecticut)
7- Stanford (Stanford, California)
11- Northwestern (Evanston, Illinois)
17- Rice (Houston, Texas)
18- Notre Dame (Notre Dame, Indiana)
19- Vanderbilt (Nashville, Tennessee)

É um bom sinal pra NCAA ter essa conexão entre times de futebol americano vencedores e bem sucedidos em campo com a alta qualidade nos estudos. Mas há espaço para uma pergunta fundamental: os atletas estudantes conseguem ingressar no profissional (NFL) com um diploma na mão?

Eis o grande desafio da NCAA.

O presidente da sigla amadora, Mark Emmert, tem como um dos principais objetivos, desde que assumiu o cargo em 1º de Novembro de 2010, melhorar a taxa de atletas formados, com ênfase nos esportes de alto rendimento, especificamente no futebol americano e basquete. Para o futebol americano a tarefa é menos árdua já que o jogador para entrar na NFL precisa ter, no mínimo, três anos de NCAA. Entretanto tem os que não terminam a graduação ou adiam a conclusão do curso.

Em Outubro do ano passado Emmert divulgou dados que mostraram crescimento no número de atletas graduados oriundos das universidades que integram a elite do futebol americano da NCAA (equipes da FBS-Football Bowl Subdivison). Os números abrangem um período de seis anos, entre 2005 e 2010, entendendo ser esse o tempo ideal para o atleta conseguir um diploma, seja nos quatro anos tradicionais ou em semestres posteriores. A estatística de maior destaque usada por Emmert é a de que dos atletas da FBS que entraram em 2005, 70% se formaram até 2010. Embora a porcentagem seja satisfatória, está longe do ideal, pois o futebol americano figura entre os que menos conseguem formar seus atletas entre os esportes da primeira divisão da NCAA.

Detalhe é que há uma camuflagem nos números divulgados, visto que não são oficiais, conforme os catalogados pelo Departamento Americano de Educação. A NCAA, diferente do órgão federal, não pune as universidades que recebem atletas de outras instituições; basta mostrar bom desempenho escolar que não é excluído do cálculo.

Usando o método da NCAA, chamado de GSR (Graduation Sucess Rate), é possível observar que as universidades mencionadas no começo do texto apresentam alto índice de graduação - agora analisando o período entre 2006 e 2011.

Stanford foi a universidade da Conferência Pac-12 que mais entregou alunos formados: 87%. Northwestern foi a primeira na Conferência Big Ten com 94%. Vanderbilt, que divide atenção com as super potências da Conferência SEC (LSU, Alabama, Florida, Geogia...) ficou no topo com 86%.

Juntando todas as conferências da FBS, assim fica o ranking:

1-Notre Dame – 97% (disputa a decisão do BCS na segunda, 7/01)
2-Northwestern – 94% (venceu o Gator Bowl)
3-Rice – 93% (venceu o Armed Forces Bowl)
(...)
9-Stanford – 87% (venceu o Rose Bowl)

Como são números que favorecem a NCAA para propagar que há preocupação com o atleta estudante, usá-los para benefício próprio é salutar, estabelecendo no pilar “é-possível-ganhar-partidas-de-futebol-americano-e-cuidar-dos-estudos-ao-mesmo-tempo”. Entretanto a mesma fonte de dados revela um problema antigo que caminha lentamente para uma solução: a diferença de atletas graduados entre brancos e afro-americanos.

A discrepância é grande nas universidades conhecidas por investir pesado/muito no recrutamento de garotos no ensino médio oferecendo bolsas de estudos para jogar futebol americano. Em Florida State, 44% dos jogadores de futebol americano conseguem a graduação, enquanto 93% dos brancos recebem o diploma (diferença de 49%); em Auburn a diferença é 43% (52% de afro-americanos contra 95% dos brancos).

Outra comparação que preocupa é a taxa de graduação entre os jogadores de futebol americano contra o estudante comum. As 15 maiores diferenças acontecem em universidades que tem um programa de futebol americano popular – entre essas estão Oklahoma, Michigan, e Wisconsin. Abaixo as 5 com a maior variação:

1- Cal (54% de jogadores de futebol americano – 90% dos estudantes comum = -36%)
2- UCLA (59% - 90% = -31%)
3- USC (61% - 87% = -26%)
4- Virginia (68% - 93% = -25%)
5- Georgia Tech (55% - 79% = -24%)

Ter universidades com atletas “mais inteligentes” vencendo bowls é positivo, o que deixa o pessoal da NFL contente. As franquias mais inteligentes buscam jogadores com igual característica. New England Patriots e Indianapolis Colts, rotuladas como clubes bem administrados, que escolhem bem no draft e que permanecem competitivos, são as equipes da liga com mais jogadores graduados no elenco.

E a briga para saber quem é o novato do ano na NFL envolve atletas com diploma em mãos: um arquiteto por Stanford (Andrew Luck, QB do Indianapolis Colts) e um cientista político por Baylor (Robert Griffin III, QB do Washington Redskins).


(GL)
Escrito por João da Paz