Este texto originalmente foi publicado na página Lance Activo, projeto do jornal Lance! Hoje marca uma data especial para a Copa do Mundo 2014, 500 dias para o início do torneio que terá o Brasil como sede. Por isso coloco, especialmente, o artigo aqui no grandes ligas, um dos textos mais importantes que escrevi.
O local está definido, o projeto aprovado, os documentos burocráticos protocolados e o que existe no momento é a espera da Petrobras para o início das obras do campo particular do Sport Club Corinthians Paulista, situado numa das regiões mais populosas da cidade de São Paulo.
Nesse meio tempo a grande mídia brasileira (esportiva ou não) tratou de massacrar e menosprezar o provável palco de abertura da Copa do Mundo 2014 a ser realizada no Brasil. O destrato teve como foco principal o bairro no qual será construído o estádio e a Rede Globo (SP-TV), Rede Record (Esporte Fantástico) e Band (CQC) desenvolveram matérias tendenciosas, abordando como base central a suposta difícil locomoção até o lugar. Em todos os casos não foram retratadas a situação da maneira mais correta, esquecendo de citar alguns fatos e, consequentemente, entregando aos telespectadores uma visão errada. Assim o público em geral cria uma opinião forte contrária ao projeto, porém não receberam as informações exatas.
Este argumento de que o estádio é longe atinge o nível cômico. Uma simples pergunta cabe aqui: longe pra quem? Por exemplo: nunca vi uma matéria mostrando a cansativa viagem que os torcedores do Santos, Palmeiras, São Paulo e Corinthians, residentes em Itaquera, tem que fazer para chegar até o estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi) e como é preciso ter coragem para ir às partidas das 22hs e correr o risco de encontrar as portas do metrô fechadas na volta pra casa.
Todos os programas citados acima tiveram repórteres fazendo determinado percurso até chegar na estação de Metrô/Trem Corinthians-Itaquera (que fica ao lado do terreno e terá uma passagem direta até o estádio). O caso mais interessante foi o do SP-TV (27/04) que mostrou a jornalista Monalisa Perrone fazendo o trajeto de Metrô entre a estação Morumbi e Itaquera (veja o vídeo na integra da reportagem). Percebe-se claramente o tom crítico da matéria ao exagerar os pontos negativos e não discutir parcialmente a questão. O trecho no qual a Monalisa passa por dificuldades para chegar ao terreno depois de descer na estação Itaquera, aconteceu simplesmente porque não há estádio; logo não há acesso para pedestres.
Ir do bairro Morumbi até Itaquera é, como o dito popular rotula, “atravessar a cidade”. O percurso toma boa parte da Zona Sul, atravessa o Centro e vai até o extremo da Zona Leste. O trajeto do Metrô/Trem é este mesmo, 2 horas. Ir mais cedo, como a Monalisa reclamou que queria fazer, só iria mostrar as composições lotadas devido ao evidente movimento mais intenso por ser o momento que grande cota dos habitantes de São Paulo está indo ao trabalho – o tempo de viagem seria o mesmo, se houvesse diferença seria mínima. E de carro, tomando como ponto de partida o horário que ela disse, “8 e pouquinho”, 1 hora e 20 minutos de trajeto é um tempo ótimo pela longa distância percorrida. Acredite: o acesso ao campo é o menor dos problemas. A estação Corinthians-Itaquera é o terminal das linhas de Metrô e Trem da cidade. Como você pode ver neste mapa, de lá a pessoa vai para qualquer estação de Metrô ou Trem pagando apenas uma passagem (há estações que a transferência de linhas é gratuita); da mesma forma que se chega à Corinthians-Itaquera de qualquer outra estação.
Ônibus não será problema também. Na própria estação de Metrô/Trem há 56 linhas de ônibus e vans que operam de segunda a segunda (na rodoviária da sua cidade existem tantas linhas?). Aliás, será construída uma rodoviária com saída e chegada de ônibus do Litoral Paulista, Rio de Janeiro e Nordeste.
Automóvel não será problema também. Hoje há duas grandes avenidas que direcionam até o local do estádio: Avenida Jacú-Pessêgo e Nova Radial (ambas com 3 vias em cada mão). Contudo, dentro do projeto “Plano de Desenvolvimento da Zona Leste”, aprovado semana passada pelo governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab, há uma radical mudança nas ruas e avenidas próximas ao estádio. Serão construídas ampliações, alças e articulações para melhorar o trânsito na região. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), já está fazendo medições nas adjacências para começar as obras e avisar os moradores das possíveis mudanças.
A rodoviária, as obras nas ruas e avenidas são algumas partes do projeto. O total investido na região será de R$ 478 milhões, dinheiro que surgiu da parceria estado e município. Faz parte do programa a construção de uma Fatec (Faculdade de Tecnologia) – que já está com prédio erguido –, uma Etec (escola técnica estadual), SENAI, Central para Polícia Militar e Bombeiros, Centro de Convenções/Eventos e Parque Linear.
Estas obras não se ouvem falar por aí na nossa estimada imprensa... Ao contrário, fazem irresponsáveis afirmações de que a região não comportará o estádio, conotando um ponto de vista como se Itaquera fosse o “fim do mundo”. No último sábado, escrevi este tweet informando que o restaurante Mc Donald's que mais vende no Brasil (e 22° do Mundo) fica no Shopping Itaquera (situado ao lado do futuro novo estádio do Corinthians). Imediatamente recebi respostas debochadas e incrédulas, duvidando que isto fosse possível na “famigerada” Zona Leste. Então tive que mandar outro tweet linkando uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Fora isso, na região fica o maior Shopping da América Latina (Centro Comercial Leste Aricanduva) com área total de 1 milhão de m², com 425 mil m² de área construída e estacionamento com 14.700 vagas – recebe em média 4.5 milhões de pessoas mês (dados da Abrasce).
Entre tantas outras opções de lazer na região há o Parque do Carmo, um dos maiores da cidade com 1,5 milhão de m² e o SESC Itaquera, o maior do estado de São Paulo (15 mil visitantes por dia).
Como visto, não será apenas construído um campo. Duas secretarias estaduais (Desenvolvimento e Transportes) e mais cinco municipais (Planejamento, Desenvolvimento, Infra-Estrutura, Transportes e Meio-Ambiente) estão empenhadas para produzir melhorias em volta do novo estádio. Com os documentos em ordem, logo as construtoras irão estar em atividade e o abstrato se tornará concreto. Enquanto isso a área já sofre valorização absurda e uma imóvel novo e simples (da CAIXA) com 4 cômodos vale cerca de R$ 150 mil. A COHAB (Companhia Metropolitana de Habitação) irá construir perto do estádio 2.178 apartamentos e a Construtora Tenda está levantando 10 torres no entorno...
Coisas que é bom você saber.
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O local está definido, o projeto aprovado, os documentos burocráticos protocolados e o que existe no momento é a espera da Petrobras para o início das obras do campo particular do Sport Club Corinthians Paulista, situado numa das regiões mais populosas da cidade de São Paulo.
Nesse meio tempo a grande mídia brasileira (esportiva ou não) tratou de massacrar e menosprezar o provável palco de abertura da Copa do Mundo 2014 a ser realizada no Brasil. O destrato teve como foco principal o bairro no qual será construído o estádio e a Rede Globo (SP-TV), Rede Record (Esporte Fantástico) e Band (CQC) desenvolveram matérias tendenciosas, abordando como base central a suposta difícil locomoção até o lugar. Em todos os casos não foram retratadas a situação da maneira mais correta, esquecendo de citar alguns fatos e, consequentemente, entregando aos telespectadores uma visão errada. Assim o público em geral cria uma opinião forte contrária ao projeto, porém não receberam as informações exatas.
Este argumento de que o estádio é longe atinge o nível cômico. Uma simples pergunta cabe aqui: longe pra quem? Por exemplo: nunca vi uma matéria mostrando a cansativa viagem que os torcedores do Santos, Palmeiras, São Paulo e Corinthians, residentes em Itaquera, tem que fazer para chegar até o estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi) e como é preciso ter coragem para ir às partidas das 22hs e correr o risco de encontrar as portas do metrô fechadas na volta pra casa.
Todos os programas citados acima tiveram repórteres fazendo determinado percurso até chegar na estação de Metrô/Trem Corinthians-Itaquera (que fica ao lado do terreno e terá uma passagem direta até o estádio). O caso mais interessante foi o do SP-TV (27/04) que mostrou a jornalista Monalisa Perrone fazendo o trajeto de Metrô entre a estação Morumbi e Itaquera (veja o vídeo na integra da reportagem). Percebe-se claramente o tom crítico da matéria ao exagerar os pontos negativos e não discutir parcialmente a questão. O trecho no qual a Monalisa passa por dificuldades para chegar ao terreno depois de descer na estação Itaquera, aconteceu simplesmente porque não há estádio; logo não há acesso para pedestres.
Ir do bairro Morumbi até Itaquera é, como o dito popular rotula, “atravessar a cidade”. O percurso toma boa parte da Zona Sul, atravessa o Centro e vai até o extremo da Zona Leste. O trajeto do Metrô/Trem é este mesmo, 2 horas. Ir mais cedo, como a Monalisa reclamou que queria fazer, só iria mostrar as composições lotadas devido ao evidente movimento mais intenso por ser o momento que grande cota dos habitantes de São Paulo está indo ao trabalho – o tempo de viagem seria o mesmo, se houvesse diferença seria mínima. E de carro, tomando como ponto de partida o horário que ela disse, “8 e pouquinho”, 1 hora e 20 minutos de trajeto é um tempo ótimo pela longa distância percorrida. Acredite: o acesso ao campo é o menor dos problemas. A estação Corinthians-Itaquera é o terminal das linhas de Metrô e Trem da cidade. Como você pode ver neste mapa, de lá a pessoa vai para qualquer estação de Metrô ou Trem pagando apenas uma passagem (há estações que a transferência de linhas é gratuita); da mesma forma que se chega à Corinthians-Itaquera de qualquer outra estação.
Ônibus não será problema também. Na própria estação de Metrô/Trem há 56 linhas de ônibus e vans que operam de segunda a segunda (na rodoviária da sua cidade existem tantas linhas?). Aliás, será construída uma rodoviária com saída e chegada de ônibus do Litoral Paulista, Rio de Janeiro e Nordeste.
Automóvel não será problema também. Hoje há duas grandes avenidas que direcionam até o local do estádio: Avenida Jacú-Pessêgo e Nova Radial (ambas com 3 vias em cada mão). Contudo, dentro do projeto “Plano de Desenvolvimento da Zona Leste”, aprovado semana passada pelo governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab, há uma radical mudança nas ruas e avenidas próximas ao estádio. Serão construídas ampliações, alças e articulações para melhorar o trânsito na região. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), já está fazendo medições nas adjacências para começar as obras e avisar os moradores das possíveis mudanças.
A rodoviária, as obras nas ruas e avenidas são algumas partes do projeto. O total investido na região será de R$ 478 milhões, dinheiro que surgiu da parceria estado e município. Faz parte do programa a construção de uma Fatec (Faculdade de Tecnologia) – que já está com prédio erguido –, uma Etec (escola técnica estadual), SENAI, Central para Polícia Militar e Bombeiros, Centro de Convenções/Eventos e Parque Linear.
Estas obras não se ouvem falar por aí na nossa estimada imprensa... Ao contrário, fazem irresponsáveis afirmações de que a região não comportará o estádio, conotando um ponto de vista como se Itaquera fosse o “fim do mundo”. No último sábado, escrevi este tweet informando que o restaurante Mc Donald's que mais vende no Brasil (e 22° do Mundo) fica no Shopping Itaquera (situado ao lado do futuro novo estádio do Corinthians). Imediatamente recebi respostas debochadas e incrédulas, duvidando que isto fosse possível na “famigerada” Zona Leste. Então tive que mandar outro tweet linkando uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Fora isso, na região fica o maior Shopping da América Latina (Centro Comercial Leste Aricanduva) com área total de 1 milhão de m², com 425 mil m² de área construída e estacionamento com 14.700 vagas – recebe em média 4.5 milhões de pessoas mês (dados da Abrasce).
Entre tantas outras opções de lazer na região há o Parque do Carmo, um dos maiores da cidade com 1,5 milhão de m² e o SESC Itaquera, o maior do estado de São Paulo (15 mil visitantes por dia).
Como visto, não será apenas construído um campo. Duas secretarias estaduais (Desenvolvimento e Transportes) e mais cinco municipais (Planejamento, Desenvolvimento, Infra-Estrutura, Transportes e Meio-Ambiente) estão empenhadas para produzir melhorias em volta do novo estádio. Com os documentos em ordem, logo as construtoras irão estar em atividade e o abstrato se tornará concreto. Enquanto isso a área já sofre valorização absurda e uma imóvel novo e simples (da CAIXA) com 4 cômodos vale cerca de R$ 150 mil. A COHAB (Companhia Metropolitana de Habitação) irá construir perto do estádio 2.178 apartamentos e a Construtora Tenda está levantando 10 torres no entorno...
Coisas que é bom você saber.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
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