Mostrando postagens com marcador NCAAb. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador NCAAb. Mostrar todas as postagens

O que diferencia um discurso motivacional energético do assédio moral?


Não importa com qual letra rotulam a geração de jovens adultos enraizados no virtual e entrelaçados em redes sociais online, fato é que estes são mais sentimentais dos de outrora. A correção paternal era severa, a tiração no pátio das escolas liberada e encarada sem problemas. Tornaram-se adultos mais calejados.

Hoje há lei que regula diretamente como pais devem educar seus filhos. A zoação virou grife com nome estrangeiro (bullying). Vão se tornar adultos mais fracos?

A Universidade de Charleston, estado americano da Carolina do Sul, iniciou investigação para descobrir se realmente o treinador da equipe masculina de basquete, Doug Wojcik (foto acima), cometeu agressões verbais contra os jogadores da equipe.

Segundo relatos do próprio elenco, que se reuniu com o comitê diretor da universidade na última segunda, 30 de junho, não houve por parte do técnico nenhum ataque físico, homofóbico ou racista. As acusações giram em torno do assédio moral, ofensas contra as personalidades dos atletas, humilhação e palavras pejorativas a cada um deles e seus familiares.

Logo vem à memória um caso mais grave que aconteceu na NCAA envolvendo também um treinador de basquete masculino. Porém, houve agressões físicas, registradas em vídeo, e ele, Mike Rice, da Universidade Rutgers (estado de New Jersey), foi demitido (saiba mais lendo “Jornalismo esportivo de impacto” no Observatório da Imprensa. Mostra como a ESPN foi decisiva na demissão de Rice).

Nesse caso atual da Universidade de Charleston só há palavras ríspidas e um discurso mais apaixonado do seu treinador. Há necessidade de punir Wojcik?

O comitê diretor da universidade discute só dar uma palmada (suspensão de um mês de salário e forçá-lo a ir em cursos de anger management). Contudo, o diretor de esportes de Charleston, Joe Hull, com quem os atletas conversaram, já queria dispensar Wojcik na segunda mesmo.

Os que são da velha escola criticam a decisão dos jogadores de Charleston por todo esse “choro”, dizem que estão ficando muito “frouxos”. Afinal, em outrora era apenas abaixar a cabeça e ouvir os impropérios calados (seja de pais, professores, treinadores...).

Agora é diferente. Uma postura agressiva e arrogante é vista como desnecessária. O xingamento, o grito, a brutalidade não são bem recebidos.

Na verdade, depende de cada um, do indivíduo. Tem os que reagem melhor a uma intervenção de choque, a uma provocação. Em contrapartida existem os que preferem uma aproximação suave, didática.

Podemos fazer uma relação com chefes que temos ou tivemos (ou com pais, professores, treinadores... que passaram – ou estão – em nossas vidas). Eu tive dois patrões ignorantes e trogloditas, daqueles bem ogros na hora de chamar a atenção, dar uma bronca. Com um eu resisti certo tempo, com o outro também, mas levou a desistência, porque cruzou a linha do comportamento rude ao assédio moral.

Quem vai dizer o que é o que? Só quem passa pela situação, só quem viveu. Logo, os jogadores de Charleston são os apropriados para testemunharem sobre o que aconteceu quando eles estavam com seu treinador em palestras e atividades.

Os defensores de Wojcik relatam que ele é nada mais do que respeitoso com seus atletas, que eles são como seus filhos. Pessoas próximas dizem maravilhas de Wojcik, mas tudo em questões fora de quadra.

Interessante. Pois esses chefes que citei são pessoas agradáveis quando não estão embaixo do stress laboral. São gentis, carinhosos, educados, agradáveis...

É a primeira vez que algo do tipo é relacionado com o trabalho de Wojcik, que há nove anos é treinador na NCAA. Durante sete temporadas treinou o time da Universidade de Tulsa e, além de ser o técnico mais vitorioso do programa, não recebeu nenhuma crítica sequer pelo seu comportamento por lá.

Em Charleston, com quem firmou um contrato de cinco temporadas (duas já cumpridas) – salário anual de US$ 400 mil –, começaram surgir as acusações.

O porquê talvez seja fácil entender.

Quando treinava Tulsa, Wojcik teve um início fácil e muitos dos atletas foram recrutados por ele direto das escolas de ensino médio (high school). Já em Charleston, a maioria do elenco foi escolhida pelo antigo treinador, Bobby Cremins, considerado um cara mais relaxado, leve, tranquilo.

Esse choque motivacional, uma mudança brusca de estilos, afetaram os jogadores. O discurso incentivador mudou de tom drasticamente, de um oposto ao outro. Aí cabe a universidade pesar e avalizar: são os atletas que estão mal acostumados ou o treinador que cruzou a linha do politicamente correto?

Se Wojcik sair desse problema e permanecer na universidade, como ele irá lidar com os jogadores que o denunciou? Eles vão querer jogar para Wojcik? Se a universidade demiti-lo, vai apenas ficar de bem com a opinião pública por se posicionar a favor da mansidão?

A Universidade de Charleston está numa posição comum aos seres humanos que tem de pensar bem ponderadamente ao responder a pergunta:

O que diferencia um discurso motivacional mais emotivo do assédio moral?

(GL)
Escrito por João da Paz

MLB na Fox Sports Brasil e como a tecla SAP é o grande trunfo da ESPN Brasil


Na semana passada a assessoria de imprensa da Fox Sports Brasil confirmou que transmitirá a temporada 2014 da MLB (liga americana de beisebol). É mais uma investida do canal no grande filão esportivo da TV paga: os esportes americanos.

O Fox Sports Brasil agrega a MLB ao pacote de basquete universitário (NCAA) e corridas de stock cars (NASCAR). Tudo isso com o aporte da matriz dos Estados Unidos, um dos mais importantes canais esportivos do país.

Essa mais recente ação da Fox Sports Brasil é uma clara ameaça à hegemonia da ESPN Brasil na cobertura de jogos ao vivo dos esportes americanos – status alcançado, em grande parte, pela exclusividade de mercado. A concorrência é sempre saudável e benéfica, com o cliente saindo sempre como o grande vencedor.

Porém, o assinante precisa agir com inteligência, para não acontecer o mesmo que o BandSports enfrentou quando transmitia a NFL.

Imediatamente após o anúncio da MLB na Fox Sports Brasil, fãs vociferaram palavras contrárias, negativas contra essa excelente novidade. Ao invés de celebrarem mais um espaço (raro) dos esportes americanos na TV brasileira, as criticas vieram supondo que as transmissões serão ruins, com profissionais despreparados e etc.

Similares palavras eram recebidas pelo BandSports quando inovou e trouxe ao Brasil jogos da NFL nas tardes de domingo no final da década passada. Servia como alternativa para que o telespectador pudesse acompanhar mais times e jogadores, além dos que apresentados aos domingos e segundas à noite na ESPN Brasil.

O BandSports hoje transmite o basquete universitário da NCAA, mas com uma aquisição de direitos “mais na raça” do que em berço esplêndido, que é o caso da ESPN Brasil e Fox Sports Brasil, pois ambos canais têm como fonte as matrizes americanas, que são concorrentes ferrenhas nos Estados Unidos e essa boa briga está se transferindo para cá.

Com a criação de um segundo canal, a Fox Sports Brasil criou um novo espaço para aproveitar direitos de transmissão de importantes competições de esportes americanos que sua matriz detém – que lá há o núcleo parte do canal aberto, Fox; diversos canais esportivos locais de TV por assinatura; e o recente criado canal nacional Fox Spots 1, para ser um rival direto a ESPN.

De direitos de transmissões plenos, a Fox Sports dos Estados Unidos têm a MLB com jogos aos sábados, NFL com jogos ao domingo, futebol americano universitário e a NASCAR. No âmbito local, há ainda NBA, NHL, basquete da NCAA. Todo esse leque é possível de chegar aos fãs brasileiros (parte já está aqui) e a MLB é mais um passo para que o canal assuma uma posição consolidada para ameaçar a ESPN Brasil também nos esportes americanos – lembrando que no futebol internacional, a Fox Sports está lado a lado com a rival, inclusive tendo direitos exclusivos do Campeonato Italiano e futuramente do Campeonato Alemão; nos Estados Unidos, a Fox Sports tirou a Liga dos Campeões da ESPN.

O grande trunfo da ESPN Brasil é a tecla SAP, serviço que desde a origem do canal é disponibilizado aos assinantes para que possam ouvir os jogos de esportes americanos com a narração original em inglês. Esse diferencial é importante, pois é bastante utilizado pelos telespectadores que não gostam dos narradores/comentaristas brasileiros. A Fox Sports Brasil, por enquanto, não oferece essa opção.

Não é desvalorizar os profissionais, mas vender as transmissões de esportes americanos valorizando o fato de ter a tecla SAP à disposição do telespectador é uma estratégia inteligente da ESPN Brasil em se destacar em relação à Fox Sports Brasil que, com o anúncio das transmissões da MLB, dá mais um passo para entrar definitivamente no mercado lucrativo dos esportes americanos.

É importante, contudo, reforçar que os fãs tem papel importante na manutenção da MLB na Fox Sports Brasil e na inclusão de outros eventos na grade de programação do canal. Incentivar e dar audiência são melhores atitudes do que criticar e desmerecer as transmissões – basta não assistir.

No Fox Sports Brasil 2, a MLB terá a concorrência do futebol e será preterido algumas vezes pelo esporte que é paixão nacional e registra números de audiência superiores. Mesma situação pela qual a NFL no BandSports sofreu. Os fãs, então, inconsequentemente, destilaram veneno contra o canal do Grupo Bandeirantes. Que agora sejam mais compreensíveis e apoiem a iniciativa da Fox Sports Brasil.

Tudo isso é bom, até mesmo para a ESPN Brasil, que precisa sair da zona de conforto e investir mais (especificamente na MLB), pois uma concorrente de peso está, aos poucos, ameaçando a autointitulada “líder mundial em esportes”.

(GL)
Escrito por João da Paz

Do videogame à TV: como um processo judicial pode acabar com o amadorismo da NCAA


A juíza federal Claudia Wilken, do estado da Califórnia, mais uma vez deu parecer favorável ao processo liderado por Ed O'Bannon, ex-jogador de basquete da UCLA (Universidade de Califórnia, Los Angeles), contra a NCAA. A acusação era contra o uso irregular da imagem de ex-atletas feito pela associação de esportes universitários amadores, pela empresa de videogame EA Sports e pela Collegiate Licensing Co., maior firma dos Estados Unidos que cuida de marcas registradas e licenças.

Wilken votou na última sexta (25) contra o cancelamento desse processo, pedido feito pela NCAA. Vitória que fortalece a ação e pode levar ao fim do amadorismo nos esportes americanos universitários, pois os litigantes ganhariam o direito sobre suas respectivas imagens, usadas não somente em videogames ou camisas oficiais das universidades, mas parte do grande bolo de grana que são os acordos da NCAA com as emissoras americanas.

O’Bannon protocolou o processo em 2009. Junto com outros ex-atletas universitários, tinha como meta primordial batalhar por parte do dinheiro arrecadado com o jogo da EA Sports (NCAA Football). No joguinho em questão os jogadores não são marcados pelo nome, apenas pelo número. Mas a altura, peso e características físicas são semelhantes ao respectivo atleta.

A base da ação é um documento que os atletas universitários da Divisão I precisam assinar para que possam atuar nos campeonatos. Com a assinatura “obrigatória” eles passam os direitos de imagem exclusivos e perpetuamente para a NCAA. Lá diz: “Você autoriza a NCAA (...) usar seu nome ou imagem para promover campeonatos da NCAA, outros eventos, atividades ou programas”.

O processo engatinhava na justiça americana e precisava de ingredientes para alcançar posições mais avançadas. A primeira delas aconteceu quando os contratos televisivos entraram na jogada, na intenção de atrair jogadores em atividade para o processo.

Deu certo.

Em Janeiro deste ano a mesma juíza Wilken negou moção da NCAA para retirar desse processo o adendo de direitos de transmissão dos jogos ao vivo. Vitória importante para os acusadores, pois conseguiram o que queriam.

Em Julho seis jogadores em atividade se juntaram ao processo: Jake Fischer e Jake Smith (Arizona), Chase Garnham (Vanderbilt), Darius Robinson (Clemson), Moses Alipate e Victor Keise (Minnesota).

Aí salgou.

Prevendo o pior, as conferências SEC (Southeastern), Big Ten e Pacific-12 romperam com a EA Sports. O movimento foi causado pelo receio de que o envolvimento com a empresa poderia dificultar ainda mais o processo de defesa delas.

Por perder metade das principais conferências e ficar sem apoio forte, a EA Sports anunciou em Setembro que não produziria o joguinho NCAA Football ’14, uma decisão inédita. No mesmo dia a empresa de videogames, junto com a Collegiate Licensing Co., entraram em acordo com os atletas e ex-atletas do processo. Os termos do acerto não foram divulgados, porém a certeza a partir de então era que o firmado na corte federal da cidade de Oakland, Califórnia, deixaria a NCAA sozinha na batalha.

Isso levou a associação a NCAA pedir à juíza Wilken que rejeitasse o processo por completo, usando três argumentos em sua defesa. Sem entrar em mais detalhes jurídicos, Wilken simplesmente indeferiu categoricamente todos eles – saiba aqui (em inglês) quais os posicionamentos da juíza. A premissa dela é que a NCAA usa os direitos de imagens dos atletas para fins comerciais (lucro).

O cenário é incerto após a decisão de Wilken tomada nesta sexta. A tendência é que os acusadores ganham mais força no campo judicial, contudo é indefinido o que acontecerá de fato com todos os jogadores de todos os esportes da NCAA.

Como o dinheiro seria dividido? De forma igualitária ou proporcional? Se for igualitária, como mensurar o que todos os atletas devem receber? Quem joga boliche vai receber o mesmo que um quarterback de uma grande universidade? Se for proporcional, é justo um atleta ‘amador’ receber mais que o outro? E quando eles vão receber o dinheiro, durante a carreira universitária ou depois?

Essas são somente algumas perguntas, todas sem respostas claras. De certo é possível notar o enfraquecimento da NCAA, principalmente por ter uma juíza que em duas decisões favoreceu o lado dos acusadores.

A provável derrota naturalmente levaria a um acordo, decisão sábia feita pela EA Sports e a Collegiate Licensing Co.. E seja agora ou depois, um resultado negativo fará com que a NCAA perca bilhões de dólares. Ela está na zona chamada de “no win situation”.

Porém a NCAA acredita estar certa em sua defesa. E mesmo com o letal desgaste, indica que vai lutar nos tribunais até que o processo chegue à Suprema Corte dos Estados Unidos, instância maior da justiça americana.

Terá de torcer para não encontrar uma Wilken por lá.

(GL)
Escrito por João da Paz

O que a ESPN americana ensina a folha.com; e a outros sites que cobram por conteúdo

Desde 21 de Junho deste ano, o site do jornal Folha de S. Paulo passou por remodelação, tentando se adaptar ao novo momento da mídia. Deixou de se chamar Folha.com, passou a ter o logo do jornal e implantou uma modalidade nova na imprensa online brasileira: cobrança por conteúdo. Apesar de uma prática difundida entre grandes nomes do jornalismo mundial, a Folha não está preparada para pôr em atividade o modelo chamado de paywall (“muro de cobrança”) e deveria olhar para a ESPN americana como exemplo, ao invés de se espelhar no New York Times.

O paywall da Folha funciona da seguinte maneira: o leitor tem acesso ao conteúdo completo do jornal (antes alguns textos eram restritos a assinantes), porém só pode ler 20 textos por mês. Após atingir esta cota, receberá um convite para preencher um cadastro, que lhe dará direito a outros 20 textos. A partir do 41º, o convite passa a ser para assinar o jornal e ler o site sem limites.

Vários erros são possíveis observar, a começar pela iniciativa e passar pelo trâmite do processo. O jornal diz que são 40 textos/mês livres ao usuário. Mas na verdade são 20, pois a outra metade não terá muitos adeptos pelo “simples” cadastro a ser feito. Nem os primeiros 20 devem ser utilizados realmente, visto que muitos leitores não irão voltar a visitar o site justamente por saber que terão uma parede logo a frente para bloqueá-los.

Um fato dito por Sérgio Dávila, editor executivo da Folha, é que o leitor geral não sentirá esta restrição.  Quem lê mais de 20 textos por mês no site? Porém só o funcionamento desse método afastou os leitores.

Sérgio justifica a ação da Folha dizendo que o jornalismo de qualidade custa caro, por isso quer angariar mais assinantes para bancar o conteúdo do jornal. Quem responde melhor este tópico é a ombudsman da Folha, Suzana Singer, responsável por avaliar o comportamento do jornal e de suas iniciativas:

Para ler pequenos informes sobre o que aconteceu nas últimas horas, em textos mal-ajambrados, ou para saber das fofocas mais recentes sobre celebridades do 'mundo B', ninguém precisa gastar um centavo, há uma oferta enorme de sites e blogs gratuitos na rede".

A Folha se compara ao New York Times, jornal americano que cobra por conteúdo. Entretanto são realidades totalmente diferentes (e conteúdos diferentes, diga-se). Uma coisa é o NYT criar o tal “muro de cobrança”, outra coisa é a Folha querer o mesmo.

No NYT você não vê manchetes deste naipe: "Gretchen toca sino de 'A Fazenda' e pode deixar programa".

O diretor executivo do jornal paulistano se sustenta na boa receptividade que os leitores do NYT tiveram com o paywall, aumentando o número de assinantes online – e com um detalhe, reduzindo o limite de textos gratuitos de 20 para 10. Mas esqueceu de pontuar um aspecto importante, a resposta para a pergunta: Por que existe o paywall?

O New York Times está no limbo como tantos outros jornais do mundo, tendo queda no número de vendas em bancas, acarretando uma gravidade, que é o declínio da publicidade impressa. No último bimestre de 2011, o lucro do NYT caiu 12%, puxado pela queda das propagandas no jornal impresso (8%). Isto contribuiu para que a perda do NYT em 2011 fosse de US$ 40 milhões.

Apostar no paywall para cobrir o rombo que o jornal impresso presenteia não é a melhor estratégia para a o NYT (muito menos para a Folha). Ao invés disto, a estratégia tem de ser outra, apostar num conteúdo gratuito online que seja diferencial do impresso, gerando mais leitores de página única e assim atraindo mais patrocinadores.

O jornalismo de qualidade entra em cena agora.

E o exemplo melhor disto é o que a ESPN americana faz.

O canal de esportes via TV por assinatura tem uma vantagem, visto que arrecada muito através da venda individual que tem nos EUA – o canal é vendido separadamente pelas operadoras, num custo em volta dos 5 dólares, o canal mais caro (de longe) das TVs por assinatura.

Nesta brincadeira se ganha um bom dinheiro.

Mas a plataforma digital é outra mina de ouro que a ESPN explora com eficiência e chama a atenção o que ela faz gratuitamente. Antes, vale ressaltar, que eles tem um espaço para assinante, chamado de “insider”, lugar com conteúdo exclusivo onde as análises de comentaristas/especialistas são os destaques – e não a notícia.

Isto impede que um futuro "muro" impeça que um internauta, em meio a um momento de notícia urgente (breaking news), encontre uma indesejada mensagem-convite ao procurar o desdobramento do assunto mais quente em questão. Risco que correm os jornais adeptos do paywall em notícias.

A ESPN fez de seu site um portal esportivo completo de informações e notícias. Conforme medição em Maio deste ano, realizada pela comScore Media Metrix, foi o terceiro site esportivo mais visitados por americanos, atrás da FOX/MSN e Yahoo. 

O site espn.com traz conteúdo diferente do que é visto na TV e em rádios pertencentes ao grupo. Assim, quem é assinante do canal e/ou ouvinte sabe que no site irá encontrar matérias exclusivas. Abrange um maior público, que pode ser leitor do site e não telespectador ou ouvinte. Como se fossem veículos independentes.

Ou seja, a atração do site da ESPN não é o que a Folha prega para que você “atravesse o muro da cobrança” e leia o conteúdo completo do jornal impresso.

Um modelo deste trabalho primoroso da ESPN é o realizado com o programa “Outside  The Lines”, grife da emissora que só perde para o Sportscenter em importância. O OTL é um programa investigativo e de debates sobre assuntos “além das linhas” de jogo. Somente ia pro ar aos domingos de manhã, mas ganhou uma versão diária pela tarde e transmissão via rádio também.

No site o trabalho é magnífico e as matérias publicadas são diferentes das edições diárias ou semanais do OTL na TV. Clique nos links abaixo e observe:




Note a extensão do texto, o trabalho gráfico, as fotos, a qualidade da informação... Tudo isso de graça, sem custo algum para o internauta.

A ESPN aposta nisto para gerar tráfego, page views e atrair patrocinadores – arrecadando dinheiro para fazer um jornalismo de qualidade.

Esta é a melhor estratégia.


(GL)
Escrito por João da Paz

Três anos do Grandes Ligas - a mídia brasileira e os esportes americanos


Com um texto falando sobre as chances de alguns times da NBA de chegar à pós-temporada 2008-09, o Grandes Ligas entrou no ar falando sobre “A luta por vagas nos playoffs” em 04 de Março de 2009. Passaram meses, anos e este é o artigo de número 354 que é publicado.

Minha infância se misturou com os esportes americanos: assistia jogos de soccer do São Paulo (de Raí) usando uma camisa do Brooklyn Dodgers, acompanhava os programas esportivos da TV colando figurinhas do álbum da NBA, colecionava times de botão (permanecem intactos e guardados – 63 times) e juntava cards, revistas, reportagens de jornais, fitas VHS de jogos... enfim, tudo relacionado aos esportes americanos.

Alguém aí deve se lembrar: na metade de 2011 estava assistindo um jogo da MLB e ligado em outros tantos assuntos relacionados às grandes ligas... e parei. Me emocionei e postei no Twitter o quanto amo os esportes americanos. Mesma emoção que sentia ao me preparar para assistir aqueles jogos da NBA de sexta à noite na Band – e o NBA Action no sábado à tarde.

Minha resposta para a pergunta básica “O que você quer ser quando crescer?” era fácil: jornalista esportivo. E mais, de esportes americanos. Conforme a adolescência chegava, aumentava a percepção que tais competições eram depreciadas pela imprensa brasileira.

Até o Lance! aparecer em 1997.

Uma coluna na edição de quarta surgiu, assinada por Marcelo Barreto (hoje no SporTV) chamada de “Made in USA”. Nome funcional, mas não original. Era uma presença fundamental para informações/opiniões sobre as grandes ligas. Mas começou como página inteira, depois metade, depois coluna...

Jogos ao vivo são espaços consideráveis dos esportes americanos na TV (aberta ou por assinatura)? Sim. Porém o importante é a cobertura e esta não existe hoje na mídia brasileira.

Quando destaco que não existe, ressalto que não é algo de qualidade. Quer dizer, notícias saem por aí, um acontecimento especial também, contudo a cobertura como deve ser de fato feita é irrisória pra dizer que existe.

Nunca me esqueço de um Bate-Bola, programa chave da ESPN Brasil, no qual o apresentador João Carlos Albuquerque teve de apresentar um take de uns jogos da NHL – melhores momentos – e disse pra todos ouvirem: “Deixa isto pra lá! Quem se importa com estes jogos?”. É a visão de uma pessoa, que tem suas razões para tê-la, embora mostre como a própria emissora trata este produto, esmagado nos minutos finais.

A ESPN Brasil é a mais falha de todas as organizações, justamente por possuir espaço, profissionais e material para fazer uma verdadeira cobertura dos esportes americanos. Na grade atual há o programa semanal “The Book is on the Table”. Fora o nome ridículo (cômico), serve como caridade para os fãs das grandes ligas. Não funciona para acrescentar nada de novo, tão pouco é original. Mas, ao menos, tá lá. Algum telespectador absorve algo de importante ali. Só que, na perspectiva mais importante, não serve para acrescentar nada de grande valor.

Pronto. Acaba aqui o que podemos chamar de “espaço dos esportes americanos na grande mídia brasileira”. Lembrando que não estão sendo citadas reportagens de jogos do tipo “Time X venceu o time Y”, ou jogos transmitidos ao vivo.

A caçula Esporte Interativo teve um tal de “Doctor´s alguma coisa”. Programa com um ótimo apresentador (Luan Knaya) que conhece do assunto made in usa, mas transmiti-lo às 16h do domingo...

[...]

Sem dúvida, a internet abriu espaço para que algo mais sustentável fosse feito em relação aos esportes americanos, seja por amadores ou profissionais. Isto porque não há necessidade de ser mídia dominante para estar online. A saudável possibilidade de falar sobre o que bem entender criou uma liberdade ótima. Existem os lixos e trabalhos chulos, mas quem faz com qualidade mantém o serviço por um bom tempo.

O Grandes Ligas nasceu nesta toada, entretanto trazia um pouco daquilo que eu pensava na infância: opinião sobre esportes americanos feita por brasileiros. Tantos jornalistas comentando daqui os campeonatos de futebol da Itália, Espanha, Inglaterra, França.... Por que não fazer o mesmo com a NBA, MLB, NFL e NCAA?

Você já notou que falam que quem cobre os esportes americanos copia tudo da mídia americana, mas não dizem que quem cobre os campeonatos europeus de futebol faz o mesmo com a mídia de lá?

[...]

Quer dizer, quase de forma literal, o recém criado “melhor site sobre esportes americanos em português” (que mudou o prepotente slogan para "notícias, análises e histórias dos esportes americanos"), copia notícias sim da imprensa dos Estados Unidos. O que pode ser baseado no que editorias de certas redações fazem ao usar matérias de agências internacionais (como a AP e Reuters). É uma linha de trabalho válida, mas também não acrescenta valor.

Sempre senti falta de opinião, de alguém explicar um ponto de vista sobre os assuntos do momento – como observamos na imprensa futebolística brasileira. Não interessa se é certo ou errado, interessa é que uma ideia está exposta para ser debatida, questionada.

Procuro fazer isto, junto com um trabalho de mostrar os bastidores dos times, histórias dos jogadores, etc. Compartilhar um pouco do meu conhecimento com um público difícil de lidar, mas que merece só o melhor.

Procuro fazer isto, escrever algo de qualidade, por mais que você discorde - ou não. O essencial é ser diferente sem inventar muito, simplesmente cumprir a função de cobrir as grandes ligas como acredito que deve ser feito.

Dos 354 textos existem diversos equívocos, inúmeros acertos. Isto dito pelos mais diversos comentários, partindo de fãs veteranos ou novatos. Escrever para camadas diferentes de admiradores das grandes ligas é um gostoso desafio. Um texto mais simples pode ser taxado de inútil pelo veterano, mas fundamental para o novato. Um texto mais complexo pode ser taxado inútil pelo novato, mas fundamental para o veterano. Nesta linha caminho e, até agora, tudo tem ocorrido bem.

Vou exagerar e usar uma comparação esdrúxula: artistas e esportistas dizem que quando perdem o frio na barriga antes de uma atuação, acabou a vontade de fazer o que tanto gostam. Eu, toda vez que produzo/escrevo um artigo, tenho esta sensação de gelar. Quero sempre que o meu melhor seja entregue e que você leitor chegue na minha assinatura satisfeito com a arte final. Aí entra o momento de criticar.

A razão do Grandes Ligas permanecer forte e numa crescente contínua é você leitor. Poderia estender, mas paro por aqui e peço a sua ajuda. Chegou a hora de contar um pouco dos bastidores e curiosidades destes 354 artigos. Quero compartilhar com vocês como eles foram realizados, porque tal tema foi abordado e coisas do tipo.

Qual texto você que saber mais um pouco? Qual artigo mais lhe chamou atenção? Respondam estas perguntas por onde preferir (Caixa de comentários, Twitter, Facebook, e-mail...). Nos próximos dias este especial será postado.

Será o texto número 355.

E contando...



(GL)
Escrito por João da Paz

A melhor temporada regular dos esportes americanos


O sistema BCS é confuso, mas cria um campeonato empolgante.

Querendo ou não, gostando ou não, invariavelmente os melhores times do football universitário se encontram na final do BCS, que dá ao vencedor o rótulo de “Campeão Nacional”. Apesar da NCAA, órgão que organiza os jogos da temporada regular, não determinar um campeão para os times de football, ela se beneficia pelo sistema BCS que provoca 15 semanas de partidas atraentes e um tropeço qualquer serve para tirar o perdedor da chance de disputar o título.

Esta recente semana foi prova do motivo real de que a temporada regular do football universitário é a melhor entre os esportes americanos. Um jogo de certa forma irrelevante, Oklahoma State versus Iowa State, teve um resultado que mudou a ordem do ranking. Oklahoma State estava em 2º lugar, mas perdeu o jogo (foto acima) e caiu várias posições. A universidade estava invicta, porém a derrota tira qualquer chance dos Cowboys conseguir uma passagem para a decisão do BCS.

Só na NCAAf que partidas da 12ª rodada podem influenciar definitivamente a concepção dos dois melhores times do campeonato. Além de Oklahoma State, outras universidades fortes perderam jogos e minaram qualquer oportunidade de ser uma das 2 melhores equipes dos EUA ao fim da temporada: Oklahoma, Oregon e Clemson.

Querem criar um modo de playoffs na NCAAf; não precisa. Pensam que assim as injustiças serão menores; mentira. Veja o que acontece no basquete universitário, que tem a pior temporada regular entre os esportes americanos: 68 clubes vão para os playoffs e no dia da seleção muitas universidades “choram” e reclamam por não terem sido incluídas no March Madness... Logo, que diferença faz uma partida em Dezembro, Janeiro? Por mais que uma escola perca vários jogos, é possível se classificar para a pós-temporada.

Nos esportes profissionais não é diferente:

MLB: 162 jogos? Com duração de +3horas? Fala sério! Quem vai acompanhar a liga em Julho, Agosto? O público vai ficar sintonizado no final de Setembro e no mês de Outubro, tempo de decisão.

NBA: Similar. O grande público só acompanha os playoffs...

NFL: Pode parecer que é diferente destas outras duas, mas não. Após a metade do campeonato, 12/13 times estão fora da disputa de vagas na pós-temporada.

Expandindo este exemplo da NFL, perceba o que aconteceu nesta temporada 2011-12: o Jacksonville Jaguars e o Seattle Seahawks venceram o Baltimore Ravens (Semana 7 e 10 respectivamente); os dois primeiros não vão para os playoffs, Baltimore estará lá. Na Semana 3, o Buffalo Bills derrotou o New England Patriots; Buffalo não vai para os playoffs, New England estará lá. Na Semana 6 o Tampa Bay Buccaneers derrotou o New Orleans Saints; Tampa não vai para os playoffs, New Orleans estará lá.

Estas foram belas vitórias, grandes feitos, mas quem saiu com o resultado positivo não gozou nada mais que os louros da específica partida. Os derrotados seguem fortes e com condições de disputar o Super Bowl.

Na NCAAf uma derrota pode ser fatal, principalmente para quem foi a derrota. Da mesma forma que uma vitória não vale muita coisa, desde que seja contra times fortes e competitivos. Derrotas e vitórias não são meras estatísticas no football universitário, depende de como o time se comportou nestas ocasiões. Por isso todo jogo é válido e pode afetar a forma do ranking BCS, ou seja, das escolas que vão estar na grande final.


Alabama Crimson Tide deste ano tem uma derrota e é a 2ª colocada do ranking. Esta derrota foi para a 1ª colocada, LSU (foto acima). Após o encontro entre eles, ‘Bama caiu um pouco no ranking, mas voltou à posição que não deveria ter saído após os resultados deste final de semana. Uma derrota para uma universidade da Conferência SEC vale mais que vitórias em outras conferências.

O domínio da SEC* é justificado em campo, incontestável. Dos últimos 12 campeões do BCS, sete são membros da conferência. Abaixo está o recorde, nas finais nacionais, das outras cinco conferências que formam o BCS:

Big East: 1v-2d / Big Ten: 1v-2d / ACC: 1v-2d / Big XII: 2v-5d / Pac-12: 0v-1d

Viu o porquê do domínio da SEC no football universitário? (uma das razões...)

Pela primeira vez nos 14 anos de história do ranking BCS, três escolas da mesma conferência estão nas primeiras posições: 1 LSU, 2 Alabama e 3 Arkansas – e não só isso, estas universidades fazem parte da mesma divisão, a SEC Oeste.

Na próxima sexta, 25, acaba a temporada regular da SEC. LSU enfrenta Arkansas. E se Arkansas vencer, como ficará o ranking? As três vão ter uma derrota e cada uma sendo pelos rivais: LSU perdeu para Arkansas (neste caso hipotético), Arkansas perdeu para Alabama e Alabama perdeu para LSU. Mesmo para quem não é fã de football, muito menos da NCAAf, mas gosta de drama, este jogo do dia 25 é imperdível.

Após tudo, os dois melhores times chegarão à final. Os últimos três campeões (Florida Gators – 2008/09, Alabama Crimson Tide – 2009/10 e Auburn Tigers – 2010/11) venceram 6 times rankeados em suas respectivas campanhas. Uma afirmação da qualidade das equipes.

Nesta temporada, se Arkansas ou Alabama forem as campeãs, também terão 6 vitórias contra times rankeados – LSU não, se for campeão serão 8 vitórias contra times rankeados.

Uma derrota na SEC vale muito? Sim. E o que os times das outras conferências precisam fazer para chegar ao título? Não perder seus jogos, ora! Cinco times têm uma derrota e poderiam estar invictos, dois deles são Alabama e Arkansas. Como foram as derrotas dos outros três?

Stanford (Pac-12) perdeu para um rival de conferência, Oregon. O detalhe é que Oregon tem duas derrotas... Oklahoma State também perdeu para um rival, Iowa State, que, mesmo com a vitória, tem aproveitamento negativo na própria conferência Big XII (3v-4d)... Virginia Tech também perdeu para um rival de conferência (ACC), Clemson, que na época estava em 13º no ranking; VTech só jogou com dois times rankeados – o outro foi Georgia Tech...

Para ser um dos top na NCAAf, é preciso vencer os rivais, os times fracos, médios... Não pode vacilar. Todo jogo importa, toda partida tem um significado. Faltam duas semanas para o término da temporada regular, depois vem às finais de conferência, e muita coisa pode acontecer que mudará a parte de cima do ranking definindo os dois melhores times. Seja como for, serão os dois melhores times. Numa conquista que não vem de última hora, mas construída rodada após rodada.

Então aproveite! Acompanhe os momentos cruciais da competição que proporciona a melhor temporada regular dos esportes americanos.


(GL)
Escrito por João da Paz


*Universidades que integram a SEC (Southeastern Conference): Georgia Bulldogs, Florida Gators, South Carolina Gamecocks, Vanderbilt Commodores, Tennessee Volunteers, Kentucky Wildcats, Auburn Tigers, Alabama Crimson Tide, Louisiana State Tigers, Arkansas Razorbacks, Mississippi State Bulldogs e Ole Miss Rebels.

As 12 Melhores Capas do Grandes Ligas

Dê sua opinião sobre a que você mais prefere! Mencione alguma outra que goste, mas que não está aqui relacionada.

Clique na imagem e seja redirecionado ao respectivo artigo.


***


Campus Party

Sobre o jogo de basquete da NCAA entre Harvard x Cornell

***


Bravo!

Na foto Dwight Howard, pivô do Orlando Magic

***


Gisele Bündchen & Tom Brady

Completo perfil do famoso casal: ele quarterback do New England Patriots; ela super modelo
Foto © 1 Lucas Jackson / Reuters

***


A idolatria nossa de cada dia

Fãs em New York usando a camisa do Derek Jeter, jogador dos Yankees, ao lado de um das entradas da estação de Metrô “161 Street – Yankee Stadium”
Foto © 1 Jeremy Chan

***


Paralelo ao tempo

Albert Pujols, jogador do Saint Louis Cardinals

***


O beisebol nos EUA e o paradoxo da sua popularidade

Crianças brincando de beisebol num parque

***


A bem aventurada entre os santos

Rita Benson LeBlanc, Vice Presidente Executiva do New Orleans Saints
Foto © 1 Max Vadukul

***


Eu + Eu Mesmo

Sobre o receiver Chad Ochocinco, agora membro do New England Patriots
Foto © 1 VH1 Media

***


Tempo Perdido e a Legião Urbana de Miami

Imagem com Chris Bosh, LeBron James e Dwyane Wade, atletas do Miami Heat
Foto © 1 Marc Serota / Getty Images

***


As ações estimulantes das Kardashians

O envolvimento das irmãs com atletas


***


Faz um 21

Sobre o brasileiro Tiago Splitter, pivô do San Antonio Spurs
Foto © 1 Edward A. Ornelas / Express-News

***


Efeito Kate Hudson

Sobre Alex Rodriguez, jogador do New York Yankees
Montagem baseada no cartaz do filme "Raising Helen (Um Presente Para Helen) da Touchstone Pictures / Direitos Reservados

NBA Draft 2011 - As Apostas

A classe de jogadores universitários que hoje ingressará na NBA não é a das melhores e muitos consideram uma das mais fracas da história. Fora estes rótulos afirmativos, o fato é que grande maioria destes jovens estarão na temporada 2011-12 na liga de desenvolvimento da associação (Development League) do que propriamente na elite do basquete mundial.

Nas 60 escolhas que as franquias irão decidir hoje a partir das 20hs (horário de Brasília), é evidente que bons nomes serão chamados, atletas com capacidade de atuar bem já no próximo campeonato e alguns até participando de times vencedores. Os grandes clubes têm uma oportunidade de mostrar o valor que sua equipe de scouts (olheiros) possui ao ficarem com jogadores prontos para a NBA após os outros não observarem este talento.

Há três bons recrutas neste draft (Kyrie Irving, Derrick Williams e Brandon Knight). Depois existe muita promessa e pouca certeza. Porém tem aqueles com potencial de brilhar e indico três deles – junto com os 3 citados anteriormente – hoje no especial que completa três anos.

Veja quais foram os destaques nos anos passados:

As Apostas – 2009: Jrue Holiday, Earl Clark, Stephen Curry, Brandon Jennings, Ricky Rubio e Blake Griffin

As Apostas – 2010: John Wall, Ed Davis, Evan Turner, Wesley Johnson, DeMarcus Cousins e Xavier Henry

***


Natural de: Fort Lauderdale, Flórida
Idade: 19
Posição: PG (1)
Universidade: Kentucky Wildcats (Novato)
Curso: Estudos Pré-Graduação
Curiosidade: Foi o melhor jogador de basquete dos EUA no nível escolar em 2009 e 2010 – escolhido entre 552 mil atletas nas duas ocasiões.

Knight entra na NBA com o rótulo de “um dos armadores de John Calipari”. Calipari foi o treinador universitário de Derrick Rose (MVP em 2010-11 e novato do ano em 2008-09), Tyreke Evans (novato do ano em 2009-10) e John Wall (vice novato do ano em 2010-11). Rumores dão conta que ele pode ser escolhido pelo Utah Jazz na 3ª posição, clube que trocou Deron Williams na temporada passada. Tyrone Corbin, treinador do Jazz, gostou do trabalho individual que Knight mostrou na avaliação em Utah.

Kentucky chegou no Final Four do ano passado graças as atuações de Knight – primeira aparição da tradicional universidade nas semifinais da NCAA desde 1998. No Torneio ele teve grandes jogos, principalmente na segunda rodada. Knight fez uma estreia ruim contra Princeton e só marcou 2 pontos – embora estes tenham sido o da vitória nos últimos segundos. Contra West Virginia na rodada seguinte, Brandon marcou 30 pontos e converteu 6 arremessos livres no minuto final.



***


Natural de: Riverside, Califórnia
Idade: 19
Posição: SF (3)
Universidade: San Diego State Aztecs (Segundanista)
Curso: Economia
Curiosidade: Fez trabalho de preparação pré-draft com Chauncey Billups na cidade de Las Vegas.

O sucesso dos Aztecs ajudou a cotação de Leonard subir. A universidade chegou até as oitavas de final (Sweet 16) e perdeu para Connecticut Huskies, campeões do Torneio. O resultado disto foi o interesse dos scouts em observar mais de perto o melhor jogador do elenco de San Diego.

Leonard então aparece. Em duas temporadas no sul da Califórnia, conseguiu impressionantes 40 doubles-doubles (todos em pontos-rebotes). Foi campeão da Conferência Mountain West ganhando na decisão da Brigham Young University (BYU), time responsável pelas únicas duas derrotas dos Aztecs na temporada regular – Leonard marcou 21 pontos e pegou 10 rebotes no jogo em questão.

Apesar dessas qualidades, os analistas argumentavam contra seu fraco arremesso de 3 – 29% de aproveitamento no Torneio da NCAA. Então seu empresário Brian Elfus contratou um especialista em corrigir este defeito: Joe Abunassar, que trabalhou com Leonard por ininterruptas três semanas e meia.



***


Natural de: La Mirada, Califórnia
Idade: 20
Posição: SF ou PF (3 ou 4)
Universidade: Arizona Wildcats (Segundanista)
Curso: Não-Declarado
Curiosidade: Entre a oitava e nona série, seu número de calçado aumentou 6 vezes.

Mesmo que seja escolhido na posição de número 2, Williams é considerado o melhor jogador desta classe 2011. Sua trajetória à universidade foi desconhecida até um acaso o colocar no estrelato.

Tim Floyd, ex-treinador da Universidade do Sul da Califórnia (USC), foi observar um dos seus recrutas que hoje está no Toronto Raptors, DeMar DeRozan, que jogava na Compton High School e nesse dia estava enfrentando a La Mirada High School, escola de Derrick. Foi descoberto.

Williams não entrou na USC porque a NCAA puniu Floyd por violações e o treinador saiu do programa. Desta forma ele ficou livre e escolheu Arizona e lá fez uma grande campanha na temporada passada, levando o time até as quartas de final (Elite 8) do Torneio. A partida contra a então campeã Duke foi histórica. Anotou 32 pontos e pegou 13 rebotes na vitória por uma margem de 16 pontos (93 a 77).



***


Natural de: Filadélfia, Pensilvânia
Idade: 21
Posição: SF (3)
Universidade: Kansas Jayhawks (Junior)
Curso: Estudos Americanos
Curiosidade: Foi bicampeão estadual na Pensilvânia defendendo a escola Prep Charter (2006 e 2007). No ano de veterano converteu o arremesso vitorioso do título nos segundos finais – três pontos.

A fama no nível escolar (high school) somada com o sucesso na NCAA pelo famoso programa de Kansas, fez com que Marcus alimentasse mais a sua confiança, atingindo um ponto bem próximo da arrogância. Em suas entrevistas pré-draft ele tem se mostrado bem certo do seu potencial e do que é capaz de fazer na NBA. A questão a ser respondida e se os scouts vão entender isto como audácia ou prepotência.

Seus três anos com os Jayhawks foram produtivos. Eleito o jogador que mais evoluiu em toda NCAA na sua temporada de segundanista e como junior elevou seu jogo. Em Dezembro de 2010, contra Iowa State, Marcus conseguiu sua melhor pontuação na carreira universitária, marcando 33 pontos. Foi eleito o melhor jogador da Conferência Big XII (2010-11), uma das melhores da NCAA.



***


Natural de: Melbourne, Victoria (Austrália – tem dupla cidadania: americana e australiana)
Idade: 19
Posição: PG (1)
Universidade: Duke Blue Devils (Novato)
Curso: Não-Declarado
Curiosidade: Nasceu na Austrália quando seu pai jogava basquete por lá pelo Bullen Boomers. Morou no país até os 2 anos de idade até mudar para os EUA. Tanto ele quanto a confederação local já pensaram na possibilidade dele defender as cores verde e amarela em torneios internacionais.

Irving, aparentemente, não se encaixa no perfil do programa de Duke, mas o treinador Mike Krzyzewski fez questão de recrutá-lo mesmo sabendo que sua estadia seria por um ano apenas. O paparicado jogador pouco pôde ajudar os Blue Devils devido a uma lesão sofrida no oitavo jogo do campeonato (pé direito).

Ele só voltou no Torneio da NCAA e conseguiu fazer boas participações: 14 pontos contra Hampton, 11 contra Michigan e 28 contra Arizona. Irving foi apenas o quinto armador novato a ser titular num time de Duke dirigido por Krzyzewski (no comando desde 1980); Jason Williams foi o último em 1998.



***


Natural de: Stone Moutain, Georgia
Idade: 22
Posição: Armador
Universidade: Providence Friars (Veterano)
Curso: Ciências Sociais
Curiosidade: Teve uma carreira universitária com um crescimento gradativo. Média de 8 minutos por jogo como novato, reserva como segundanista e terceira opção no ataque como junior.

Na temporada de veterano ele explodiu. Teve média de 24.6 pontos por jogo, segundo cestinha da NCAA somente atrás de Jimmer Fredette – a média de pontos por jogo de Brooks na sua terceira temporada foi de 14.2. O armador de Providence é muito melhor que Jimmer e o fato de jogar numa conferência forte (Big East) ajuda. Em Fevereiro deste ano ele marcou 43 pontos contra Georgetown. Quatro jogos depois foram 52 pontos contra Notre Dame, então número 2 da NCAA. Nesta partida Brooks anotou 35 pontos no segundo tempo, 15 deles nos 2m57s finais.

Este seu avanço mostra-se consistente quando é incluído os treinos pré-draft. Começou como um esquecido e no Combine teve seu nome mencionado entre os que mais agradaram. Nas apresentações com clubes específicos, Brooks deixa os avaliadores impressionados e sua posição no draft só aumenta. Pode aparecer no meio da primeira rodada.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Chris Trotman / Getty Images
© 2 Ethan Miller / Getty Images
© 3 Stephen Dunn / Getty Images
© 4 Jamie Squire / Getty Images
© 5 Streeter Lecka / Getty Images
© 6 ProJo Archives

Guia Final Four 2011

A grande decisão do basquete masculino da NCAA, que será realizada no Reliant Stadium em Houston – casa dos Texans (NFL) – será um inevitável encontro de opostos. Uma semifinal terá duas universidades tradicionais (Kentucky x UConn) e a outra apresenta um duelo entre programas com pouca história no esporte (Butler x VCU). Na próxima segunda (dia 4) a final lembrará a do ano passado: a escola “toda-poderosa” contra a “zebra”.

Para a NCAA seria mais interessante ter quatro fortes universidades no seu principal evento (o segundo maior dos esportes americanos, atrás do Super Bowl), mas nada que afete o lucro da entidade. 85% do orçamento total da NCAA vêm do Torneio e um exemplo da enorme quantia de dólares que gira em torno do Final Four está estampado no preço dos ingressos.

O Reliant tem uma capacidade máxima de 71.000 espectadores – este número aumenta com a quadra no centro do campo e arquibancadas móveis ao redor. O ingresso mais barato, aquele nas alturas onde é possível identificar os jogadores somente através do telão, custa (hoje) US$ 200; o valor dos ingressos mais próximo da quadra está por volta de US$ 10.000.

Fora a publicidade...

Então cabe a pergunta (que será respondida com mais profundidade em outra ocasião): e os jogadores, nada ganham? Não e nem devem. Lembre-se que são estudantes atletas, não gastam nada com seus respectivos cursos. O jornal USA Today fez o favor de calcular o valor de cada bolsa-estudo dos atletas das respectivas universidades do Final Four 2011 – excluindo Butler, que não tem obrigação de divulgar gastos por ser uma instituição privada:

UConn: US$ 137.121/ano por atleta
Kentucky: US$ 140.467/ano por atleta
VCU: US$ 127.932/ano por atleta

Deixando este assunto para outro dia, vamos conhecer um pouco mais as finalistas deste ano

***



Criada em 1885 por membros da tradicional igreja protestante Disciples of Christ (porém a universidade é a laica), Butler, localizada na cidade de Indianápolis, estado de Indiana, tem uma das melhores faculdades de economia dos EUA. Quando a revista Business Week, da Bloomberg e especializada em finanças, colocou o curso como o 63ᵒ do país (2010), os alunos fizeram inúmeros protestos por achar uma baixa posição. O curso de comunicação é também competitivo e por 44 anos (1950–1994) Butler operava a maior e mais poderosa rádio (AM) universitária da América. Hoje o corpo estudantil é composto de 4.500 pessoas

Em 2010 eles conseguiram traçar uma história comovente no torneio da NCAA chegando até a final (perdeu para Duke). A exposição na mídia rendeu uma propaganda para a universidade totalmente fora de qualquer padrão. Em 2011 houve um aumento de 41% em admissões (comparando com o ano anterior) e 25% de aumento na procura por ingressos dos jogos masculinos de basquete. A diretoria da universidade contratou uma empresa de relações públicas para calcular o valor da publicidade que Butler ganhou ao aparecer constantemente, durante o Torneio de 2010, em jornais, TV´s e sites. O resultado, neste período, foi de estimados 660 milhões de dólares.

Neste ano a situação é diferente, já que o time de Butler é o mais experiente dos quatro e encara o Final Four com outra perspectiva. A temporada dos Bulldogs não foi recheada de sucessos e uma vexatória derrota reavivou o elenco. Após perder para Yougstown State, a penúltima colocada na sua conferência (Horizon League), os jogadores se reuniram e determinaram mudanças. Exigiram maior empenho e dedicação de cada um, cobrando performances melhores e mais condizentes a qualidade do time. Desde então foram 13 jogos e nenhuma derrota.

***



A Universidade de Connecticut (UConn) é considerada uma das melhores universidades públicas de New England, região localizada no nordeste dos Estados Unidos que engloba 6 estados. O campus principal fica em Storrs, cidade rural com 10 mil habitantes, um contraste com a universidade que tem um total de estudantes (somando com instalações em outra cidade, Farmigton) de 28 mil e 600 pessoas. Uma marca da UConn são as enormes opções de lazer, com mais coisas para fazer dentro da universidade que fora. Um evento anual chamado Spring Weekend atrai milhares de visitantes que vão até o campus em Storrs para assistir shows de renomados artistas – ano passado subiram no palco Jack´s Mannequin e KiD CuDi.

O time de basquete (que tem dois títulos: 1999 e 2004) nem sequer participou do Torneio de 2010. As expectativas para esta temporada não eram boas e se esperava uma campanha razoável. Apesar de vencer um torneio preparatório no Hawaii, a equipe começou o campeonato sem aparecer no ranking e terminou em nono lugar na Conferência Big East (temporada regular). O crescimento do time iniciou no campeonato da Conferência, encerrando com o título da Big East. Entrou no Torneio com a moral elevada e recebe o rótulo de favorita para ganhar tudo em Houston, com a liderança do armador Kemba Walker e do ala Jeremy Lamb.

***



Fundada em 1865, a Universidade de Kentucky é pública e possui um alto número de estudantes: 27.200. Um marco na história é a criação da primeira emissora de rádio FM controlada por uma universidade (1940).

Porém, o que faz a universidade ser conhecida é o time de basquete masculino. O programa é o mais bem sucedido da história, o que tem maior número de vitórias. Ao longo do tempo grandes times vestiram o azul e branco dos Wildcats e registraram suas excelentes performances. Um destes recebeu o nome de Os Intocáveis ("The Untouchables"), formado em 1996 e considerado o mais talentoso elenco da história da NCAA, com nove jogadores que entraram na NBA (Ron Mercer, Tony Delk, Derek Anderson, Antoine Walker, Wayne Turner, Mark Pope, Walter McCarty, Nazr Mohammed e Jeff Sheppard). Conquistaram um dos sete títulos da NCAA que a universidade possui: 1948, 49, 51, 58, 78, 96 e 98.

Nessa temporada, mais uma vez, o treinador John Calipari apostou em novatos. Em 2010 ele perdeu quatro jogadores para a NBA (John Wall, Patrick Patterson, DeMarcus Cousins e Eric Bledsoe), mas construiu um bom time alicerçado em calouros que provavelmente não estarão na universidade no próximo campeonato (Doron Lamb, Terrence Jones e Brandon Knight). Calipari, já esperando a saída dos seus principais atletas, preparou uma classe de recrutas para 2011-12 que promete ser melhor que as anteriores. Kentucky é a universidade que gasta a maior quantia em dinheiro na busca por novos talentos; para esta temporada o valor investido foi de 434 mil dólares.

***



Com a junção de duas faculdades, a Richmond Professional Institute e a Medical College of Virginia, surgiu em 1983 a Virginia Commonwealth University (VCU), que tem como destaque o curso de medicina e o de artes. A VCUarts, faculdade que cuida de artes e designer, é a número 1 em todo os EUA. A popularidade da universidade é grande e chegou em 2006 ao patamar de 30 mil estudantes; atualmente possui 32 mil. VCU tem parceria com 14 universidades fora dos EUA e uma delas é a Universidade de São Paulo (USP).

O basquete nunca foi sua vocação maior. No começo jogavam em um ginásio para 3.000 espectadores, hoje usado como Centro de Treinamento. Em 2010 os Rams chegaram ao Torneio, mas este ano a esperança era irrisória, visto que terminaram em quarto lugar na sua Conferência (Colonial Athletic Association) atrás de George Mason, Hofstra e Old Dominion. Contudo eles ganharam uma vaga no First Four, dois jogos criados na expansão do Torneio para 68 times. Então foram 5 vitórias contra 5 times fortes de 5 grandes conferências: USC (da Pac-10), Georgetown (da Big East), Purdue (da Big Ten), Florida State (da ACC) e Kansas (da Big XII) – por uma diferença média de 12 pontos.


(GL)
Escrito por João da Paz


© Os logos aqui apresentados pertencem as respectivas universidades. Todos os direitos reservados

No Sacrossanto Solo

Fabrício de Melo (ou apenas Fab Melo) decidiu levar seus talentos para a cidade de Syracuse, estado de New York. Lá ele representará a universidade local no campeonato da NCAA deste ano e sua estreia oficial acontece amanhã. Cercado de altas expectativas, o pivô brasileiro, natural de Minas Gerais, teve excelentes opções em sua busca por uma universidade americana. Louisville, Connecticut e Florida, programas de basquete top da NCAA, ofereceram bolsa a ele, porém preferiu se vestir de laranja e ingressar num time com potencial enorme e que também tem sua parcela relevante na história.

Syracuse detém a quinta melhor porcentagem de vitórias entre as escolas da 1ª Divisão – o primeiro jogo do Orange foi realizado em 1900. Possui um atual recorde que afirma o poder da universidade: são 39 temporadas consecutivas terminadas com mais vitórias que derrotas. 34 destas sob o comando do treinador Jim Boeheim, o responsável por fazer o basquete ser o mais importante esporte na cidade, que antes tinha o football como principal paixão.

Boeheim estudou em Syracuse e jogou no time de basquete entre 1962-1966. Três anos após sua graduação, entrou na comissão técnica como assistente e em 1976 assumiu o cargo de treinador. Desde então dirige um programa baseado em fundamentos básicos e simples, porém é eficiente e competitivo ano a ano. A temporada 2009 foi expressiva para Boeheim porque ganhou um prêmio inédito na sua carreira.

Uma fraca pré-temporada rendeu ao time uma posição fora do ranking. O campeonato pra valer começou e logo foram 13 vitórias seguidas. Com mais resultados positivos alcançados, Syracuse chegou ao topo do ranking pela primeira vez desde a temporada 2003 (ano do único título). O time terminou a disputa com 30v e 5d, o que rendeu a Boeheim a honra de ser eleito o treinador do ano pela primeira vez – no torneio da NCAA o Orange perdeu nas oitavas-de-final para Butler, derrotada na decisão contra Duke.

O elenco deste ano carece de uma grande estrela, mas esta não é nenhuma novidade para Boeheim. Ele já teve a oportunidade de treinar e desenvolver o jogo de nomes como Derrick Coleman (escolha nº 1 no draft de 1990), Carmelo Anthony (líder do time campeão em 2003, escolha nº 3 no draft do mesmo ano), Wesley Johnson (promessa do Minnesota Timberwolves, escolhido na 4ª posição no draft de 2010), entre outros. Contudo sua filosofia de trabalho não consiste em concentrar o jogo em apenas um só jogador, mas alargar as probabilidades de conversão dentro de quadra o máximo que puder. 2010 tende a ser desta forma e Syracuse vem com seu tradicional estilo de jogar basquete.

As características principais são: a marcação por zona na defesa (o tradicional 2-3) e velocidade no contra-ataque. Segundo Fab Melo (foto abaixo), estas foram algumas das razões que o fizeram ir à Syracuse ao invés de outras universidades, isto porque sua maneira de jogar se adapta fácil ao modo de Boeheim.


O grandalhão de 2m14 entrou num rígido regime para ganhar velocidade e explosão. No meio do ano passado ele estava com 127kg e hoje seu peso é de 117kg. Horas de academia e dedicação o fez perder gordura e ganhar massa muscular. Azar dos adversários.

Fab não será a força principal no ataque de Syracuse por dois motivos: não é necessário e “... ele ainda não está pronto para dominar” palavras de Boeheim. Sua função primordial será cuidar do lado defensivo, coletando rebotes e distribuindo tocos. No jogo das estrelas do high school, chamado de McDonald´s All American, Melo marcou apenas dois pontos, mas teve sete rebotes e três tocos em 19 minutos de ação. Algo similar a isso é que se espera do brasileiro nesta temporada.

É precipitado dizer que ele irá ficar só um ano em Syracuse e entrar no draft da NBA. Mesmo que especialistas o exaltem e coloquem seu nome no topo das projeções, Melo vai fazer diferente. Seu objetivo maior é conseguir um diploma (é aluno do curso de Artes e Ciências). A graduação pode ser finalizada mais pra frente, porém ele não vai levar em consideração somente as conquistas em quadra como requisito para entrar no basquete profissional. Talento ele tem e no melhor momento tudo se resolverá do jeito ideal. Enquanto isso, o aprimoramento é buscado para progredir com qualidade a cada dia.

Melo possuiu uma presença impactante não só em quadra. Fora dela aflora a brasilidade capaz de contaminar todos ao redor. Na escola de ensino médio, na cidade de Weston – Florida, ele era um dos garotos mais populares. Atraia gente com sue sorriso e alegria. Isso o fez ser agradável e ajudou a se inserir numa cultura diferente da vivida no Rio de Janeiro, cidade onde morava antes de ir para os EUA.

Quando Melo decidiu Syracuse como a próxima parada da sua caminhada, a primeira pessoa que soube da notícia foi sua mãe. Ao saber da novidade ela disse: “O que é Syracuse?” O essencial era saber se é uma boa universidade para estudar e conseguir um diploma. Dona Melo soube disso e se tranquilizou, agora está prestes a descobrir que eles têm um bom time de basquete ao olhar seu filho correndo por cima do imponente “S”.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Dennis Nett

NBA Draft 2010 - As Apostas

A classe 2010 de jogadores elegíveis para a NBA é considerada uma das mais talentosas dos últimos tempos. Tem dois nomes fortes (John Wall e Evan Turner) e vários outros atletas com condições de brilhar no profissional. Daqui a alguns anos se espera que escolhas de segunda rodada deste draft estejam no Jogo das Estrelas. Times da parte debaixo do draft terão boas decisões a serem tomadas, visto que atletas de qualidade estarão disponíveis.

Entre tantos, o Grandes Ligas escolheu seis jogadores que são as apostas para brilharem na associação, a segunda edição da série iniciada ano passado (leia: NBA Draft 2009). O critério usado foi bastante subjetivo, pois contou um pouco com o gosto pessoal, mas em tese será apresentado um breve perfil de caras com a tendência de terem um êxito cedo na NBA. Alguns nomes não estão presentes por terem sido temas de artigos durante a temporada 2009-10 da NCAA. Confira abaixo os links dos textos:

A Provação (Lance Stephenson) – publicado dia 16/11/2009
Aí Sim! “Não” Fomos Surpreendidos Novamente (Jon Scheyer) – publicado dia 18/01/2010
Aquele da Enterrada (Jordan Crawford) – publicado dia 26/02/10

***



Natural de: Raleigh, Carolina do Norte
Idade: 19
Posição: PG (1)
Universidade: Kentucky Wildcats (Novato)
Curso: “não-declarado”
Curiosidade: Ao ser apresentado para os universitários, Wall fez uma dança que virou febre:



A pressão sobre Wall é gigante por vários aspectos. Um deles é ser mais um pupilo do treinador John Calipari – que entregou para a NBA Derrick Rose (2008) e Tyreke Evans (2009) quando estava na Universidade de Memphis. Outra situação para lidar é corresponder toda a expectativa criada em volta de si para chegar no profissional e mostrar serviço logo. Por ter uma personalidade de líder, Wall foi atrás de quem entende do assunto.

Ele brinca que é uma das poucas pessoas que pode ligar para LeBron James a hora que quiser. Ter o telefone do atual MVP da temporada regular é um privilégio que Wall aproveita bem. O contato existe e o garoto busca conselhos para encarar da melhor forma possível o novo mundo que o espera. Esta é a atitude correta: ouvir de quem já passou por isso ao invés de enfrentar tudo sozinho acreditando que conseguirá se virar sem ajuda.

Wall é pronto para a NBA pelas seguintes características: visão de jogo, força física e capacidade de criar jogadas. Ah, gosta de ter a bola na mão nos momentos decisivos dos jogos. Pegando os 29 primeiros jogos de Kentucky e olhando somente para os 2 minutos finais de cada partida, Wall cometeu apenas 4 erros enquanto marcou 62 pontos, com um aproveitamento de arremesso de 60%




***



Natural de: Richmond, Virginia
Idade: 21
Posição: PF (4)
Universidade: North Carolina Tar Heels (Segundanista)
Curso: “não-declarado”
Curiosidade: Seu pai, Terry Davis, jogou 10 temporadas na NBA defendendo o Mimai Heat, Dallas Mavericks, Denver Nuggets e Washington Wizards

Ele foi o que sobrou do time campeão de 2009. Daquela equipe, Tyler Hansbrough (Pacers) , Ty Lawson (Nuggets) e Wayne Ellington (Timberwolves) optaram ir para a NBA depois da conquista, porém Ed Davis resolveu ficar mais um ano, levando em consideração que ele era novato.

O que se temia aconteceu: lesão.

Davis perdeu 13 jogos da temporada passada por ter contundido o pulso esquerdo (ele é canhoto). Mesmo assim foi o segundo cestinha do time numa pífia campanha que não levou os Tar Heels ao torneio da NCAA. Os olheiros da NBA destacam a performance individual de Davis, ressaltando seu bom posicionamento no garrafão, agilidade quando está de costas para a cesta e boa transição defesa-ataque. Seu jogo defensivo merece menção, principalmente pela boa média de tocos que conseguiu no campeonato 2009-10: 2.8 por jogo.




***



Natural de: Chicago, Illinois
Idade: 21
Posição: SG ou SF (2 ou 3)
Universidade: Ohio State Buckeyes (Junior)
Curso: Finanças Familiar e Serviços ao Consumidor
Curiosidade: Na temporada passada lesionou seriamente sua coluna e ficou inativo por um mês. Enquanto se recuperava, sua mãe esteve ao lado dele o tempo todo, inclusive o ajudando a se vestir. Sentava-se de forma ereta no sofá imobilizado por um suporte para manter seu tronco na vertical, o que não impedia de brincar com a bola de basquete, batendo ela no chão e treinando assim sua coordenação.

Este é o jogador mais completo disponível no draft 2010. Não quer dizer que ele é o melhor e nem que ele será o melhor, mas seu estilo de jogo leva a essa conclusão. A versatilidade é uma característica forte de Turner, atuando em quatro posições nos três anos que esteve em Ohio State. Seu controle de bola é de um armador, seu ataque a cesta e jogo lateral são de um ala e seu jogo de costas para a cesta é de um pivô.

Na temporada passada ele e Hassan Whiteside (pivô da Universidade Marshall) foram os únicos jogadores que anotaram dois triple-double. Ao falar de Turner, Thad Matta, treinador de Ohio State, fez uma declaração interessante: “Para os pais que querem fazer do seu filho jogador de basquete, é preciso estudar o jogo de Evan Turner. Ele chegou na universidade desacreditado, mas trabalhou duro para ser o grande jogador que é hoje




***



Natural de: Corsicana, Texas
Idade: 22
Posição: SF ou PF (3 ou 4)
Universidade: Syracuse Orange (Junior)
Curso: Ecologia (Humanas)
Curiosidade: Jogou dois anos na Universidade Estadual de Iowa. Lá se desentendeu com a comissão técnica e resolveu sair do time. Buscando outra faculdade para jogar, quase se transferiu para Ohio State – formaria uma dupla arrasadora junto com Turner

Em três anos na NCAA Johnson só teve um bom ano, justamente quando esteve debaixo da tutela de Jim Boeheim, treinador de Syracuse. Ele que não gosta de aceitar jogadores transferidos de outras universidades se rendeu ao potencial de Johnson, que ficou uma temporada sem atuar pela equipe laranja por cumprir uma regra da NCAA, mas assim que a punição ficou pra trás, Wesley logo entrou na equipe titular.

O que mudou a cara do time. Syracuse passou a ser temida na poderosa conferência Big East e ficou em primeiro lugar ao término da temporada regular. Johnson teve um grande papel nesta bela campanha e seu único ano com o Orange lhe deu as credenciais para ir à NBA. Tem um arremesso de média distância ideal, corre na quadra muito bem e possui uma ótima leitura dos rebotes.




***



Natural de: Mobile, Alabama
Idade: 19
Posição: PF ou C (4 ou 5)
Universidade: Kentucky Wildcats (Novato)
Curso: “não-declarado”
Curiosidade: Mantém a forma com uma dieta baseada em vegetais, saladas e produtos do mar.

Este, sem dúvida, é o cara mais incompreendido deste draft. As avaliações acerca da sua personalidade vão de um extremo ao outro, do (potencial) fracasso ao (potencial) sucesso. A imagem que ele passa de ser uma pessoa difícil de se relacionar e indisciplinado desapareceu após as entrevistas pré-draft. Os diretores de franquias que sentaram frente-a-frente com Cousins mudaram de opinião ao seu respeito assim que o questionamento acabou. Conheceram quem ele é.

Seu temperamento em quadra é explosivo e rude. Já discutiu com seu treinador em Kentucky (Calipari) e arrumou diversas brigas com adversários e companheiros de equipe (inclusive quando estava no colégio). A energia que ele transmite em quadra é altamente perigosa, mas possível de ser controlada – perceba que Cousins tem só 19 anos de idade. Todas as preocupações são válidas já que os clubes precisam saber como funciona a mente do jogador que está prestes ser uma escolha no Top 5 e que irá assinar um contato milionário.




***



Natural de: Ghent, Bélgica
Idade: 19
Posição: SG (2)
Universidade: Kansas Jayhawks (Novato)
Curso: “não-declarado”
Curiosidade: Pai, mãe e tio jogaram basquete em Kansas através de bolsas de estudos.

Um ponto positivo para Henry é chegar num time vitorioso e se tornar prontamente um dos líderes junto com Sherron Collins e Cole Aldrich. Bil Self, treinador de Kansas, o manteve como titular mesmo quando Henry passava por má fase, injetando confiança no jogador. Assim ele atuava mais tranquillo e seu jogo fluía naturalmente.

Por ser canhoto e ter um arremesso letal, Henry traz muitas dificuldades aos defensores. Uma coisa que ele precisa trabalhar é nas infiltrações no ataque à cesta, que não é seu forte. Ao incluir este lance no seu repertório de jogadas, sua melhor característica será ressaltada, pois os defensores terão que se cuidar em marcar o arremesso e/ou a infiltração; ele tem habilidade para fazer este aprimoramento. Na defesa Henry possui uma antecipação acima do normal, lhe dando a oportunidades de roubar bolas e ser um reboteiro eficiente.



(GL)


© 1 Marc Zerof / US Presswire
© 2 Peyton Williams / Icon SMI
© 3 Jonathan Daniel / Getty Images
© 4 Icon SMI