Bravo!



O esforço realizado pelo Orlando Magic no jogo 4 da final da Conferência Leste merece aplausos. O time enfrentava a possibilidade de ser eliminado dos playoffs sem vencer uma partida sequer depois de 8 vitórias em 8 jogos nesta pós-temporada. Os comandados de Stan Van Gundy atuaram com raiva e com vontade, tudo dentro de uma sensação desesperadora. A primeira vitória da série aconteceu e por isso que o jogo 5 será realizado hoje na Amway Arena. O líder da equipe, Dwight Howard (foto acima), resumiu em sua performance o que seus companheiros sentiam.

Foi seu melhor jogo nestes playoffs, marcando 32 pontos, 16 rebotes e 4 tocos. Entretanto o que se espera do pivô mais popular da NBA é uma atitude mais ameaçadora dentro de quadra, um contraste com seu estilo despojado fora dela. Howard precisa aprender usar seu porte físico extraordinário como ferramenta de intimidação e ele sabe disso. Bom saber é que ainda há espaço para desenvolver esta característica.

Deixando nuances táticas e técnicas de lado, existe um fato importante a ser mencionado: ele é o primeiro jogador em toda a história da NBA a liderar por duas temporadas seguidas a categoria de rebotes e tocos. Imagine quantos pivôs de qualidade desfilaram suas habilidades em todos estes anos na associação... Vale lembrar que Dwight tem apenas 24 anos.

Desde que entrou na NBA, Howard melhorou sensivelmente em diversos aspectos. Esta postura de ser mais feroz contra os adversários está no topo da agenda. É uma questão de ganhar respeito, de ser vencedor. Ele já tem dois troféus de Melhor Jogador Defensivo atuando de forma “suave”; então quando se tornar uma fera... cuidado!

Apesar que dificilmente ele será aquele que dá um toco e olha feio para o adversário, muito menos aquele que pega um rebote e encara de cima pra baixo quem está a sua volta. Para que as críticas diminuam, é necessário ganhar. O engraçado é que Dwight, com esta mesma personalidade de brincalhão, levou o Magic às finais da NBA no ano passado. Ele conhece o jogo da mídia e não cai no conto de precipitações publicado diariamente.

Enquanto o Magic atropelava o Charlotte Bobcats e o Atlanta Hawks, eles eram o time a ser batido. Após perderem três jogos seguidos para o Boston Celtics (dois em Orlando), o time passou a ser medíocre. Esta pseudo oscilação é creditada na conta de Howard, que absorve bem a cobrança mesmo sendo tão jovem.


Na verdade ele não ouve muito o que dizem por aí, somente a palavra de um alguém mais importante: seu treinador. Stan diz aos quatro cantos que para o Magic vencer qualquer jogo de playoffs Howard precisa ter em torno de 15 rebotes. No último jogo 4 ele conseguiu pela sexta vez nesta pós-temporada 12 rebotes ou mais – o Magic só perdeu um destes jogos. O detalhe é que o jogo da última segunda foi para a prorrogação e nela Howard conseguiu mais rebotes que todo o time dos Celtics (5 contra 4).

A diretoria da franquia exige dedicação e compromisso, algo que ele vem correspondendo até agora. Na questão de ter uma maior diversificação de arremessos, esta é uma tarefa que está em andamento e Howard trabalha para ser mais eclético e menos previsível ofensivamente. Ter ao seu lado Patrick Ewing como instrutor, um dos 50 melhores jogadores da história da NBA, é um vantajoso auxilio.

Em relação ao comportamento despojado, a diretoria há muito tempo desistiu de transformá-lo em um cara mais sério. Otis Smith, diretor de basquete, esperava que o amadurecimento de Howard viesse com o tempo e que as brincadeiras que ele observava no garoto de 18 anos, que o Magic escolheu em primeiro lugar no draft de 2004, iria desaparecer com o tempo. Bem, a mudança não ocorreu e Smith percebeu que não teria como alterar a personalidade dele; basta compreendê-la.

O clube entende Howard e o que ele faz fora de quadra é visto com total atenção, mas sempre dando liberdade e respeitando sua forma de enfrentar o dia-a-dia. É claro que o “Super-Homem” precisa treinar, corrigir os defeitos e aprimorar suas habilidades; passar mais tempo no ginásio treinando do que se divertindo... Mas espere um pouco, já percebeu que aqueles que o criticam por ser muito alegre, geralmente são pessoas de baixo astral? Interessante... Como se fosse uma tortura ver alguém dar um sorriso, ver alguém que está de bem com a vida, ver alguém contente por saber onde estar e que aproveita ao máximo o presente dado por Aquele que lhe deu a vida.


Por que Dwight não tem motivos para ser bravo, zangado ou ranzinza? Porque Dwight tem motivos para brincar, ser extrovertido e exalar júbilo.

Fácil explicar.

Howard é um sobrevivente, o caçula do casal Dwight Howard Sr. e Sheryl Howard. Porém quando nasceu, era para ele ter vários irmãos e irmãs. Sua mãe perdeu sete crianças, algumas ainda dentro da barriga, outras pós parto. Howard então veio ao mundo no dia 8 de Dezembro de 1985 forte e saudável, o oitavo bebê, ou melhor, o primeiro. Esta é a razão que coloca um belo sorriso em seu rosto, como se o singelo gesto fosse capaz de transmitir uma mensagem de conforto e esperança.




(GL)


© 1 Cassie Armstrong / AP
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