Mas Aí Que Está



Dusty Baker (foto acima), treinador do Cincinnati Reds, está realizando um trabalho digno em pouco mais de dois anos com o clube. Abordando uma metodologia diferente, ele recolocou o time na mídia, vencendo jogos e disputando acirradamente a liderança da Divisão Central da Liga Nacional com o Saint Louis Cardinals. Os Reds hoje estão ½ jogo atrás dos atuais campeões da divisão, mas já ficou na primeira posição, o que não acontecia desde 2006.

São 18v e 8d de 25 de Abril pra cá e a equipe vem atuando com consistência seguidamente, criando assim um padrão de jogo característico. Baker, melhor treinador da LN nos anos de 1993, 1997 e 2002 com o San Francisco Giants, está com uma abordagem diferente sobre seus jovens comandados, com um papel mais específico de administrar o pessoal do que ser o professor que ensina os fundamentos. Óbvio que ele usa sua vasta experiência para o melhor, porém sua principal missão é aconselhar o elenco mostrando os atalhos rumo à vitória – dos 13 titulares, 8 rebatedores e 5 arremessadores, 6 têm 26 anos de idade ou menos.

Antes de assumir os Reds, Baker era o técnico do Chicago Cubs (2003 até 2006). Lá ele tinha atletas que recebiam altos salários e gozavam de mordomias e facilitações. Cincinnati é um time diferenciado, graças aos ajustes feitos pelo diretor de besiebol Walter Jocketty que reformulou a franquia assim que assumiu o cargo no comecinho da temporada 2008. Ambos iniciaram um processo para transformar a mentalidade do time e uma das primeiras decisões de Walter foi trocar as estrelas Adam Dunn e Ken Griffey Jr., uma ação drástica de efeito positivo.

As histórias nos bastidores dos Reds dão conta que Dunn e Griffey eram, digamos, “sossegados demais”. Dentro do vestiário do clube existe um sofá para descanso e os ex-Reds usavam ele constantemente enquanto outros trabalhavam e estudavam sobre os adversários. Os veteranos foram, mas o sofá permanece por lá; ninguém mais senta nele, simbolizando que o pensamento e foco do time mudou. Isto se concretiza quando surge a comparação com os jogadores experientes que atualmente fazem parte do elenco.


Scott Rolen (3B) chegou em 2009 e Orlando Cabrera (SS) em 2010. Cada tem um título de World Series – Rolen/Cardinals-2006 e Cabrera/Boston Red Sox-2004 – e o pensamento vencedor veio com eles, junto com trabalho duro e dedicação. São importantíssimos para persuadir os garotos do clube e fazem isto muito bem. Em campo eles cumprem suas funções com qualidade, contribuindo para uma sensível melhora na defesa dos Reds, com os dois chegando a cometer apenas um erro numa sequencia de 13 partidas neste ano – Rolen já venceu o troféu Luva de Ouro sete vezes e Cabrera duas.

No ataque a força e poder estão com Jonny Gomes (OF), Jay Bruce (OF) e Joey Votto (1B). Votto é o líder da equipe em HR, RBI, OBP e aproveitamento com o bastão. Seja nas estatísticas ofensivas ou defensivas os Reds figuram na zona central contando somente a LN, o que se resume no saldo de corridas: +5 até 22/05. O equilíbrio é também presente nas performances dentro (14v e 9d) e fora de casa (11v e 10d).

Ken Macha, treinador do Milwaukee Bucks (rival de divisão), destaca qual vem sendo a verdadeira virtude dos Reds neste campeonato:

Os arremessadores vem dando à Cincinnati uma chance de competir. O restante do grupo sente que há uma oportunidade de vencer a cada partida. Isto é importante.” (Milwaukee perdeu os dois jogos que fez até agora com os Reds)

A rotação de arremessadores tem dois caras que destoam um pouco: Aaron Harang com 2v-5d e um ERA de 6.02 e Homer Bailey com 1v-2d com um ERA de 5.51; cada um jogou 9 partidas. Já o trio restante está produzindo números significativos.

Bronson Arroyo conseguiu 3 vitórias nas últimas 3 partidas. Johnny Cueto tem quatro vitórias nos últimos 5 jogos (uma não-decisão) e seu ERA nestes confrontos é de 2.18. Entretanto quem mais vem chamando a atenção é Mike Leake (foto abaixo), titular com apenas 22 anos de idade.


Leake é o primeiro jogador em uma década a sair direto da universidade para a MLB. Diferente do que acontece nas outras ligas como NBA e NFL, o atleta de beisebol que é escolhido no draft vai atuar nas chamadas ligas de base (minors) para se adaptar com o esporte profissional, se acostumando com a sutil, porém notável, diferença de jogar com/contra um bastão de madeira ao invés de alumínio (entre outras coisas). Leake ganhou na pré-temporada a função de ser o quinto arremessador na rotação e correspondeu em campo a rara oportunidade dada. Em oito jogos, foram quatro vitórias, nenhuma derrota e quatro não-decisões; seu ERA é de 2.91. A tendência é ele ter uma boa semana pela frente, encarando em casa o Pittsburgh Pirates na terça e o Houston Astros no domingo. Ramon Hernandez, o catcher de Leake, define o estilo de jogo do menino: “Ele não fica nervoso de forma nenhuma e tem uma frieza nos arremessos, sendo bastante agressivo e mantendo as bolas nos limites da zona de strike.

O detalhe é que Baker ainda não conta com o fenomenal arremessador cubano Aroldis Chapman, que ainda permanece nas minors. Foi de certa forma surpreendente a aposta feita pelos Reds ao acertar com ele, fechando um contrato com duração de seis anos no valor de US$ 30,25 milhões. Walter irá entregar à Chapman um papel especial na reestruturação da franquia, uma espécie de grand finale.

Mas aí que está: será os Reds aquele time que começa quente o campeonato, porém esfria no final? Será que depois do Jogo das Estrelas eles terão condições de competir pelo primeiro lugar na divisão? Como os passos estão sendo dados um de cada vez e a evolução do time, em todos os aspectos, está sendo executada gradativamente, a expectativa é que Baker realize mais um trabalho bem sucedido e obtenha uma vaga para os Reds na pós-temporada, o que não acontece desde 1995 – em 1999 Cincinnati disputou um jogo de desempate com o New York Mets.

Uma das franquias mais vitoriosas da MLB com 5 títulos de World Series e 9 Campeonatos da Liga Nacional parece estar de volta ao cenário principal. O parece sumirá da frase anterior se mantiverem o êxito que até então fora atingido. A conferir o que o futuro irá proporcionar.



(GL)


© 1 e 2 Jed Jacobson / Getty Images
© 3 Brain Baker / Cnati

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