Com velocidade, agressividade e versatilidade.
Assim Lamar Odom, ala do Los Angeles Lakers, constrói sua boa campanha nesta final da Conferência Oeste. Nos dois primeiros jogos da série contra o Phoenix Suns, ele foi efetivo e fundamental para que seu time conseguisse duas vitórias. No entanto, Odom teve que lidar com uma situação que o levou a um passado triste e tenebroso, mas ele escolheu rir ao invés de chorar.
Na partida número 1, LO (como Odom é conhecido entre os companheiros da equipe), anotou 19 pontos e 19 rebotes. Vindo do banco de reservas, esta contribuição foi excepcional, principalmente levando em consideração que quando ele entrou em quadra, faltando 5 minutos para o término do primeiro quarto, os Lakers estavam perdendo e LO marcou sete pontos seguidos colocando seu time na liderança, que não foi desperdiçada durante todo jogo.
Com uma das melhores atuações da carreira, LO disse em entrevista coletiva após o jogo que iria atuar com mais atitude e não esperar as jogadas chegarem até ele “Se abrirem espaço, eu arremesso” afirmou. Ao vê-lo pegar um rebote defensivo e fazer uma rápida transição defesa-ataque finalizada com uma bandeja clássica, se percebe que o talento ainda existe nele, basta ter a confiança de criar mais jogadas e acreditar na habilidade que possui. Desta forma, jogos como esse se repetiria com mais frequência e não haveria brecha para alguém chamá-lo de sortudo.
No intervalo entre a primeira e segunda partida, o assunto principal da série era a declaração do ala-pivô dos Suns, Amar´e Stoudemire, que falou via imprensa no vestiário do Staples Center (ginásio dos Lakers) que LO teve sorte no jogo, como se fosse preciso apenas do acaso para conseguir pegar 19 rebotes num duelo entre os melhores atletas da NBA. Odom tirou de letra e saiu pela tangente, não entrando em polêmica e dizendo “Não é a primeira vez que me falam isto. Espero ter a mesma ‘sorte’ no próximo confronto”. E o insulto não o prejudicou.
No jogo 2, LO anotou 17 pontos e 11 rebotes, seu terceiro double-double nesta pós-temporada. Qualquer fosse a maneira que Odom marcasse os pontos, os narradores e comentaristas discutiam com ironia: “E esta? Será que foi uma cesta de sorte?” O camisa 7 dos Lakers demonstrou que por duas vezes o raio pode sim cair no mesmo lugar...
Quem acompanha a NBA por mais de 10 anos (mesmo tempo que LO está na associação) e admira o bom basquete, sente uma indignação ao assistir Odom jogar tão bem, de uma forma tão suave e tão sóbria que traz confusão quando se analisa sobre o porquê tais performances não se repetem constantemente. Pensando bem, talvez o problema não esteja com ele e sim com quem está de fora e criou altas expectativas no garoto que chegou à NBA com o rótulo de “novo Magic Johnson”.
Odom foi uma super estrela no colégio, apesar de ter passado por três escolas diferentes. Na época, ele sentia mais prazer em conseguir uma assistência do que marcar um ponto. Quando as universidades mandavam olheiros para analisar seu jogo in loco, LO forçava passes procurando deixar evidente sua principal característica. Ficou um ano na NCAA (Universidade de Rhode Island) e foi para a NBA jogar em Los Angeles, mas no outro time da cidade, Lá ele fez uma boa temporada de novato (médias de 19 pontos e 14 rebotes por jogo) – e iniciou uma das mais belas pontes aéreas da história da NBA (vídeo abaixo)
Nas temporadas seguintes, os números se mantiveram os mesmos ou sofriam um deslize. Se esperava que eles crescessem, o que seria capaz de levar LO a disputar títulos liderando uma franquia e concorrer ao troféu de MVP. Nada disso. Problemas fora de quadra, falta de empenho e concentração estragaram o talento primaz de um jogador que poderia ser mais, porém é razoável (na verdade, um bom razoável).
O grande problema dele é a falta de consistência. Se estiver bem, é um jogador de elite, classe A. Se estiver fora de foco, é um jogador medíocre, classe B-. No somatório final, Odom é um nome que pode entregar mais do que os 14.6 PPJ e 8.9 RBJ que conseguiu nestes anos de NBA, basta saber em quantas anda seu humor e motivação.
Estas duas coisas (humor e motivação) LO adquiriu ao ouvir a declaração de Stoudemire. Ele teve um motivo para mostrar em quadra que é capaz de atuar no mais alto nível pelas suas próprias qualidades e o humor veio ao lembrar das tragédias que o cercou durante toda vida, mas que ele superou mesmo com o descrédito de muita gente. Veja o que ele sofreu na sua caminhada e defina se ele teve sorte ou não de estar na posição que desfruta atualmente:
- Perdeu o pai para as drogas (heroína) quando ainda era criança
- Sua mãe morreu quando Odom tinha 12 anos
- Foi criado pela avó, que morreu quando ele tinha 24 anos
- Ao ir para um funeral de uma tia sua em New York, onde nasceu, descobriu que seu bebê Jayden de 6 meses e meio estava com uma doença terminal. A criança faleceu dias depois.
- Se envolveu fortemente com maconha, chegando a ser punido pela NBA duas vezes em menos de oito meses.
Sorte ou azar?
Muitos disseram a LO, durante as idas e vindas da vida, que ele tem sorte de usufruir do status que possui. Ele tem que dar risada mesmo... Como não cair depois de tanta adversidade? Como se manter de pé quando é atingido por infortúnios lamentáveis? Como ter coragem de dizer que ele teve sorte?
Palavras são poderosas e com certeza Stoudemire estava comentando sobre a atuação que Odom teve quando mencionou sorte, contudo trouxe lembranças que o fez ficar mais forte, mais confiante e corajoso. LO nunca foi para um Jogo das Estrelas e há outras coisas que ele ainda não conquistou. Entretanto na sua mão direita há um anel de campeão da NBA e na sua mão esquerda há uma aliança de casamento (sua esposa é Khloé Kardashian, segundo casamento). Ao seu lado direito está sua filha Destiny e do lado esquerdo está seu outro filho, Lamar Junior. Mais acima, no lado esquerdo do peito está o pequeno Jayden, tatuado e marcado para sempre.
Falaram sorte e Lamar Odom, hoje com 30 anos de idade, lembrou de quantas vezes ouviu esta palavra ser direcionada a ele como um demérito perante aquilo que ele alcançou com maturidade e legitimidade.
Stoudemire poderia ter evitado isto tudo ao substituir sorte por “aquele que consegue o que pretende com facilidade”.
© 1 Jamie Rector / NYT Media
Assim Lamar Odom, ala do Los Angeles Lakers, constrói sua boa campanha nesta final da Conferência Oeste. Nos dois primeiros jogos da série contra o Phoenix Suns, ele foi efetivo e fundamental para que seu time conseguisse duas vitórias. No entanto, Odom teve que lidar com uma situação que o levou a um passado triste e tenebroso, mas ele escolheu rir ao invés de chorar.
Na partida número 1, LO (como Odom é conhecido entre os companheiros da equipe), anotou 19 pontos e 19 rebotes. Vindo do banco de reservas, esta contribuição foi excepcional, principalmente levando em consideração que quando ele entrou em quadra, faltando 5 minutos para o término do primeiro quarto, os Lakers estavam perdendo e LO marcou sete pontos seguidos colocando seu time na liderança, que não foi desperdiçada durante todo jogo.
Com uma das melhores atuações da carreira, LO disse em entrevista coletiva após o jogo que iria atuar com mais atitude e não esperar as jogadas chegarem até ele “Se abrirem espaço, eu arremesso” afirmou. Ao vê-lo pegar um rebote defensivo e fazer uma rápida transição defesa-ataque finalizada com uma bandeja clássica, se percebe que o talento ainda existe nele, basta ter a confiança de criar mais jogadas e acreditar na habilidade que possui. Desta forma, jogos como esse se repetiria com mais frequência e não haveria brecha para alguém chamá-lo de sortudo.
No intervalo entre a primeira e segunda partida, o assunto principal da série era a declaração do ala-pivô dos Suns, Amar´e Stoudemire, que falou via imprensa no vestiário do Staples Center (ginásio dos Lakers) que LO teve sorte no jogo, como se fosse preciso apenas do acaso para conseguir pegar 19 rebotes num duelo entre os melhores atletas da NBA. Odom tirou de letra e saiu pela tangente, não entrando em polêmica e dizendo “Não é a primeira vez que me falam isto. Espero ter a mesma ‘sorte’ no próximo confronto”. E o insulto não o prejudicou.
No jogo 2, LO anotou 17 pontos e 11 rebotes, seu terceiro double-double nesta pós-temporada. Qualquer fosse a maneira que Odom marcasse os pontos, os narradores e comentaristas discutiam com ironia: “E esta? Será que foi uma cesta de sorte?” O camisa 7 dos Lakers demonstrou que por duas vezes o raio pode sim cair no mesmo lugar...
Quem acompanha a NBA por mais de 10 anos (mesmo tempo que LO está na associação) e admira o bom basquete, sente uma indignação ao assistir Odom jogar tão bem, de uma forma tão suave e tão sóbria que traz confusão quando se analisa sobre o porquê tais performances não se repetem constantemente. Pensando bem, talvez o problema não esteja com ele e sim com quem está de fora e criou altas expectativas no garoto que chegou à NBA com o rótulo de “novo Magic Johnson”.
Odom foi uma super estrela no colégio, apesar de ter passado por três escolas diferentes. Na época, ele sentia mais prazer em conseguir uma assistência do que marcar um ponto. Quando as universidades mandavam olheiros para analisar seu jogo in loco, LO forçava passes procurando deixar evidente sua principal característica. Ficou um ano na NCAA (Universidade de Rhode Island) e foi para a NBA jogar em Los Angeles, mas no outro time da cidade, Lá ele fez uma boa temporada de novato (médias de 19 pontos e 14 rebotes por jogo) – e iniciou uma das mais belas pontes aéreas da história da NBA (vídeo abaixo)
Nas temporadas seguintes, os números se mantiveram os mesmos ou sofriam um deslize. Se esperava que eles crescessem, o que seria capaz de levar LO a disputar títulos liderando uma franquia e concorrer ao troféu de MVP. Nada disso. Problemas fora de quadra, falta de empenho e concentração estragaram o talento primaz de um jogador que poderia ser mais, porém é razoável (na verdade, um bom razoável).
O grande problema dele é a falta de consistência. Se estiver bem, é um jogador de elite, classe A. Se estiver fora de foco, é um jogador medíocre, classe B-. No somatório final, Odom é um nome que pode entregar mais do que os 14.6 PPJ e 8.9 RBJ que conseguiu nestes anos de NBA, basta saber em quantas anda seu humor e motivação.
Estas duas coisas (humor e motivação) LO adquiriu ao ouvir a declaração de Stoudemire. Ele teve um motivo para mostrar em quadra que é capaz de atuar no mais alto nível pelas suas próprias qualidades e o humor veio ao lembrar das tragédias que o cercou durante toda vida, mas que ele superou mesmo com o descrédito de muita gente. Veja o que ele sofreu na sua caminhada e defina se ele teve sorte ou não de estar na posição que desfruta atualmente:
- Perdeu o pai para as drogas (heroína) quando ainda era criança
- Sua mãe morreu quando Odom tinha 12 anos
- Foi criado pela avó, que morreu quando ele tinha 24 anos
- Ao ir para um funeral de uma tia sua em New York, onde nasceu, descobriu que seu bebê Jayden de 6 meses e meio estava com uma doença terminal. A criança faleceu dias depois.
- Se envolveu fortemente com maconha, chegando a ser punido pela NBA duas vezes em menos de oito meses.
Sorte ou azar?
Muitos disseram a LO, durante as idas e vindas da vida, que ele tem sorte de usufruir do status que possui. Ele tem que dar risada mesmo... Como não cair depois de tanta adversidade? Como se manter de pé quando é atingido por infortúnios lamentáveis? Como ter coragem de dizer que ele teve sorte?
Palavras são poderosas e com certeza Stoudemire estava comentando sobre a atuação que Odom teve quando mencionou sorte, contudo trouxe lembranças que o fez ficar mais forte, mais confiante e corajoso. LO nunca foi para um Jogo das Estrelas e há outras coisas que ele ainda não conquistou. Entretanto na sua mão direita há um anel de campeão da NBA e na sua mão esquerda há uma aliança de casamento (sua esposa é Khloé Kardashian, segundo casamento). Ao seu lado direito está sua filha Destiny e do lado esquerdo está seu outro filho, Lamar Junior. Mais acima, no lado esquerdo do peito está o pequeno Jayden, tatuado e marcado para sempre.
Falaram sorte e Lamar Odom, hoje com 30 anos de idade, lembrou de quantas vezes ouviu esta palavra ser direcionada a ele como um demérito perante aquilo que ele alcançou com maturidade e legitimidade.
Stoudemire poderia ter evitado isto tudo ao substituir sorte por “aquele que consegue o que pretende com facilidade”.
(GL)
© 1 Jamie Rector / NYT Media
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