Os Pindaibanos

A cidade de Pindaíba cada vez mais recebe novos habitantes. Todos têm algo em comum para compartilhar: problemas financeiros. Há diversidades de classes sociais, pois a irresponsabilidade e falta de cuidado não escolhe conta bancária. Por lá se encontram moças, rapazes, jovens, enfim, gente de todo o tipo que estão com residência fixa ou só de passagem.

Chamam mais a atenção os casos das pessoas que arrecadaram muito dinheiro e perderam tudo num micro instante, o que geralmente ocorre por envolvimento com o materialismo, com interesseiros e com maus investimentos. Às vezes se vê uma pura falta de percepção, pois existem gente que acredita que dinheiro nasce em árvore e gastam como se tivesse jogando-o pela janela, dando a impressão que as notas caem do céu como a chuva. Por viverem num mundo de fantasia e imaginário, vão parar na Pindaíba.

Atletas é um grupo que tem um contingente expressivo na cidade. São tantos que estão por lá... Veremos alguns exemplos mais interessantes, típico de uma série televisiva que poderia se chamar: “Como perder uma fortuna milionária assim... num estalar de dedo”

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Derrick Coleman


Uma conta simples de matemática não é suficiente para explicar o que aconteceu com este talentoso jogador da NBA e que foi número 1 no draft de 1990. Em 15 anos na associação, Coleman ganhou mais de US$ 87 milhões, declarou falência em Abril deste ano dizendo que tem dívidas por volta de US$ 5 milhões e a Corte Americana de Falências coletou que as posses dele hoje valem US$ 1 milhão. Faça a conta.

A discrepância nos números vem dos péssimos negócios realizados em Detroit, cidade onde passou a infância e jogou no final da carreira. Era visto como uma pessoa importante na cidade, já que seus investimentos eram no mercado de imóveis e de revitalização do comércio local. Só que aí veio a crise do ano passado, bancos quebraram, casas perderam valor e Coleman se deu mal.

Ele possuía outros empreendimentos, como churrascaria, pizzaria e loja de donuts. Entre os credores (são 99 no total) estão o prefeito de Detroit, American Express (empresa de cartão de crédito), Comerica (banco), Sprint (telefonia) e Nike (material esportivo). Detroit foi justamente a cidade dos EUA mais afetada pela crise econômica de 2009.

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Antoine Walker


Hoje ele está com 33 anos. Começou na NBA com 20 anos – foi escolhido na 6ºª posição pelo Boston Celtics em 1996. Em 13 anos, Walker ganhou US$ 110 milhões que desapareceram rapidamente. A receita para conseguir esta façanha é a seguinte: gaste sem dó com 70 pessoas (amigos e familiares); construa uma casa gigantesca para sua mãe com uma piscina interna e uma quadra oficial de basquete no quintal; compre carros caríssimos (Mercedes, Bentley, Cadillac) e tornem eles customizados, descartando-os quando enjoar dos brinquedinhos.

Quando se deu em si, Walker estava sendo cercado de credores querendo receber contas não pagas, que circulam perto de US$ 7 milhões. Uma das soluções encontradas foi colocar a venda a mega mansão (que tem 10 banheiros) e outras três casas para liquidar dívidas. Ele também foi um frequentador assíduo dos cassinos em Las Vegas e por passar 10 cheques sem fundo no valor de US$ 100 mil dólares cada, Walker foi intimado pagar o valor total dos cheques; se não vai para a cadeia. Por isso que ele está jogando atualmente na liga porto-riquenha de basquete recebendo um salário irrisório, mas suficiente para quitar algumas dívidas e pagar a pensão de dois filhos (valor de 7 mil dólares) – o que ele nunca deixou de fazer mesmo com tantos problemas.

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Michael Vick


Depois de estar na NFL por apenas três anos, o Atlanta Falcons fechou em 2004 o maior contrato que um clube da liga ofereceu a um atleta: 130 milhões de dólares por 10 anos. Desta quantia, US$ 37 milhões foram garantidos para Vick, que era um dos jogadores mais populares da NFL e um verdadeiro ídolo em Atlanta.

Só que surgiram as rinhas com os cachorros da raça pit-bull, desgraça que foi descoberta em 2007. A liga o suspendeu e os Falcons romperam com o QB, querendo inclusive recuperar parte do dinheiro pago com a assinatura do contrato milionário. Preso e sem ganhar nada, as dívidas de Vick começaram a aparecer.

Num período de dois anos, entre Julho de 2006 e Julho de 2008, Vick gastou mais de US$ 17 milhões, sendo que neste tempo ele passou 8 meses na cadeia – sua sentença começou em dezembro de 2007. A falência foi declarada em Julho de 2008, em parte porque ele devia à bancos cerca de US$ 6 milhões por empréstimos feitos para uma loja de aluguel de carros no estado de Indiana, investimentos em imóveis no Canadá e um comércio de vinhos no estado da Georgia.

Ao voltar para a NFL em 2009 e assinar com o Philadelphia Eagles por um ano (valor de US$ 1.5 milhão), com a possibilidade de renovar para em 2010 (valor de US$ 5 milhões), Vick tem a oportunidade de restaurar sua saúde financeira.

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Lawrence Taylor


Um dos melhores linebackers da história da NFL, integrante do Hall da Fama do football e um dos personagens principais do livro “The Blind Side” do Michael Lewis (que deu origem ao filme “Um Sonho Possível”), teve uma carreira vitoriosa em campo defendendo a cor azul do New York Giants, Porém, fora de campo Taylor vivia cercado de drogas, bebidas e mulheres. Teve que ir à centros de reabilitação para tentar controlar o seu vício, ou eliminá-lo de vez.

Nesta vida leviana foi gasto grande parte dos US$ 50 milhões que ele ganhou em seus 13 anos de carreira. Sua falência foi decretada em 1998, por não pagar ou atrasar dívidas. Os credores hipotecaram sua casa que valia US$ 630 mil para forçar ele a cumprir os pagamentos.

Depois de liquidar faturas e duplicatas, Taylor desfrutava de uma vida limpa e de sucesso, tentando até se aventurar como ator e participando do popular programa televisivo Dancing With The Stars (versão americana do Stricly Come Dancing da BBC inglesa; no Brasil há o Danças dos Famosos, promovido pela Rede Globo). Até acontecer o recente caso de acusação de estupro no começo deste mês. Ele está sendo processado por tentar fazer sexo com uma prostituta de 16 anos, se enquadrando no crime de estupro de terceiro grau (segundo a lei americana) – que acontece quando alguém maior de 21 anos se relaciona sexualmente com alguém menor de 17; considerado um crime grave.

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Jack Clark


Esta placa acima é uma homenagem que o San Francisco Giants presta a um dos mais temidos rebatedores da década de 80. Clark foi quatro vezes selecionado para o Jogo das Estrleas em suas 17 temporadas na MLB. Faturou perto dos 20 milhões de dólares, uma quantia considerável na época, porém insuficiente para saciar um hobby bastante caro: colecionar carros esportivos.

Por carros esportivos entenda carros de verdade, não miniaturas. Em certo ponto, Clark chegou a pagar prestações de 17 carros ao mesmo tempo. O limite foi atingido em 1992 quando ele faliu, devendo US$ 11 milhões com bens no valor de US$ 4 milhões. Aí foi necessário dar adeus as Ferrais e Rolls Royces para tentar se enquadrar.

No final da década de 90 ele se recuperou e, depois de ser comentarista de jogos do Saint Louis Cardinals, time que ele jogou por dois anos e teve grande sucesso, hoje ele é treinador de um time semi-profissional chamado de Springfield Slidders, na cidade de Springfield, estado de Illinois.

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Torii Hunter


Hunter foi vítima. No começo de sua carreira na MLB, quando estava com o Minnesota Twins, ouviu o canto da sereia e ficou hipnotizado ao receber um conselho tolo e inútil. Ele investiu num cara que teve uma idéia inusitada: a invenção era uma espécie de bóia que seria colocada embaixo de móveis para quando houvesse uma enchente, eles flutuassem e não estragassem. Torii não titubeou e colocou US$ 70 mil dólares na parada.

Mas o tempo foi passando e nada de progresso. Então o cara voltou a se reunir com Hunter para pedir mais US$ 500 mil a ser investido no projeto. Assim foi feito e para a surpresa (será?), nada do que foi prometido se concretizou. Hunter passou a participar de reuniões feitas por especialistas em investimentos que aconselham gente com poder aquisitivo a entrar no ramo certo.

Hunter aprendeu a lição e sua ida à Pindaíba foi curta, só um passeio. Seus atuais investimentos são em obras de caridade e ele é bem agressivo nesta área. Tem um projeto em quatro estados americanos no qual cede bolsas de estudos para jovens carentes; mantém inúmeros campos de beisebol em periferias e ajuda fundações que lutam por curas de câncer. Em 2009 levou o prêmio Branch Rickey, dado pela MLB ao jogador que mais contribui para a comunidade em serviços voluntários.

Gastar por gastar não está mais nos planos de Hunter, principalmente após um incidente em 2007 que quase resultou em uma suspensão de três anos da MLB. Ele presenteou o Kansas City Royals com quatro garrafas do fino champagne Dom Perignon, um dos mais caros do mundo. A lembrança foi em agradecimento a vitória do KC frente ao Detroit Tigers na última semana da temporada, que possibilitou a classificação dos Twins aos playoffs. A liga proíbe qualquer tipo de presentes, mas o incidente foi resolvido porque as garrafas não foram abertas; e foram imediatamente devolvidas.



(GL)


© 1 Richard Phipps / ESPN Media
© 2 Marc Serota / Getty Images
© 3 Greg M. Cooper / US Presswire

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