30 e Todos Anos


O San Diego Padres é um dos times mais jovens da MLB e está fazendo uma campanha na temporada 2010 impressionante, liderando a Divisão Oeste da Liga Nacional (até 16/05). No elenco há um jogador que sustenta o time dentro e fora de campo, uma verdadeira pedra angular. David Eckstein, 35, esbanja experiência e conhecimento do jogo, virtudes que o mantém relevante.

Ele não é o melhor dos rebatedores, mas até que está fazendo um campeonato razoável rebatendo em segundo na linha ofensiva e jogando em uma nova posição na defesa: passou de SS para 2B. Não desfruta do favorecimento dos fãs, diferente do que acontecia em Saint Louis e Anaheim, só que o êxito dos Padres atrai atenção e traz à memória que ele ainda joga na MLB e o porquê continua eficiente.

O mais importante é sua liderança, compartilhando o aprendido em 9 anos de carreira com dois títulos da World Series e um MVP nas finais. Assim que os Padres acertaram com ele em 2009 por apenas um ano, os torcedores não gostaram da contratação por não entenderem a necessidade de um tiozinho entre garotos. A diretoria do clube, com uma perspectiva mais ampla e ciente do que estava fazendo, renovou o vínculo por mais um ano, projetando que Eckstein tem muita lição para ensinar ao jovem núcleo da equipe.

Quando San Diego esteve recentemente em San Francisco numa série de 3 jogos contra os Giants (11/05 – 13/05), os jogadores dos Padres ouviram as vaias que os torcedores rivais direcionavam a David, resquícios da World Series de 2002 quando o Anaheim Angels (hoje Los Angeles) derrotou os Giants. Na ocasião Eckstein estava em sua segunda temporada vindo de uma dispensa do Boston Red Sox e foi importante na decisão que teve as sete partidas. Mais especificamente, ele teve um ótimo jogo 2 rebatendo 3 vezes em 5 oportunidades numa vitória de virada (11 a 10) e um jogo 7 onde liderou o time na vitória por 4 a 1. No total, Eckstein teve um aproveitamento de 31% no bastão e marcou seis corridas nesta World Series.

David era um dos favoritos dos fãs, talvez pelo fato de ser um bom jogador apesar do porte físico desprivilegiado; ele compensa com muita disposição e garra. Para atingir o sucesso, era preciso ultrapassar várias barreiras e lutar mais que os outros em sua volta. Esta força é útil tanto com o uniforme quanto na vida social e a inspiração de vencer lhe rendeu um livro chamado Have Heart (tr. Tenha Coração).

Ele escreveu na época que estava em Saint Louis, quando venceu mais uma World Series – a de 2006 –, levando o troféu de melhor jogador da final. Eckstein não estava em um bom momento quando a decisão iniciou, sendo o último colocado em RBI quando juntado os membros dos Cardinals e do Detroit Tigers. Teve 0 rebatidas nas 11 primeiras vezes que esteve com o bastão, até alcançar as bases nas últimas duas aparições no jogo 3 (vitória dos Cardinals, 5 a 0). Anotou duas RBI no jogo 4 e duas RBI no jogo 5, impulsionando a corrida vitoriosa em cada uma destas partidas. Assim, levou pra casa o troféu de MVP – STL venceu a série por 4 jogos a 1.


Também por lá se tornou um dos favoritos dos torcedores. O que eles gostavam é da dedicação que Eckstein demonstrava. Por precisar de muito esforço para superar as desvantagens que tinha, passava por um ritual de cinco horas antes de cada confronto daquela final, uma rotina que misturava preparação física e mental para encarar as adversidades que insistiam em aparecer na sua frente. Era necessário ter coração.

Cada momento vivido em campo serviu de motivação para dividir com os torcedores um pouco de sua personalidade. No livro Have Heart, é possível descobrir um pouco mais da pessoa Eckstein, aquele que poucos vêm ou se importam. Para não ser diferente, ele abre o coração e mostra como sua história foi construída, uma dica do por que ele é tão propenso em lutar perante o impossível e ser um vencedor incomum.

Os pais de David são professores; Pat do primário e Whitey do ensino médio. Eles ensinaram aos seus cinco filhos (David Eckstein é o caçula) a importância de sempre dar o máximo que pode em qualquer situação e não reclamar das dificuldades que a vida oferece, aprendendo na prática o que é perseverança.

Eckstein se torna um símbolo da coragem e da possibilidade de ser o que quiser, desde que haja vontade e zelo para enfrentar as artimanhas do cotidiano. Os Padres disputam uma divisão extremamente competitiva (com Colorado Rockies, San Francisco Giants e Los Angeles Dodgers) e estão liderando, mesmo tendo jogadores no elenco desconhecidos do grande público; Eckstein e Adrian Gonzalez (1B) são os atletas de mais renome.

Agora o momento para Eckstein (que significa pedra angular em alemão) é de ensinar o jovem time dos Padres, passar pra frente as lições aprendidas com seus pais e aquelas que a MLB lhe ofereceu. São valiosas instruções que serão utilizadas por toda a carreira dos rapazes de 20 e pouco anos.



(GL)


© 1 Donald Miralle / Getty Images

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