Todos precisam de uma ocasião favorável para conseguir o que almeja. Qual que seja a profissão, não basta ter habilidades fora de série; é necessário que as circunstâncias da vida encontrem, no momento certo, o talento. Neste choque de trajetórias, o se passa a ser o é.
Vince Carter, ala do Orlando Magic, passou 12 temporadas na NBA convivendo com o se: se tivesse bons companheiros em sua volta, seria campeão, se... Hoje, atuando no atual vencedor da Conferência Leste, tem a oportunidade de disputar o título da associação, o que irá transformar o se em é.
Na sua longa carreira profissional, ele tem um feito importante, colocando a franquia Toronto Raptors entre as mais importantes no Leste e ajudando a manter o clube no Canadá. Os anos no país do hockey lhe renderam um apelido bem sugestivo, "Air Canada", e que atualmente está em desuso por dois motivos: Carter não joga mais em Toronto e não faz mais tantas jogadas áreas como em tempos atrás.
Conhecido pelos lances espetaculares acima do aro, Carter não é o cara que a cada partida fazia uma coisa diferente. Apesar de se sentir obrigado em entregar ao público e aos seus fãs algo novo, ele entende qual é sua capacidade e não tenta perpetuar o estilo arrojado e empolgante que trouxe quando chegou à NBA. As circunstâncias levaram Carter a compreender seu papel no Magic e méritos para ele que recebeu com humildade a missão de ser coadjuvante num time vitorioso.
Melhor do que ser o ator principal em um time perdedor.
Tanto com os Raptors quanto com os Nets (New Jersey), Vince marcava pontos à vontade, era o principal responsável por isto e não se incomodava nem um pouco. Mas o amadurecimento veio, trazendo consigo a percepção que se a coisa continuasse do jeito que estava, nada de troféu Larry O´Brien. O simples fato de aceitar a proposta do Orlando em se juntar com um time já entrosado, atesta a visão de que Carter está disposto a contribuir o máximo que pode para chegar às finais, mesmo que seja em uma função secundária (ou até terciária).
Colocar Vince Carter em quarto lugar numa lista de jogadores importantes do Magic (atrás de Dwight Howad, Jameer Nelson e Rashard Lewis) soa estranho. Os admiradores do seu jogo – e ele próprio – estão acostumados com os holofotes da mídia e todo o foco do time concentrado nele. Chegar numa equipe bem estruturada, com uma base sólida que disputou as últimas finais, não é de simples adaptação, porém Vince aproveitou a ocasião e abraçou a idéia de ser mais um entre tantas outras estrelas.
Vê-lo com a camisa número 15 isolado em quadra pode até parecer normal. Entretanto, ao invés de estar com a bola, ele observa seus companheiros finalizar jogadas. Não que seja uma fuga perante a responsabilidade, mas um respeito a um grupo que tem jogadores tão habilidosos quanto ele. No começo da temporada, durante o andamento das partidas, Carter era um estudante privilegiado, pois via de perto o que poderia fazer e qual o momento ideal para ser decisivo.
Nesta adaptação, passou por uma tribulação brava no mês de Janeiro deste ano, quando terminou com a pior média de pontos da carreira: 8.7. Nos meses subsquentes se recuperou, momento que pegou realmente o estilo de jogo do Magic. Apesar dos pesares, Carter terminou a temporada 2009-10 como segundo cestinha da equipe – atrás de Howard.
Stan Van Gundy, treinador, tem quatro estrelas sob seu comando e todas elas dispostas a trabalhar pelo outro. O quarteto tem capacidade de definir partidas, mas cada um sabe quem pode fazer isto em determinada ocasião. Carter, por exemplo, não vai pegar a bola e atacar a cesta toda hora como fazia, ele espera a oportunidade lhe dizer o que é melhor. Se for para arremessar, assim seja; se for para passar, assim seja; se for para infiltrar e fazer uma simples bandeja, assim seja. Tudo em prol do bom rendimento do time.
No jogo 2 da série contra o Atlanta Hawks, Carter mostrou como está encarando estes playoffs. Seu primeiro tempo foi fraco, marcando apenas quatro pontos e errando três arremessos de quatro tentados. Já na segunda etapa, ele marcou 20 pontos (11 só no último período). Estes 11 pontos saíram de várias maneiras: duas enterradas, dois lances livres (resultado de um ataque a cesta com agressividade), um arremesso de três e um arremesso de média distância. Ou seja, ele não está perdendo a oportunidade de usar o sumo da sua experiência, fazendo jogadas que a defesa lhe proporciona e não tentando criar dribles do nada que levam a lugar nenhum.
Com o perdão do trocadilho, esta temporada está sendo mágica para Carter. Ele sempre sonhou jogar em Orlando, sua cidade natal. Quando estava em Toronto e seu primo, Tracy McGrady foi para o Magic, Vince ficou com uma pontinha de inveja. Ao sair da universidade (North Carolina) ele literalmente implorou para que o Magic o escolhesse no draft de 1998 – Orlando tinha três escolhas entre as 15 primeiras posições (12ª, 13ª e 15ª) e não quis trocar para cima em busca da Carter, que foi pego pelo Golden State Warriors na 5ª posição. Depois de pouco mais de uma década, o curso da vida lhe deu, de uma vez só, as oportunidades que tantoo queria: jogar em Orlando e num time forte o suficiente para ganhar o campeonato.
Ele é um dos veteranos da equipe e no alto do seus 33 anos entende que não é mais o garoto que deixou todos de queixo caído no campeonato de enterradas realizado há dez anos atrás. Carter percebe isso quando é relacionado para cumprir o programa da comissão técnica chamado de “Descanso & Recuperação” (Rest & Rehab), direcionado àqueles que já estão com o corpo calejado de tantos jogos no currículo.
A franquia, na pessoa de Otis Smith (diretor de basquete e que bancou a contratação de Carter) cuida com carinho de Vince, já que existe a crença que ele será fundamental para a inédita conquista do Orlando. Pressão e motivação estão disponíveis à Carter, que decide usar tudo o que está em sua volta como motivação, pelo fato de um equilibrado time acreditar que ele é o algo mais que faltava no elenco.
É tudo uma questão de inteligência e apreciar o que foi dado como oportunidade. É tudo uma questão de modo, tempo e lugar. É tudo uma questão de modéstia.
Vince Carter, ala do Orlando Magic, passou 12 temporadas na NBA convivendo com o se: se tivesse bons companheiros em sua volta, seria campeão, se... Hoje, atuando no atual vencedor da Conferência Leste, tem a oportunidade de disputar o título da associação, o que irá transformar o se em é.
Na sua longa carreira profissional, ele tem um feito importante, colocando a franquia Toronto Raptors entre as mais importantes no Leste e ajudando a manter o clube no Canadá. Os anos no país do hockey lhe renderam um apelido bem sugestivo, "Air Canada", e que atualmente está em desuso por dois motivos: Carter não joga mais em Toronto e não faz mais tantas jogadas áreas como em tempos atrás.
Conhecido pelos lances espetaculares acima do aro, Carter não é o cara que a cada partida fazia uma coisa diferente. Apesar de se sentir obrigado em entregar ao público e aos seus fãs algo novo, ele entende qual é sua capacidade e não tenta perpetuar o estilo arrojado e empolgante que trouxe quando chegou à NBA. As circunstâncias levaram Carter a compreender seu papel no Magic e méritos para ele que recebeu com humildade a missão de ser coadjuvante num time vitorioso.
Melhor do que ser o ator principal em um time perdedor.
Tanto com os Raptors quanto com os Nets (New Jersey), Vince marcava pontos à vontade, era o principal responsável por isto e não se incomodava nem um pouco. Mas o amadurecimento veio, trazendo consigo a percepção que se a coisa continuasse do jeito que estava, nada de troféu Larry O´Brien. O simples fato de aceitar a proposta do Orlando em se juntar com um time já entrosado, atesta a visão de que Carter está disposto a contribuir o máximo que pode para chegar às finais, mesmo que seja em uma função secundária (ou até terciária).
Colocar Vince Carter em quarto lugar numa lista de jogadores importantes do Magic (atrás de Dwight Howad, Jameer Nelson e Rashard Lewis) soa estranho. Os admiradores do seu jogo – e ele próprio – estão acostumados com os holofotes da mídia e todo o foco do time concentrado nele. Chegar numa equipe bem estruturada, com uma base sólida que disputou as últimas finais, não é de simples adaptação, porém Vince aproveitou a ocasião e abraçou a idéia de ser mais um entre tantas outras estrelas.
Vê-lo com a camisa número 15 isolado em quadra pode até parecer normal. Entretanto, ao invés de estar com a bola, ele observa seus companheiros finalizar jogadas. Não que seja uma fuga perante a responsabilidade, mas um respeito a um grupo que tem jogadores tão habilidosos quanto ele. No começo da temporada, durante o andamento das partidas, Carter era um estudante privilegiado, pois via de perto o que poderia fazer e qual o momento ideal para ser decisivo.
Nesta adaptação, passou por uma tribulação brava no mês de Janeiro deste ano, quando terminou com a pior média de pontos da carreira: 8.7. Nos meses subsquentes se recuperou, momento que pegou realmente o estilo de jogo do Magic. Apesar dos pesares, Carter terminou a temporada 2009-10 como segundo cestinha da equipe – atrás de Howard.
Stan Van Gundy, treinador, tem quatro estrelas sob seu comando e todas elas dispostas a trabalhar pelo outro. O quarteto tem capacidade de definir partidas, mas cada um sabe quem pode fazer isto em determinada ocasião. Carter, por exemplo, não vai pegar a bola e atacar a cesta toda hora como fazia, ele espera a oportunidade lhe dizer o que é melhor. Se for para arremessar, assim seja; se for para passar, assim seja; se for para infiltrar e fazer uma simples bandeja, assim seja. Tudo em prol do bom rendimento do time.
No jogo 2 da série contra o Atlanta Hawks, Carter mostrou como está encarando estes playoffs. Seu primeiro tempo foi fraco, marcando apenas quatro pontos e errando três arremessos de quatro tentados. Já na segunda etapa, ele marcou 20 pontos (11 só no último período). Estes 11 pontos saíram de várias maneiras: duas enterradas, dois lances livres (resultado de um ataque a cesta com agressividade), um arremesso de três e um arremesso de média distância. Ou seja, ele não está perdendo a oportunidade de usar o sumo da sua experiência, fazendo jogadas que a defesa lhe proporciona e não tentando criar dribles do nada que levam a lugar nenhum.
Com o perdão do trocadilho, esta temporada está sendo mágica para Carter. Ele sempre sonhou jogar em Orlando, sua cidade natal. Quando estava em Toronto e seu primo, Tracy McGrady foi para o Magic, Vince ficou com uma pontinha de inveja. Ao sair da universidade (North Carolina) ele literalmente implorou para que o Magic o escolhesse no draft de 1998 – Orlando tinha três escolhas entre as 15 primeiras posições (12ª, 13ª e 15ª) e não quis trocar para cima em busca da Carter, que foi pego pelo Golden State Warriors na 5ª posição. Depois de pouco mais de uma década, o curso da vida lhe deu, de uma vez só, as oportunidades que tantoo queria: jogar em Orlando e num time forte o suficiente para ganhar o campeonato.
Ele é um dos veteranos da equipe e no alto do seus 33 anos entende que não é mais o garoto que deixou todos de queixo caído no campeonato de enterradas realizado há dez anos atrás. Carter percebe isso quando é relacionado para cumprir o programa da comissão técnica chamado de “Descanso & Recuperação” (Rest & Rehab), direcionado àqueles que já estão com o corpo calejado de tantos jogos no currículo.
A franquia, na pessoa de Otis Smith (diretor de basquete e que bancou a contratação de Carter) cuida com carinho de Vince, já que existe a crença que ele será fundamental para a inédita conquista do Orlando. Pressão e motivação estão disponíveis à Carter, que decide usar tudo o que está em sua volta como motivação, pelo fato de um equilibrado time acreditar que ele é o algo mais que faltava no elenco.
É tudo uma questão de inteligência e apreciar o que foi dado como oportunidade. É tudo uma questão de modo, tempo e lugar. É tudo uma questão de modéstia.
(GL)
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