Os Porquês


Uma leitura na tabela de classificação da Conferência Americana (AFC), após três rodadas, indica uma surpresa: Kansas City Chiefs em primeiro lugar na Divisão Oeste; e invicto! Uma franquia que enfrentou problemas em anos passados – e que ganhou seu terceiro jogo em 2009 no final do mês de Novembro – está num processo de reestruturação pronto para se tornar competitiva, segundo diretores, daqui a um ou dois anos. Agora, porventura o futuro se transforme realidade no presente, nenhum torcedor irá reclamar.

Este início de campeonato, inevitavelmente, traz à memória a campanha dos Chiefs lá em 2003, última vez que o time ganhou os três primeiros jogos. Naquela ocasião, o elenco dirigido por Dick Vermeil ganhou nove partidas seguidas e venceu a Divisão, mas perdeu para o Indianapolis Colts nos playoffs. O fator principal da derrota foi a defesa de KC que não conseguiu parar o adversário e dá uma tranquilidade ao forte ataque de então.

Para chegar às 3 vitórias em 2010, este time comandado por Todd Haley fez por onde. Nada entregue de graça à equipe, foram triunfos vindos por méritos, ou seja, os adversários não perderam e sim os Chiefs ganharam. Uma das razões do sucesso dos Chiefs nesta temporada é justamente a defesa, aprimorada pela direção do coordenador Romeo Crennel (ex-New England Patriots).

KC terá duas semanas de preparação para o próximo confronto – está de folga neste domingo. O adversário em questão será os Colts e seu feroz ataque. Pelo mostrado nas primeiras partidas, os Chiefs vão dificultar bastante as movimentações ofensivas de Peyton Manning & Cia.

Contra o rival San Diego Chargers, tetra campeão da divisão, Crennel parou o ataque adversário, no final da partida, quatro vezes seguidas na linha da end zone, garantindo a vitória no jogo de abertura da temporada por um TD (21 a 14). Contra o San Francisco 49ers no último domingo, a defesa permitiu apenas 3 pontos durante quase todo o jogo, sofrendo um TD por falta de atenção nos minutos derradeiros quando a vitória já estava certa. Porém durante toda a partida, a unidade de Crennel representou bem sua filosofia de trabalho.

Todos os membros da defesa jogaram bem e merecem menção por terem anulado o jogo corrido (Frank Gore, RB, correu apenas 49 jardas) e forçado o QB Alex Smith a 19 erros de passes, sofrendo 5 sacks e uma INT. Jovan Belcher (LB), Derrick Johnson (LB) e Tamba Hali (LB/DE) têm sido os destaques; assim terão missão importante contra Manning. Por mais que o irreverente QB seja um dos melhores jogadores da posição quando recebe pressão, esta é a única maneira de deixá-lo incomodado – função de Hali (foto abaixo). Já Belcher e Johnson ficarão atentos a investidas terrestres, área que os Colts têm mostrado evolução em relação ao time que chegou ao Super Bowl na temporada passada.


Caso o passe encaixe, a secundária dos Chiefs terá a tarefa de manter o que vem fazendo até agora: marcar intensamente os receivers, desviar passes e interceptá-los. Nesta área do campo se destacam os cornebacks Brandon Carr e Brandon Flowers. O novato Eric Berry (S) tem atuado espetacularmente e se adaptou fácil ao jogo profissional.

Crennel sabe que se ele está se dedicando em como parar o ataque dos Colts, o time da ferradura está estudando como transpor a sua defesa, que é a segunda melhor em pontos cedidos até agora: 12.7 - no topo está o Pittsburgh Steelers.

A agressividade no modo de atuar, agir e pensar também é um dos porquês. Seja na defesa ou no ataque, os Chiefs não estão medindo consequências para se impor no jogo e estar no controle das ações. Charlie Weis (ex-Patriots), coordenador ofensivo, é adepto desta onda e seus pupilos estão adorando.

Da mesma maneira que a defesa teve sucesso numa 4ª descida (contra os Chargers), nos outros dois jogos quem se deu bem nesta ocasião foi o ataque. Contra o Cleveland Browns, KC teve dificuldades em desempenhar seu melhor football fora de casa, porém estava com o resultado favorável, na frente do placar por 2 pontos (16 a 14). Restando dois minutos para o término da partida, a bola estava na jarda de número 36 da defesa dos Chiefs, uma 4ª descida e polegadas para chegar na primeira descida e acabar com o jogo. Haley decide arriscar ao invés de ir pro punt. O RB Thomas Jones corre com a bola, avança uma jarda e, após revisão dos árbitros, a primeira descida é conquistada e KC vence o jogo.

Este lance energizou por completo os jogadores, empolgados por estar sob um regime disposto a se atrever e assumir riscos. Contra os 49ers mais uma vez o ataque ficou feliz, pois novamente Haley e Weis inovaram em duas decisões.

Era começo do segundo quarto, 4ª descida para 1 jarda. A partida estava zero a zero e numa ousada jogada, iniciada pela formação wildcat com Jones como QB, Dexter McCluster (WR) converte a descida carregando a bola pega no centro do campo (jogada end around). O drive não foi dos melhores, pois acabou numa INT, porém valeu pela diversificação, que foi repetida mais tarde no jogo.



Na jarda 45 do ataque, os Chiefs estavam num 2ª descida para 10 jardas e montam a formação wildcat com Jones recebendo o snap. Matt Cassel (QB) se alinha como receiver e McCluster se movimenta para executar (de novo) a end around. Só que desta vez ele passa a bola para trás a Cassel lança Dwayne Boye: TD!

Este tipo de abordagem anima os atletas, já que eles percebem o quanto a comissão técnica quer vencer usando todos os métodos possíveis para atingir o objetivo. A mentalidade vencedora de Weis e Crennel, criada em New England quando a dupla ganhou três Super Bowls exatamente nas funções que hoje exercem nos Chiefs, é transmitida aos membros do clube. Exemplo que vem de cima, porque o arquiteto disto tudo é o diretor de football Scott Pioli (ex-Patriots).

Em NE, Pioli escolheu e gerenciou os atletas que formariam o elenco vencedor do começo da década (campeões da NFL nas temporadas 2001-02, 2002-03 e 2004-05). Ele saiu de lá para reconstruir a tradicional franquia e por mais que o futuro esteja perto, o hoje dos Chiefs mostra a sensível diferença que um trabalho excelente faz. Eis mais um dos porquês.




(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Chiefs Media
© 2 David Eulitt

Devoto da Rotina



O segredo.

Quem não quer saber como um grande atleta consegue alcançar tão alto status? Como ele se prepara? Qual é sua motivação? Qual é o segredo?

As respostas podem ser usadas por aqueles que almejam uma carreira esportiva ou por aqueles que aprendem algo de cada exemplo, procurando ser um melhor alguém. Roy Halladay, (foto acima) arremessador do Philadelphia Phillies, vai a campo hoje contra o Washington Nationals com 20 vitórias na temporada, marca que ele atinge pela terceira vez na carreira; o primeiro Phillie com 20 vitórias desde 1982.

Este ano leva Roy ao Cy Young da Liga Nacional (troféu dado ao melhor arremessador). Seus números são testemunhas, suas atuações também. Ele está com um mês de Setembro ambíguo: enquanto tem 4 vitórias em quatro jogos, seu ERA (4.55) é o maior do que em todos os outros meses do ano. Embora o mais importante é estar em um time competitivo pela primeira vez e, aos 33 anos, jogar a primeira pós-temporada da carreira.

Isso. É estranho ler a frase acima e pensar: por que demorou tanto? Um dos top arremessadores da MLB da última década nunca jogou um playoff? Sim. Porém agora chegou a hora. O que deixa uma pessoa muito feliz: Harry Leroy Halladay.

Harry tem um passado muito comum na vida de um esportista. Passou toda a infância se preparando para o sucesso, para a liga profissional; e não só isso, para ser o mais dominante jogador que já existiu. Por isso que logo no começo da carreira, quando bateu de frente contra a parede do fracasso, ele quase desistiu de jogar – na verdade, estava desistindo de viver.

Em 2000, seu terceiro ano na liga, Roy teve uma temporada escabrosa. Seu ERA de 10.64 é um dos piores da história da MLB. O Toronto Blue Jays, seu único time antes de chegar nos Phillies, o mandou para as ligas de base (minors) e lá estava um cara que desceu de nível não porque sofreu uma lesão e precisava se recuperar, foi pra lá pelo motivo de sua mecânica de arremesso, obviamente, não ser produtiva. Uma difícil lição para Harry, que decidiu não voltar mais para casa, pois a vergonha não deixava.

A opção que Harry visualizava era se jogar, se jogar de um prédio ou coisa parecida. Ele não enxergava mais um segundo a frente da sua vida, quanto mais o futuro. Batalhou internamente em lutas cansativas e agonizantes, até encontrar quem lhe ajudasse. Assim aconteceu e dois treinadores das minors confrontaram o vivo Harry como se ele tivesse matado Roy. Foram diversas conversas de repúdio a uma atitude depressiva que impedia tanto a pessoa quanto o jogador de viver, desfrutar dia após dia. Então conseguiram reavivar Roy, que entrou num trilho no qual ele facilmente não irá sair.


Os Blue Jays mandaram um arremessador bem abaixo da média e receberam o jogador que a franquia nunca tinha experimentado. Roy voltou dominante à liga e em 2001 nasceu o grande atleta que dominaria a posição nos anos seguintes. Três temporadas após o mais profundo dos vales, Roy ganhou o Cy Young em 2003, com 22v-7d e um ERA de 3.25. Nesta temporada, sem contar o jogo de hoje, ele está com 20v-10d e um ERA de 2.53 – ainda vai arremessar em duas partidas antes do término do campeonato regular.

Números importam para Roy, mas para Harry... Este último está feliz em fazer parte de um elenco acostumado às vitórias e que tem o objetivo de ser campeão. Este estado de alegria deve ser computado inteiramente na conta de Roy e, por isto, Harry não interfere muito nas decisões de Roy e o deixa livre em sua preparação e abordagem do jogo.

Roy melhorou seu desempenho lá atrás com um ritual que muitos evitam, apesar de ser eficiente: a rotina. Ela redirecionou o foco do jogador, moldou melhor sua atitude pré-jogo. Desde então Roy pratica as mesmas coisas antes das partidas, lhe mantendo concentrado na performance prestes a por em prática.

Seja seu dia de atuar ou não, Roy é o primeiro e chegar ao centro de treinamento dos Phillies. Em Toronto, o pessoal de lá se acostumou com isto e, em tom de brincadeira, os funcionários do time canadense davam as chaves do CT para ele, porque literalmente ele era a primeira pessoa a chegar. Certa vez dois jogadores do clube apareceram às 6 da manhã tentando “vencer” Roy na competição de quem chega mais cedo. A partir do dia seguinte a este episódio Roy passou a chegar às 5 e meia...

Ele vai para a academia e faz exercícios físicos. Disseca seu próximo adversário assistindo horas contínuas de vídeos sobre os rebatedores, tentando achar tendências e falhas. Depois vai arremessar bolas se preparando ao que estar por vim. Quando não é seu dia de arremessar, vê atentamente ao jogo buscando aprender um pouco mais e conversa com seus companheiros somente sobre aspectos do jogo – já tentaram, por muitas vezes, brincar com ele e tudo mais; não dá certo. Isto não faz de Roy um desagregador, pelo contrário, serve de inspiração aos que estão em sua volta para fazer algo parecido e quem sabe ser tão eficiente quanto ele. Roy novamente deixa Harry feliz por se deixar servir de modelo de um arremessador da MLB.


Antes de cada jogo no qual Roy vai estar em campo ele arremessa, no aquecimento, todas as suas 25 bolas engatilhadas em seu arsenal, 5 tipos diferentes de bolas rápidas, lentas, curvas, cutters e sinkers. Assim ele está pronto para mais um dia de trabalho.

Roy e Harry são o mesmo ser, mas diferentes pessoas. Harry quase deixou que as frustrações de Roy lhe afetassem e ambos teriam um fim trágico. Ao invés disto Harry encorajou Roy que assumiu responsabilidades, corrigiu erros e se tornou o alicerce sustentador. Harry aprendeu a diferenciar situações, a encarar adversidades e fazer com elas o que precisa ser feito: superá-las. Roy abraçou sua missão por completo e dá o máximo necessário para ser o melhor.

O segredo? Não é tão oculto assim. Os sinônimos da palavra dedicação explicam.




(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 por Mitchel Leff

Antipolítico


Jimmy Clausen (foto acima) é um garoto intrépido. Não tem medo de se garantir e nem de declarar verdade o que ainda está para acontecer. Neste próximo domingo, quando sua equipe enfrenta o Cincinnati Bengals, ele estreará como titular na NFL e marca o início de uma promessa que disse quando o Carolina Panthers o escolheu no draft 2010: “[sou] a melhor escolha deste draft”.

Vale trazer a memória que Clausen foi pego na segunda rodada (48ª posição); se ele se considera tão bom assim, por que ficou pra trás? Sua personalidade confiante e faladora, não buscando fazer média com ninguém, desagrada grande parte dos diretores da NFL – talvez por quererem longe uma pessoa que seja tão soberba quanto eles. Entretanto, não importa qual é o valor comportamental que se coloca em Clausen, a verdade é que se ele se posiciona tem uma causa, um motivo, uma razão, uma circunstância.

Exageros? Claro que ocorreram. Ele tem apenas 23 anos e pelas experiências adquiridas, principalmente na Universidade Notre Dame, houve uma maturação adequada. Tomou atitudes dúbias ao chegar no tradicional celeiro de football, mas junto com a arrogância vinha a certeza. Clausen anunciou no Hall da Fama do football universitário a decisão de ir jogar pelos Irish, chegou lá numa limusine Hummer e colocou na mesa todos os anéis ganhos nos campeonatos escolares da Califórnia. Seja o que for, aqueles anéis não foram comprados, foram ganhos.

Estudou na Oaks Christian High School, poderosa escola particular do estado localizada perto de Los Angeles. Foi titular nos últimos três anos letivos e terminou sua carreira invicto com 42v – 0d. Seu total de passes para TD, 146, é a maior marca no estado, famoso por produzir grandes jogadores para a NFL. Clausen se gabava pelos feitos conseguidos e quem poderia negá-los? Os números estão aí e suas atuações estão gravadas para quem quiser comprovar se ele era mesmo tudo isso.

Sim, ele era mesmo tudo isso. Clausen tinha todo o mundo da NCAA a sua disposição e escolheu justamente Notre Dame, a poderosa Notre Dame. Em parte porque lá estava um experiente treinador que comandou um fortíssimo ataque na NFL anteriormente. Charlie Weis assumiu a responsabilidade de reconduzir a universidade aos títulos, depois de criar e dirigir o histórico ataque do New England Patriots de 2000 a 2004 (era coordenador ofensivo). Ter um técnico com uma mentalidade profissional só trouxe mais colaboração para o estilo de jogo do QB.


O gostinho da pressão ele sentiu em seu primeiro ano, assumindo a titularidade e recebendo uma pesadíssima bagagem nas costas. Não foi bem, contudo mostrou evolução nas temporadas seguintes. Em 2007, ano de novato, teve um índice no passe de 103.85, completou 56.3% dos passes, teve 1254 jardas para 7 TD´s. Em 2009, ano de júnior, último em Notre Dame, teve um índice de passe de 161.43, completou 68% dos passes, teve 3722 jardas para 28 TD´s.

Clausen tem esta feição de se achar o bom, mas sabe qual é o seu lugar. Em Notre Dame ele ouviu, aprendeu, treinou, melhorou e evoluiu. Constantemente estava na sala de musculação ficando mais forte, depois ia assistir vídeos de jogos anteriores para procurar erros e corrigir as falhas. Estudava qual era o fundamento necessário para ser um QB mais eficiente e lá ia ele aperfeiçoá-lo. Por mais que seja um menino cheio de si, nada lhe tirou a humildade de reconhecer o que precisa ser feito para ser melhor.

Querendo ou não, Jimmy entrou na NFL com uma vantagem perante seus concorrentes. Atuar sob as ordens de Weis lhe deu uma leitura de jogo mais próxima do profissional e, de todos os QB´s novatos desta temporada, ele é o que tem as características mais próximas de um QB da liga. Lidar com a difícil tarefa de ser QB de Notre Dame lhe dá mais tato para administrar a responsabilidade de ser titular de uma franquia. Só tem que adicionar no seu jogo o passe longo, necessário para ser bem sucedido no grande show. Enquanto isso, seus precisos passes curtos lhe ajudou.

Nestes dois primeiros jogos do campeonato 2010, Clausen entrou no 4º período em cada um deles e arremessou 15 vezes (2 contra os Giants e 13 contra os Buccaneers). Na ultima rodada ele guiou os Panthers num drive de 79 jardas que acabou na jarda 1 de Tampa porque o RB Jonathan Stewart foi parado numa conversão de 4ª descida. O que chamou a atenção neste drive é que Clausen fez 7 no huddles ou seja, 7 vezes ele organizou o ataque sem reunir os companheiros no centro de campo, só os direcionando com sinais e códigos.


Contra a defesa dos Bengals ele não terá muita facilidade, mas o plano de jogo já está traçado: bolas corridas para Stewart e DeAngelo Williams; passe para Steve Smith que ele se vira pelo alto. Agora, Jeff Davidson, coordenador ofensivo, sabe que pode ser mais flexível com Clausen, pois o QB já conhece todo caderno de jogadas, muito similar ao de Notre Dame – Davidson trabalhou com Weis em New England e adota mesma filosofia ofensiva.

Os companheiros estão com Clausen e uma declaração de um deles exemplifica como tem sido sua curta estadia na NFL. Com a palavra o DE Everett Brown: “Ele é mais humilde do que eu imaginava. Chegou aqui, trabalhou aprendeu o playbook e esperou sua vez” afirmação dada ao site oficial dos Panthers.

Na segunda, dia 20, ele ligou para Weis, que é o atual coordenador ofensivo do Kansas City Chiefs. Falaram por volta de 20 minutos, só que nada de football no diálogo, só um papo causal entre amigos. Por onde passa Clausen faz contatos e cria laços lobísticos que o ajudam (e ajudarão) a se adaptar mais rapidamente na NFL. Desde que nada o atrapalhe na busca pelo estrelato, ele dará atenção e será cordial, caso contrário...

Steve Beuerlein foi um QB que jogou em Notre Dame – usando a mesma camisa 7 que Clausen vestiu – e também jogou nos Panthers, entre 1996 e 2000 (foi ao Pro Bowl em 1999). Steve foi visitar Clausen na pré-temporada disposto a compartilhar a experiência que teve com o menino, que passa pela mesma estrada. Alguém chamou Clausen na linha lateral de campo e o moço ao lado disse: “Olá, eu sou Steve Beuerlein”. Jimmy respondeu: ”Ah! Prazer em te conhecer” e voltou a campo para continuar seu treinamento, deixando o ex-jogador “falando sozinho”.


(GL)
Escrito por João da Paz



© 1 Sam Sharpe / US Presswire
© 2 Getty Images
© 3 Nell Redmond / AP

Comerciável



No último domingo foi ao ar, na rede de TV americana NBC, a mais recente propaganda estrelada pelo “ator” Peyton Manning, que também é o QB do Indianapolis Colts.

Nesta peça publicitária – feita para promover o jogo entre Colts e New York Giants, assim como a DirecTV – participa seu irmão Eli, QB dos Giants. Os dois estão no sofá de casa e comentam um com outro o quanto é bom jogar no domingo à noite, porque assim podem assistir os jogos diurnos (pela DirecTV, é claro). Quando os dois estão saindo de casa para irem ao estádio, Eli prende Peyton no armário. O caçula chega no carro do pai:

[0:27] Archie: Onde está seu irmão?

Eli: Eu não sei...

Desta vez não foi Peyton que ficou com a fala mais engraçada, mas ele é a face do marketing esportivo nos EUA por ser justamente extrovertido e bastante carismático. Desde a queda dos patrocinadores de Tiger Woods, devido ao desgaste da imagem do golfista que se envolveu em vários casos de infidelidade matrimonial, Manning atingiu o topo nos esportes americanos como o jogador mais comerciável. Antes disto ele já tinha uma reputação a zelar, pois várias empresas associavam seus respectivos produtos ao camisa 18.

Os clientes são os mais variados: DirecTV (TV via satélite), Sprint (telecomunicação), Gatorade, MasterCard, Sony, ESPN, entre outros. No período Junho de 2009 / Junho de 2010, segundo a revista de economia Fortune, Manning ganhou US$ 15 milhões em publicidade, 800 mil dólares a menos que seu salário na NFL.

São tantos os comerciais estrelados por Peyton... Aqui estão os mais interessantes e engraçados (a maioria deles da MasterCard), mas antes...


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Na mente de Manning [2007]



...veremos a peça da Sprint que liga a rapidez do pensamento do QB com a velocidade de conexão da operadora. O foco é passar o que pensa Manning três segundos antes de completar um passe (ou levar um sack). No vídeo uma voz de mulher vai contando os segundos enquanto Peyton busca uma saída para a jogada. As portas representam alternativas de uma possível solução.

Ao abrir uma delas, Peyton vê vários “peytons” confusos correndo em diferentes direções. Em outra ele vê seu principal alvo na época, Marvin Harrison, rodeado de golfinhos (alusão aos Dolphins). Enquanto isso vem se aproximando Jason Taylor, então no Miami. Peyton olha para trás e um garoto, representando sua infância, diz bem baixinho o jogador que está aberto para o passe: Clark.

Todo o vídeo foi feito usando a mais alta tecnologia, sendo quase que inteiramente filmado usando o fundo verde.


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Fanático em todo lugar [2006]



Linha do roteiro:

Churrasqueira: 80 dólares
Sanduíche: 6 dólares
Gasolina: 20 dólares
Fanáticos: não tem preço

Este foi o primeiro comercial de um série da MasterCard que transporta aspectos do football para o cotidiano. De uma forma extremamente sagaz é criada situações que causam gargalhadas e fazem pensar: e se alguém fizesse isso, o que eu faço no estádio, no meu trabalho?

Peyton começa com um churrasco em frente a uma empresa [:02] com gritos de incentivo: “Vamos lá corretores de seguros, Vamos lá!“ Depois ele aparece no açougue e dá uma força pro cara: [:10] “Corte a carne! Corte a carne!” Ao olhar o homem do posto de gasolina enchendo o tanque do seu carro [:15] ele comemora: “e... Encheu!” No final Peyton é um torcedor [0:18] que quer apenas tocar a mão do seu “favorito contador”

Neste encerramento, o diretor deixou Peyton livre para gritar o que quisesse, basicamente aquilo que seus fãs já falaram para ele em alguma ocasião. Então Peyton diz [:29] “nunca mais vou lavar minha mão”


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Amor incondicional ao time [2007]



Linha do roteiro:

Almoço: 30 dólares
Café: 4 dólares
Piano novo: 3000 dólares
Apoiar seu time: não tem preço

Na segunda parte da série, Peyton é o fã que todo time quer ter: torce não importa o que de ruim aconteça. Uma garçonete tropeça [:01], derruba o almoço e Manning diz: “Não se preocupe, você estava carregando bem. Você é o cara!” Comenta com um funcionário que se queimou [:08] com a fumaça da máquina de café: “Levanta e sacode a poeira!” Quando dois entregadores deixam escorregar um piano [:12] Peyton os consola: “Eles não estão vaiando (booo) estão dizendo mooo-vers (entregadores)”. E um garoto arremessa um jornal na casa do QB e quebra uma janela [:17], mas ele não fica bravo: “Não se preocupe Bobby, você ainda é o melhor lançador do bairro”


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Estadia extra em cidades rivais [2008]



Linha do Roteiro

Noite extra em New England: de graça
Noite extra em Cleveland: de graça
Noite extra em San Diego: de graça
Ganhar prêmios não importando quem você seja: não tem preço

A campanha gira em torno do uso do cartão para ganhar dias extras nos melhores hotéis. Aí mostra Peyton em New England, Cleveland e San Diego. Ele interpreta de maneira diferente os maldosos comentários.

Uma das falas mais legais acontece no começo [:04] quando o mordomo diz: “Você vai pro chão (going down), Manning”. Peyton responde: “Claro. 4º andar. Vou fazer uma massagem hoje” (going down significa também descer).

No final a camareira resmunga [0:17] ao bom dia de Manning: Vá fazer um snap! (take a hike) e ele concorda: "Eu vou fazer isso, o clima daqui é ótimo!" (take a hike significa também vá caminhar).


***

Presente Perfeito [2009]



Linha do Roteiro:

Bola de football: 25 dólares
Protetor bucal: 10 dólares
Kit de primeiros socorros: 40 dólares
Presentear alguém com uma coisa que realmente irá gostar: não tem preço

Esta campanha, veiculada nos EUA em Dezembro do ano passado, teve como principais estrelas Peyton Manning e Alyson Hanningan (do seriado How I Met Your Mother). Cada um faz o papel da pessoa que não acerta no presente de Natal e dá algo inconveniente e inútil.

Peyton chega no seu companheiro de time, o center Jeff Saturday, e lhe entrega [:03] uma bola de football embrulhada num papel, porém ele diz: “Você jamais vai adivinhar o que é este presente” Continuando o mico [:08], Peyton dá um protetor bucal a uma mulher e comenta com ela: “Experimenta pra vê se encaixa direitinho” Porém a maior mancada vem no final quando ele dá [:12] um kit de primeiros socorros para um cara e diz com toda alegria: “O treinador disse que você sofreu um corte (cut)”. O rosto do rapaz muda de expressão, fica triste e pergunta: “O quê?” Reggie Wayne explica a situação para o QB que sem graça comenta: “Ah! corte... cortado (cut)”

No final [:27] Saturday, obviamente, descobre o que é o presente e responde: “É uma bola de football”. Peyton bravo replica: “Quem foi que contou pra você?”



(GL)
Escrito por João da Paz


*Todos os vídeos aqui incorporados pertencem às respectivas empresas

Honra ao Mérito


Os finais dias da temporada 2010 estão chegando e o quanto mais eles se aproximam mais aumenta a angústia de Bobby Cox (foto acima) treinador do Atlanta Braves. O senhor de 68 anos irá encerrar a carreira ao término deste campeonato e seus jogadores estão se empenhando para levar o clube aos playoffs e prolongar a estadia da lendária figura na MLB.

Vai além da obrigação o esforço que os atletas dos Braves estão fazendo; é tudo pelo treinador. Na rotina diária ele defende seus comandados e os apóia incondicionalmente, o que dá uma energia extra quando estão cabisbaixos, passando por uma má fase. Há um compromisso dentro do clube de fazê-lo dirigir, pela última vez, jogos em Outubro.

Na vida de treinador desde 1978, partidas de pós-temporada se tornaram comuns para Cox, porém recentemente os Braves não têm avançado para os jogos eliminatórios. A última aparição do time foi em 2005, uma marca na história da liga porque foi a 14ª vez consecutiva que Cox chegava aos playoffs como treinador – 1990 não conta, ele era GM e assumiu o cargo no andamento da temporada.

O que impressiona é que nestas 14 vezes que a vaga foi garantida, todas vieram com o título da Divisão Leste da Liga Nacional. Mesmo sendo um recorde difícil de se repetir (principalmente com um único clube), tem gente que consegue criticá-lo dizendo que só foi ganha uma World Series (em 1995).

A imprensa do estado da Flórida foi a última a desmerecer o feito de Bobby. Numa série de quatro jogos realizada em Miami no começo deste mês, os Marlins ganharam 3 partidas. Os jogos fora de Atlanta tem sido em tom de despedida para Cox, um adeus aos amigos conquistados em todo os EUA. Contudo, alguns jornalistas locais não homenagearam o rival e resolveram jogar na cara os dois títulos que a franquia tem desde que chegou na MLB em 1993. Como se fosse fácil ficar em primeiro lugar da divisão por 14 temporadas seguidas.

Ao longo deste período foram muitas mudanças no elenco se tornando necessária todo tipo de adaptação para administrar o time em campo e fora dele. 2005 foi um dos mais complicados para Cox: não contou com seu melhor jogador, Chipper Jones, em grande parte do ano; perdeu para o Departamento Médico 3/5 da rotação de arremessadores titulares; e usou 18 diferentes novatos. Apesar dos imprevistos, conquistou o título da Divisão mais uma vez.


De lá pra cá não foram boas temporadas. Os Braves não ultrapassaram o aproveitamento de 50% (mais vitórias que derrotas) por duas vezes e não ficaram em nenhuma oportunidade acima do terceiro lugar na Divisão. Em 2010 a situação é diferente, embora que o início não foi o dos mais agradáveis.

Em Abril a equipe acumulou uma série negativa de nove derrotas na sequência. Os auxiliares de Cox comentavam que o clima não era dos melhores, porém o treinador mantinha a cabeça erguida e o otimismo lá em cima dizendo “...tudo vai dar certo”. O mês terminou e a classificação mostrava os Braves com 8v e 14d e neste instante uma das melhores características do treinador apareceu,

Todos os que já passaram sob o seu comando (ou passam agora) afirmam que Cox não faz o estilo autoritário. Ele sabe impor respeito sem humilhação e recupera um mau momento de um jogador com tremenda facilidade, sem necessidade de expor ao atleta quais são seus pontos fracos, já que os próprios números serviram como indicação para isto. Cox usa a motivação para extrair dos seus subordinados o melhor, conseguindo renovar o ânimo dos que atuam com pouca produtividade; um estilo “treinador dos jogadores”

Este tipo de abordagem cria no time um sentimento de buscar fazer o melhor para o técnico, então invariavelmente se cria uma maior dedicação e comprometimento com o todo e não somente com performances individuais. A partir da ocasião que os membros do clube entendem este conceito, a tendência de se atingir o sucesso é maior e uma reviravolta mais provável.

O péssimo começo de campeonato se transformou em primeiro lugar. Por muito tempo o clube ficou no topo da Divisão com uma soma de suas boas atuações com o baixo aproveitamento do rival Philadelphia Phillies. O atual bicampeão da Liga Nacional teve que lidar com inúmeras contusões de seus melhores jogadores e agora que todos estão bem eles deixaram os Braves para trás e são os atuais lideres, três jogos a frente do Atlanta.


Falta 12 partidas para encerrar o campeonato e 6 delas são contra os Phillies (2 séries de 3). Uma destas séries, em Filadelfia, se inicia hoje e Cox pode recuperar a posição perdida. Mesmo os Braves sendo os atuais lideres da repescagem, o objetivo maior é conseguir o título da divisão. “Definitivamente nós queremos despedi-lo bem e isto acontecerá com a conquista da Divisão” disse Brian McCann, catcher que é um dos jovens talentos da equipe.

O contrato com a franquia vai até 2015, mas Cox deixou bem claro que não volta atrás na decisão tomada no ano passado. Esta realmente será sua última temporada na MLB e após isto ele será um consultor do clube, avaliando os talentos da base dos Braves procurando um novo McCann, um novo Jayson Heyward... Pra quem viveu a vida toda envolvido com o beisebol, é difícil simplesmente sair.

Estas duas séries com os Phillies (a outra será em Atlanta, começa 1º de Outubro) serão imperdíveis. Uma atmosfera de playoffs cercará o duelo e os atletas dos Braves vão se entregar para vencerem o confronto direto e levar novamente Bobby Cox à pós-temporada. Com a possibilidade de ao menos ir aos playoffs pela repescagem, a festinha de despedida, programada desde Abril para o próximo dia 2, deverá ser adiada. Vai ver que a diretoria não acreditava que aquele déficit poderia ser superado.




(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Stephen Dunn / Getty Images
© 2 John Bazemore / AP

O Favorito


Lá estava ele.

Tom Brady não largou seu principal receiver nem nas horas de recuperação. Wes Welker passou por uma cirurgia no ligamento cruzado anterior (ACL) do joelho em Fevereiro deste ano e apesar dos médicos programarem sua volta aos campos em Novembro, ele pôs na mente que voltaria antes e o QB do New England Patriots acompanhou de perto seu ressurgimento.

Welker se dedicou por completo para retornar logo ao football. Foram meses sem descanso, sem refresco. Seis dias por semana de trabalhos pesados para que nos treinos de pré-temporada ele pudesse estar presente com os outros companheiros de clube, isto porque um deles ficou ao seu lado o ajudando no que precisasse. O receiver fez seu tratamento no estado da Califórnia e Tom Brady – que tem uma casa pelas bandas de lá – sempre o visitava para fazer alguns exercícios com ele e combinar jogadas a serem executadas neste ano

Somadas as últimas três temporadas, Welker é o receiver da NFL que mais recebeu passes (na frente de Brandon Marshall do Miami Dolphins) e, logo, o alvo predileto de Brady. Desde que os dois estão juntos nos Patriots, o QB passou a bola mais vezes para Wes do que para qualquer outro jogador. Há um segredo aí.

Os dois se entendem e um confia no outro. Estão num estágio em que simples gestos indicam qual jogada está por vir. A utilização do WR slot, posição de Welker, ajuda imensamente os Patriots, pois deixam em dúvidas os defensores: se fazem uma marcação curta ou mais espalhada. Caso concentrem somente em Welker, abrem espaço para um passe longo; caso cubram o gramado dispersando os defensores, podem deixar Welker livre para fazer das suas.

Os críticos do seu jogo atestam o fato de todas suas recepções serem de passes curtos. Bem, isto é verdade. Porém esquecem de ressaltar as jardas que ele conquista após a recepção. Sua média de jardas é acima de 10 em cinco de suas seis temporadas na NFL: com o Miami – 2005 (15.0) e 2006 (10.3); com o New England – 2007 (10.5), 2008 (10.5) e 2009 (11.0).

Um campeonato não conta, o de 2004, porque ele não fazia parte do ataque: integrava o time de especialistas dos Dolphins. E olha que quase ele não chega nem nisto, porque não foi escolhido no draft daquele ano e recebeu uma dispensa do San Diego Charges. Poucos acreditavam que ele seria um jogador de football, não tinha o biótipo.

Seu treinador na Universidade Texas Tech, Mike Leach (hoje comentarista da rede de TV CBS) fala que achava engraçado ver Welker entre aqueles grandões e fortes jogadores. O magro e baixinho receiver ficava entre eles sem nenhum temor, o que causava uma reação de satisfação em Leach. O técnico percebia nos olhos dele que não estava ali pra brincadeira e que se ele próprio não demonstrava medo de toda aquela situação, então tinha algo de especial.

Esses valores abstratos foram suficientes apenas para conseguir um lugar no time de especialistas. Contudo, lá Welker buscou a excelência. Lembrava dos tempos da escola onde ele atuava um pouco em várias posições da equipe e o quanto fazia isto com prazer. 2004 foi especial porque colocou Welker no mapa da NFL e na história do esporte.


No jogo contra os Patriots (10 de Outubro) ele foi o primeiro jogador da liga que retornou um punt, retornou o chute inicial, retornou um chute, marcou um field goal e marcou um ponto extra no mesmo jogo! Isto mesmo, até kicker ele foi (substituindo na ocasião Olindo Mare) – o FG foi de 29 jardas. Iniciava-se então uma série de bons jogos contra os Patriots e o velho lema surgiu: se não pode vencê-lo, junte-se a ele.

Quando Welker passou para o ataque, começou a mostrar suas habilidades. E não eram só os Patriots que não conseguiam pará-lo, outros times tinham problemas em marcar o receiver que sempre achava lugares vazios no campo pronto para avançar livre rumo a endzone. Bill Belichick tinha que lidar com Welker ao menos duas vezes por temporada e resolveu acabar com o tormento em 2007, trazendo-o para NE.

Assim o WR encontrou um esquema perfeito (montado por Josh McDaniels, então coordenador ofensivo e hoje treinador do Denver Broncos) e um dos melhores QB de todos os tempos para lançar os melhores passes. Brady achou conforto na sua nova arma de ataque e perceberam que tinham uma conexão especial.

No jogo de abertura da pré-temporada 2010, Brady direcionou a primeira jogada para Welker. A torcida enlouqueceu ao ver um dos seus mais queridos atletas receber um passe com segurança, mostrando que estava de volta. Uma pancada dos adversários causa arrepios nas espinhas de todos que se preocupam com os Patriots, com receio que o joelho não aguente, entretanto até agora o receiver está bem e passou no primeiro teste pra valer contra o Cincinnati Bengals, domingo passado.


Na vitória dos Patriots – 38 a 24 – pra variar, Welker foi o alvo preferido de Brady, recebendo 8 passes de 11 para 64 jardas e 2 TD´s. Um deles foi por milímetros, já que sofreu um duplo tackle na linha que inicia a endzone. O impacto foi forte, mas ele resistiu e foi fundamental, mais uma vez, na vitória do New England.

Como diria o famoso apresentador de TV: “Agora, mais do que nunca” Welker tem que ser liso e evitar qualquer choque forte – mesmo que sua lesão, ocorrida no último jogo do campeonato de 2009, surgiu com ele se machucando sozinho. O conhecimento que Wes tem do jogo facilitará que ele encontre atalhos na defesa, ajudado por um esporte que trabalha essencialmente com as pernas.

O futebol auxilia Welker constantemente nas suas jogadas. Ele, que gastou sua habilidade com a bola no pé na escola de ensino médio, credita ao futebol sua visão de jogo, pois é preciso ter uma boa leitura dos espaços em campo para jogar bem, seja para avançar com a redonda ou lançá-la num espaço vazio para um companheiro. Ao receber um passe, Welker rapidamente percebe onde estão os defensores, vê qual zona está livre e determina a rota na qual ele vai percorrer.

Wes não fugirá dos trancos, mas se evitá-los não será tão ruim. Os Patriots (e Tom Brady) ficariam desnorteados sem o camisa 83 em campo. Os torcedores da equipe sentiriam sua falta também e poucas vitórias viriam sem o camisa 83 em campo. Welker não é tudo e nem tem a pretensão de ser, porém é o favorito de muitos – e que o futebol lhe ajude.




(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 por Kerry Brett
© 2 Eliot J. Schechter / Getty Images
© 3 AP

Stephen Strasburg: A Cirurgia


Foram apenas 12 jogos neste ano, mas o arremessador do Washington Nationals fez uma temporada expressiva. Em processo de recuperação da cirurgia Tommy John, Strasburg fará a melhor recuperação para voltar mais produtivo e ser duradouro em sua carreira na MLB.

Esta operação é comum entre os arremessadores da liga e atualmente por volta de um em cada nove jogadores da posição passaram por ela. Alguns nomes de destaque são:

Chris Carpenter – Saint Louis Cardinals
Jaime Garcia – Saint Louis Cardinals
AJ Burnett – New York Yankees
Kerry Wood – New York Yankees
Tim Hudson - Atlanta Braves
Francisco Liriano – Minnesota Twins
Josh Johnson – Florida Marlins
CJ Wilson – Texas Rangers

Embora seja bastante delicada, fazer a Tommy John é seguro, benéfico e a opção mais viável para consertar o ligamento colateral do cotovelo que sofre danos devido ao esforço repetitivo de arremessos. O objetivo da cirurgia é usar um tendão de outra parte do corpo para reparar a lesão – no caso de Strasburg foi usado um tendão da sua coxa. A cirurgia foi bem sucedida, os dez dias de repouso já se foram e agora é esperar chegar a hora da recuperação e fisioterapia.

Geralmente quem faz a Tommy John, se tratando de arremessadores, volta ao campo entre 12 a 18 meses. Com Strasburg o cuidado deve ser maior, então ele só deve reintegrar o elenco em Abril de 2012. Aliás, dentro da própria equipe ele tem um exemplo de como encarar todo o processo de reabilitação: Jordan Zimmerman fez a Tommy John e retornou às atividades justamente quando Strasburg se machucou. Os dois jovens são uma aposta alta dentro da franquia para dar vitórias e trazer atenção da mídia e do público da capital americana.

Na sua curta temporada, Strasburg fez isto muito bem. Na cidade de Washington foram apenas nove jogos nos quais ele começou jogando e exclusivamente nestas ocasiões o clube arrecadou mais de US$ 3 milhões de dólares. As partidas com ele titular fizeram que redes de televisão mudassem a programação dos jogos a serem transmitidos em caráter extraordinário para gerar audiência e mostrar o fenômeno ao grande público. Sua limitada campanha neste ano rendeu exposição aos Nationals como nunca antes aconteceu na história do clube. Com o imprevisto de ter ele fora por uma temporada completa, a diretoria planeja reintegrá-lo junto com outra grande talento: o rebatedor Bryce Harper. Ambos foram as mais recentes primeiras escolhas do draft e prometem causar mais euforia em volta dos Nationals.


A expectativa será se realmente Strasburg (foto acima) voltará com força total. A porcentagem de uma recuperação completa gira em torno dos 85-90% Com bastante dedicação e qualidade nos exercícios fisioterápicos é real a possibilidade de uma volta em alto nível (basta ver os nomes citados acima). A mecânica do arremesso não será a mesma e talvez isto seja uma coisa boa, pois muitos especialistas acreditam que foi justamente a maneira inadequada de Strasburg arremessar que lhe causou a lesão.

Por não ter novamente a total flexão do cotovelo, o movimento do braço mudará. A critica era em relação à altura que o cotovelo atingia na mecânica do arremesso, chegando ficar sobre a linha do ombro. Isto, repetido constantemente em movimentos bruscos, causa um estresse no braço e pode levar a uma lesão (como ocorreu). Tantos os médicos, quanto os fisioterapeutas, quanto os treinadores vão recomendar e ensinar a Strasburg outra forma de arremessar que seja poderosa e letal como tinha apresentado neste ano – foram 274 rebatedores enfrentados e 92 strikeouts.

O garoto de 22 anos agora caminha numa estrada que muitos percorreram. Os bons e maus exemplos lhe servirão de base para completar com plena saúde este processo trabalhoso e que merece total dedicação e empenho. Apesar de ter dito que dores similares foram sentidas no tempo da universidade, Strasburg não forçou quando percebeu que algo estava de errado com seu braço direito, não permitindo que ele fizesse sua performance com aproveitamento ideal. Agora ao seu redor estão os melhores profissionais que irão cercá-lo dos melhores métodos para que ele retorne não cedo, mas sim eficaz.

A Tommy John irá ajudar Strasburg como ajudou tantos outros, inclusive o jogador que dá nome a cirurgia. Tommy John fez a primeira operação do tipo em 1974 (na época a recuperação era 1 em 100%). Ele tinha 31 anos e depois da cirurgia ganhou 164 jogos, considerado assim um milagre – John é o sétimo canhoto na lista de vencedores na MLB, com 288 vitórias.

Prever como será a reabilitação de Strasburg é impreciso. Os indícios dão conta que poderá ser bem sucedida, mas só o tempo que dirá com exatidão. Todo cuidado é pouco para recuperar e moldar a mecânica de arremesso deste jovem jogador que imediatamente criou uma imagem forte entre os profissionais e tem potencial para fazer perdurá-la por muito tempo.


(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 AP

Leia Mais: Stephen Strasburg: A Experiência - publicado dia 07 de Junho de 2010

Bem-Estar Feliz


Momentos alegres são difíceis de esconder, inevitavelmente um sorriso aparece. Momentos frustrantes são difíceis de esconder e é preciso extravasar para deixá-los ir. Só um trabalho que produz contentamento faz com que alguém acorde às 6 horas da manhã e vá exercer sua função com prazer; Brandon Marshall WR do Miami Dolphins é assim. E pensar que em Denver, quando defendia os Broncos, ele não era feliz. Mudou o modo de agir assim que chegou em Miami.

Na cidade do estado da Florida, Marshall renovou as energias. Um novo time, nova comissão técnica, novos companheiros, novo contrato... Tudo corrobora em sua mentalidade mais madura e responsável. Porém é inevitável não falar do passado, não comentar sobre aspectos emocionais. Praticamente em toda entrevista coletiva que ele faz, mais de 50% da perguntas são sobre atitudes comportamentais e a outra parte fica por conta do jogo em si. Querem saber se o receiver realmente está transformado e se os Dolphins ficarão livres de um passado recente que trouxe problemas – isto da parte do Marshall, em dois sentidos.

Primeiro que a contratação do jogador é a mais badalada em Miami desde a chegada de Ricky Williams em 2002. O RB possui boas estatísticas com a camisa laranja e branca, mas tem registrado uma suspensão por uso de drogas e uma forçada aposentadoria de um ano em busca do “eu interior”. A dúvida surge por imaginar que algo similar possa acontecer.

Segundo que Marshall já traz maus exemplos do seu tempo em Denver. Teve diversos problemas com a lei (violência doméstica, embriaguez ao volante, agressão, má conduta), porém nunca foi condenado por nada, a não ser para fazer trabalhos comunitários por dirigir sobre a influência do álcool. São corriqueiras as lembranças do passado e o receiver adota a postura correta ao comentar acerca do que aconteceu com ele, dizendo que o passado... é passado.

Um dos sinais que muita coisa em sua vida mudou foi o distanciamento de antigas amizades, algumas inclusive oriundas do estado da Florida onde ele nasceu (Orlando) e fez faculdade (Universidade Central da Florida, UCF – também em Orlando). Largar companhias que traziam problemas ou levavam até eles foi fundamental para tirar Marshall de lugares escusos.


Outro sinal está na sua mão esquerda, mais precisamente no dedo anelar. O anel de casamento endireitou mais ainda o cara que anteriormente vivia uma relação de guerra com a ex-namorada. No atual relacionamento, com Michi Nogami-Marshall, atravessou por caminhos tortuosos e de tensão, mas atualmente há tranquilidade e paz, permitindo que tenha mais tempo para dedicar ao seu trabalho.

Sua situação com os Dolphins é excelente. Se em Denver, com todas as questões extra-campo Brandon se tornou um dos melhores WR´s da NFL, até onde ele chegará com a cabeça no lugar? Contando com a característica do time, forte no jogo corrido, sua situação deve só melhorar.

Miami é um dos piores times da NFL no jogo aéreo. Ano passado a equipe terminou em 27º em passes para TD e em 20º em jardas pelo alto. Um número que impressiona é este: nos últimos três anos, 15 WR´s pegaram pelo menos um passe com a camisa dos Dolphins. Marshall, no mesmo período, marcou mais TD`s (23) e teve mais jogos com +100 jardas (10) do que todos os esses receivers dos Dolphins somados.

Nnamdi Asomugha (camisa 21 na foto abaixo), um dos melhores cornebacks da liga, é um admirador do estilo de Marshall. O jogador do Oakland Raiders já disse que mesmo enfrentando semanalmente grandes receivers, Marshall é o mais complicado de se parar e tirá-lo da sua rota – ambos têm encontro marcado dia 28 de Outubro em Oakland.


O número 19 dos Dolphins irá se complicar com outro cornerback fera da NFL. Darrelle Revis terminou o imbróglio com o New York Jets e o duplo duelo entre eles está agendado (dia 26 deste mês em Miami e dia 12 de Dezembro em NY). Marshall é amigo de Revis e quando perguntado pela imprensa se ele teme encontrar a “Ilha Revis” (lugar paralelo no qual nenhuma bola é lançada) ele provocou dizendo: “Não sei onde fica isto.”

Ele é falador mesmo e possui uma forte autoconfiança. Diz aos quatro cantos que será o melhor WR de 2010; é possível que isto aconteça. Os Dolphins tem um ataque terrestre consistente com os RB´s Ronnie Brown e Ricky Williams. Sem um WR temido, os safeties dos times adversários ajudam os linebackers a parar os corredores. Contudo, com Marshall em campo, os safeties irão se preocupar em auxiliar os cornebacks na cobertura. Nesta dúvida ele vai tirar vantagem, contando com o auxílio do bom TE Anthony Fasano e dos WR´s Davone Bess e Brian Hartline.

Todos estes detalhes táticos são mais ingredientes que ajudam a formar o júbilo de Brandon. Outro motivo de satisfação é ter sido contratado por um dos homens mais respeitado da NFL: Bill Parcells, atual consultor da franquia. Por mais que Marshall não se considere um “receiver diva”, Parcells teve experiência em lidar com caras da posição que tem personalidade distinta do ideal: Terrell Owens, Keyshawn Johnson, Terry Glenn... Trazer Marshall aos Dolphins é um sinal de confiança e de que o que ocorreu está no vale do esquecimento. Parcells fez uma longa pesquisa para ver se realmente o jogador tinha mostrado claros exemplos de mudanças de atitude, pois um novo contrato o esperava. Ao comprovar que poderia ser feito o novo acordo, ficou claro que Marshall é uma nova pessoa, o que fará dele um superior atleta.

O mais importante e fundamental é ter encontrado um lugar que lhe faz sentir a vontade, mais inspirado. Um lugar que o deixa despreocupado com coisas secundárias e o faz focar no football em busca de um progressivo crescimento dentro de campo. Brandon Marshall descobriu o valor da frase: feliz é estar bem.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 AP
© 2 Jon Cavaretta / Sun Sentinel
© 3 Jason Halley / Chico Enterprise-Record

Tradições Universitárias - NCAA Football

A temporada 2010 começou nesta quinta e tem amanhã a estreia da maioria das universidades. Apesar de haver jogos às quintas, sextas, domingos e segundas, o sábado é o dia tradicional para os jogos de football da NCAA, um campeonato recheado de tradições.

São tantas que algumas escolas têm mais que uma! E praticamente todas têm pelo menos um ritual que precisa ser feito. O Grandes Ligas hoje destaca seis boas tradições que trazem histórias curiosas da sua criação, da sua manutenção e/ou da sua execução.


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Universidade Wisconsin – A música Jump Around e a seção dos estudantes



O DJ do estádio dos Badgers foi o mentor. Em 1998, no jogo em casa contra Purdue, Wisconsin passou três períodos sem marcar um pontinho. Os torcedores estavam desanimados e não esboçavam ânimo. Então, no intervalo entre o 3º e 4º período, as caixas de som começam a ecoar o som Jump Around do grupo House of Pain. Não é necessário dizer que os torcedores foram à loucura; assim como não é necessário dizer que Wisconsin venceu o jogo.

Surgiu uma tradição que acontece em todos os jogos em Wisconsin. A diretoria da universidade quis banir a manifestação em 2003, quando o estádio passou por uma reforma e foram construídas cabines de imprensa e camarotes no alto da arquibancada central. A alegação contra o Jump Around foi que os pulos faziam tremer a estrutura do estádio e poderia danificá-la. Os estudantes fizeram um sério protesto contrário à proibição e a escola decidiu rever o veto.

O estádio continua intacto, os fãs continuam pulando no intervalo entre o 3º e 4º período e as cabines de imprensa tremem quando isto acontece.


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Universidade Georgia Tech – A mascote que é um carro


Este carro – alerta para os aficionados – é um Ford Sports Coupe / Modelo A de 1930. Na verdade, é a mascote do corpo estudantil (da universidade é uma vespa). Porém o carro está presente em vários eventos esportivos, mas principalmente nos jogos de football, liderando a entrada do time em campo desde 1961.

O impressionante é que o carro da foto, e o que estará no estádio amanhã, é o mesmo da década de 60. Não existe um reserva ou outro parecido. O corpo estudantil mantém uma fundação que cuida do carro cirurgicamente, procurando mantê-lo viável, ativo e original. Por se tratar de uma escola técnica, não é de se espantar que o automóvel sempre esteja em impecáveis condições.

O carro é tão chique que é rodeado de tradições. Nenhum novato da universidade pode tocar nele e se acontecer a transgressão a pessoa recebe uma praga que irá perdurar durante toda sua estadia na universidade; além do time ser amaldiçoado para perder da rival Georgia no clássico anual.

Ser o motorista do carro é um privilégio e a disputa é séria para ver quem terá a honra de conduzir o veículo durante a temporada. Entretanto não é qualquer um que chega a sentar na frente do volante: precisa ser membro da fundação do Ramblin Wreck (como é chamada a mascote), tem que ser um aluno aplicado, conhecedor das tradições e história da universidade e ser bom de mecânica; com experiência em já ter trabalhado na manutenção do carro. Desde 1961, só 42 pessoas dirigiram a mascote.


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Universidade Nebraska – Caminhada pelo túnel


Esta é uma idéia bem legal (veja no vídeo abaixo). Começou em 1994 quando o telão do estádio mostrou a entrada dos jogadores em campo aos torcedores que estavam presentes. Ao som da famosa música Sirius do grupo The Alan Parsons Projects [álbum "Eye in the Sky" – 1982], usada por tantos outros times e que ficou popular com o Chicago Bulls da década de 90, a equipe de Nebraska entra em campo energizada ao máximo com o grito e apoio dos fãs.

A caminhada inicia com a saída do vestiário e o toque na ferradura que está acima da porta. Depois os atletas passam por cima de um tapete vermelho rodeado de torcedores que ajudam a animar ainda mais o time. A porta do túnel se abre e os jogadores entram em campo e observam um estádio lotado. Aliás, no vídeo de introdução, é mostrado um dado histórico indicando a sequência de jogos consecutivos no Sea Red Stadium que teve sua capacidade total preenchida. O número atual é de 304 partidas seguidas com todos os ingressos vendidos – o primeiro jogo desta marca aconteceu em 3 de Novembro de 1962.




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Universidade Tennessee – Formação do T



Em todos os jogos em casa, desde 1964, os Volunteers entram em campo correndo dentro de um gigante T formado pela banda da universidade. Isto começou quando um técnico chamado Doug Dickey introduziu o estiloso T que hoje está estampado no capacete dos jogadores. A banda prontamente concebeu um movimento que desenharia a letra no gramado.

A rotina é a mesma: os músicos fazem o T estilizado do capacete, depois se apresentam com movimentos para a torcida até chegar próximo ao túnel do vestiário anfitrião. Então eles se posicionam no gramado e abrem um espaço grande para o time passar e se direcionar para sua lateral.


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Universidade Iowa – Vestiário Rosa

A foto acima foi tirada antes do jogo entre Arizona e Iowa no dia 19 de Setembro de 2009.

O lendário treinador Hayden Fry usou e abusou dos seus conhecimentos psicológicos, fruto de um diploma adquirido na Universidade Baylor. Ao assumir o cargo em Iowa no ano de 1979, ele ordenou que pintassem o vestiário visitante de rosa. A intenção era causar um sentimento de calma e tranquilidade no adversário, uma ação futurística da psicologia cromática.

Se não obtivesse o sucesso inicial de serenidade, causava o inverso. O furor de treinadores adversários pela cor rosa no vestiário fazem com que alguns cubram o máximo que puder da “feminina cor”. Fry disse em seu livro "A High Porch Picnic" o seguinte: “Quando eu conversava com o treinador opositor e ele mencionava as paredes rosa, logo percebia que consegui o que queria. Não me lembro de um treinador que veio até mim e não comentou sobre a cor.”

E houve uma evolução. Começou com as paredes até... quase tudo! Só as torneiras e as saboneteiras (inox) que não são rosa. Na última reforma do estádio Kinnick em 2004, maçanetas, assentos sanitários e chuveiros ganharam a cor rosa. Em todo o vestiário do visitante é possível ver a cor rosa nas suas mais variadas tonalidades e nos mais variados lugares: no teto, no chão, no mictório, no carrinho dos uniformes...


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Clássico entre Florida e Georgia - Festa em Jacksonville


Esta é uma das grandes rivalidades da NCAA. Desde 1933 que ambas as escolas duelam na cidade de Jacksonville-FL, considerado um lugar neutro, mas que está muito mais próximo do campus da Florida (cidade de Gainsville) do que da Georgia (cidade de Athens-GA). Os Bulldogs queriam mudar o local da partida, porém em 2009 as universidades entraram em acordo com Jacksonville e vão fazer o clássico por lá pelo menos até 2016 – só em dois anos, 1993 e 1994, que a partida não foi realizada na cidade por construção de um novo estádio.

Claro que o jogo é importante e que tem grandes implicações nos rankings, mas o foco primário é nas festas que acontecem antes do jogo. O colunista do jornal Florida Times-Union, Bill Kastelz, nos anos 50, chamou o duelo da “Maior Festa de Coquetel ao Ar Livre do Mundo” – isto porque ele viu policias bebendo junto com estudantes.

Hoje não se vê coisas do tipo, mas o título ainda é válido pelas festividades que ocorrem. Os estudantes de cada escola viajam do seu respectivo campus para Jacksonville e começam a farra que não tem hora pra acabar – só um intervalo para assistir o jogo. Se o estádio fica dividido entre azul (Florida) e vermelho (Gerogia), nos churrascos e nas baladas todos se unem; e ninguém é de ninguém.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 por Wendell Neal, diretor de equipamento de Arizona
© 2 por Steve Johnson

Centro Marginal. Cetro Real.

Nick Mangold, camisa 74

Os torcedores não os valorizam, lembram deles só quando algo de errado acontece e o QB do seu time preferido é atingido. Os centers da NFL sofrem um bocado na batalha física contra ferozes defensores, que pode chegar a 70 contatos por partida. Não aparecem nas estatísticas, não recebem premiações, mas são valorizados pelos clubes e têm uma posição de destaque dentro de cada elenco. Só o QB – às vezes nem ele – é mais inteligente e estuda mais o jogo que o center. Um trabalho desgastante, pois se trata de uma função onde a margem de erro é limitadíssima.

Um center precisa ser ágil para entregar a bola ao QB e imediatamente estar preparado para bloquear o defensor que vem em sua direção. Antes de chegar neste instante, muita coisa ele fez a partir do momento que o QB passou as coordenadas da jogada e a formação se posicionou na linha de scrimmage. Eis quais são as leituras que o center faz em poucos segundos para orientar sua equipe:

- Determina como será o bloqueio da linha ofensiva.

- Vê qual é o posicionamento do seu RB e TE, sabendo assim qual é o lado mais carregado do ataque.

- Observa onde se coloca o MLB (middle linebacker) e os safeties.

- E finaliza mostrando qual será o lado que a linha ofensiva vai atacar.

Tudo isso com uma coisa em mente: facilitar o jogo corrido, abrindo espaço para o RB ou dar ao QB tempo suficiente para fazer o passe.

Ter um center de qualidade na equipe é raro e quando existe um deste se paga uma fortuna para mantê-lo. Nick Mangold, do New York Jets, assinou um contrato em Agosto deste ano que o fez o jogador mais bem pago da posição: US$ 55 millhões em 7 anos, com bônus de US$ 22 milhões.

Mangold chegou na NFL em 2006 e foi titular em todos os jogos dos Jets desde então. Ele ganhou o respeito dos principais adversários, isto incluindo os jogadores da defesa do seu time. No episódio 2 da série Hard Knocks deste ano (HBO), Mangold e Kris Jenkins (DT) fizeram um épico duelo Linha Ofensiva versus Linha Defensiva. Jenkins, um dos melhores defensores da NFL, foi dominado por Mangold ficando no chão em várias ocasiões. A comissão técnica do clube assistia tudo com deleite e comentou na reunião pós-treino a incrível movimentação do camisa 74.


Ganhar a admiração do DT da sua própria equipe é o principal atestado de que o trabalho do center está em um bom nível. Se este DT faz parte da elite, sua declaração vale ainda mais. Isto acontece com o novato center do Pittsburgh Steelers, Maurkice Pouncey (foto acima), que recebeu preciosos elogios do DT Casey Hampton afirmando que o garoto está pronto para ser titular na NFL. Mike Tomlin, treinador, o colocou no começo do jogo contra o Denver Broncos no último domingo. Resta uma partida para encerar a pré-temporada (contra o Carolina Panthers nesta quinta) e Tomlin ainda não definiu se ele será o titular no dia 12, decisão que deve ser tomada junto com o QB que irá substituir Ben Roethlisberger (suspenso) no começo da temporada.

Embora haja dúvidas, Pouncey já treinou várias vezes com Ben para irem se acostumando caso o novato seja o titular. Se assim for Justin Hartwig, veterano de 9 campeonatos irá para a reserva, o que testifica como Pouncey vem treinando com qualidade e exibindo toda habilidade criada na Universidade Florida. Lá ele foi o titular nos últimos dois campeonatos e sua transição para o profissional está sendo bem satisfatória, principalmente em relação à leitura do jogo – que é bem mais simples na NCAA.

E os jovens continuam tomando o lugar dos veteranos... Assim um dos mais experientes e talentosos centers que a NFL já teve, Kevin Mawae, fica sem emprego e pode encerrar a carreira. Mesmo titular em todos os 16 jogos em 2009 - e participado do Pro Bowl - , o jogador de 39 anos não renovou com o Tennessee Titans e é agente livre. Porém até agora nenhum clube entrou em contato e ele só foi alvo de especulações aqui e acolá. Ainda que fique de fora desta temporada, terá um papel fundamental no futuro da NFL.

Mawae é o presidente do sindicato dos jogadores da liga, cargo que ocupa desde 2008. Um novo acordo salarial entre a NFL, clubes e atletas precisa ser feito para que a temporada 2011 se realize. O center tem aparecido bastante na mídia para comentar sobre uma possível greve dos jogadores no ano que vem e sobre a ideia do aumento dos jogos da temporada normal para 18. Ele defende sua classe com postura e convicção, dando a deixa que irá ceder pouco nas conversas do novo acordo salarial. Em relação aos 2 jogos a mais, ele se opõe por questões físicas e de segurança, mas deixa aberta uma possível negociação se os jogadores forem beneficiados (financeiramente) com o prolongamento da temporada.

Pra variar, mais uma vez a bola está nas mãos do center, que precisa analisar o adversário, entender a estratégia da sua equipe e atacar com precisão. Sempre atento, visto que também nesta ocasião a margem de erro é bastante pequena.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Keith Srakocic / AP