A Complexa Arte de Permanecer no Topo


Neste belo quadro, que está no Hall da Fama do Philadelphia Phillies, estão reunidos os grandes nomes da franquia ao longo de 127 anos. Em tempos recentes o clube tem figurado entre os melhores da Liga Nacional conquistando três títulos seguidos da Divisão Leste, dois campeonatos da LN e uma World Series. Em 2010 o time está passando por muitas dificuldades e atualmente é o terceiro colocado na divisão, enfrentando problemas com lesões de atletas e atuações pífias dos arremessadores. O tricampeonato da LN será uma longa e árdua batalha – o último time a conseguir três títulos seguidos da LN foi o Saint Louis Cardinals em 1942, 43 e 44.

Há uma grande movimentação nos bastidores para manter os Phillies no auge, similar com o que levou a equipe até os títulos e a tornou relevante. Hoje, segundo a revista Forbes, o valor da franquia é de US$ 537 milhões, colocando-a entre as mais valiosas da MLB. A transformação da equipe passou por duas pessoas e tudo se iniciou com o diretor de beisebol Pat Gillick.

Gillick assumiu o cargo em 2005 e apostou no talento de jovens jogadores em detrimento de estrelas consagradas. O método de trabalho deu certo, pois basta mencionar que graças a este trabalho saíram das ligas de base (minors) Cole Hamels, Ryan Howard, Jimmy Rollins e Chase Utley. Em apenas dois anos os Phillies estavam de volta aos playoffs – depois de um hiato de 13 temporadas – e em 2008 conquistaram a World Series.

Logo após o triunfo, Gillick se aposentou e o cargo de diretor de beisebol passou a um membro da franquia que estava a 10 anos trabalhando na área administrativa. Rubén Amaro Jr. sucede Gillick e mantém a mesma linha de trabalho, mas acrescentando um pouco de agressividade. Isto ficou claro em duas transações feitas por ele.

Uma delas, na temporada 2009, os Phillies foram atrás do melhor arremessador disponível para aprimorar a rotação da equipe (leia: E O Que Era Bom...). A contratação de Cliff Lee foi uma amostra aos jogadores que o objetivo não era só competir e sim ganhar. Amaro fez a negociação com o Cleveland Indians sem perder os principais talentos da base e ainda assim conseguiu trazer um vencedor de Cy Young. Philadelphia chegou novamente na World Series, porém perdeu para o NY Yankees.


Amaro apostou na intuição ao fazer a outra negociação arrojada. Resolveu ir atrás do arremessador Roy Halladay (foto acima, antigo sonho do clube) e mais uma vez não perdeu os principais jovens jogadores; somente Kyle Drabek (arremessador) cedido ao Toronto Blue Jays junto com outros dois atletas. Além disso, Cliff Lee foi trocado ao Seattle Mariners e os Phillies receberam dois bons nomes nesta transação (Phillippe Aumont / arremessador e Tyson Giles / outfielder), compensando a perda de Drabek.

Com um pensamento no agora e no futuro, os Phillies tem um elenco que esbanja qualidade e garotos habilidosos com um enorme potencial para brilhar na MLB. Entre as promessas, os seguintes nomes se destacam:

John Mayberry Jr. – outfielder (26 Anos)
Scott Mathieson – arremessador (26 anos)
Antonio Bastardo – arremessador (24 anos)
Domonic Brown – outfielder (22 Anos)
Tyson Gilles – outfielder (21 Anos)
Phillippe Aumont – arremessador (20 anos)
Anthony Goose – outfielder (19 anos)

Em busca de mais talentos, a franquia construiu na República Dominicana uma clinica de beisebol que irá reunir garotos do país que demonstrarem capacidade de se integrar ao time na MLB. As instalações são fantásticas e serve aos dominicanos o melhor em infra-estrutura esportiva, disponibilizando desde as mais básicas aulas de inglês aos mais difíceis exercícios físicos/técnicos/táticos sobre o beisebol. Os Phillies formaram uma grande equipe por lá, com quatro olheiros percorrendo todas as regiões do país caribenho observando quem joga muito bem beisebol. Toda semana há uma seletiva onde se faz o corte e são selecionados aqueles que irão ficar na academia desenvolvendo seu respectivo estilo de jogo. A meta é ensinar aos meninos como se joga beisebol profissionalmente e levar aos EUA os que mais se destacarem.

Fora este cuidado com o amanhã, a diretoria se concentra no que é possível fazer já, especialmente quando o assunto são os mais experientes do grupo. Os torcedores podem ficar tranquilos que até 2013 (no mínimo) o trio Howard, Utley e Halladay têm contrato com o clube. Dentro desta questão de renovação, a dúvida paira em dois outros nomes importantes: Jayson Werth (foto abaixo) e Rollins. No caso de Rollins, Amaro acertou com o jogador por mais uma temporada (2011) e existe a possibilidade de trocá-lo eventualmente. Werth pode complicar um pouco mais, pois ele será agente livre ao final deste campeonato. Esta situação será estudada com carinho e atenção, levando em consideração que a folha salarial dos Phillies para 2011 está acima de US$ 130 milhões (para 17 jogadores) e que o clube possuiu bons valores nas ligas de base na posição de Werth: outfielder.


Devido as lesões que atacaram fortemente o elenco dos Phillies, Amaro vai pensar seriamente o que fazer até o fechamento da janela de transações no dia 31 de Julho. Se o departamento médico permanecer cheio, ele vai atrás de substitutos a altura dos lesionados. Porém, agora, Amaro não deverá usar os jogadores das minors como moeda de troca.

Uma das deficiências do time nesta temporada é a baixa produtividade da equipe de arremessadores, seja na rotação titular ou no bullpen. Tudo deve melhorar quando Bastardo, Chad Durbin e JA Happ (um dos melhores novatos da LN em 2009) saírem do DM. Independente disto, o clube está de olho em alguns jogadores. Para a rotação, Roy Oswalt do Houston Astros é uma aposta, numa troca que pode envolver Werth. Para o bullpen, a diretoria gosta de Bobby Jenks e JJ Putz do Chicago White Sox, que só devem ficar disponíveis se o alvinegro não estiver disputando vaga para a pós-temporada na Liga Americana.

São várias as ações necessárias para continuar competitivo e relevante na MLB. Não é moleza conseguir um bicampeonato de Liga, quanto mais chegar ao terceiro título seguido. Entretanto, os Phillies se dedicam o máximo que pode para estar novamente nos playoffs – de preferência vencendo a Divisão. Poucos times conseguiram ficar por muito tempo no auge e se exibindo com excelência. Se o Philadelphia será o próximo a dominar ninguém sabe; o importante é que eles, ao menos, estão tentando.



(GL)


© 1 por Jamie Cooper, artista plástico australiano que demorou um ano para pintar o quadro.
© 2 Tom Mihalek / AP
© 3 Al Messerschmidt / Getty Images

NBA Draft 2010 - As Apostas

A classe 2010 de jogadores elegíveis para a NBA é considerada uma das mais talentosas dos últimos tempos. Tem dois nomes fortes (John Wall e Evan Turner) e vários outros atletas com condições de brilhar no profissional. Daqui a alguns anos se espera que escolhas de segunda rodada deste draft estejam no Jogo das Estrelas. Times da parte debaixo do draft terão boas decisões a serem tomadas, visto que atletas de qualidade estarão disponíveis.

Entre tantos, o Grandes Ligas escolheu seis jogadores que são as apostas para brilharem na associação, a segunda edição da série iniciada ano passado (leia: NBA Draft 2009). O critério usado foi bastante subjetivo, pois contou um pouco com o gosto pessoal, mas em tese será apresentado um breve perfil de caras com a tendência de terem um êxito cedo na NBA. Alguns nomes não estão presentes por terem sido temas de artigos durante a temporada 2009-10 da NCAA. Confira abaixo os links dos textos:

A Provação (Lance Stephenson) – publicado dia 16/11/2009
Aí Sim! “Não” Fomos Surpreendidos Novamente (Jon Scheyer) – publicado dia 18/01/2010
Aquele da Enterrada (Jordan Crawford) – publicado dia 26/02/10

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Natural de: Raleigh, Carolina do Norte
Idade: 19
Posição: PG (1)
Universidade: Kentucky Wildcats (Novato)
Curso: “não-declarado”
Curiosidade: Ao ser apresentado para os universitários, Wall fez uma dança que virou febre:



A pressão sobre Wall é gigante por vários aspectos. Um deles é ser mais um pupilo do treinador John Calipari – que entregou para a NBA Derrick Rose (2008) e Tyreke Evans (2009) quando estava na Universidade de Memphis. Outra situação para lidar é corresponder toda a expectativa criada em volta de si para chegar no profissional e mostrar serviço logo. Por ter uma personalidade de líder, Wall foi atrás de quem entende do assunto.

Ele brinca que é uma das poucas pessoas que pode ligar para LeBron James a hora que quiser. Ter o telefone do atual MVP da temporada regular é um privilégio que Wall aproveita bem. O contato existe e o garoto busca conselhos para encarar da melhor forma possível o novo mundo que o espera. Esta é a atitude correta: ouvir de quem já passou por isso ao invés de enfrentar tudo sozinho acreditando que conseguirá se virar sem ajuda.

Wall é pronto para a NBA pelas seguintes características: visão de jogo, força física e capacidade de criar jogadas. Ah, gosta de ter a bola na mão nos momentos decisivos dos jogos. Pegando os 29 primeiros jogos de Kentucky e olhando somente para os 2 minutos finais de cada partida, Wall cometeu apenas 4 erros enquanto marcou 62 pontos, com um aproveitamento de arremesso de 60%




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Natural de: Richmond, Virginia
Idade: 21
Posição: PF (4)
Universidade: North Carolina Tar Heels (Segundanista)
Curso: “não-declarado”
Curiosidade: Seu pai, Terry Davis, jogou 10 temporadas na NBA defendendo o Mimai Heat, Dallas Mavericks, Denver Nuggets e Washington Wizards

Ele foi o que sobrou do time campeão de 2009. Daquela equipe, Tyler Hansbrough (Pacers) , Ty Lawson (Nuggets) e Wayne Ellington (Timberwolves) optaram ir para a NBA depois da conquista, porém Ed Davis resolveu ficar mais um ano, levando em consideração que ele era novato.

O que se temia aconteceu: lesão.

Davis perdeu 13 jogos da temporada passada por ter contundido o pulso esquerdo (ele é canhoto). Mesmo assim foi o segundo cestinha do time numa pífia campanha que não levou os Tar Heels ao torneio da NCAA. Os olheiros da NBA destacam a performance individual de Davis, ressaltando seu bom posicionamento no garrafão, agilidade quando está de costas para a cesta e boa transição defesa-ataque. Seu jogo defensivo merece menção, principalmente pela boa média de tocos que conseguiu no campeonato 2009-10: 2.8 por jogo.




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Natural de: Chicago, Illinois
Idade: 21
Posição: SG ou SF (2 ou 3)
Universidade: Ohio State Buckeyes (Junior)
Curso: Finanças Familiar e Serviços ao Consumidor
Curiosidade: Na temporada passada lesionou seriamente sua coluna e ficou inativo por um mês. Enquanto se recuperava, sua mãe esteve ao lado dele o tempo todo, inclusive o ajudando a se vestir. Sentava-se de forma ereta no sofá imobilizado por um suporte para manter seu tronco na vertical, o que não impedia de brincar com a bola de basquete, batendo ela no chão e treinando assim sua coordenação.

Este é o jogador mais completo disponível no draft 2010. Não quer dizer que ele é o melhor e nem que ele será o melhor, mas seu estilo de jogo leva a essa conclusão. A versatilidade é uma característica forte de Turner, atuando em quatro posições nos três anos que esteve em Ohio State. Seu controle de bola é de um armador, seu ataque a cesta e jogo lateral são de um ala e seu jogo de costas para a cesta é de um pivô.

Na temporada passada ele e Hassan Whiteside (pivô da Universidade Marshall) foram os únicos jogadores que anotaram dois triple-double. Ao falar de Turner, Thad Matta, treinador de Ohio State, fez uma declaração interessante: “Para os pais que querem fazer do seu filho jogador de basquete, é preciso estudar o jogo de Evan Turner. Ele chegou na universidade desacreditado, mas trabalhou duro para ser o grande jogador que é hoje




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Natural de: Corsicana, Texas
Idade: 22
Posição: SF ou PF (3 ou 4)
Universidade: Syracuse Orange (Junior)
Curso: Ecologia (Humanas)
Curiosidade: Jogou dois anos na Universidade Estadual de Iowa. Lá se desentendeu com a comissão técnica e resolveu sair do time. Buscando outra faculdade para jogar, quase se transferiu para Ohio State – formaria uma dupla arrasadora junto com Turner

Em três anos na NCAA Johnson só teve um bom ano, justamente quando esteve debaixo da tutela de Jim Boeheim, treinador de Syracuse. Ele que não gosta de aceitar jogadores transferidos de outras universidades se rendeu ao potencial de Johnson, que ficou uma temporada sem atuar pela equipe laranja por cumprir uma regra da NCAA, mas assim que a punição ficou pra trás, Wesley logo entrou na equipe titular.

O que mudou a cara do time. Syracuse passou a ser temida na poderosa conferência Big East e ficou em primeiro lugar ao término da temporada regular. Johnson teve um grande papel nesta bela campanha e seu único ano com o Orange lhe deu as credenciais para ir à NBA. Tem um arremesso de média distância ideal, corre na quadra muito bem e possui uma ótima leitura dos rebotes.




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Natural de: Mobile, Alabama
Idade: 19
Posição: PF ou C (4 ou 5)
Universidade: Kentucky Wildcats (Novato)
Curso: “não-declarado”
Curiosidade: Mantém a forma com uma dieta baseada em vegetais, saladas e produtos do mar.

Este, sem dúvida, é o cara mais incompreendido deste draft. As avaliações acerca da sua personalidade vão de um extremo ao outro, do (potencial) fracasso ao (potencial) sucesso. A imagem que ele passa de ser uma pessoa difícil de se relacionar e indisciplinado desapareceu após as entrevistas pré-draft. Os diretores de franquias que sentaram frente-a-frente com Cousins mudaram de opinião ao seu respeito assim que o questionamento acabou. Conheceram quem ele é.

Seu temperamento em quadra é explosivo e rude. Já discutiu com seu treinador em Kentucky (Calipari) e arrumou diversas brigas com adversários e companheiros de equipe (inclusive quando estava no colégio). A energia que ele transmite em quadra é altamente perigosa, mas possível de ser controlada – perceba que Cousins tem só 19 anos de idade. Todas as preocupações são válidas já que os clubes precisam saber como funciona a mente do jogador que está prestes ser uma escolha no Top 5 e que irá assinar um contato milionário.




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Natural de: Ghent, Bélgica
Idade: 19
Posição: SG (2)
Universidade: Kansas Jayhawks (Novato)
Curso: “não-declarado”
Curiosidade: Pai, mãe e tio jogaram basquete em Kansas através de bolsas de estudos.

Um ponto positivo para Henry é chegar num time vitorioso e se tornar prontamente um dos líderes junto com Sherron Collins e Cole Aldrich. Bil Self, treinador de Kansas, o manteve como titular mesmo quando Henry passava por má fase, injetando confiança no jogador. Assim ele atuava mais tranquillo e seu jogo fluía naturalmente.

Por ser canhoto e ter um arremesso letal, Henry traz muitas dificuldades aos defensores. Uma coisa que ele precisa trabalhar é nas infiltrações no ataque à cesta, que não é seu forte. Ao incluir este lance no seu repertório de jogadas, sua melhor característica será ressaltada, pois os defensores terão que se cuidar em marcar o arremesso e/ou a infiltração; ele tem habilidade para fazer este aprimoramento. Na defesa Henry possui uma antecipação acima do normal, lhe dando a oportunidades de roubar bolas e ser um reboteiro eficiente.



(GL)


© 1 Marc Zerof / US Presswire
© 2 Peyton Williams / Icon SMI
© 3 Jonathan Daniel / Getty Images
© 4 Icon SMI

Influência A


O beisebol é um esporte de estatísticas minucioasas e traz consigo fama, dinheiro e responsabilidades. Esta última característica é importantíssima, principalmente para aqueles que usam o prestígio como ferramenta para ajudar o próximo e entendem o compromisso que possuem. Mark Teixeira utiliza muito bem seus status como jogador do New York Yankees para ser uma referência além dos uniformes e ajudar os que mais necessitam.

Antes de começar a temporada 2010, Teixeira fechou uma parceria com a organização Harlem RBI, que cede bolsas de estudos a crianças carentes, tudo isto feito através do beisebol. O jogo é só um pretexto para atrair meninos e introduzi-los dentro da sociedade abrindo o leque de oportunidades para quem é desfavorecido pelas desventuras da vida. O 1B dos Yankees fará parte da mesa diretora do Harlem RBI. Ele doou 100 mil dólares que será incluído no programa de bolsas de estudo da organização.

O foco dele será nas crianças do bairro Harlem da cidade de New York – fica pertinho do Yankee Stadium. Porém seu prestígio será utilizado para contribuir na arrecadação de verbas que serão destinadas a outros programas das mais diferentes periferias de cidades americanas. O objetivo é impactar a comunidade e o beisebol é a porta que abre novos horizontes a garotos rodeados pela falta de tudo. Se o esporte não levar à algum lugar, o estudo servirá como segunda opção.

Teixeira é uma amostra clara da importância da escola. Ao sair do ensino médio, teve uma oportunidade com o Boston Red Sox, mas rejeitada por ele – mesmo sendo gerenciado pelo empresário Scott Boras, sempre interessado nos cifrões da MLB. Mark optou ir à universidade e escolheu uma das mais exigentes na área acadêmica: Georgia Tech. Ele fez esta sábia escolha e tem uma profissão que pode ser exercida quando se aposentar do beisebol.

Ciente da importância de um curso universitário, Teixeira fez uma doação de 500 mil dólares à Georgia Tech com o objetivo de ceder mais bolsas de estudos. Seu trabalho tem um alcance grande e toca profundamente àqueles que são os alvos diretos de suas contribuições. Ele já recebeu duas homenagens distintas que lhe comoveram muito, partindo de uma pessoa importante e de outra “menos importante”.

Faz parte de um ritual na MLB que o time campeão da World Series tenha a honra de visitar o presidente americano em exercício. Por terem sido os campeões no ano passado, os Yankees foram conhecer pessoalmente Barack Obama, que em seu discurso dentro do cerimonial, elogiou o trabalho de Teixeira, deixando registrado publicamente um agradecimento por contribuir no auxílio a crianças carentes. Foram palavras que emocionaram o atleta.


Entretanto, nada se compara ao gesto que a pessoa “menos importante” fez. Nas corriqueiras visitas feitas a hospitais, Teixeira conheceu um jovem vítima dum câncer raríssimo. O nome dele é Brian Ernst (foto acima), promissor arremessador de uma escola do estado da Georgia. Brian morreu aos 19 anos de idade, porém conseguiu realizar um desejo antes de partir: conhecer Teixeira pessoalmente. O yankee visitava Brian constantemente e quando estava bastante doente, sua família pedia que Teixeira fosse visitá-lo no hospital; pedido aceito com prontidão. O que mais chamou a atenção de Mark foi a disposição que Brian demonstrava, mesmo sabendo que seus dias de vidas seriam poucos. O falecimento do garoto ocorreu no dia 16 de Março deste ano e Teixeira passou a utilizar, nos jogos de pré-temporada, o nome Brian dentro do boné, escrito junto com o número 5 – utilizado por Brian na escola. Depois da abertura do campeonato 2010, Teixeira deu seu boné à família de Brian

Agindo assim, o jogador se torna mais admirado pelos fãs e respeitado nos bastidores do esporte. Um sinal claro disto é a atual votação para o Jogo das Estrelas 2010. Por ser uma eleição que conta com a participação dos torcedores, o critério técnico não é levado muito em consideração e a montagem dos times da Liga Americana e Liga Nacional passa a ser um concurso de popularidade. O que explica Teixeira estar na frente de Miguel Cabrera por uma das vagas como titular da primeira base da LA. Teixeira está tendo uma temporada ruim no ataque, um contraste com ótimos números registrados pelo jogador do Detroit Tigers – Cabrera é o terceiro colocado, Mark o segundo e Justin Morneau (Minnesota Twins) o primeiro.

Os repórteres questionam Teixeira constantemente sobre a baixa produtividade que ele vem apresentando neste começo de temporada – similar com o que aconteceu em 2009. Ontem, depois do último jogo da série contra o rival New York Mets, ele respondeu de forma categórica: “Hoje [dom/20], rebati um grand slam. Ontem [sab/19] um home run. Rebati um home run também contra Roy Halladay [ter/15]... Próxima pergunta

São legítimos os argumentos sobre as fracas atuações de Teixeira neste inicio de campeonato. Em comparação com 2009, este ano está sendo pior. Contudo as coisas tendem a se reverter, da mesma forma que aconteceu em 2009. O importante é que Mark não credita ao acaso as suas baixas performances e trabalha diariamente para melhorar e seus números no ataque. Sua abordagem nos treinos está diferenciada, executando menos swings no aquecimento, o que vem lhe rendendo rebatidas mais rápidas nos jogos. Ser um jogador ambidestro no bastão contribui para as oscilações, já que é preciso fazer adaptações de acordo com a situação da partida e o arremessador que ele está enfrentando.

Os Yankees confiam na retomada do poder ofensivo de Teixeira, mantendo o jogador na posição 3 na linha de rebatedores apesar dos insucessos neste começo de temporada. Sua influência é sentida até na comissão técnica do clube que o mantém numa função importante no ataque mesmo com números indesejáveis até agora, na certeza que logo virá o jogo A de um dos seus principais jogadores – dentro e fora de campo.



(GL)


© 1 Al Bello / Getty Images
© 2 Arquivo Pessoal

Fatos e Argumentos


Kobe Bryant conseguiu mais um título da NBA. Após a vitória do Los Angeles Lakers contra o Boston Celtics no jogo 7 das Finas, foi concretizado outro fato que servirá de argumento para aqueles que defendem a excelência de Kobe, o colocando como um dos melhores (e maiores) jogadores que o basquete já presenciou.

Toda opinião é válida, seja ela a favor ou contra as conquistas, embora deva receber menos credibilidade o ponto de vista do fã dele (supervalorizando todos os números e realizações), assim como o ponto de vista do cara que o odeia (desvalorizando todos os números e realizações). Ao falar sobre Kobe em qualquer debate, nenhum destes tópicos citados abaixo merece desconsideração:

- 5 títulos
- 2 vezes MVP das Finais
- 1 vez MVP da temporada regular
- 2 vezes cestinha da temporada regular
- 8 vezes no primeiro time ideal da NBA
- 8 vezes no primeiro time ideal defensivo da NBA
- Medalha de Ouro nas Olimpíadas

Gostar ou não do estilo de jogo de Bryant é direito de qualquer um. Mas é interessante como poucos defendem uma visão negativa sobre ele de maneira sensata, optando por usar o descrédito e a falta de equilíbrio. Daí se ouve coisas absurdas e sem sentido. Ele não esconde que toma todos comentários de forma pessoal, transformando em ferramentas para mantê-lo motivado. (leia mais em Percepção e o Bom Excesso)

Na coletiva de imprensa que procedeu ao jogo final da temporada 2009-10, pergutaram ao Kobe acerca do significado deste título. Ele respondeu: “Tenho um anel de campeão a mais do que Shaq”. Durante o tri-campeonato dos Lakers no começo da década ´00 (2000, 2001 e 2002), Shaquille O´Neal foi a principal peça do clube e MVP nestas três Finais. Quando o pivô saiu e logo conquistou um título em Miami (2006), os especialistas que acompanham de perto toda movimentação da associação discutiam se Kobe seria capaz de ganhar um título sem Shaq.


Pois bem, os Lakers são os atuais tricampeões da Conferência Oeste e o clube venceu duas das últimas três Finais que participou, com Kobe recebendo o troféu de MVP em 2009 e 2010 (foto acima). No total, foram cinco títulos em onze temporadas, passando por uma reestruturação da franquia que ocorreu justamente na metade dos anos ´00, período que divide as conquistas do início e final da década.

Há uma insaciável sede de colocar alguém forçadamente num patamar de ídolo maior do esporte. Sem necessidade, já que excelência não se adquire facilmente; ela se desenvolve dentro daquele que entende o significado de grandeza. O topo é alcançado naturalmente, fruto de constantes vitórias, de sucesso contínuo. Comparar pessoas excelentes é cruel, pois esta se falando de indivíduos, gente com características únicas e próprias.

Entretanto é interessante quando tais comparações aparecem. Nota-se o quanto um é incomparável perante o outro e o quanto o que, em tese, perde o “duelo de trunfo” é ofuscado erroneamente mesmo tendo alcançado a excelência. Exemplo: esta final foi a 7ª no currículo de Kobe, Michael Jordan participou em seis: enquanto Bryant venceu 5 e perdeu 2, levando o troféu de MVP em duas oportunidades, Jordan venceu as seis Finas que disputou, levando o troféu de MVP em cada uma delas.

Percebe? Este simples dado mostra um pouco da representatividade do legado de Jordan. Mas e Kobe? Como fica nesta história? Quem prestou mais atenção nas duas derrotas dele em Finais e nos “míseros” dois MVP´s, é vítima de comparacinite aguda.

Quantos jogadores venceram 5 títulos na NBA? Fora Bryant, outros 13. Acima deles, com seis títulos ou mais, estão outros 23 atletas. E quantos talentosos jogadores, da atualidade ou não, nem sequer conseguiram vencer um campeonato... É fácil se perder neste caminho de afirmar categoricamente quem é melhor; cada um tem seu espaço e fez por onde para atingi-lo. Pena que ao invés de se aplaudir o mérito excepcional conquistado, aparece as críticas sem fundamento sólido.

O lendário Magic Johnson, entre tantas outras atividades (leia mais em Extraordinário), é comentarista da rede americana ABC. Ao ser questionado se Kobe teria seu legado na história da franquia Lakers intacto mesmo com uma possível derrota para os Celtics, Johnson afirmou que o que ele fez já está na história e não tem como ser apagado, porém o fato de perder duas finais para Boston estaria marcado para sempre como fator negativo. Esta ponderação de Magic é totalmente válida, já que ele sabe muito bem o que é ganhar (e perder) para o Boston. Kobe entrou no jogo 7 com um pensamento certo em sua mente: precisava vencer os Celtics de qualquer jeito. Este desejo o prejudicou em boa parte do jogo, fazendo com que ele errasse muitos arremessos e se precipitasse em muitas posses de bola, acelerando mais o jogo do que deveria. Dos 23 pontos que ele marcou, 10 vieram no quarto período, mas oito deles foram convertidos em lances livres – seu aproveitamento de arremessos foi baixo, convertendo 6 de 24. Esta performance ofensiva abaixo da média foi compensada com muita energia e dedicação – Kobe foi o reboteiro da partida com 15 rebotes. Sua média de pontos nas Finais foi de 28.6, um pouco maior da média na temporada regular: 27.0. O prêmio de melhor jogador está em boas mãos.

A partir da temporada 2010-11, a franquia Lakers terá um tripé de jogadores históricos que será a representação do clube. A dupla Jerry West (décadas de 60 e 70) e Magic Johnson (décadas de 80 e 90) ganhou companhia. Derrotar os arqui-rivais Celtics serviu como carimbo final para promover o status de Kobe.


Os torcedores do clube vão lembrar com carinho desta temporada, especialmente da entrega que Bryant fez, jogando com dois dedos da mão machucados, um joelho dolorido e um tornozelo ruim. Agora de férias, ele irá analisar com cuidado todas estas contusões, pois, de acordo com suas próprias palavras, "não dá mais para jogar deste jeito”. Sendo assim, cirurgias não serão descartadas. O certo é que não existe espaço para duvidar do potencial de Kobe mesmo com tantas lesões, com a idade chegando (vai completar 32 anos em Agosto) e com 14 temporadas de NBA nas costas. O que para muitos pode ser um sinal de derrota, para Bryant é motivação para responder aos que o criticam.

Enquanto recebe argumentos detalhados que, em muitos casos, lhe denigrem e o depreciam, Kobe responde com a bola na mão e com grandes atuações em quadra, fato que é imbatível. Ele sempre gosta de estar do lado vencedor e até nesta questão ele não perde para os críticos, visto que contra fatos não há argumentos.


(GL)



© 1 John W. McDonough / SI
© 2 Ronald Martinez / Getty Images

Som na Caixa!

Entre as mais variadas tradições que circundam a MLB, uma é alegre, festiva e reveladora. Assim que o rebatedor vai para o home plate, ou o arremessador sai do bullpen para o montinho, o DJ do estádio toca, nos jogos em casa, a música preferida do jogador. Às vezes ela reflete a personalidade do atleta, às vezes ela é só para fazer um agrado aos torcedores, às vezes ela só é executada pela vibe positiva que traz ao ecoar dos alto falantes. Enfim, cada jogador tem sua história particular com a música preferida.

Não há registro que determina exatamente quando esta história se iniciou. Alguns historiadores do esporte dizem que tudo começou nos anos 70 com o reliever Sparky Lyle quando atuava no New York Yankees (1972 a 1978). Ao sair do bullpen, ele pedia para que tocassem a música Pomp and Circumstance (popular marcha militar). O tempo foi passando e a mania se espalhou, se tornando popular entre os relievers até chegar nos jogadores de ataque.

Veremos (e ouviremos) alguns sons interessantes que atletas da atual temporada da MLB escutam ao irem com o bastão ao home plate (nesta lista não tem nenhum reliever, quem sabe na próxima). Saiba um pouco mais sobre os jogadores, as músicas, os cantores e/ou banda.


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Pedroia recebeu do Grandes Ligas o rótulo de Pequeno Grande Baixinho e, pra falar a verdade, quem acreditaria que ele curte um rap gangsta? E olha que esta não é a primeira faixa do Snoop que ele escolhe; em 2008 o som The Wash, em parceria com o Dr. Dre, era sua música de entrada.

G´d Up chegou ao topo das paradas americanas, na categoria rap, quando foi lançada. A levada bem slow traz a pura característica do hip-hop feito na costa oeste dos EUA (leia-se Los Angeles, Califórnia). Snoop é californiano e fã dos Dodgers; já teve a oportunidade de fazer o cerimonial primeiro arremesso antes de um jogo no Dodgers Stadium.

Snoop Dogg ft. Butch Cassidy & Nate Dogg – G´d Up [álbum “Snoop Dogg Presents tha Eastsidaz” de 2000]




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Fã da lendária banda de rock, Utley escolheu Kashmir por ser uma música intensa e impactante. Um dos líderes do Philadelphia Phillies, ele demonstra um extremo bom gosto.

O cantor do Led Zeppelin, Robert Plant, afirma que Kashmir é a música definitiva da banda. Já o guitarrista (mito) Jimmy Page exalta o som como uma das melhores composições do quarteto (composto, adicionalmente, por John Jones no baixo e John Bohnam na bateria). O grupo brasileiro Angra (metal) fez uma regravação de Kashmir no álbum em homenagem ao Led Zeppelin chamado “The Music Remains The Same”

Led Zeppelin – Kashmir [álbum “Physical Graffiti” de 1975]




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É difícil crer que algum jogador de beisebol não acredite em superstição. O outfielder do Florida Marlins diz não se envolver com manias ou coisas do tipo e não gosta de citar a coincidência como fator para definir sua performance em campo. Porém, desde que mudou sua música de entrada (dia 31/05) para Rebel do rapper cristão Lecrae, ele melhorou seus números de ataque – antes ele ouvia Song of the South da banda country Alabama.

No mês de Abril, o aproveitamento com o bastão de Coghlan foi de 19.5 %. No mês de Maio, 25.2%. Agora, em Junho, após 11 jogos, seu aproveitamento é de 48.9% (!); ele passou em branco só em uma partida e contra o Tampa Bay Rays, dia 11, conseguiu 4 rebatidas. Para Coghlan não é coincidência, mas Rebel é a sua mais nova música no Sun Life Stadium.

Lecrae – Rebel [álbum “Rebel” de 2008]




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O riff da guitarra de John Frusciante empolga também Kershaw. Muitos admiram o trabalho deste grande guitarrista da banda Red Hot Chili Peppers e o arremessador titular do Los Angeles Dodgers é mais um fã. Logo no início da música é possível perceber a mágica criada por Frusciante, eleito pela revista Rolling Stone, em 2003, o 18º melhor guitarrista de todos os tempos.

Dois membros da banda gostam de esportes e se envolvem com um time de Los Angeles, mas é de outra liga. O cantor Anthony Kiedis e o baixista Flea são torcedores do Los Angeles Lakers e possuem cadeiras próximas a quadra do ginásio Staples Center.

Red Hot Chili Peppers – Snow / Hey Oh [álbum “Stadium Arcadium” de 2006]




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Misturar sons e ritmos é com Pitbull. Com letras de qualidade duvidosa, suas músicas fazem um estrondoso sucesso graças ao ritmo dançante e caliente das produções. Nascido em Miami, o rapper é de origem cubana e traz a levada latina para o seu trabalho.

Nesta música, especificamente, Pitbull usa como sample a 75, Brazil Street do DJ de música eletrônica Nicola Fasano – os dois estão atualmente numa parceria com a música Oye Baby. Muito popular entre os jogadores latinos, I Know You Want Me é sucesso também nas arquibancadas, agitando quem está assistindo os jogos. Ordoñez gosta do balanço da música e alegra seus compatriotas toda vez que vai ao ataque.

Calle Ocho é uma referência a uma rua do bairro Little Havana em Miami, local habitado em sua maioria por imigrantes cubanos. Lá é organizada uma tradicional festa carnavalesca.

Pitbull – I Know You Want Me / Calle Ocho [álbum “Rebelution” de 2009]




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Nativo de Toronto, Drake é uma escolha ideal para representar um dos melhores jogadores dos Blue Jays, único time canadense na MLB – Wells está em 4º lugar em HR´s na Liga Americana com 15. Over faz grande sucesso nos estádios e vários atletas escolhem esta música para servir de introdução. Nas paradas americanas, ela atingiu o primeiro lugar da Billboard na categoria “Música Rap/Hip-Hop”.

O clipe segue o êxito do som e traz novos conceitos para vídeos feitos por rappers. Não apresenta a linha tradicional de explicar o que a letra está dizendo, faz uma exposição de imagens paralelas com um plano de fundo atraente ao espectador, o levando a prestar atenção em busca de entender qual é a idéia central do roteiro.

Drake – Over [álbum “Thank Me Later” de 2010]




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Este som, quando executado pela primeira vez no Yankee Stadium, causou reações de espanto e curiosidade do tipo: “Eu já ouvi este som em algum lugar...” Derek Jeter foi até 1986 para escolher sua música de entrada. O detalhe é que apesar desta música ser antiga, ela é conhecida pela nova geração graças a um game.

Candy está na trilha sonora da fictícia Bounce FM, rádio do jogo eletrônico Grand Theft Auto (GTA): San Andreas. Esta música serviu também como sample para músiacs de artistas famosos como Will Smith – Candy do álbum “Biggie Willie Style”; 2 Pac – All About U do álbum "All Eyez on Me"; e Mariah Carey (ex-namorada de Jeter) – Loverboy do álbum "Glitter".

Cameo – Candy [álbum “Word Up!” de 1986]




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Pablo Sandoval é mesmo uma Figuraça! – imagina ele imitando estes passinhos que os dançarinos fazem no vídeo...

Na verdade, este som tem duplo sentido para Sandoval, pois serve como motivador para ele receber mais walks (quando o rebatedor vai automaticamente para a 1ª base, assim que o arremessador joga 4 bolas fora da zona de strike). O 3B dos Giants é bastante impaciente no ataque e não seleciona bem os arremessos, jogando sempre com agressividade – o que leva a ser eliminado com facilidade seja por strikeouts ou por bolas mal rebatidas.

DJ Unk – Walk It Out [álbum “Beat´n Down Yo Block” de 2006]




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Bay e Pearl Jam têm um elo comum: Seattle. A banda foi formada lá e o jogador do New York Mets mora na cidade, local onde nasceu sua esposa. Jason escolheu The Fixer, single principal do nono álbum gravado em estúdio do Pearl Jam.

O cantor Eddie Vedder é fã dos times de Chicago, sua cidade natal. No beisebol, ele não tem preferência por um dos dois times que estão na MLB. Vedder usou um boné dos White Sox, dado por um amigo seu e arremessador do clube, Jack McDowell, em diversos shows no começo dos anos 90. Já com os Cubs, ele cantou Take Me Out to the Ball Game (música executada em todos os jogos da liga na metade da sétima entrada) cinco vezes desde 1998 no Wrigley Field e já teve a oportunidade de fazer o arremesso cerimonial no campo dos Cubs em 2007.

Pearl Jam – The Fixer [álbum “Backspacer” de 2009]




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Isso mesmo: Miley Cyrus.

O SS do Colorado Rockies teve uma boa explicação quando perguntado por que ele escolheu Party in the USA como sua música de entrada: Para agradar as crianças que vem ao estádio.

E não é só Tulowitzki que tem o mega hit teen como introdução. Nick Johnson dos Yankees escolheu a música, pois, segundo ele, é a preferida da sua filha de 4 anos. Já Cameron Maybin dos Marlins ainda não deu sua explicação. Talvez seja simplesmente porque o som é contagiante e tenha uma pegada pop bem forte.

Party in the USA é só mais um dos hits da adolescente Miles Cyrus – atriz principal da série Hannah Montana (Canal Disney e Rede Globo). O single atingiu o certificado de platina triplo, ultrapassando a marca de três milhões de cópias vendidas. Miley desfruta um gigantesco sucesso entre o público teen, mas está se preparando para avançar um pouco mais e atingir os jovens/adultos. Um dos primeiros passos é sua aparição no filme “Sex and the City 2”, assim como seu papel em “A Última Música”, filme que estreou no Brasil sexta-feira passada (11 de Junho).

Miley Cyrus – Party In the USA [single e está no EP “The Time of Our Lives” de 2009]





(GL)

Fascinante


Um evento capaz de reunir o mundo todo em apenas um país, a Copa do Mundo mostra o poder que há na união dos povos gerada por um simples objeto: a bola. Ela que é o fundamento primário de um simples esporte: futebol. Este que é o responsável por fazer que pessoas com trajetórias de vidas tão diferentes, de locais tão distintos se duelem numa disputa que tem como objetivo levar um troféu para a casa dado ao time vencedor, mas que agrega um valor imensurável do ponto de vista social... um fascínio que aproxima.

Em 1998, na França, dois países politicamente e culturalmente rivais se enfrentaram em campo. Antes de a partida começar, válida pelo grupo F da competição, jogadores das seleções dos EUA e do Irã trocaram flores entre si, posaram para fotos juntos e deixaram registrado um momento único. Na bola o Irã venceu (2 a 1) e este resultado pode ser mais significativo aos iranianos que os três pontos computados na tabela, porém nada mais foi do que um simples jogo... um fascínio irrelevante.

A tese de que no campo estão vinte e dois homens correndo atrás de uma bola é proferida pelos “não-admiradores” do futebol. Mesmo esta pessoa que não assiste e nem acompanha o esporte vai dar uma olhada. Nem que seja somente no jogo do Brasil, mas ela não irá resistir e dará uma espiada na tevê para ver quem está ganhando e se a Seleção está jogando bem. Não vai ter muitas alternativas, pois o seu chefe o dispensou do serviço para assistir a partida (ou um aparelho de televisão de 42 polegadas estará ligado no local de trabalho). Se for para a casa, encontrará parentes que não via a muito tempo e uma partida se torna motivo para reunião familiar... um fascínio que contagia.

Ao terminar o primeiro tempo, todos vão para a cozinha atrás de um lanchinho. Outros vão para janelas ou varandas e observam o movimento das ruas. Logo percebem que muitas delas estão enfeitadas de verde e amarelo, com o asfalto pintado com a bandeira do Brasil e desenhos da Copa. É um movimento involuntário, sem vínculo algum com nada a não ser com o orgulho de expressar o amor pela pátria. Tudo bem que isto só acontece de quatro em quatro anos, mas pelo menos o brasileiro acha um motivo para extravasar seu amor pelo país, amor este que fica enrustido e quando é liberto explode de emoção, vibração e entusiasmo... um fascínio empolgante.

Na volta para a etapa final, todos sentam em frente da mais moderna TV disponível no mercado que foi adquirida numa mega loja de eletrodoméstico como parte de uma promoção especial. Várias casas renovam o retângulo mágico em época de Copa, atraídos pelas ofertas tentadoras que lojas do ramo oferecem. E não são só elas que utilizam a Copa como ferramenta para aumentar o fluxo de caixa. Diversas empresas dos mais diferentes nichos usam e abusam do futebol e da marca “Brasil” para movimentar a economia. Como possuem muita sabedoria, os empresários põem em seus produtos detalhes em verde e amarelo e logo assim, num passe de mágica, tem seus produtos ligados à Copa... um fascínio que vende.

O jogo rola e se percebe um barulho forte: o som das vuvuzelas. No estádio dá para perceber que o torcedor sopra com vontade a poderosa corneta, capaz de criar uma sinfonia personalizada nunca antes ouvida – e será a marca desta Copa na África do Sul. Todos no estádio estarão com uma vuvuzela , até aquele garoto africano com a camisa canário do Ronaldinho, que pode nem torcer para o Brasil em detrimento do seu país de origem, mas deixa claro que o menino gosta é do futebol arte. O camisa 10 do álbum de figurinhas não estará defendendo as cores da Seleção e o garoto corneta do seu jeito: soprando a vuvuzela. O único momento que elas param de soar é na hora do hino nacional de cada nação... um fascínio que silencia.

Duas horas se passaram e a partida termina. Um time saiu vencedor, o outro perdeu ou aconteceu o ingrato empate. Não importa, foram minutos envolventes com toda a magia da Copa e quem sofreu neste percurso foi a camisa do Brasil de R$ 20 (ou a de R$ 180), surrada, mordida, esticada de todas as formas como se fosse um objeto feito para aliviar o estresse e o nervosismo. A qualidade do produto tem que ser boa, porque a expectativa é que dure por 7 jogos, suficientes para chegar à grande decisão no dia 11 de Julho. Pode ser conquistada mais uma estrela a ser colocada em cima do símbolo da Confederação Brasileira de Futebol, ou um vice amargo que causará tristeza e decepção. Enfim, o importante é que grandes lições podem ser aprendidas ao acompanhar um “mero” evento esportivo que possibilita o encontro de um país que ama o futebol (Brasil) contra um país que vive um austero regime político (Coréia do Norte), contra um país que traz em seu nome a principal riqueza de outrora (Costa do Marfim) e contra aquele que é o grande descobridor (Portugal)... um fascínio que ensina.


(GL)



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Que Venha o Amanhã


Com um pensamento de que tudo pode melhorar com o tempo, Doc Rivers, treinador do Boston Celtics, não se desesperou após seu time perder o jogo 3 das Finais da NBA, em casa, para o Los Angeles Lakers, ficando em desvantagem na série: 2 jogos a 1. Simplesmente porque da mesma forma que os Celtics venceram os Lakers em Los Angeles, o inverso poderia acontecer sem nenhuma surpresa.

Isto é basquete. Por isso que não devemos nos preocupar. Voltaremos ao centro de treinamento amanhã em preparação para a próxima partida... Essas coisas ocorrem com os melhores de nós” disse Rivers depois da derrota. Palavra direcionada a Ray Allen que teve uma péssima atuação, errando todos os 13 arremessos tentados após converter 8 arremessos da linha de três no jogo 2 – recorde em decisões.

Rivers tem a missão de renovar seu método aos seus comandados, aquele que expõe a confiança em si e nos companheiros independente das circunstâncias. Ele fez isto durante toda a temporada regular quando os críticos questionavam o poder de fogo do seu time, dizendo que uma equipe com aproveitamento de vitórias em torno de 50% não teria condições de vencer os primeiros colocados da Conferência Leste. Doc respondia com tranquilidade afirmando que tudo estava bem, o importante era ter todos seus principais jogadores saudáveis em Maio/Junho.

Cambaleando, os Celtics chegaram à pós-temporada e passaram pelos melhores jogadores da NBA. Ficaram para trás Dwyane Wade (Miami Heat), LeBron James (Cleveland Cavaliers) e Dwight Howard (Orlando Magic). Com o duelo perante Kobe Bryant (Los Angeles Lakers), Boston enfrentou nos playoffs quatro dos cinco jogadores do time ideal da temporada 2009-10 – o outro é Kevin Durant (Oklahoma City Thunder).

As super-estrelas foram um desafio a mais para o sistema defensivo dos Celtics, que além de parar o ataque adversário precisava impedir grandes atuações individuais de caras que podem mudar o rumo do jogo. Rivers teve seu plano executado muito bem e conseguiu chegar às Finais com um êxito difícil e relevante: tanto na série contra os Cavs quanto contra o Magic, duas das quatro vitórias foram fora de casa (em cada série).


Para levar o troféu Larry O´Brien de volta pra casa e relembrar 2008, os Celtics precisam vencer em Los Angeles. Restam quatro jogos – dois em cada cidade – e a meta para a equipe de Rivers é jogar contra os Lakers no Staples Center com um resultado favorável. Isto acontecerá se vencer os dois próximos jogos em Boston.

Doc maneja bem as adversidades e as encara da maneira correta. Ele busca entender o porquê para logo pensar no como reverter a situação. Não fica preso ao que já foi, mas se concentra no que poderá ser; é adepto do clichê um jogo de cada vez. Prefere gastar seu tempo nos treinos, aprimorando os acertos e concertando os erros ao invés de se prender em prognósticos e estatísticas.

Assim que os Lakers venceram o jogo 1, logo surgiu temeroso dado: Phil Jackson nunca perdeu uma série de playoffs (47 no total) quando vence a primeira partida. Se Rivers fosse entrar neste joguinho, poderia dizer que o Boston nunca perdeu uma série (7 no total) com este quinteto titular: Kendrick Perkins. Kevin Garnett, Paul Pierce, Ray Allen e Rajon Rondo. Poderia dizer também que os Celtics venceram 3 de 4 séries finais contra os Lakers após perder o primeiro jogo.

Ele não faz isto porque os números não são alvo de sua confiança. Vide o jogo 3 desta decisão. Nestes playoffs, Boston venceu 12 vezes e perdeu nenhum jogo quando o adversário marcou 95 ou menos pontos. Os Lakers venceram o terceiro confronto das Finais anotando 91 pontos...

Estudar o adversário e treinar as jogadas do seu livro são as prioridades de Rivers. Assim ele se tornou uma figura querida na organização e a confiança que ele deposita nos outros volta para si. O elenco sente isto em diversas ações que ele faz, como ter escondido um dinheiro no vestiário dos visitantes no Staples Center na temporada regular (passando a mensagem que eles voltariam para lá nas finais contra os Lakers e resgatariam o “investimento”), como ter invadido a quadra para pedir um tempo evitando que os Celtics estourassem a posse de bola na defesa (jogo 2 das Finais – vídeo abaixo)... Atitudes que encorajam seus subordinados e alegram seus superiores.



Talvez contagiado por esta onda de confiança, a diretoria da franquia aceitou a proposta do Chicago Bulls e negociou seu principal assistente, Tom Thibodeau, próximo treinador do tricolor após o término dos playoffs. A perda de Thibodeau, que era considerado o substituto natural de Rivers, pode ser um indício de que Doc voltará ao clube na próxima temporada, mesmo que sejam fortes os rumores de que ele ficará um ano de férias.

Jornais de Boston publicaram diversas matérias noticiando que Rivers estaria pensando seriamente em se abster por um ano e ficar mais próximo da família. O motivo maior seria acompanhar de perto a graduação de três de seus quatro filhos. Austin é um dos principais nomes do basquete americano no nível high school e ele vai para seu último ano na escola de ensino médio; Jeremiah vai entrar na temporada de veterano na equipe de basquete da Universidade de Indiana; e sua filha Callie encerrará uma brilhante carreira universitária na equipe de vôlei da faculdade Florida Gators. Rivers terá uma oportunidade única de acompanhar de perto a formação deles – relaxando em Orlando, onde reside.

Danny Ainge, diretor de basquete da franquia, ainda não conversou com Rivers a respeito de uma renovação ou se ele voltará na temporada que vem. O momento é de concentração e foco, tudo com o objetivo de conquistar mais um título para a galeria magnífica dos Celtics. Caso conquiste o campeonato, Rivers será apenas o terceiro treinador afro-americano a ganhar dois títulos da NBA – os outros são Bill Russel e KC Jones, ambos ganharam treinando o alviverde de Boston.

Tal feito será marcante para Rivers que aceitou com coragem o desafio de ajudar a reestruturar a franquia. Ao receber propostas para assumir o clube em 2004, diversos companheiros de trabalho ligaram para ele o aconselhando a recusar o convite. Diziam que seria muita pressão devido a grandeza da franquia e que o time era muito ruim, com poucos jogadores de qualidade para fazer uma revitalização. Rivers escolheu a opção mais difícil e aceitou a missão de ser o comandante da nova fase do Boston. Ele não ouviu os conselhos negativos e preferiu crer na positividade das suas ações e pensamentos. Independente de qual for o desfecho das Finais 2009-10, Doc Rivers já faz parte da rica história dos Celtics.

Ciente que o tempo trará consigo as repostas, ele se firmou na certeza de que a perseverança traz esperança e que a esperança não traz confusão.


[...]
Um passado de lutas e conquistas, desilusões, fracassos e sucessos
E dias e dias de sublimes realizações.
Do passado vem a lembrança, do futuro a perseverança.
Que venha o amanhã, afinal após tantos obstáculos enfrentados, somos cada vez mais fortes e aguerridos.

[...]
Vamos deixar para trás o que era provável
E no amanhã realizar o inacreditável
Vamos ser grandes seres de atitudes,
Ser mestres e realizadores de ideais
Almejar o pico mais alto.
[...]

Trechos da Crônica “Que Venha o Amanhã”
do cantor e compositor paranaense Carlos Pitty



(GL)


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Stephen Strasburg: A Experiência


E a cobaia é o Pittsburgh Pirates

Amanhã, 08, será a estréia do arremessador que é um fenômeno e criou um grande frenesi ao redor da MLB desde sua escolha na primeira posição no draft de 2009. O garoto (foto acima) da universidade estadual de San Diego está sendo resguardado ao máximo pelo Washington Nationals, mas não deu para segurá-lo nas ligas de base por muito tempo.

Strasburg esteve em dois níveis nas minors: AA com o Harrisburg Senators (estado da Pensilvânia) e AAA com o Syracuse Chiefs (estado de New York). Seu primeiro jogo com os Senators foi, por coincidência, contra um afiliado dos Pirates – Altoona Curve. Já a primeira apresentação de Strasburg contra o Pittsburgh na MLB não é coincidência. Os Pirates é o pior time ofensivo de toda a liga, o último em rebatidas (444) e o último em corridas (186) – até 07/06.

Porém, mesmo que Stephen tenha um excelente jogo, sua performance será limitada. A comissão técnica dos Nationals espera vê-lo em seis entradas ou arremessando 95 vezes. Tudo dentro do plano de preservação de um dos mais puros talentos que surgiu no beisebol americano recentemente.

Em San Diego, suas atuações eram um show á parte. Todo o campus se mobilizava para presenciar bolas sendo arremessadas constantemente numa velocidade de 159 km/h, Treinado por uma lenda do beisebol, Tony Gwynn, Strasburg teve temporadas maravilhosas defendendo os Aztecs. Somando os dois últimos campeonatos, ele conseguiu 21v e 4d com um ERA de 1.44, 328 strikeouts e 35 walks em 206 entradas e 1/3.

Apesar de pronto para ir direto à MLB, Washington preferiu testá-lo nas ligas de base com objetivo de entender melhor os aspectos de seu jogo e observar como ele iria se adaptar com outro estilo de beisebol . No total, juntando os jogos em Harrisburg e Syracuse, foram 7v e 2d com um ERA de 1.30, 65 strikeouts e 13 walks em 55 entradas, permitindo apenas um home run.


Neste meio tempo, coisas interessantes aconteceram. Sua primeira partida com os Chiefs (foto acima) foi a que teve o maior público em 124 anos de beisebol em Syracuse: 14.098. O último jogo dele foi transmitido ao vivo pela Versus (rede de TV a cabo americana). Contra o Norfolk Tides, dia 12 de Maio, Strasburg foi substituído na sexta entrada embora estivesse no caminho de um no-hitter – tinha arremessado 80 vezes. Situação que não é inédita para ele.

Nos Jogos Olímpicos de Pequim-08, Strasburg fez parte da seleção americana que ficou com a medalha de bronze. Na segunda partida da primeira fase, contra a Holanda, Strasburg estava construindo um no-hitter após seis entradas, o que deixou o treinador dos EUA Davey Johnson confuso, sem saber se tirava seu arremessador de campo ou não. Assim que sofreu uma rebatida na sétima entrada Johnson, aliviado, o substituiu.

Em novembro do ano passado, Johnson foi contratado para trabalhar com os Nationals. Seu cargo é de Conselheiro Sênior, totalmente propício para esta ocasião. Sua função em administrar Strasburg está sendo bem executada e o teste maior se aproxima. Entretanto, todos da franquia estão confiantes que o momento é agora, acreditando em Stephen, um garoto que sabe o que faz e tem um discernimento diferenciado, vai render conforme o esperado.

Além de jogar beisebol, Strasburg faz outras coisas desde que chegou ao profissional. Ele escuta, observa... Toda a expectativa criada em sua volta não o faz sentir o melhor do mundo, achando ser "o cara" e sem necessitar de aprimoramento. Ele ouve atentamente as instruções de seus treinadores e aprende rápido o que lhe é passado; sua atitude e caráter serão marcantes em sua carreira. Essa temporada de novato na MLB Strasburg compara com o primeiro ano na universidade, quando ele tinha que aprender com os veteranos as nuances e macetes do jogo. Agora ele faz isto com dedicação em prol de si próprio, o que consequentemente ajudará o time como um todo.


Os Nationals estão se estruturando para ser um time vencedor e que consiga permanecer na disputa por vagas nos playoffs por um bom tempo. Hoje o time tem experiência, talento e juventude. Sete jogadores do elenco já jogaram pelo menos uma World Series (Adam Kennedy, Miguel Batista, Liván Hernández, Tyler Walker, Jason Marquis, Willie Harris e Iván Rodriguez) e oito estiveram em decisões de liga. Isso sem incluir os talentosos Adam Dunn, Ryan Zimmerman e Josh Willingham. Vem mais promessa por aí, pois o Washington tem, no segundo ano consecutivo, a primeira escolha no draft – que será hoje. Outro fenômeno do esporte estará chegando logo mais ao clube: Bryce Harper, fantástico rebatedor e atleta da universidade do Sul de Nevada – não faz parte da NCAA.

Sem atrativo algum, uma partida entre os Pirates e o Nationals teria destaque zero e passaria despercebida. O que não é o caso do jogo desta terça, que teve os ingressos esgotados no primeiro dia do mês de Junho. Não será só a capital americana que acompanhará de perto este confronto, os amantes do esporte estarão ligados também, testemunhando assim o mais novo talento do beisebol. Até o presente momento, o Washington tem realizado um bom trabalho ao cuidar da sua principal peça que pode levar o clube ao sucesso, resta saber como será a atuação de Strasburg no grande palco e se irá lidar bem com os holofotes do beisebol profissional. Conforme for, eles podem ofuscá-lo ou reluzir ainda mais seu brilho.



(GL)


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