MLB na Fox Sports Brasil e como a tecla SAP é o grande trunfo da ESPN Brasil


Na semana passada a assessoria de imprensa da Fox Sports Brasil confirmou que transmitirá a temporada 2014 da MLB (liga americana de beisebol). É mais uma investida do canal no grande filão esportivo da TV paga: os esportes americanos.

O Fox Sports Brasil agrega a MLB ao pacote de basquete universitário (NCAA) e corridas de stock cars (NASCAR). Tudo isso com o aporte da matriz dos Estados Unidos, um dos mais importantes canais esportivos do país.

Essa mais recente ação da Fox Sports Brasil é uma clara ameaça à hegemonia da ESPN Brasil na cobertura de jogos ao vivo dos esportes americanos – status alcançado, em grande parte, pela exclusividade de mercado. A concorrência é sempre saudável e benéfica, com o cliente saindo sempre como o grande vencedor.

Porém, o assinante precisa agir com inteligência, para não acontecer o mesmo que o BandSports enfrentou quando transmitia a NFL.

Imediatamente após o anúncio da MLB na Fox Sports Brasil, fãs vociferaram palavras contrárias, negativas contra essa excelente novidade. Ao invés de celebrarem mais um espaço (raro) dos esportes americanos na TV brasileira, as criticas vieram supondo que as transmissões serão ruins, com profissionais despreparados e etc.

Similares palavras eram recebidas pelo BandSports quando inovou e trouxe ao Brasil jogos da NFL nas tardes de domingo no final da década passada. Servia como alternativa para que o telespectador pudesse acompanhar mais times e jogadores, além dos que apresentados aos domingos e segundas à noite na ESPN Brasil.

O BandSports hoje transmite o basquete universitário da NCAA, mas com uma aquisição de direitos “mais na raça” do que em berço esplêndido, que é o caso da ESPN Brasil e Fox Sports Brasil, pois ambos canais têm como fonte as matrizes americanas, que são concorrentes ferrenhas nos Estados Unidos e essa boa briga está se transferindo para cá.

Com a criação de um segundo canal, a Fox Sports Brasil criou um novo espaço para aproveitar direitos de transmissão de importantes competições de esportes americanos que sua matriz detém – que lá há o núcleo parte do canal aberto, Fox; diversos canais esportivos locais de TV por assinatura; e o recente criado canal nacional Fox Spots 1, para ser um rival direto a ESPN.

De direitos de transmissões plenos, a Fox Sports dos Estados Unidos têm a MLB com jogos aos sábados, NFL com jogos ao domingo, futebol americano universitário e a NASCAR. No âmbito local, há ainda NBA, NHL, basquete da NCAA. Todo esse leque é possível de chegar aos fãs brasileiros (parte já está aqui) e a MLB é mais um passo para que o canal assuma uma posição consolidada para ameaçar a ESPN Brasil também nos esportes americanos – lembrando que no futebol internacional, a Fox Sports está lado a lado com a rival, inclusive tendo direitos exclusivos do Campeonato Italiano e futuramente do Campeonato Alemão; nos Estados Unidos, a Fox Sports tirou a Liga dos Campeões da ESPN.

O grande trunfo da ESPN Brasil é a tecla SAP, serviço que desde a origem do canal é disponibilizado aos assinantes para que possam ouvir os jogos de esportes americanos com a narração original em inglês. Esse diferencial é importante, pois é bastante utilizado pelos telespectadores que não gostam dos narradores/comentaristas brasileiros. A Fox Sports Brasil, por enquanto, não oferece essa opção.

Não é desvalorizar os profissionais, mas vender as transmissões de esportes americanos valorizando o fato de ter a tecla SAP à disposição do telespectador é uma estratégia inteligente da ESPN Brasil em se destacar em relação à Fox Sports Brasil que, com o anúncio das transmissões da MLB, dá mais um passo para entrar definitivamente no mercado lucrativo dos esportes americanos.

É importante, contudo, reforçar que os fãs tem papel importante na manutenção da MLB na Fox Sports Brasil e na inclusão de outros eventos na grade de programação do canal. Incentivar e dar audiência são melhores atitudes do que criticar e desmerecer as transmissões – basta não assistir.

No Fox Sports Brasil 2, a MLB terá a concorrência do futebol e será preterido algumas vezes pelo esporte que é paixão nacional e registra números de audiência superiores. Mesma situação pela qual a NFL no BandSports sofreu. Os fãs, então, inconsequentemente, destilaram veneno contra o canal do Grupo Bandeirantes. Que agora sejam mais compreensíveis e apoiem a iniciativa da Fox Sports Brasil.

Tudo isso é bom, até mesmo para a ESPN Brasil, que precisa sair da zona de conforto e investir mais (especificamente na MLB), pois uma concorrente de peso está, aos poucos, ameaçando a autointitulada “líder mundial em esportes”.

(GL)
Escrito por João da Paz

A estupidez de comparar todo jogador branco da NBA com Larry Bird

Racismo?

A revista Sports Illustraded dessa semana reviveu uma capa do ano de 1977 quando Larry Bird, então jogador da Indiana State, chamava a atenção dos olheiros da NBA por ser um dos principais jogadores do basquete universitário da época.

Doug McDermott, atleta da Creighton University, está galáxias longe de ser um Bird, mas a respeitada publicação decidiu fazer um remake e colocou McDermott na capa, relembrando a mesma imagem do final da década de 70.

Em nenhum momento a revista compara McDermott com Bird, mas a relação criada com as capas faz com que volte o debate que anos cerca a NBA: por que todo jogador branco é comparado a Larry Bird.

McDermott pode terminar sua carreira universitária, após o torneio da NCAA que começa na próxima semana, como o segundo maior cestinha da história do basquete universitário, atrás apenas de Pete Maravich. Porém, isso não é argumento, muito menos fundamentação, para considerá-lo um jogador de nível A da NBA.

Talvez nem C...

Ele marca muitos pontos, cestinha inato. É ágil, habilidoso e eficiente. Tem qualidades para jogar no nível profissional sim, só que não tem perfil de estrela nem de coadjuvante.

Então, qual motivo de compará-lo com Bird? Apenas por serem de pele branca?

A recente história da NBA diz que sim para a última pergunta.

Desde que Bird se aposentou em 1992, basta um jogador branco ter qualidade que logo é igualado ao eterno ala do Boston Celtics. Ao longo desses 24 anos, muitos caras tiveram que passar por isso: J.J. Redick, Keith Van Horn, Adam Morrison, Wall Szczerbiak, Kyle Korver, entre outros.

Com Van Horn, há uma história interessante.

Keith Van Horn tinha tamanho e altura próximos ao de Bird quando ambos atuavam na NBA – Van Horn; 2,08m e 109 kg / Bird: 2,06 e 100 Kg.

Van Horn foi, no draft de 1997, a segunda escolha do draft, pego pelo Philadelphia 76ers – o número 1 foi Tim Duncan, San Antonio Spurs.

Van Horn teve uma carreira mediana na NBA, defendendo, além dos Sixers, Nets, Knicks, Bucks e Mavericks. Terminou a carreira em 2006 com média de 16 pontos por jogo.

Ele, desde o tempo de escola, era comparado com Bird. Não era isso que achava. Para Van Horn, o jogador com estilo mais parecido ao dele era Derrick McKey (negro).

Logo, basta o cara ser branco, alto e saber arremessar bem que automaticamente será comparado a Bird. Não há atletas negros, altos e que também sabem arremessar?

E qual a dificuldade de relacionar o jogo de McDermott com um jogador negro?

Isiah Thomas, um dos melhores armadores da história da NBA, bicampeão com o Detroit Pistons e rival de Bird no final de década de 80, começo da de 90, fez um comentário, na época, corajoso sobre Bird, no qual há verdades:

“Larry é um excelente jogador, bom mesmo. Talento excepcional. Mas, se fosse negro, ele seria apenas mais um bom jogador”.

Hoje, a NBA tem um jogador branco de altíssimo nível: Kevin Love, ala-pivô do Minnesota Timberwolves. O hoje comentarista Geroge Karl, enquanto técnico do Denver Nuggets, comparou Love com Bird. Situação que Love passa (passou) constantemente.

Por haver menos jogadores brancos que negros na NBA, fazer comparações enfatizando o tom de pele como fator primordial é estúpido. Óbvio, se existem similaridades, não há razão para negá-las. Contudo, a relação não deve ser automática, muito menos feita na base da coincidência.

Lembrando que, dos 40 maiores cestinhas da NBA até o momento (14/03), seis são brancos: Love (4º colocado - 26,5 PPJ); Dirk Nowitzki (13º - 21,5); Goran Dragic (17º - 20,6), David Lee (26º -18,5), Klay Thompson (27º - 17,9) e Chandler Parsons (40º - 16,3).

(GL)
Escrito por João da Paz