A estupidez de comparar todo jogador branco da NBA com Larry Bird

Racismo?

A revista Sports Illustraded dessa semana reviveu uma capa do ano de 1977 quando Larry Bird, então jogador da Indiana State, chamava a atenção dos olheiros da NBA por ser um dos principais jogadores do basquete universitário da época.

Doug McDermott, atleta da Creighton University, está galáxias longe de ser um Bird, mas a respeitada publicação decidiu fazer um remake e colocou McDermott na capa, relembrando a mesma imagem do final da década de 70.

Em nenhum momento a revista compara McDermott com Bird, mas a relação criada com as capas faz com que volte o debate que anos cerca a NBA: por que todo jogador branco é comparado a Larry Bird.

McDermott pode terminar sua carreira universitária, após o torneio da NCAA que começa na próxima semana, como o segundo maior cestinha da história do basquete universitário, atrás apenas de Pete Maravich. Porém, isso não é argumento, muito menos fundamentação, para considerá-lo um jogador de nível A da NBA.

Talvez nem C...

Ele marca muitos pontos, cestinha inato. É ágil, habilidoso e eficiente. Tem qualidades para jogar no nível profissional sim, só que não tem perfil de estrela nem de coadjuvante.

Então, qual motivo de compará-lo com Bird? Apenas por serem de pele branca?

A recente história da NBA diz que sim para a última pergunta.

Desde que Bird se aposentou em 1992, basta um jogador branco ter qualidade que logo é igualado ao eterno ala do Boston Celtics. Ao longo desses 24 anos, muitos caras tiveram que passar por isso: J.J. Redick, Keith Van Horn, Adam Morrison, Wall Szczerbiak, Kyle Korver, entre outros.

Com Van Horn, há uma história interessante.

Keith Van Horn tinha tamanho e altura próximos ao de Bird quando ambos atuavam na NBA – Van Horn; 2,08m e 109 kg / Bird: 2,06 e 100 Kg.

Van Horn foi, no draft de 1997, a segunda escolha do draft, pego pelo Philadelphia 76ers – o número 1 foi Tim Duncan, San Antonio Spurs.

Van Horn teve uma carreira mediana na NBA, defendendo, além dos Sixers, Nets, Knicks, Bucks e Mavericks. Terminou a carreira em 2006 com média de 16 pontos por jogo.

Ele, desde o tempo de escola, era comparado com Bird. Não era isso que achava. Para Van Horn, o jogador com estilo mais parecido ao dele era Derrick McKey (negro).

Logo, basta o cara ser branco, alto e saber arremessar bem que automaticamente será comparado a Bird. Não há atletas negros, altos e que também sabem arremessar?

E qual a dificuldade de relacionar o jogo de McDermott com um jogador negro?

Isiah Thomas, um dos melhores armadores da história da NBA, bicampeão com o Detroit Pistons e rival de Bird no final de década de 80, começo da de 90, fez um comentário, na época, corajoso sobre Bird, no qual há verdades:

“Larry é um excelente jogador, bom mesmo. Talento excepcional. Mas, se fosse negro, ele seria apenas mais um bom jogador”.

Hoje, a NBA tem um jogador branco de altíssimo nível: Kevin Love, ala-pivô do Minnesota Timberwolves. O hoje comentarista Geroge Karl, enquanto técnico do Denver Nuggets, comparou Love com Bird. Situação que Love passa (passou) constantemente.

Por haver menos jogadores brancos que negros na NBA, fazer comparações enfatizando o tom de pele como fator primordial é estúpido. Óbvio, se existem similaridades, não há razão para negá-las. Contudo, a relação não deve ser automática, muito menos feita na base da coincidência.

Lembrando que, dos 40 maiores cestinhas da NBA até o momento (14/03), seis são brancos: Love (4º colocado - 26,5 PPJ); Dirk Nowitzki (13º - 21,5); Goran Dragic (17º - 20,6), David Lee (26º -18,5), Klay Thompson (27º - 17,9) e Chandler Parsons (40º - 16,3).

(GL)
Escrito por João da Paz

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