A Complexa Arte de Permanecer no Topo


Neste belo quadro, que está no Hall da Fama do Philadelphia Phillies, estão reunidos os grandes nomes da franquia ao longo de 127 anos. Em tempos recentes o clube tem figurado entre os melhores da Liga Nacional conquistando três títulos seguidos da Divisão Leste, dois campeonatos da LN e uma World Series. Em 2010 o time está passando por muitas dificuldades e atualmente é o terceiro colocado na divisão, enfrentando problemas com lesões de atletas e atuações pífias dos arremessadores. O tricampeonato da LN será uma longa e árdua batalha – o último time a conseguir três títulos seguidos da LN foi o Saint Louis Cardinals em 1942, 43 e 44.

Há uma grande movimentação nos bastidores para manter os Phillies no auge, similar com o que levou a equipe até os títulos e a tornou relevante. Hoje, segundo a revista Forbes, o valor da franquia é de US$ 537 milhões, colocando-a entre as mais valiosas da MLB. A transformação da equipe passou por duas pessoas e tudo se iniciou com o diretor de beisebol Pat Gillick.

Gillick assumiu o cargo em 2005 e apostou no talento de jovens jogadores em detrimento de estrelas consagradas. O método de trabalho deu certo, pois basta mencionar que graças a este trabalho saíram das ligas de base (minors) Cole Hamels, Ryan Howard, Jimmy Rollins e Chase Utley. Em apenas dois anos os Phillies estavam de volta aos playoffs – depois de um hiato de 13 temporadas – e em 2008 conquistaram a World Series.

Logo após o triunfo, Gillick se aposentou e o cargo de diretor de beisebol passou a um membro da franquia que estava a 10 anos trabalhando na área administrativa. Rubén Amaro Jr. sucede Gillick e mantém a mesma linha de trabalho, mas acrescentando um pouco de agressividade. Isto ficou claro em duas transações feitas por ele.

Uma delas, na temporada 2009, os Phillies foram atrás do melhor arremessador disponível para aprimorar a rotação da equipe (leia: E O Que Era Bom...). A contratação de Cliff Lee foi uma amostra aos jogadores que o objetivo não era só competir e sim ganhar. Amaro fez a negociação com o Cleveland Indians sem perder os principais talentos da base e ainda assim conseguiu trazer um vencedor de Cy Young. Philadelphia chegou novamente na World Series, porém perdeu para o NY Yankees.


Amaro apostou na intuição ao fazer a outra negociação arrojada. Resolveu ir atrás do arremessador Roy Halladay (foto acima, antigo sonho do clube) e mais uma vez não perdeu os principais jovens jogadores; somente Kyle Drabek (arremessador) cedido ao Toronto Blue Jays junto com outros dois atletas. Além disso, Cliff Lee foi trocado ao Seattle Mariners e os Phillies receberam dois bons nomes nesta transação (Phillippe Aumont / arremessador e Tyson Giles / outfielder), compensando a perda de Drabek.

Com um pensamento no agora e no futuro, os Phillies tem um elenco que esbanja qualidade e garotos habilidosos com um enorme potencial para brilhar na MLB. Entre as promessas, os seguintes nomes se destacam:

John Mayberry Jr. – outfielder (26 Anos)
Scott Mathieson – arremessador (26 anos)
Antonio Bastardo – arremessador (24 anos)
Domonic Brown – outfielder (22 Anos)
Tyson Gilles – outfielder (21 Anos)
Phillippe Aumont – arremessador (20 anos)
Anthony Goose – outfielder (19 anos)

Em busca de mais talentos, a franquia construiu na República Dominicana uma clinica de beisebol que irá reunir garotos do país que demonstrarem capacidade de se integrar ao time na MLB. As instalações são fantásticas e serve aos dominicanos o melhor em infra-estrutura esportiva, disponibilizando desde as mais básicas aulas de inglês aos mais difíceis exercícios físicos/técnicos/táticos sobre o beisebol. Os Phillies formaram uma grande equipe por lá, com quatro olheiros percorrendo todas as regiões do país caribenho observando quem joga muito bem beisebol. Toda semana há uma seletiva onde se faz o corte e são selecionados aqueles que irão ficar na academia desenvolvendo seu respectivo estilo de jogo. A meta é ensinar aos meninos como se joga beisebol profissionalmente e levar aos EUA os que mais se destacarem.

Fora este cuidado com o amanhã, a diretoria se concentra no que é possível fazer já, especialmente quando o assunto são os mais experientes do grupo. Os torcedores podem ficar tranquilos que até 2013 (no mínimo) o trio Howard, Utley e Halladay têm contrato com o clube. Dentro desta questão de renovação, a dúvida paira em dois outros nomes importantes: Jayson Werth (foto abaixo) e Rollins. No caso de Rollins, Amaro acertou com o jogador por mais uma temporada (2011) e existe a possibilidade de trocá-lo eventualmente. Werth pode complicar um pouco mais, pois ele será agente livre ao final deste campeonato. Esta situação será estudada com carinho e atenção, levando em consideração que a folha salarial dos Phillies para 2011 está acima de US$ 130 milhões (para 17 jogadores) e que o clube possuiu bons valores nas ligas de base na posição de Werth: outfielder.


Devido as lesões que atacaram fortemente o elenco dos Phillies, Amaro vai pensar seriamente o que fazer até o fechamento da janela de transações no dia 31 de Julho. Se o departamento médico permanecer cheio, ele vai atrás de substitutos a altura dos lesionados. Porém, agora, Amaro não deverá usar os jogadores das minors como moeda de troca.

Uma das deficiências do time nesta temporada é a baixa produtividade da equipe de arremessadores, seja na rotação titular ou no bullpen. Tudo deve melhorar quando Bastardo, Chad Durbin e JA Happ (um dos melhores novatos da LN em 2009) saírem do DM. Independente disto, o clube está de olho em alguns jogadores. Para a rotação, Roy Oswalt do Houston Astros é uma aposta, numa troca que pode envolver Werth. Para o bullpen, a diretoria gosta de Bobby Jenks e JJ Putz do Chicago White Sox, que só devem ficar disponíveis se o alvinegro não estiver disputando vaga para a pós-temporada na Liga Americana.

São várias as ações necessárias para continuar competitivo e relevante na MLB. Não é moleza conseguir um bicampeonato de Liga, quanto mais chegar ao terceiro título seguido. Entretanto, os Phillies se dedicam o máximo que pode para estar novamente nos playoffs – de preferência vencendo a Divisão. Poucos times conseguiram ficar por muito tempo no auge e se exibindo com excelência. Se o Philadelphia será o próximo a dominar ninguém sabe; o importante é que eles, ao menos, estão tentando.



(GL)


© 1 por Jamie Cooper, artista plástico australiano que demorou um ano para pintar o quadro.
© 2 Tom Mihalek / AP
© 3 Al Messerschmidt / Getty Images

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