No hemisfério norte é verão, temporada de férias escolares. Nesta época do ano aumenta o número de praticantes de esporte e nos Estados Unidos o beisebol, chamado de “passatempo americano”, ganha seu maior espaço. A MLB (Major League Baseball) é o único grande campeonato profissional em atividade e os jogos da temporada estão todos os dias na TV. Porém é cada vez mais escasso o número de crianças brincando no quintal de casa com taco, luva e uma pequena bola branca.
O que antes era uma leve percepção tornou-se uma real preocupação. É nítido o pouco relacionamento que garotos dos EUA estão tendo com o beisebol, esporte que já foi símbolo do país. Hoje os meninos preferem outras atividades mais agitadas e mais empolgantes. Este cenário é um contraste com o que se vê nos estádios dos clubes da MLB e a liga está a caminho de bater recorde de público total ao final da temporada. A complicada equação se completa com a baixa audiência na TV dos principais jogos.
O foco principal dos diretores da MLB é acreditar na garotada. Desde 1989, foram mais de US$ 50 milhões investidos em construções de campinhos em bairros residenciais e manutenção dos já existentes. Contudo estes lugares estão desaparecendo, similar com o que se vê no Brasil com os campos de várzea. A liga trabalha forte nesta questão por acreditar que se fazer a criança gostar do jogo, não necessariamente ela vai querer ser um jogador profissional, mas ao menos vai virar um fã do esporte.
Uma associação que faz pesquisas com consumidores para as lojas esportivas dos EUA (National Sporting Goods Association) enviou para seus membros um estudo baseado na década passada (2001-2010). Nele mostra o agudo declínio de praticantes de beisebol entre 7 e 17 anos: 24% - enquanto no mesmo período os praticantes de football nesta mesma faixa etária aumentou 21%, e os de hóquei com um saldo positivo de 38%.
O campeonato nacional de beisebol disputado pelas crianças recebe grande destaque na mídia (Little League). São patrocínios de gente grande, capas nos principais jornais, transmissão ao vivo da ESPN... Porém os inscritos têm diminuído a cada ano e nas últimas 16 temporadas só houve baixa.
Se for englobado os praticantes de esporte de todas as idades, o beisebol fica atrás do basquete e do futebol.
O futebol, mais específico a MLS (Major League Soccer), está no encalce de MLB em público, mesmo com as franquias de beisebol atuando em maiores estádios e com mais publicidade. Um exemplo disto acontece em Toronto, Canadá; quarta maior cidade integrante da MLB. O time local da MLS, Toronto FC, tem só cinco anos de existência e em 2010 levou em média mais pessoas ao seu estádio BMO Field (20.453, capacidade total de 23 mil) do que o Toronto Blue Jays, time local da MLB (20.068, capacidade total do Rogers Centre é de 49 mil - foto abaixo).
MLB e MLS têm suas respectivas temporadas acontecendo ao mesmo tempo e procuram se beneficiar do clima quente para atrair espectadores. Clubes da MLS como Seattle Sounders, Los Angeles Galaxy e Vancouver Whitecaps estão, neste ano, conseguindo encher seus estádios mais que franquias da MLB como Tampa Bay Rays, Florida Marlins e Oakland Athletics.
Bud Selig, comissário da MLB, tem uma resposta pronta para defender os torcedores de beisebol. Ele, de forma correta, expõe os números que a liga produz ao final de campeonato em total de público, marca que ultrapassa a NFL, NBA e NHL juntas – cerca de 73 milhões de ingressos vendidos ao final de uma temporada; mais de 2 mil jogos. Isto em parte graças às super poderosas franquias que levam em média (2011) mais de 40 mil pessoas a campo: Philadelphia Phillies, New York Yankees e San Francisco Giants.
Quando são abordados fatores mais diretos para se obter uma real imagem qualitativa do público nos estádios, o resultado não é tão satisfatório. Em 2009 a venda de ingressos para jogos da MLB caiu 6.7%; da NFL, por exemplo, só 1%. Em 2007 a MLB gerou a maior média de público da história da liga ao final da temporada; a média do ano passado foi 8% menor em relação àquele ano. Na NFL a média de público de 2010 foi 2.5% menor do que a liga de football registrou em 2007.
Selig gosta de usar a audiência da TV a seu favor, mesmo que ela apresenta números contrários a sua defesa. A World Series do ano passado registrou o menor ibope da história e pela primeira vez um jogo da temporada regular da NFL ganhou a disputa de audiência contra um jogo da grande decisão da MLB: New Orleans Saints e Pittsburgh Steelers, semana 8 da NFL; versus San Francisco Giants e Texas Rangers, jogo 4 da World Series.
Apesar da insistência em não se juntar com o YouTube e não permitir vídeos no maior site do gênero, a MLB faz um bom trabalho com a sua mídia e tenta criar um engajamento maior com os jovens. A TV administrada pela liga, MLB Network, é um sucesso e super premiada. O site da liga é de fácil navegação e por lá é possível pegar vídeos e em embuti-los em sites/blogs para aumentar a interatividade com os fãs. Somente o site arrecadou em 2010 US$ 450 milhões – dividido de forma igual entre as franquias. Há vários interesses de investidores para comprar o site, mas Bud Selig prefere que a MLB continue na administração.
Este trabalho com a mídia merece mais atenção, com especial dedicação ao público em casa. O instituto de pesquisa Mintel Research News, conceituado grupo com sedes em Londres, Sydney, Xangai, Tokyo, Belfast, Chicago e New York, preparou um recente levantamento com os americanos e a conclusão foi que 63% preferem assistir esportes em casa do que no estádio.
Um dos mais respeitados homens da MLB entende todo este emaranhado de questões. Brian Sabean, diretor de beisebol do San Francisco Giants e Vice Presidente Sênior do clube – no cargo desde 1997 –, deu sua opinião sobre o atual estado do beisebol nos EUA:
“Não somos mais o passatempo nacional. A audiência não é boa, seja da World Series ou do Jogo das Estrelas. Temos que fazer algo para que as crianças americanas se interessem mais pelo nosso jogo”.
Quem sabe o nosso amigo Pateta, e também do Mickey, que nos ajudou a entender como o ser humano se comporta no trânsito, possa chamar a atenção das crianças para o beisebol, com sua visão original e única sobre como é jogado o esporte (animação de 1942).
O que antes era uma leve percepção tornou-se uma real preocupação. É nítido o pouco relacionamento que garotos dos EUA estão tendo com o beisebol, esporte que já foi símbolo do país. Hoje os meninos preferem outras atividades mais agitadas e mais empolgantes. Este cenário é um contraste com o que se vê nos estádios dos clubes da MLB e a liga está a caminho de bater recorde de público total ao final da temporada. A complicada equação se completa com a baixa audiência na TV dos principais jogos.
O foco principal dos diretores da MLB é acreditar na garotada. Desde 1989, foram mais de US$ 50 milhões investidos em construções de campinhos em bairros residenciais e manutenção dos já existentes. Contudo estes lugares estão desaparecendo, similar com o que se vê no Brasil com os campos de várzea. A liga trabalha forte nesta questão por acreditar que se fazer a criança gostar do jogo, não necessariamente ela vai querer ser um jogador profissional, mas ao menos vai virar um fã do esporte.
Uma associação que faz pesquisas com consumidores para as lojas esportivas dos EUA (National Sporting Goods Association) enviou para seus membros um estudo baseado na década passada (2001-2010). Nele mostra o agudo declínio de praticantes de beisebol entre 7 e 17 anos: 24% - enquanto no mesmo período os praticantes de football nesta mesma faixa etária aumentou 21%, e os de hóquei com um saldo positivo de 38%.
O campeonato nacional de beisebol disputado pelas crianças recebe grande destaque na mídia (Little League). São patrocínios de gente grande, capas nos principais jornais, transmissão ao vivo da ESPN... Porém os inscritos têm diminuído a cada ano e nas últimas 16 temporadas só houve baixa.
Se for englobado os praticantes de esporte de todas as idades, o beisebol fica atrás do basquete e do futebol.
O futebol, mais específico a MLS (Major League Soccer), está no encalce de MLB em público, mesmo com as franquias de beisebol atuando em maiores estádios e com mais publicidade. Um exemplo disto acontece em Toronto, Canadá; quarta maior cidade integrante da MLB. O time local da MLS, Toronto FC, tem só cinco anos de existência e em 2010 levou em média mais pessoas ao seu estádio BMO Field (20.453, capacidade total de 23 mil) do que o Toronto Blue Jays, time local da MLB (20.068, capacidade total do Rogers Centre é de 49 mil - foto abaixo).
MLB e MLS têm suas respectivas temporadas acontecendo ao mesmo tempo e procuram se beneficiar do clima quente para atrair espectadores. Clubes da MLS como Seattle Sounders, Los Angeles Galaxy e Vancouver Whitecaps estão, neste ano, conseguindo encher seus estádios mais que franquias da MLB como Tampa Bay Rays, Florida Marlins e Oakland Athletics.
Bud Selig, comissário da MLB, tem uma resposta pronta para defender os torcedores de beisebol. Ele, de forma correta, expõe os números que a liga produz ao final de campeonato em total de público, marca que ultrapassa a NFL, NBA e NHL juntas – cerca de 73 milhões de ingressos vendidos ao final de uma temporada; mais de 2 mil jogos. Isto em parte graças às super poderosas franquias que levam em média (2011) mais de 40 mil pessoas a campo: Philadelphia Phillies, New York Yankees e San Francisco Giants.
Quando são abordados fatores mais diretos para se obter uma real imagem qualitativa do público nos estádios, o resultado não é tão satisfatório. Em 2009 a venda de ingressos para jogos da MLB caiu 6.7%; da NFL, por exemplo, só 1%. Em 2007 a MLB gerou a maior média de público da história da liga ao final da temporada; a média do ano passado foi 8% menor em relação àquele ano. Na NFL a média de público de 2010 foi 2.5% menor do que a liga de football registrou em 2007.
Selig gosta de usar a audiência da TV a seu favor, mesmo que ela apresenta números contrários a sua defesa. A World Series do ano passado registrou o menor ibope da história e pela primeira vez um jogo da temporada regular da NFL ganhou a disputa de audiência contra um jogo da grande decisão da MLB: New Orleans Saints e Pittsburgh Steelers, semana 8 da NFL; versus San Francisco Giants e Texas Rangers, jogo 4 da World Series.
Apesar da insistência em não se juntar com o YouTube e não permitir vídeos no maior site do gênero, a MLB faz um bom trabalho com a sua mídia e tenta criar um engajamento maior com os jovens. A TV administrada pela liga, MLB Network, é um sucesso e super premiada. O site da liga é de fácil navegação e por lá é possível pegar vídeos e em embuti-los em sites/blogs para aumentar a interatividade com os fãs. Somente o site arrecadou em 2010 US$ 450 milhões – dividido de forma igual entre as franquias. Há vários interesses de investidores para comprar o site, mas Bud Selig prefere que a MLB continue na administração.
Este trabalho com a mídia merece mais atenção, com especial dedicação ao público em casa. O instituto de pesquisa Mintel Research News, conceituado grupo com sedes em Londres, Sydney, Xangai, Tokyo, Belfast, Chicago e New York, preparou um recente levantamento com os americanos e a conclusão foi que 63% preferem assistir esportes em casa do que no estádio.
Um dos mais respeitados homens da MLB entende todo este emaranhado de questões. Brian Sabean, diretor de beisebol do San Francisco Giants e Vice Presidente Sênior do clube – no cargo desde 1997 –, deu sua opinião sobre o atual estado do beisebol nos EUA:
“Não somos mais o passatempo nacional. A audiência não é boa, seja da World Series ou do Jogo das Estrelas. Temos que fazer algo para que as crianças americanas se interessem mais pelo nosso jogo”.
Quem sabe o nosso amigo Pateta, e também do Mickey, que nos ajudou a entender como o ser humano se comporta no trânsito, possa chamar a atenção das crianças para o beisebol, com sua visão original e única sobre como é jogado o esporte (animação de 1942).
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
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