Kobe Bryant não deve nada à NBA. Ou será que sim?


Carmelo Anthony? Presente.

Dwyane Wade? Presente.

LeBron James? Presente.

Kobe Bryant? Faltou.

A NBA está travada, ação impetrada pelos donos das franquias. A discussão para resolver este impasse chega ao momento crítico porque se o lockout durar mais dias, a temporada regular com 82 jogos (por equipe) pode ser a vítima de uma iminente ameaça: diminuição de partidas. Hoje as conversas prosseguem em New York entre o Sindicato dos Jogadores e a NBA. Semana passada essas conversas atingiram um ponto chave e o sindicato pediu a presença das principais estrelas da associação num gesto de protesto e afirmação. Muitos apareceram, mas um dos principais não compareceu.

O pedido feito por Derek Fisher, presidente do sindicato e armador do Los Angeles Lakers, foi atendido por 15 jogadores e entre eles estavam grandes nomes da atualidade como Kevin Durant, Chris Paul, Paul Pierce, Wade, Anthony e LeBron. Enquanto estes estavam de terno e gravata brigando pelas reivindicações da classe, Kobe – 5 vezes campeão, 2 vezes MVP das Finais e 1 vez MVP da temporada regular –, além de não marcar presença para, ao menos, mostrar apoio, negocia sua ida para a Itália.

Kobe procura cuidar da sua vida, o que é um problema particular. Porém, por também ser feito de imagem, como ela fica após este episódio?

O status do lockout é muito variável e a cada dia que passa muda a projeção, junto com a data de início do próximo campeonato. Hoje o cenário leva a crer que a temporada não começará em tempo de ter os 82 jogos tradicionais, então muitos jogadores buscam alternativas para se manter em atividade até a temporada da NBA começar.

No caso de Kobe o time fortemente interessado é o Virtus Bologna. A proposta do time italiano é de um contrato no valor de US$ 3 milhões por 10 jogos. Bryant aceitou, o clube está disposto a pagar, mas há um problema de calendário para ajustar a participação do americano. O Virtus quer 5 jogos em casa e 5 fora nos principais ginásios da Itália. Isto causa um desconforto em alguns times que precisam mudar seu calendário para agradar o Virtus. A organização da liga italiana diz que intervirá com o objetivo de convencer os clubes insatisfeitos a concordarem com a reformulação proposta, usando o argumento que a vinda de Kobe ajudará, financeiramente, todos os participantes.

Esse acordo precisa ser feito até o final desta semana, antes do fechamento de inscrições para o primeiro jogo do Virtus contra o Roma neste próximo domingo.


A vontade de Kobe é grande em participar da liga da nação eureopeia onde passou a infância, dos 6 aos 13 anos de idade, acompanhando a carreira profissional do seu pai nas quadras de basquete do “país da bota”. Bryant deseja realizar o sonho de atuar na Itália e dedica seu tempo a solucionar os problemas burocráticos da sua transferência. Mesmo que seja por apenas 10 jogos ele quer ir. E depois, acaba o contrato, neste meio tempo o lockout acabou e Kobe volta para a NBA como se nada tivesse acontecido? Perderá a imagem de líder?

O prestígio dele só é grande para que uma liga se desdobre em busca de recebê-lo por uma dezena de partidas somente através do sucesso adquirido na NBA. Ela o ajudou e vice-versa, contudo este é o momento de mostrar sua experiência e estar junto com outras super estrelas que debatem contra seus patrões. Se os jogadores citados no começo do texto podem ir às reuniões, por que Kobe não?

Wade, inclusive, na última sexta (30 de Setembro), discutiu com o chefão da NBA, o comissário David Stern, sobre um assunto que a associação queria impor aos jogadores dando a entender que eles já recebem ($) demais. Stern não mostrou discernimento e pouco esperava uma resposta quente do astro do Miami Heat. Wade estava na mesa de discussões, ouviu algo que não gostou e decidiu responder.

Uma atitude que dá força aos jogadores, mostram que estão por dentro do que está sendo posto em debate. Quando Fisher pediu o comparecimento das estrelas nas reuniões, não foi para fazer uma mera figuração, mas sim para participar ativamente e mostrar aos donos e à NBA que a classe está ciente dos pormenores - e Wade aproveitou a chance e deixou sua impressão.


Outro que é ativo na dialética é Paul Pierce (foto acima). Fisher aponta o ala do Boston Celtics como uma das peças fundamentais na defesa pelo interesse do sindicato. Pierce fala com uma boa dicção, usa o convencimento e consegue fazer com que os donos se posicionem com mais flexibilidade. Esteve presente em todas as movimentações de bastidores e ontem, num encontro só entre os executivos do sindicato (em preparação para hoje e os outros dias da semana) Pierce foi o único não-membro presente.

3 a 7 de Outubro tinha que ser marcado como uma semana super importante para Kobe. Na verdade é, mas pelo motivo que não lhe ajudará. Ao invés de lutar e colaborar com seus companheiros da NBA pelo fim do lockout, ele se preocupa com sua ida à Itália. Será muito dinheiro ganho em pouco tempo, contudo é passível da pergunta: vale a pena? Fora deixar fãs da NBA e colegas de classe decepcionados, encontrará um ambiente hostil ao vestir a camisa do Virtus Bologna. Quem deu o recado é o americano Daniel Hackett, formado pela Universidade do Sul da Califórnia (USC) e que joga no Pesaro, time da primeira divisão do basquetebol italiano. Ele assim falou ao jornal “La Gazzetta dello Sport”.

A única maneira de parar um cara tão bom é através de faltas duras e ele sabe disso. Tenho cinco faltas para cometer e elas serão as faltas mais duras que já cometi (...). Espero que Kobe não se rebaixe a este nível por razões econômicas e comerciais. Pra mim será uma grande decepção o ver aceitar estas circunstâncias. Perderei o respeito por um jogador que é muito grande para sujar as mãos na nossa liga”.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 Harry How / Getty Images

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