O esporte rotulado de “passatempo dos americanos” passa por um problema e este tema já foi abordado por aqui em “O beisebol nos EUA e o paradoxo da sua popularidade”. Essa definição ainda é usada hoje, mas fixada no saudosismo e não na realidade. E tudo que a MLB não precisava era finais das Ligas sem os dois clubes de mais poderio financeiro e que atraem público além dos fãs de beisebol. A ausência de New York Yankees e Philadelphia Phillies machuca o bolso da liga, afeta as TV’s que transmitem os jogos em Outubro e prejudicará todas as outras franquias no futuro.
Antes de entrar na audiência destes playoffs, que se continuar baixa pode diminuir o dinheiro que as emissoras distribuem à liga, que o repassa igualitariamente a seus membros, vale ressaltar um fato: Yankees e Phillies foram os times que registraram as melhores médias de público em casa nos seus respectivos estádios, únicos que ultrapassaram a marca de 45 mil pagantes/jogo; nas partidas fora, Yankees foi o primeiro em média de público (33.228/jogo) e os Phillies o quarto (33.000/jogo).
A discrepância é observada de forma mais categórica no ibope da pós-temporada. A TBS (Turner Broadcasting System), divisão do grupo Time Warner e que agora tem seu conteúdo muito divertido disponível no Brasil, Transmitiu os jogos divisionais dos playoffs e está com os direitos da final da Liga Nacional. Pois bem, nenhum jogo transmitido pela TBS teve maior audiência que o pré-jogo da FOX sobre a NFL num domingo á tarde. Nenhum! O que salvou a TBS foram os Yankees que na semana passada colocou 4 jogos nos quais eles estavam jogando entre as 20 maiores audiências da TV por assinatura nos EUA.
Saint Louis Cardinals e Milwaukee Brewers são os times que a TBS terá que fazer a cobertura. Triste. O jogo de domingo à tarde, disputando com a NFL, teve uma queda de audiência de 62% (62%!) em relação ao jogo 1 da final da Liga Americana de 2010 (também transmitida pela TBS). Na ocasião os Yankees duelavam contra o Texas Rangers.
Os Brewers têm uma história legal que agrada aos fãs de beisebol. Dizem por aí, bem baixinho, que é o time para torcer caso seu clube não esteja entre os quatro semifinalistas. Possui grandes nomes no elenco como Zach Greinke, Ryan Braun e Prince Fileder, é um exemplo de organização e administração, mas não consegue atrair público no mercado local. Sem contar a NFL, o interesse pelo time de futebol da Universidade Wisconsin (os Badgers), invicto na temporada com 5 vitórias, é superior ao time de beisebol da maior cidade do estado de Wisconsin (a sede da universidade fica na capital Madison). Ao colocar a NFL na conversa, fica até injusto, porém serve como ilustração num exemplo claro que ocorreu no ultimo dia 2 de Outubro.
Os Packers (NFL) recebiam em Green Bay (Wisconsin) o Denver Broncos para o quarto jogo da temporada regular. Os Brewers (MLB) recebiam o Arizona Diamondbacks para o segundo jogo dos playoffs, fase divisional. Ambos os estádios estavam cheios, tanto o Lambeau Field-Packers quanto o Miller Park-Brewers. Nas residências, porém, o interesse preferencial tornou-se notório. Concentrando apenas na cidade de Milwaukee, o jogo dos Packers teve a atenção de 44,6% dos televisores locais, enquanto o jogo dos Brewers teve 20.3%.
Do outro lado da chave dos playoffs da MLB, se encontra um problema parecido. Um time que faz campanha fantástica e histórica, mas rivaliza com um time da NFL que goza de um enorme sucesso. Detroit tem nos Lions (NFL) um time invicto com 5 vitorias, o último triunfo ocorreu na segunda passada (10) e coincidiu com o emocionante duelo entre os Tigers (MLB) contra os Rangers pela decisão da Liga Americana, jogo 2, decidido em entradas extras e finalizado com um grand slam de Nelson Cruz (foto abaixo), lance inédito em playoffs. A partida da MLB foi ao ar pela TV aberta nos EUA (FOX) e da NFL pela TV por assinatura (ESPN); quem teve maior audiência em números absolutos e percentuais foi a ESPN numa larga vantagem.
Mudando para o jogo 1 da série entre Tigers e Rangers, percebe-se um declínio na FOX similar ao que acontece com a TBS. A partida de abertura da final da LA teve uma redução de 25% na audiência em comparação ao jogo 1 de 2010 transmitido pela FOX (final da LN entre Phillies e San Francisco Giants) e queda de 43% em relação ao jogo 1 de 2009 transmitido pela FOX (final da LA entre Yankees e Los Angeles Angels).
Desejar que esta série vá até o jogo 7, para chamar mais a atenção pela emoção de um jogo eliminatório, talvez não seja uma boa ideia. Caso assim for, o jogo decisivo será no próximo domingo (16) e coincidirá com o Detroit Lions recebendo o San Francisco 49ers e o Dallas Cowboys jogando contra o Tamba Bay Buccnaeers. O jogo dos Lions será às 13hs (horário do leste americano), dos Cowboys às 16hs e o jogo 7 da MLB às 20hs – todos eles transmitidos pela FOX. E mais: este possível jogo 7 concorrerá com o imbatível Sunday Night Football da NBC, que na ocasião terá o duelo de divisão entre Minnesota Vikings e Chicago Bears.
Quem defende o equilíbrio e a paridade, tá feliz. Claro, este não tem patrocínios na FOX e TBS, muito menos é executivo de uma delas. Na diretoria da MLB há uma típica confusão por não saberem o que querem, visto que paridade e audiência não andam de mãos dadas. Pelo sistema de distribuição dos direitos da TV, quanto mais times populares no ar, melhor – arrecada-se mais dinheiro e ganha mais exposição. Porém este dinheiro é distribuído de forma igual e Milwaukee recebe uma a mesma quantia que o NY Yankees. Isto dá a oportunidade de times pequenos chegarem ao grande palco (playoffs), mas aí não conseguirão gerar audiência...
Não adianta fugir: esse problema de público na MLB é sério. Nos estádios, a MLS é uma ameaça real. Na TV perde cada vez mais espaço, mesmo na parte mais importante do campeonato. Se com grandes clubes na disputa da pós-temporada a briga é dura contra a NFL, imagina com equipes de menor expressão? A MLB pode não se importar com estes detalhes e cuidar do seu espaço, embora não seja desta forma. Indiretamente mostra preocupação, tenta alternativas para juntar mais público e, por enquanto, não está dando certo. Existem as exceções mostradas naquele pífio “olha a família no estádio, crianças e mulheres” que ouvimos por aqui na voz de Galvão Bueno e parodiadas brilhantemente pelo comediante Marcelo Adnet no Rock Gol deste ano. Até é bonito, mas não lucrativo se em uma casa qualquer a família do mesmo patamar preferir fazer outra coisa a ficar três horas assistindo um jogo de beisebol.
Antes de entrar na audiência destes playoffs, que se continuar baixa pode diminuir o dinheiro que as emissoras distribuem à liga, que o repassa igualitariamente a seus membros, vale ressaltar um fato: Yankees e Phillies foram os times que registraram as melhores médias de público em casa nos seus respectivos estádios, únicos que ultrapassaram a marca de 45 mil pagantes/jogo; nas partidas fora, Yankees foi o primeiro em média de público (33.228/jogo) e os Phillies o quarto (33.000/jogo).
A discrepância é observada de forma mais categórica no ibope da pós-temporada. A TBS (Turner Broadcasting System), divisão do grupo Time Warner e que agora tem seu conteúdo muito divertido disponível no Brasil, Transmitiu os jogos divisionais dos playoffs e está com os direitos da final da Liga Nacional. Pois bem, nenhum jogo transmitido pela TBS teve maior audiência que o pré-jogo da FOX sobre a NFL num domingo á tarde. Nenhum! O que salvou a TBS foram os Yankees que na semana passada colocou 4 jogos nos quais eles estavam jogando entre as 20 maiores audiências da TV por assinatura nos EUA.
Saint Louis Cardinals e Milwaukee Brewers são os times que a TBS terá que fazer a cobertura. Triste. O jogo de domingo à tarde, disputando com a NFL, teve uma queda de audiência de 62% (62%!) em relação ao jogo 1 da final da Liga Americana de 2010 (também transmitida pela TBS). Na ocasião os Yankees duelavam contra o Texas Rangers.
Os Brewers têm uma história legal que agrada aos fãs de beisebol. Dizem por aí, bem baixinho, que é o time para torcer caso seu clube não esteja entre os quatro semifinalistas. Possui grandes nomes no elenco como Zach Greinke, Ryan Braun e Prince Fileder, é um exemplo de organização e administração, mas não consegue atrair público no mercado local. Sem contar a NFL, o interesse pelo time de futebol da Universidade Wisconsin (os Badgers), invicto na temporada com 5 vitórias, é superior ao time de beisebol da maior cidade do estado de Wisconsin (a sede da universidade fica na capital Madison). Ao colocar a NFL na conversa, fica até injusto, porém serve como ilustração num exemplo claro que ocorreu no ultimo dia 2 de Outubro.
Os Packers (NFL) recebiam em Green Bay (Wisconsin) o Denver Broncos para o quarto jogo da temporada regular. Os Brewers (MLB) recebiam o Arizona Diamondbacks para o segundo jogo dos playoffs, fase divisional. Ambos os estádios estavam cheios, tanto o Lambeau Field-Packers quanto o Miller Park-Brewers. Nas residências, porém, o interesse preferencial tornou-se notório. Concentrando apenas na cidade de Milwaukee, o jogo dos Packers teve a atenção de 44,6% dos televisores locais, enquanto o jogo dos Brewers teve 20.3%.
Do outro lado da chave dos playoffs da MLB, se encontra um problema parecido. Um time que faz campanha fantástica e histórica, mas rivaliza com um time da NFL que goza de um enorme sucesso. Detroit tem nos Lions (NFL) um time invicto com 5 vitorias, o último triunfo ocorreu na segunda passada (10) e coincidiu com o emocionante duelo entre os Tigers (MLB) contra os Rangers pela decisão da Liga Americana, jogo 2, decidido em entradas extras e finalizado com um grand slam de Nelson Cruz (foto abaixo), lance inédito em playoffs. A partida da MLB foi ao ar pela TV aberta nos EUA (FOX) e da NFL pela TV por assinatura (ESPN); quem teve maior audiência em números absolutos e percentuais foi a ESPN numa larga vantagem.
Mudando para o jogo 1 da série entre Tigers e Rangers, percebe-se um declínio na FOX similar ao que acontece com a TBS. A partida de abertura da final da LA teve uma redução de 25% na audiência em comparação ao jogo 1 de 2010 transmitido pela FOX (final da LN entre Phillies e San Francisco Giants) e queda de 43% em relação ao jogo 1 de 2009 transmitido pela FOX (final da LA entre Yankees e Los Angeles Angels).
Desejar que esta série vá até o jogo 7, para chamar mais a atenção pela emoção de um jogo eliminatório, talvez não seja uma boa ideia. Caso assim for, o jogo decisivo será no próximo domingo (16) e coincidirá com o Detroit Lions recebendo o San Francisco 49ers e o Dallas Cowboys jogando contra o Tamba Bay Buccnaeers. O jogo dos Lions será às 13hs (horário do leste americano), dos Cowboys às 16hs e o jogo 7 da MLB às 20hs – todos eles transmitidos pela FOX. E mais: este possível jogo 7 concorrerá com o imbatível Sunday Night Football da NBC, que na ocasião terá o duelo de divisão entre Minnesota Vikings e Chicago Bears.
Quem defende o equilíbrio e a paridade, tá feliz. Claro, este não tem patrocínios na FOX e TBS, muito menos é executivo de uma delas. Na diretoria da MLB há uma típica confusão por não saberem o que querem, visto que paridade e audiência não andam de mãos dadas. Pelo sistema de distribuição dos direitos da TV, quanto mais times populares no ar, melhor – arrecada-se mais dinheiro e ganha mais exposição. Porém este dinheiro é distribuído de forma igual e Milwaukee recebe uma a mesma quantia que o NY Yankees. Isto dá a oportunidade de times pequenos chegarem ao grande palco (playoffs), mas aí não conseguirão gerar audiência...
Não adianta fugir: esse problema de público na MLB é sério. Nos estádios, a MLS é uma ameaça real. Na TV perde cada vez mais espaço, mesmo na parte mais importante do campeonato. Se com grandes clubes na disputa da pós-temporada a briga é dura contra a NFL, imagina com equipes de menor expressão? A MLB pode não se importar com estes detalhes e cuidar do seu espaço, embora não seja desta forma. Indiretamente mostra preocupação, tenta alternativas para juntar mais público e, por enquanto, não está dando certo. Existem as exceções mostradas naquele pífio “olha a família no estádio, crianças e mulheres” que ouvimos por aqui na voz de Galvão Bueno e parodiadas brilhantemente pelo comediante Marcelo Adnet no Rock Gol deste ano. Até é bonito, mas não lucrativo se em uma casa qualquer a família do mesmo patamar preferir fazer outra coisa a ficar três horas assistindo um jogo de beisebol.
(GL)
Escrito por João da Paz
Escrito por João da Paz
(*) Na camisa da foto principal está escrito “Major League Boring”, uma brincadeira que substitui “Baseball” por “Boring” (tr. Chato)
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