Quebrando Estereótipos


Passado os três primeiros jogos das finais da NBA 2008-09, os fãs de basquete estão conhecendo um “novo jogador”, um cara que está mais brigador no garrafão, mais aguerrido e tornando seu jogo mais agressivo. Isto para, quem sabe, tirar o rótulo de jogador “delicado”, “suave” que geralmente os atletas europeus ganham quando vem para a associação. Pau Gasol está mostrando em quadra que é mais “valente” do que muitos pensam.

Mas, na verdade, ele nem se preocupa muito com isso.

Eu não me importo com este tipo de comentário” disse o ala espanhol à FOX.

Por este fato de não se incomodar com o que os outros pensam, é que ele está conseguindo crescer o seu jogo. E também a vencer certos pré-conceitos.

Quantos jogadores de NBA (para usar só um exemplo) têm uma mãe que é doutora e um pai que é um diretor de hospital? Gasol estava encaminhado para seguir a mesma carreira que seus pais, mas desistiu aos 18 anos, largando a escola de medicina e se dedicando somente ao basquete.

O garoto tinha talento.

Nesta época ele era uma promessa do basquete espanhol, ganhando um destaque maior quando foi campeão europeu com a Espanha do mundial sub-18 (1998) e sub-19 (1999). Na virada da década, muitos olheiros americanos passaram a acompanhar a equipe de basquete do Barcelona, para ver o que este espanhol tinha de tão bom.

Em toda sua carreira, Gasol mostrou muita personalidade e liderança. Suas conquistas na NBA e com a seleção espanhola são impressionantes.

No Memphis Grizzlies, o espanhol tem números que excedem qualquer padrão. Foi o novato do ano na temporada 2001-02. É o líder da franquia em partidas, minutos jogados, maior quantidade de arremessos (de quadra e de lance livre) convertidos e tentados, rebotes defensivos e ofensivos (no total também), tocos e pontos. É o único “Grizzlies” a participar do jogo das estrelas e levou a equipe a três pós-temporada (2004, 2005 e 2006).

Com a seleção espanhola foi medalha de ouro no mundial de 2006, levando no mesmo ano o prêmio da FIBA (Federação Internacional de Basquete) de melhor jogador do mundo. Conquistou a medalha de prata nas olimpíadas de Pequim em 2008, levando o prêmio da FIBA de melhor jogador europeu do ano.

Tudo isto, porém não mudava o pensamento de muitos jogadores e treinadores da associação em relação à Gasol; o consideravam um jogador fraco fisicamente. Em entrevista recente ao New York Times, Derek Fisher, hoje companheiro de Gasol,” entregou o ouro”.

Quando jogávamos contra Memphis, o plano era atacar o garrafão e ser agressivo contra Gasol. Nosso pensamento era de que ele não agüentaria o jogo físico”.

Apesar de não ligar muito para o que falam sobre sue estilo de jogo, Gasol reconhece que, por exemplo, nas finais do ano passado, ele não rendeu o que se esperava. “Na temporada passada eu senti que cai de produção no final, sem energia e força. Tivemos alguns jogos que não competimos tão forte assim como o Boston e ganhamos o rótulo de ser um time 'sutil'. Este ano, para resumir, estamos jogando com agressividade”.

No jogo 3, o Orlando Magic se superou, conseguindo um aproveitamento de arremesso de 62,5 %, o melhor de todas as finais da NBA em apenas uma partida. Porém, nos dois primeiros jogos em Los Angeles, a defesa dos Lakers mostrou sua postura, principalmente Gasol defendendo Dwight Howard, mesmo o plano inicial, segundo Phil Jackson (treinador do Los Angeles) era que “...Gasol marcasse Lewis...

Howard iria gostar se a primeira idéia fosse cumprida. “Eles estão me marcando de uma forma diferente, me forçando a ir para a ‘zona morta’ assim que eu pego a bola. Os dois primeiros jogos foram um processo de aprendizado para mim” disse Dwight sobre a marcação do Los Angeles (Leia-se: marcação de Pau Gasol).

A força do espanhol não está aparecendo apenas no lado defensivo. Gasol está com 21 pontos de média nestes três primeiros jogos das finais, três pontos a mais do que a média em todo o playoff. Se o crédito por um possível título do Los Angeles cair todo na conta de Kobe Bryant, está claro que Pau Gasol merece uma fatia do mérito também.

O cara cabeludo, com a barba por fazer e atuando no “estrangeiro” está atraindo as atenções nesta serie final entre Los Angeles Lakers (Kobe Bryant) e Orlando Magic (Dwight Howard). Mais um rompimento de paradigma na carreira de Pau Gasol.


© 1 Mark J. Terrill / AP
© 2 Matt Styles / AP

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