Essas coisas acontecem em uma família que tem um atleta famoso.
É sempre: “Você não é o filho do fulano?” ou “Eu sou irmão do fulano”.
Por muito tempo este foi o caso de Daniel Schlereth, filho de Mark Schlereth, famoso ex-jogador da NFL.
Mark teve uma carreira marcante no football. Jogou 12 temporadas na posição de guard (importante papel da linha ofensiva, que protege o QB e facilita o jogo corrido) em dois times: Washington Redskins e Denver Broncos. Era titular em ambas as equipes e venceu 3 vezes o Super Bowl – uma com os Redskins e duas vezes com os Broncos. Jogou ainda em dois Pro-Bowl´s, o jogo das estrelas da NFL.
Logo depois da aposentadoria, Mark foi para a mídia, começando em um programa de rádio na cidade de Denver até chegar à ESPN, onde hoje ele é um dos principais analistas de football da emissora.
Então, Daniel era o filho de Mark.
Contudo, Daniel tem uma carreira esportiva. Apesar de jogar na escola de ensino médio (High School) na equipe de futebol americano, seu pai o aconselhou a mudar de esporte: “Dizia que ele era muito baixo para ser um quarterback e que ele não tinha um corpo que a NFL estava procurando para a posição. Porém, ele já tinha um arremesso perto dos 150 km/h... Por isso ele foi para o beisebol” diz Mark
Mesmo com ofertas de universidades importantes para Daniel jogar football, ele escolheu a faculdade do Arizona para ser um reliever.
Na universidade ele teve bons números com Arizona estando várias vezes na posição de número 1 nos rankings. No draft de 2008, o Arizona Diamondbacks escolhe Daniel na primeira rodada com a 26ª escolha. Ficou um ano nas ligas de base do Diamondbacks no estado de Alabama até ser chamado para o time principal dia 28 de Maio deste ano para jogar no dia seguinte contra o Atlanta Braves.
“Eu estava em casa tranqüilo, liguei para o Daniel um dia antes e conversamos sobre um jogo que ele participou em Alabama e tal... Na sexta ele me liga e diz: ´Pai, o Arizona me chamou!’. Eu comecei a chorar, ele começou a chorar e me falou pela primeira vez: ‘Muito obrigado por tudo o que você fez por mim. Obrigado por todo o apoio’”
Mark sempre imaginou este momento. Desde criança Daniel teve um bom braço para o beisebol. Sejam nos jogos infantis, juvenis, Mark sempre estava presente incentivando seu filho. Ou gritando. “Minha mãe tinha que tirá-lo toda vez do alambrado devido aos “exageros” das instruções do meu pai (risos)” diz Daniel sobre o comportamento do pai/treinador.
Por muito tempo Mark manteve um prazer tradicional com seu filho: brincar de arremesso. Porém, esta brincadeira teve um final (cômico) no ano passado.
Nas férias de Daniel, pai e filho iam para a rua arremessar a bola um para o outro. Mark, esperto, pedia sempre pro filho maneirar. Conforme a brincadeira foi esquentando, Mark sentiu confiança e pediu pro filho arremessar um pouco mais “com vontade”. Obediente, Daniel cumpriu o pedido do pai. Lá pelas tantas, Mark resolveu se aventurar de catcher. “Minha posição de catcher mais parecia de um OL mesmo; pelas 29 cirurgias que tenho nos membros inferiores, não consigo ficar de cócoras”. Bom, então Daniel arremessou. Porém, a bola veio mais ou menos em 120 km/h; detalhe uma cutter (bola rápida que vem reta, mas “cai” quando chega próximo do catcher). Mark não conseguiu pegar a bola que atingiu o lado direito do peito. “Parecia um saco de batatas caindo (risos)” diz Mark “Daniel correu na minha direção pensando que tinha me matado... Quando levantei a camisa, estava lá a marca da bola com a costura e tudo... Tomei uma decisão então: Nunca mais brinco de bola com o Daniel (risos)” afirmou Mark.
Pois é, Mark reconheceu de um jeito bem inusitado que seu filho é um profissional da MLB.
Alías, ao vê-lo trotar do dugout (banco de reservas dos arremessadores) para a posição de arremesso no jogo contra os Braves, segundo Mark, foi o momento mais marcante da sua vida, algo que nem se compara aos três títulos de Super Bowl que ele possui.
Só que este não foi o fato que mudou a história de ambos.
No sábado 30 de Maio, folga de Daniel, toda a família estava assistindo o jogo do Arizona contra o Atlanta na maior calma e alegria. Os Diamondbacks venceram e Mark com sua esposa e filhas estavam saindo do estádio; Daniel estava um pouco atrás deles. Até que encontraram, próximo a saída vários torcedores que gritavam: “Schlereth?! Schlereth?! Assina uns autógrafos pra gente?”. Mark então para, diz pra sua esposa esperar um pouco e olha para trás a espera de uma caneta, um papel... O que ele vê, contudo, é Daniel assinando inúmeras bolas de beisebol...
A partir deste momento, Mark passou a ser conhecido como o pai do Daniel...
© 1 Brian Bahr / Getty Images
© 2 Elaine Thompson / AP
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