O Desenvolvimento de um Jogador


Um cara que está no topo das estatísticas ofensivas da Liga Americana: OPS de 1.005 (a frente de Torii Hunter, Mark Teixira...), aproveitamento de .344, 36 RBI´s, 11 HR´s... É considerado um dos melhores CF (Center-field) do momento e tem apenas 23 anos. Este é Adam Jones, jogador do Baltimore Orioles.

Ele que chegou ao clube numa troca bem sucedida do Orioles com o Seattle Mariners realizada no ano passado, que mandou o arremesador Éric Bédard para Seattle e o Baltimore recebeu um closer (George Sherrill), dois arremessadores (Kameron Mickolio e Chris Tillman) e Adam Jones.

Os Mariners escolheram Jones no draft de 2003, na 37ª posição, vindo da escola Morse High School em San Diego, Califórnia. O curioso é que ele não jogava no CF; foi draftado como SS e arremessador. Mudou de posição em 2006 quando os Mariners pediram para Jones se ele poderia jogar no CF.

Aceitou sem problema

Ainda é estranho, mas já estou me acostumando. Eu sou um outfielder agora e não vou voltar atrás” disse Adam á FOX, sobre esta sua mudança de posição.

O que mais chama atenção nisso tudo é a maneira que Jones encarou esta situação, de uma forma bem madura e profissional. Ao assistir um jogo do Baltimore, e ver o camisa 10 indo contra a parede, mergulhando para pegar um bola e dominado o CF defensivo, não dá para perceber que ele não é um outfielder de fato.

Isto se chama ética de trabalho.

Além de todas as qualidades de um atleta – ele tem apenas 9% de gordura no corpo – Jones faz uma coisa que poucos jogadores jovens fazem: Escutar. Se hoje ele é um destaque na MLB, com potencial de crescer mais, é porque ele presta atenção no que os mais experientes têm a dizer.

Na minha primeira temporada em Seattle, Jay Buhner (outfielder) chegou em mim e disse: ‘Cale a boca e escute’. John Shelby tem quase 10 anos de liga; nosso treinador de rebatida (Terry Crowley) está no beisebol por 50 anos. Todos esses caras tiveram uma boa carreira antes de eu ter nascido. Porque não escutar?” diz Adam Jones.

Esta forma diferente de encarar o jogo, enxergando de outra perspectiva e buscando sempre o crescimento faz de Jones um melhor jogador defensivo e também ofensivo. Um problema bem comum que os mais novos enfrentam (não “enxergar” a zona de strike) não afeta Jones; ele sabe administrar bem os arremessos que recebe, está jogando mais a bola para o lado oposto e rebatendo com dois strikes. Características de um bom rebatedor.

Para a franquia Orioles, Adam Jones pode ser um dos jogadores para tentar criar algo promissor. Brian Roberts (2B) e Rick Markakis (RF) são outros dois talentosos rebatedores da linha ofensiva de Baltimore. “Rebater entre os dois é um sonho que se tornou real. Você tem um cara que sempre está na base (Roberts), se arremessarem pra mim uma bola em curva, ele vai facilmente roubar uma base. E ninguém quer enfrentar Markakis com alguém na base... Desta forma eu recebo bolas muito boas de serem rebatidas e minha missão é não desperdiçá-las” diz Jones sobre ser o segundo na linha ofensiva, atrás de Roberts e a frente de Markakis. O trio está com media igual ou superior a 30% de aproveitamento com o bastão.

Rotular um atleta como um “jogador de franquia” não é simples; não bastam boas atuações em campo, é preciso ver a dedicação da pessoa com o clube e a cidade. Esta é outra função que Adam Jones está executando muito bem.

Buscando um melhor convívio com todos seus companheiros, ele aprendeu espanhol para conversar com os latinos; ele é conhecido por seu grande entusiasmo pelo jogo em seus menores detalhes e mostra um grande nível de responsabilidade.

Dave Trembley, treinador dos Orioles, levou Adam Jones para a Academia da Liberdade de Baltimore, uma escola na periferia da cidade. Dave ficou impressionado com a forma que Jones estava interagindo com os estudantes. “Ele se preocupa com o Baltimore Orioles” diz Trembley. “Ele tem 23 anos e tem a cabeça no lugar. Não é todo dia que se encontra alguém tão maduro assim”.

É verdade. Quem tem olhos para ver, veja o desenvolvimento de um jogador.

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