Um cogumelo verde para Anderson Varejão


O pivô brasileiro do Cleveland Cavaliers, Anderson Varejão, jogou menos da metade dos jogos possíveis nas últimas duas temporadas da NBA: 56 de 164. Com a saída de Zydrunas Ilgauskas, pivô lituano, ele assumiu a titularidade e a liderança do time sem LeBron James. Mas as lesões no tornozelo direito e no pulso direito fizeram com que ele ficasse ausente das quadras, afetando sensivelmente seu valor. Tudo revertido no atual campeonato, responsável por dar sobrevida ao atleta brazuca.

O primeiro jogo da temporada mostrou dois dados assustadores a favor de Varejão: no duelo contra o Washington Wizards ele deu 9 assistências e pegou 23 rebotes, ambas as marcas as maiores da carreira. Os jogos subsequentes provaram que a atuação na estreia não foi um acaso e sim começo da nova fase.

Mesmo os Cavs sendo uma desgraça (embora tenham o brilhante Kyrie Irving), Varejão fincava seu nome na mídia local pelas atuações acima da média, ganhando assim destaque no cenário nacional e rumores de troca. Seu valor aumentou.

Um dos pontos chaves desta campanha do brasileiro foi contra o Brooklyn Nets no dia 13 de Novembro. Na partida anterior, contra o Oklahoma City Thunder, o pivô marcou meros 6 pontos. Dois dias depois, versus o alvinegro de New York, Varejão anotou 35 pontos, maior marca da carreira (adiciona aí na conta 18 rebotes). Conseguir as maiores marcas da carreira, nos três principais fundamentos do basquete, em apenas 8 jogos até então, simboliza o quanto o atual momento é especial.

Selecionado pelo Orlando Magic na 30ª escolha do draft de 2004, o camisa 17 dos Cavs, um dos favoritos dos torcedores de Cleveland, nunca desfrutou de tanto prestígio como agora nas nove temporadas disputadas no melhor basquete do mundo. Ter 14.3 PPJ e 14.8 RBJ na temporada 2012-12 (estatística de 14/12) traz bons ares e o coloca em uma privilegiada situação: desfruta de uma admiração tremenda dos fãs da franquia e atrai interesse de outras grandes organizações da NBA.

Cavaliers é um dos últimos colocadas da associação em folha salarial. Varejão é o jogador mais bem pago do clube: US$ 8 milhões neste ano – é o segundo brasileiro com maior salário na NBA, Nenê é o primeiro com US$ 13 milhões. É, no sentido financeiro, o atleta mais valioso da franquia, mesmo status da sua importância intangível, símbolo da equipe. Mas e no sentido tático/técnico?

Em especial do Grandes Ligas de 2009, eu e o Dênis do Bola Presa respondemos a pergunta: Qual jogador brasileiro tem mais potencial para crescer? As respostas...

Dênis: Quem não para de evoluir e quem eu acho que mais vai crescer nos próximos anos é o Varejão (...) em um futuro próximo ele pode ser peça importante em todos os setores do jogo para os Cavaliers

Eu: Varejão (...) Toda diretoria e comissão técnica gostam da vontade que Varejão demonstra a todo instante que entra em quadra e reconhecem o seu valor, sabendo o quanto ele pode melhorar em diversos fundamentos – o contrato de 6 anos (US$ 42 milhões) assinado depois da temporada passada exemplifica isso.


Restam dois anos de contrato. Em 2013 o salário aumenta para US$ 9 mi; em 2014 chega a US$ 9,7 mi. Em 2015 torna-se agente livre sem restrições, ou seja, pode negociar diretamente com qualquer clube – e os Cavs não recebem nada. O momento maravilhoso do brasileiro cria um imbróglio a ser resolvido pela diretoria. Uma lista de prós e contras relacionados a troca de Varejão deve ser feita e o final dirá: é melhor negociá-lo.

Por quê? Veja, puramente visando levar vantagem. A tal “importância intangível” é difícil obter. A identificação que Varejão tem com os Cavs é bem peculiar, porém há potencial de alcançar isso com Irving (ou até mesmo com Dion Waiters ou Tristan Thompson). Trocar o pivô faz sentido, ainda mais quando são analisados os pacotes oferecidos.

Isso mesmo, pacotes.

O nível de representatividade que Varejão atinge neste começo de campeonato é demonstrado nos boatos que o circundam. Não é um jogador por outro – ou jogadores ditos “meia-boca”. São jogadores de alto calibre envolvidos nessas conversas. Logo é hora de aproveitar, pois por mais que os Cavs passam por essa draga de dá dó, existe possibilidade de crescimento devido a folha salarial baixa (espaço para contratar agentes livres) e boas escolhas no draft de 2013 (2 na primeira rodada e 2 na segunda rodada) – acrescentando o bônus numa troca do Varejão.

O que rola nos bastidores é que foram oferecidos aos Cavs por Varejão:

- Thaddeus Young e Dorell Wright (Philadelphia 76ers)
- Terrence Jones, Patrick Patterson e Daequan Cook (Houston Rockets)
- Paul Milsap e Enes Kanter (Utah Jazz)

E a melhor oferta (por enquanto), aquela que é boa para todas as partes envolvidas:

- Kendrick Perkins, Jeremy Lamb, Reggie Jackson e Perry Jones III; mais escolhas no draft (Oklahoma City Thunder)

Os Cavs receberiam o pacote de mais qualidade e o brazuca aproveitaria a boa fase num time competitivo que disputa títulos.

Novamente o brasileiro teria chance de disputar uma final da NBA, coroando atuações que o colocam na discussão para participar do Jogo das Estrelas em Houston no ano que vem. Convívio novo para ele que, embora lide com lesões delicadas, revigorou e aprimorou seu jogo. Efeito esse que lhe deu um contrato de “estrela”, atuando sob outros holofotes ao lado da apresentadora Ana Hickmann: Varejão assinou contrato com o Bradesco (HiperFundo) e será garoto propaganda do banco.

Uma vidinha a mais o ajudou.

(GL)
Escrito por João da Paz
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