Chegou a hora de a NFL liberar o uso da maconha?


Na última terça (10) o Uruguai se tornou o primeiro país a legalizar a produção e consumo da maconha. Essa inédita decisão reacendeu o debate sobre a descriminalização da droga e os benefícios/malefícios que ela traz. Como que reage num corpo de uma pessoa? E num corpo de um atleta?

A NFL tem diversos rótulos pejorativos e um dos mais degradantes é ser a Liga do Criminoso. Na lista das violações estão problemas com bebidas alcoólicas e envolvimentos com maconha. Jogadores pegos em flagrante dirigindo embriagados, com bebidas em automóveis, portando doses altas de cannabis... Além de ser crimes, infringem regulamento de conduta da NFL.

Mas há particularidades, principalmente em relação a maconha, que traz interessantes reflexões. Exemplo: dois estados americanos (Washington e Colorado) a maconha é legalizada (para maiores de 21 anos de idade). Dois times da NFL jogam em ambos os territórios (Seattle Seahawks e Denver Broncos). Em 20 estados americanos, o uso medicinal da maconha é permitido - em oito destes há times da NFL.

Como fica a relação pode não pode?

Evidente que há distinções. Por mais que haja essas brechas, nos Estados Unidos, como instituição federal a droga ainda é proibida. Você pode andar tranquilo nas ruas de Denver com maconha no bolso, mas se for para uma agência dos Correios, poderá ter problemas.

Logo, não necessariamente porque em x estados há algum tipo de liberação da maconha que a NFL precisa abraçar a mesma ideia. Contudo é importante entender porque os atletas de futebol americano usam a droga.

O ex-receiver Sam Hurd (Bears, Cowboys) foi destaque nas manchetes no mês passado ao dizer em entrevista que fumava maconha todo o dia enquanto membro da NFL. Teve até bons momentos nos Cowboys e não é plausível dizer que a droga o afetou de alguma maneira.

Não é um argumento para esconder o uso indiscriminado, mas muitos jogadores alegam que fazem uso da maconha como um remédio, medicamento para aliviar a dor e o estresse. Contrapondo o julgamento moral irracional, esses tem a sustentação de estudos medicinais.

A NFL não lista a maconha como substância de uso médico e sim ilegal. Embora há o problema de outras drogas legalizadas permitidas pela liga, como calmantes altamente viciantes.

A maconha vicia, como o álcool... Só que não é dada a ela o crédito devido ao bem que pode trazer.

Alguns jogadores buscam alívio na maconha, outros em mulheres, outros em bebidas. Desde que Roger Goodell assumiu o cargo de comissário da NFL até o começo da atual temporada, 107 atletas foram pegos dirigindo sob influência de álcool. Existe, para concordar com a coerência, uma campanha contra as bebidas alcoólicas?

Não.

Será por que uma das maiores empresas cervejeiras do mundo (Anheuser Busch) patrocina a liga?

Para ilustrar bem essa contradição, a organização Marijuana Policy Project colocou este outdoor ao lado do estádio Sport’s Authority Field no jogo de abertura entre o atual campeão Baltimore Ravens e o time da casa:

A provocação está na frase “uma escolha segura é legal aqui”.


(GL)
Escrito por João da Paz

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