A colônia volta à metrópole. Os bilionários americanos e os clubes de futebol da Inglaterra

Stan Kroenke é o mais novo integrante do grupo estrangeiro que controla um time da Premier League (primeira divisão de futebol da Inglaterra). Sua aquisição de ações que lhe dá o cargo de dono do Arsenal faz dele o quinto americano a possuir um clube do esporte bretão. Tudo começou com Malcolm Glazer em 2005, então vamos conhecer quem são esses magnatas responsáveis em causar furor e alegria na sua respectiva base leal de torcedores.

***


Malcolm Glazer
Clube nos EUA: Tampa Bay Buccaneers (NFL)
Clube na Inglaterra: Manchester United

No ramo de produtos alimentícios está a fonte de dinheiro de Glazer; ele é presidente e chefe executivo (CEO) de uma holding (First Aliled Company). Em 2003 entrou no clube ao comprar um pequeno número de ações (3%) e foi crescendo gradativamente. Chegou ao nível que lhe deu poder de dono em 2005 quando completou 75% das ações – gastou US$ 1.47 bilhão neste período.

A raiva dos torcedores do United aflorou ao saber desta notícia. Mensagens de ódio e intimidadoras foram direcionadas à Glazer. Na decisão da FA Cup de 2005 contra o Arsenal, os fãs se vestiram de preto como num funeral, queimaram fotos dele, o chamaram de Hitler e ameaçaram sua família. O tempo foi passando e o protesto pedindo a saída de Glazer tornou-se mais civilizado. Foi criada uma organização para tentar comprar a parte pertencente ao americano; ela também incentivou aos admiradores do clube a usarem as cores verde e amarelo, lembrando o time precursor do United no século 19, o Newton Health; os torcedores vestem camisas antigas feitas antes do Glazer assumir; o slogan deles é “Love United, Hate Glazer” (“Ame United, Odeie Glazer”).

Embora haja tanto atrito entre dono e torcedores, Glazer não vai deixar o clube tão fácil assim. Desde 2006 ele indicou três filhos (Bryan, Kevin e Edward) e sua única filha (Darcie) como diretores do clube. Malcolm tem 82 anos e grande parte das decisões administrativas é feita pelos outros dois filhos (Joel e Avram), que dividem o cargo de presidente do United, vencedor de 3 campeonatos inglês e 1 Liga dos Campeões desde que o americano tomou posse como dono.

***


Randy Lerner
Clube nos EUA: Cleveland Browns (NFL)
Clube na Inglaterra: Aston Villa

O caminho que levou Lerner ao posto de dono foi mais tranquilo que o do seu conterrâneo (Glazer e Lerner são do estado de New York). Em 2006 Lerner comprou 89% das ações do clube da cidade de Birmingham, vencendo sozinho um grupo formado por 3 investidores.

Os torcedores do Aston Villa aceitaram a vinda do yankee e Lerner não foi vítima de ataques ou protestos. Ele vai administrando bem o clube que terminou em 6° lugar nas últimas três Premier League; chegou à semifinal da FA Cup no ano passado e foi vice da Copa da Liga (Carling Cup) também em 2010 – perdeu para o Manchester United.

Na gestão Lerner houve uma aproximação do Aston Villa com o hospital infantil Acorns, localizado em Birmingham. Como doação, nas temporadas 2008-09 e 2009-10 o logo do hospital esteve estampado na camisa oficial do clube.

***


Ellis Short
Clube nos EUA: nenhum
Clube na Inglaterra: Sunderland

Em 2008 ele se tornou o principal acionista do clube numa compra que envolveu o consórcio Dumarville, formado por 7 irlandeses entre eles o ex-jogador irlandês Niall Quinn, hoje presidente do Sunderland. Short tomou controle total do clube (100%) em 2009.

O americano é dono de uma financeira chamada Lone Star Funds sediada em Dallas, Texas. Durante sua carreira procurou manter um perfil discreto. Não gosta de aparecer muito e trata dos assuntos particulares de maneira bem recatada. Tudo que o torcedor quer: um cara que traga dinheiro, mas que não queira ofuscar a marca do clube.

Short traçou metas e conseguiu uma delas que é acabar com o “efeito ioiô” de descer e subir de divisão constantemente. O Sunderland está há três temporadas seguidas na Premier League e a tendência é não cair neste campeonato. O próximo objetivo e colocar o clube numa melhor posição, situando-se no meio da tabela por volta do 10ᵃ lugar. O que Short vai precisar fazer é trazer os torcedores de volta ao “Estádio da Luz”, uma realização que o americano acha fundamental para melhorar financeiramente o clube e colocá-lo num melhor status entre as principais equipes do país.

***


John W. Henry
Clube nos EUA: Boston Red Sox (MLB)
Clube na Inglaterra: Liverpool

Os fãs do Liverpool sofreram nas mãos de dois americanos que afundaram o clube em dívidas. Tom Hicks (ex-dono do Texas Rangers – MLB) e George Gillett (ex-dono do Montreal Canadiens – NHL) foram os chefões do alvirubro durante três anos. Neste período a fúria dos torcedores se compara ao que acontece em Manchester, porém aqui com um agravante já que bandeiras dos EUA foram queimadas em alguns protestos.

Em 2010 o grupo que controla os Red Sox (Fenway Sports, criado por Henry) assumiu o clube pagando US$ 476 milhões. O presidente do Liverpool na época, Martin Broughton, aprovou a venda e disse que o dinheiro seria bem vindo para quitar débitos e permitir investimento na equipe. Ele externou sua decepção ao saber que Hicks e Gillett entraram na justiça tentando impedir a transação, alegando ser este mais um mal que a dupla tentou fazer com o Liverpool.

Henry, com base nos antecedentes raivosos direcionados aos seus compatriotas, procurou estudar a história do clube antes de chegar impondo ordem. Buscou se envolver com os torcedores para criar uma atmosfera agradável, um bom ambiente de trabalho. Uma frase dele explica bem por que isto deve ser feito: “É assim que tem que ser. Depois que nós partimos, estes torcedores estarão aqui. Não se pode ignorar a quem de fato pertence o time

***


Stan Kroenke
Clubes nos EUA: Denver Nuggets (NBA), Colorado Avalanche (NHL), Saint Louis Rams (NFL) e Colorado Rapids (MLS)
Clube na Inglaterra: Arsenal

Ele é acionista dos “Gunners” desde 2006 e aos poucos foi ganhando confiança dos sócios. 2008 foi o ano no qual recebeu o convite para participar da comissão de diretores do clube, algo que o ajudou a aumentar seu número de ações. No começo desta semana foi anunciado que Kroenke vai assumir o Arsenal e quando a transação encerrar, 62% das ações será dele (vale cerca de US$ 1.2 bilhões).

Os torcedores não estão muito preocupados, desde que o americano contrate um goleiro decente... Por estar a muito tempo na organização, Kroenke tem em seu crédito o conhecimento da sua funcionalidade diária; além de não ser um “pára-quedista”, aquele que chegou do nada e já quer mandar em tudo.

Kroenke não adicionou apenas mais um clube na lista entre todos os outros que possuiu. Ele quer aprimorar o modo operacional do Arsenal e fazê-lo novamente vencedor. A preocupação com a montanha de dinheiro que precisa administrar é dividia com a família, principalmente com sua esposa Ann Walton, uma das herdeiras da rede de supermercados Wal-Mart.



(GL)
Escrito por João da Paz


© 1 e 3 The Sun
© 2 Soccernet
© 4 Daily Mail

Nenhum comentário:

Postar um comentário