Legítima Afirmação


Pode parecer um pouco desconexo, mas a sentença a seguir é verdadeira: o Cincinnati Bengals é o melhor time da divisão Norte da Conferência Americana. Se isto não fosse suficiente, manchetes do tipo “Cincinnati em primeiro lugar” e “Bengals com quatro vitórias em cinco jogos” retratam, verdadeiramente, o que vem acontecendo com a equipe do estado de Ohio, por mais que soe estranho “Bengals” e “vitória” juntos na mesma frase.

São vários os fatores que colocam o time nessa posição: defesa forte, jogo corrido com qualidade... Contudo, tudo funciona a favor de uma pessoa: Carson Palmer. O quarterback (QB) da equipe está à frente de seus companheiros buscando liderá-los para mais um playoff, assim como aconteceu em 2005. De lá pra cá, Palmer passou por duas graves contusões e a sua recuperação é fundamental para o sucesso dos Bengals.

Em 2008, a temporada de Palmer foi curta e durou só 4 partidas. A lesão que ele teve foi no cotovelo do braço de arremesso (direito). Uma cirurgia chamada de Tommy John (procedimento bem conhecido entre os arressadores da MLB e que precisa de um longo período inativo para o jogador obter uma recuperação completa), era uma das opções que Palmer tinha para tratar a contusão. A outra escolha era esperar que o cotovelo curasse por si só através de um programa de reabilitação.

O QB optou pela fisioterapia, confiando nos seus médicos que falaram sobre a possibilidade da contusão “desaparecer”. Para que isto acontecesse, dois meses e meio de trabalhos contínuos na sala de musculação; ele passou por algo parecido em 2006 – só que na época a cirurgia foi inevitável.

Depois de fazer uma estupenda temporada com os Bengals em 2005-06, levando a equipe para a primeira pós-temporada desde 1990, Palmer encontrou o arqui-rival Pittsburgh Steelers no primeiro jogo dos playoffs. Em uma das jogadas iniciais da partida, Palmer lançou uma bola para touchdown (66 jardas). Porém, o brilhante lance deixou uma marca negativa em Carson. O defensive tackle dos Steelers, Kimo Von Oelhofen, acertou intencionalmente a perna esquerda do QB, mais precisamente o tornozelo. A ressonância magnética mostrou diversas e graves lesões na perna. Palmer teve que sair do jogo e os Bengals perderam a partida.

Quem tratou o QB foi um médico de fora da franquia. Ele informou ao clube sobre a gravidade da contusão, dizendo que poderia acabar com a carreira de Palmer. O jogador aceitou fazer a cirurgia, que reconstruiu todo o tornozelo. Palmer usou um método novo de fisioterapia chamado HydroWorx, tratamento que usa uma piscina especial e é utilizada por diversos clubes esportivos do mundo. O sucesso da recuperação de Carson foi notório e ele estave estampado em diversas capas de revistas e jornais, por ter conseguido voltar a jogar no começo do campeonato de 2006.


Apesar de ele ter tido um ótimo ano individualmente – foi o MVP do Pro Bowl ´07 –, os Bengals não tiveram uma boa temporada. Na verdade, foram três campeonatos sem conseguir um aproveitamento de vitórias acima dos 50%. Em 2009, entretanto o clube já igualou o número de vitórias obtido em toda a temporada passada (4) em apenas cinco jogos. Mais importante do que isto é como tais resultados foram alcançados e quem eles enfrentaram.

Das quatro vitórias, três foram fora de casa (destaque para os jogos em Green Bay e em Baltimore, ambientes completamente hostis). Das quatro vitórias, três foram contra rivais de divisão (além de derrotar o Cleveland Browns, passaram por Pittsburgh e Baltimore). Das quatro vitórias, duas chamam a atenção pela atuação de Palmer nos momentos decisivos, mostrando que seu braço está muito bem.

Contra os Steelers, Palmer tinha os 5 minutos finais da partida para atravessar 71 jardas, enfrentando a agressiva e temida defesa de Pittsburgh. Sem pressa, em 15 jogadas ele chegou à jarda de número 4, faltando 14 segundo para terminar o jogo. Palmer então acha o wide receiver (WR) Andre Caldwell no meio da end zone e os Bengals passam um ponto a frente. Eles completam a conversão de dois pontos e vencem a partida de 23 a 20.

Em situação semelhante Palmer esteve contra os Ravens: 80 jardas para atravessar, só que com menos tempo a seu favor. Para compensar, ele teve a colaboração dos defensores de Baltimore que cometeram três faltas seguidas, sofrendo uma punição combinada de 30 jardas. Restando 22 segundos, Palmer lança o WR Caldwell (foto abaixo), e o touchdown de 22 jardas dá a vitória aos Bengals.


Esta preferência por Caldwell, ótimo WR que veio da Universidade da Florida em 2008, tem uma explicação. Nas férias ele esteve na Califórnia na casa de Palmer e os dois, de vez em quando, treinavam algumas rotas e passes. O entrosamento de ambos se concretizou nessas duas partidas.

Palmer tem boas “armas” para escolher no ataque. Além de Caldwell (projetado para ser uma espécie de T.J. Houshmandzadeh), há os WR´s Chad Ochocinco, Cris Henry e Leveranues Coles (pois é, se alguém ainda não percebeu, ele está em Cincinnati). As atuações qualitativas do running back Cedric Benson neste campeonato são excelentes para Palmer, que pode balancear mais o jogo ofensivo e deixar a defesa adversária desprevenida.

Antes de a temporada começar, Ochocinco (sem dar risada) disse que seu time terminaria o campeonato com 12 vitórias e 4 derrotas... (fazendo com que outros dessem risada). Agora, o Cincinnati vem mostrando, semana após semana, que tem potencial para chegar à meta de Chad. A questão é: Vai chegar de fato? Quem sabe? Porém, ninguém pode duvidar: os Bengals e Carson Palmer estão jogando bem e consistentemente. Esta é uma legítima afirmação.



(GL)



© 1 Newcomon
© 2 Robb Carr / AP Photo



PS¹: Leia “O Que Passou, Passou...” texto que fala sobre o defensive tackle Ed Johnson, dispensado do Indianapolis Colts nesta semana (artigo publicado dia 08 de Julho)

PS²: Leia “Além de Um Conto de Fadas” texto sobre as Irmãs Williams no Miami Dolphins (publicado no dia 28 de Agosto)

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