O Outro


Mais um confronto entre Minnesota Vikings e Green Bay Packers. Mais um confronto entre Brett Favre e Aaron Rodgers. Mais uma vez Rodgers será o outro quarterback (QB).

Toda a atenção desta partida do próximo domingo (1º/11) está em Favre e a volta dele ao Lambeau Field (estádio dos Packers). Só que ao invés de vestir verde e amarelo, Favre estará no vestiário do visitante, se preparando para ouvir vaias dos torcedores que o apoiaram durante 15 anos quando ele jogava em Green Bay, porque agora os fãs dos Packers têm outro QB para incentivar.

Este mesmo tratamento de “o outro” Rodgers recebeu no primeiro encontro das equipes nesta temporada. No jogo do dia 5 de Outubro, em Minnesota, Favre levou a melhor contra seu ex-time, mas Rodgers fez uma grande partida: foram 2 touchdowns (TD) e 384 jardas, que é sua maior marca na carreira. Este foi o jogo que impulsionou Aaron a fazer ótimas atuações neste mês, recebendo na última quarta (28) o prêmio de melhor jogador ofensivo da Conferência Nacional do mês de Outubro.

...tudo bem que os outros dois jogos (duas vitórias) do mês foram contra o Detroit Lions e Cleveland Browns...

Os números ofensivos de Rodgers em 2009 são excelentes. Na categoria rating (estatística que faz um cálculo de tudo que o QB faz em campo: passes completos, passes tentados, TD´s, interceptações e jardas ganhas) ele está em segundo lugar com média de 110.8, atrás de Peyton Manning (Indianapolis Colts) com 114.5 e a frente de Drew Brees (New Orleans Saints) com 106.9. Rodgers está em primeiro na categoria jardas por passe, com média de 9.25.

Embora estes números sejam importantes, o que o torcedor mesmo se preocupa é com as vitórias. Ano passado, por exemplo, Rodgers entrou para a história da NFL sendo apenas o segundo QB a atingir a marca de 4000 jardas na primeira temporada como titular – o outro QB é Kurt Warner, que conseguiu o feito em 1999. O problema foi que os Packers terminaram a temporada com 6v e 10d.

Em 2009 a história é diferente. Rodgers está impressionando a todos jogo após jogo e o Green Bay está vencendo: 4v e 2d. O encontro contra o arqui-rival de divisão será essencial para definir o futuro da equipe ao longo deste campeonato, pois além de jogar no Lambeau Field, os Vikings vêm de um jogo fora de casa e esta será a quarta partida longe de Minnesota em oito semanas (MINN ainda não teve folga). Lembrando que os Vikings não vencem os Packers no Lambeau Field desde 2005.


Para contribuir ainda mais, Aaron pode lembrar do seu primeiro jogo como titular com a camisa do Green Bay: vitória em casa sobre o Minnesota (24 a 19).

Se Mike McCarthy, treinador dos Packers, quiser levar o time aos playoffs – como fez em 2007 ainda com Favre –, precisa da vitória neste confronto dentro da divisão. Ele está fazendo de tudo para deixar Rodgers à vontade e sua principal missão é melhorar a linha ofensiva que permitiu oito sacks no confronto do dia 5 (Rodgers recebeu um total de 25 sacks, maior número de toda a liga). A questão principal é achar o left tackle ideal para protegê-lo de Jared Allen, defensive end dos Vikings, líder de sacks da NFL com 7.5 por jogo. Ontem, em entrevista coletiva, McCarthy disse que não definiu o titular da posição, que só deve ser divulgado no sábado à noite – Chad Clifton, TJ Lang e Darryn Colledge disputam a vaga.

É curiosa a relação de Rodgers com McCarthy. O QB precisou do técnico no momento mais importante, quando Favre saiu. Entretanto, quando McCarthy precisou de um QB, "o outro” não foi o escolhido.

Antes de assumir o comando do Green Bay em 2006, Mike era o coordenador ofensivo do San Franscisco 49ers em 2005, ano que o clube tinha a primeira escolha do draft. Mike Nolan, treinador dos Niners na época, delegou a missão à McCarthy de escolher um QB para a franquia. Dois nomes estavam na mesa: Alex Smith (Utah) e Aaron Rodgers (Cal).


Ambos eram considerado os melhores QB´s do draft – que tinha também Jason Campbell (Auburn). Smith e Rodgers brigavam diretamente pela primeira escolha e os dois fizeram trabalhos físicos e táticos com McCarthy. A comissão técnica gostou de Smith e Mike foi fazer um teste com ele em particular. Alex foi aprovado e pego por San Francisco.

A grande história do Draft-2005 foi a queda drástica de Rodgers nas posições: de um possível número 1, ele foi o 24º escolhido (Packers). Ele fez uma temporada na NCAA (2004) fantástica, com Cal perdendo apenas uma vez para a então universidade número 1 USC – nesta derrota, Rodgers empatou o recorde da NCAA de mais passes completos (seguidos) em um jogo :23

Ao ser questionado nesta semana se Favre jogará com um gosto de vingança contra sua ex-equipe, Rodgers disse que é ele que entra em campo sempre com este sentimento, principalmente quando enfrenta os 21 clubes que passaram por ele em 2005; em especial os Vikings, que tinha duas escolhas no TOP 20.

Por isso que Aaron é grato à Ted Thompson, diretor de football (GM) da franquia. Os dois têm uma boa amizade fora de campo, construída em 2005, primeiro ano de Thompson no cargo que iniciou com a escolha de Rodgers. Esta relação ficou mais próxima quando o GM defendeu e bancou o camisa 12 como o futuro do clube. Thompson tomou uma atitude de esquecer o passado (Favre) e projetar o potencial que seu atual QB tem para mostrar, não negando a representatividade de Brett, mas se posicionando em mudar o pensamento do clube, trazendo a renovação no tempo certo e no momento que se mostrou oportuna.

Com certeza é estranho escrever isto, mas hoje o QB da franquia Packers chama-se Aaron Rodgers. A cada dia que passa ele está se adaptando mais a cidade, ao clube e ganhando o crédito dos exigentes torcedores do time. Mesmo sendo considerado o outro QB que foi draftado, o outro QB com a camisa do Green Bay e o outro QB da principal partida da semana 8, Rodgers vai a campo sabendo que se fizer uma performance como a apresentada no última dia 5, pode levar sua equipe à vitória. Mas ainda não deixará de ser “o outro” nas manchetes de segunda-feira.

(GL)



© 1 por Balmes / George Szakall
© 2 Kurt Rogers / San Francisco Chronicle

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