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Uma frase na NFL estava quase se tornando bordão entre os jornalistas: “Se o Minnesota Vikings tiver um quarterback (QB) de alto nível, será um time favorito para o Super Bowl”. Bom, o clube não só conseguiu este “tipo de QB”; atingiu com a contratação de Brett Favre outros status: a camisa mais vendida da liga, performances em campo espetaculares e um companheirismo inesperado, fazendo o elenco se tornar ainda mais unido.

A valorização da marca Vikings chegou a um ponto alto. Além da camisa roxa número 4 está saindo bem das lojas, nesta última segunda feira a franquia mostrou ao mundo seu estádio, sua torcida, seu logo e seu time em um jogo épico contra o Green Bay Packers. A partida chegou a proporções gigantescas por ser o primeiro encontro de Favre contra seu ex-clube, dentro de uma rivalidade da divisão Norte da Conferência Nacional (NFC).

O time de Minnesota sempre teve sua representatividade, mas ela aumentou consideravelmente com a chegada de Favre. Ser o top na venda de camisas, em menos de um mês e ultrapassando figuras como Troy Polamalu e Jay Cutler, é a demonstração que algo além do programado está acontecendo. Soma-se a isso a cobertura que toda a mídia vem fazendo desde a contratação de Favre, com uma rede de televisão local transmitindo ao vivo, para todo o estado de Minnesota, o lendário QB chegando de helicóptero no centro de treinamento da franquia.

Contudo, a persistência de Brad Chilldress (treinador) para fazer com que a diretoria adquirisse o veterano QB – mesmo depois de ele ter dado uma entrevista coletiva que não voltaria mais da aposentadoria – não estava focada em números que o departamento de marketing do clube está computando agora e sim em estatísticas e atuações dentro de campo. Nestes quatro primeiros jogos da temporada, Favre mostra um desempenho acima do esperado.


Os Vikings estão com quatro vitórias em quatro partidas e a performance de segunda feira rendeu à Brett o título de melhor jogador ofensivo desta semana da NFC. Apesar dos números não importarem muito, hoje Favre é o terceiro na lista de rating entre os QB´s (atrás de Peyton Mannig e Drew Brees). O sistema ofensivo do time é desenhado para que ele não se desgaste muito nos arremessos (completará 40 anos de idade neste próximo Sábado) e há um membro da comissão técnica que sabe muito bem disto e irá cuidar do QB com todo o carinho para que ele possa completar o campeonato da mesma forma que começou.

Darrell Bevell, coordenador ofensivo, passou seis temporadas em Green Bay quando Favre era o QB por lá: de 2000 a 2002 como assistente ofensivo e de 2003 a 2005 como treinador dos QB´s. O mesmo sistema ofensivo utilizado nessa época é utilizado em Minnesota e Jon Gruden, comentarista da ESPN, mostrou algumas jogadas executadas por Favre com os Packers que são idênticas as usadas pelos Vikings em 2009. Isto facilita as coisas para Brett que não participou dos treinos de preparação da equipe, pois chegou a Minnesota no início dos jogos de pré-temporada.

A familiaridade com o sistema é tanta que Childress deixa Brett fazer algo que nenhum outro QB fez sobre seu comando: mudar as jogadas em campo. O treinador tem a fama de não permitir que seus QB´s alterem por iniciativa própria as jogadas programadas, mas ele abriu uma exceção para o cara que foi três vezes MVP e tem um título de Super Bowl. “Brett está fazendo um grande trabalho em mudar a direção das jogadas e avançando algumas jardas a mais do previsto” diz Childress sobre esta capacidade de Favre. “Ele está executando o passe ao invés da corrida e a corrida ao invés do passe em diversas oportunidades e isto vem dando certo”.

Para ser eficiente nestas execuções é preciso ter a confiança dos companheiros. O clima no vestiário e fora de campo é muito bom em Minnesota, embora Favre sempre tenha sido alvo de intrigas por onde passou. A (literalmente) aterrissagem de Favre no clube não causou inveja, pelo contrário, foi alvo de piadas e brincadeiras entre os jogadores. O extrovertido defensive end Jared Allen, foi o primeiro a receber o QB e a começar a fazer a resenha com o novo integrante do elenco. Steve Hutchinson, offensive line, (foto abaixo) e outros veteranos recepcionaram bem Favre.


Esse ótimo acolhimento o constrangeu e ele, antes do campeonato começar, marcou uma reunião com todos os jogadores para pedir desculpas pela exagerada cobertura sensacionalista da imprensa – chegaram a informar que havia um “racha” no elenco – e que seu principal objetivo é ganhar o Super Bowl. A admiração do grupo aumentou quando Brett partiu para bloquear defensores no jogo de pré-temporada contra o Houston Texans e quando ele foi bloquear Patrick Willis (linebacker do San Francsico 49ers) depois de completar um passe, no jogo da semana 3. Adrian Peterson, running back dos Vikings, sintetiza dizendo “Eu o respeito [Favre] mais ainda por ver de perto que ele encara o jogo da mesma forma que eu”.

Ambas jogadas são comentadas entre os jogadores tanto quanto (ou mais) que o arremesso para touchdown no jogo contra os Niners e/ou a atuação contra os Packers. O mesmo acontece com os torcedores que estão entendendo o que é ter um QB lendário no comando da sua equipe, que faz o seu papel e algo mais. Usar uma camisa com o nome FAVRE nas costas concretiza este fato.

Porém há um alerta: Brett Favre teve um bom início de temporada no ano passado com o New York Jets e caiu de produção no final do campeonato – os Jets ficaram fora dos playoffs. O teste para ver se o mesmo irá acontecer em 2009 virá a partir do dia 18 de outubro, com três jogos complicados na sequencia: Baltimore Ravens em casa; Pittsburgh Steelers e Green Bay Packers fora.

Momento este que poderá ser a confirmação do real valor agregado de Brett Favre em relação ao Minnesota Vikings.

(GL)



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