Esta foto acima é famosa, retrata a defesa de Carl Crawford, outfielder (OF) do Tampa Bay Rays, no Jogo das Estrelas deste ano. Hora do teste: há alguma coisa errada na foto?
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Perceba que ele está fazendo a defesa com a mão direita, ou seja, ele é canhoto. Pequena confusão mas é explicável para quem não está acostumado com o beisebol: o canhoto usa a luva na mão direita para arremessar a bola com sua mão mais forte, a esquerda no caso. O curioso é que há pouquíssimos jogadores canhotos que jogam na defesa (com exceção dos arremessadores) e esses em sua maioria atuam no outfield.
Jogar lá atrás perto do muro não é problema para canhotos. A mecânica de arremesso não afeta tanto assim a defesa e por isso que muitos deles jogam na posição. Andre Either (Dodgers), Josh Hamilton (Rangers), Crawford (Rays), Jacoby Ellsbury (Red Sox), Johnny Damon (Yankees) e Scott Podsednik (White Sox) são alguns exemplos de talentosos OF´s que usam a luva direita para defender.
Já no infield a situação é outra, contudo toda a regra tem exceção. Quando o canhoto não é preparado para jogar como OF ele vai para a 1ª base, a única posição favorável dentro do diamond por três motivos: é uma posição que não requer arremessos com freqüência; caso precise arremessar, ele estará de frente para o campo; e se adapta melhor nas jogadas de double-play (ou queimada dupla).
A razão principal de não ter canhotos nas outras posições se resume no “jogar de frente”. Seja na segunda base, terceira base ou shortstop, o destro tem mais facilidade porque não precisará fazer defesas backhand e nem virar o corpo todo para fazer um arremesso. A mecânica para quem joga com a mão direita é mais natural.
Exemplo: shortstop. Nenhum canhoto jogou sequer uma entrada nos últimos 100 anos na posição. Não é recomendável que um canhoto atue como SS pois, em comparação com um destro, sempre terá um atraso na hora de arremessar para qualquer base, exatamente porque ele estará “de costas” e terá que girar todo o corpo para executar a jogada.
Se o garoto, canhoto, quiser jogar no infield, ele vai ser “convidado” a ir para a primeira base, se não irá para o outfield. O senso comum dos treinadores é utilizar destros, e somente destros, na 2B, SS e 3B; é o sentido natural do esporte (na foto acima, Ryan Howard - 1B Phillies).
Por existir no mundo mais destros do que canhotos, é claro que mais destros jogarão beisebol. Desta forma, o jogo é desenhado para favorecer a maioria e o percurso das bases é feito no sentido anti-horário; se existissem mais canhotos, provavelmente o ciclo começaria para a esquerda e toda esta história seria diferente.
E a posição de catcher, é afetada também por estes paradigmas?
Sim.
O último jogador a atuar na posição foi Benny Distefano pelo Pittsburgh Pirates há 20 anos. Quem viu não verá mais; a tendência é que não haja mais catchers canhotos na MLB. Joe Mauer, catcher do Minnesota Twins (leia “Zé Alguém") é naturalmente destro, contudo ele rebate com a esquerda. Dificilmente veremos alguém fazendo o inverso ou mesmo um canhoto natural jogando na posição já que os treinadores têm as suas razões para não utilizá-los.
Situações peculiares, diga-se.
O catcher canhoto teria bastante dificuldade em arremessar para uma queimada nas bases; caso enfrente um rebatedor destro (a maioria) que ficaria na sua frente dificultando a jogada. O catcher canhoto não arremessaria a bola com tanta precisão para o 2B; existe uma história que a bola não sai com tanta precisão da mão esquerda. O catcher canhoto teria dificuldades para defender o home plate, para colocar a mão direita (a da Luva) no jogador que vem para marcar um ponto.
Neste mundo (e esporte) de destros, o canhoto acha seu espaço. Quem sabe para confirmar o que muitos dizem sobre o “arremesso não sair com precisão da mão esquerda”, a população de arremessadores titulares – e do bullpen também – é alta e bastante considerável (na foto ao lado Jon Lester - Red Sox). Pode-se dizer que eles estão numa ilha no meio de um mar de destros.
Comprovando a tese da pesquisadora Suzana Herculano-Houzel , professora de Anatomia da UFRJ, que em seu livro “O Cérebro Nosso de Cada Dia” mostra que 12,6% dos homens são canhotos, ou seja, um para cada oito.
© 1 John Gress / Reuters
© 2 J. Meric / Getty Images
© 3 AP
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Perceba que ele está fazendo a defesa com a mão direita, ou seja, ele é canhoto. Pequena confusão mas é explicável para quem não está acostumado com o beisebol: o canhoto usa a luva na mão direita para arremessar a bola com sua mão mais forte, a esquerda no caso. O curioso é que há pouquíssimos jogadores canhotos que jogam na defesa (com exceção dos arremessadores) e esses em sua maioria atuam no outfield.
Jogar lá atrás perto do muro não é problema para canhotos. A mecânica de arremesso não afeta tanto assim a defesa e por isso que muitos deles jogam na posição. Andre Either (Dodgers), Josh Hamilton (Rangers), Crawford (Rays), Jacoby Ellsbury (Red Sox), Johnny Damon (Yankees) e Scott Podsednik (White Sox) são alguns exemplos de talentosos OF´s que usam a luva direita para defender.
Já no infield a situação é outra, contudo toda a regra tem exceção. Quando o canhoto não é preparado para jogar como OF ele vai para a 1ª base, a única posição favorável dentro do diamond por três motivos: é uma posição que não requer arremessos com freqüência; caso precise arremessar, ele estará de frente para o campo; e se adapta melhor nas jogadas de double-play (ou queimada dupla).
A razão principal de não ter canhotos nas outras posições se resume no “jogar de frente”. Seja na segunda base, terceira base ou shortstop, o destro tem mais facilidade porque não precisará fazer defesas backhand e nem virar o corpo todo para fazer um arremesso. A mecânica para quem joga com a mão direita é mais natural.
Exemplo: shortstop. Nenhum canhoto jogou sequer uma entrada nos últimos 100 anos na posição. Não é recomendável que um canhoto atue como SS pois, em comparação com um destro, sempre terá um atraso na hora de arremessar para qualquer base, exatamente porque ele estará “de costas” e terá que girar todo o corpo para executar a jogada.
Se o garoto, canhoto, quiser jogar no infield, ele vai ser “convidado” a ir para a primeira base, se não irá para o outfield. O senso comum dos treinadores é utilizar destros, e somente destros, na 2B, SS e 3B; é o sentido natural do esporte (na foto acima, Ryan Howard - 1B Phillies).
Por existir no mundo mais destros do que canhotos, é claro que mais destros jogarão beisebol. Desta forma, o jogo é desenhado para favorecer a maioria e o percurso das bases é feito no sentido anti-horário; se existissem mais canhotos, provavelmente o ciclo começaria para a esquerda e toda esta história seria diferente.
E a posição de catcher, é afetada também por estes paradigmas?
Sim.
O último jogador a atuar na posição foi Benny Distefano pelo Pittsburgh Pirates há 20 anos. Quem viu não verá mais; a tendência é que não haja mais catchers canhotos na MLB. Joe Mauer, catcher do Minnesota Twins (leia “Zé Alguém") é naturalmente destro, contudo ele rebate com a esquerda. Dificilmente veremos alguém fazendo o inverso ou mesmo um canhoto natural jogando na posição já que os treinadores têm as suas razões para não utilizá-los.
Situações peculiares, diga-se.
O catcher canhoto teria bastante dificuldade em arremessar para uma queimada nas bases; caso enfrente um rebatedor destro (a maioria) que ficaria na sua frente dificultando a jogada. O catcher canhoto não arremessaria a bola com tanta precisão para o 2B; existe uma história que a bola não sai com tanta precisão da mão esquerda. O catcher canhoto teria dificuldades para defender o home plate, para colocar a mão direita (a da Luva) no jogador que vem para marcar um ponto.
Neste mundo (e esporte) de destros, o canhoto acha seu espaço. Quem sabe para confirmar o que muitos dizem sobre o “arremesso não sair com precisão da mão esquerda”, a população de arremessadores titulares – e do bullpen também – é alta e bastante considerável (na foto ao lado Jon Lester - Red Sox). Pode-se dizer que eles estão numa ilha no meio de um mar de destros.
Comprovando a tese da pesquisadora Suzana Herculano-Houzel , professora de Anatomia da UFRJ, que em seu livro “O Cérebro Nosso de Cada Dia” mostra que 12,6% dos homens são canhotos, ou seja, um para cada oito.
(GL)
© 1 John Gress / Reuters
© 2 J. Meric / Getty Images
© 3 AP
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