Matt Forté, RB do Chicago Bears em Tulane
Há alguma relação entre uma graduação universitária e eficiência no esporte?
É comum ver jovens largarem os estudos da faculdade, deixando a NCAA para trás e irem participar de ligas profissionais: NBA, NFL, MLB... Outros, porém ficam na sua alma mater* até o final do curso. Esses que saíram cedo voltam para terminar? Se conseguir o diploma, ele interfere na atuação em campo? Veremos...
Vamos abordar aqui a NFL e a MLB porque criam um antagonismo intrigante. Um esporte é considerado complexo (futebol americano), outro é considerado simples (beisebol). Esta afirmação “não-oficial” e muito comentada entre os praticantes e admiradores das modalidades é verdadeira? Os números mostram que sim.
Um estudo feito pelo Wall Street Journal envolvendo mais de 800 atletas e treinadores de todos os times da MLB encontrou apenas 26 pessoas graduadas. O jornal fez um rankeamento para saber qual time tem mais jogadores “crânios” e qual tem os “burros” e se isso influi nos resultados em campo.
Oakland Athletics e Arizona Diamondbacks (foto abaixo) são os clubes com mais “crânios” na equipe – ambos estão atualmente em último lugar nas suas respectivas divisões. Já entre os times com mais “burros” estão Los Angeles Dodgers, Los Angeles Angels, Detroit Tigers – todos estes com grandes chances de irem aos playoffs.
O draft da MLB, por onde entram os jogadores americanos, pode ser uma das razões por não ter tantos graduados jogando, pois muitos são escolhidos de ligas amadoras ou das High Schools (escolas de ensino médio) e os que vêm da universidade dificilmente voltam para terminar. Os times da MLB têm muitos asiáticos e latinos nos clubes e estes jogadores vêm como agente livres e, em grande maioria, não possuem diploma.
Através da imprensa, os jogadores da MLB criticam comentaristas e especialistas que tentam complicar o jogo, criando terminologias e teses complexas para mostrar que entendem do “riscado” e que é preciso muito estudo para ser eficiente em campo. Os jogadores argumentam que não é bem assim. Em entrevista para a ESPN, um atleta bastante conhecido e vitorioso falou anonimamente sobre a questão dizendo: “Quando estamos com o bastão para rebater, nosso pensamento é jogar a bola o mais longe possível e o mais forte que puder. Nada mais além que isto.”
Apelidado de o “homem mais inteligente do beisebol”, o arremessador Craig Breslow do Oakland Athletics, formado em Bioquímica e Biofísica Molecular (!) na Universidade de Yale (uma das mais conceituadas do EUA) confessa que quando pensa de mais, seus arremessos saem um pouco de direção. Por isso ele tenta manter a mecânica do braço na mais possível simplicidade. Lance Berkman (Economia – Rice), Mark DeRosa (Economia – Universidade da Pensilvânia) e Brad Asmus (Artes – Dartmouth) são alguns dos diplomados da MLB que completaram seus cursos universitários.
A posição do beisebol mais importante para usar o “crânio” é a de diretor (GM); são os casos de maior destaque, mas poderia ter um contingente maior. Jon Daniels, foto acima, o mais jovem GM da liga (Texas Rangers – Cornell), Mark Shapiro (Cleveland Indians – Princeton) Ken Williams (Chicago White Sox – Stanford) e Theo Epstein (Boston Red Sox – Yale) são os expoentes entre os dirigentes graduados.
Ao fazer uma comparação com a NFL, a diferença é exorbitante e estrondosa. Mais de 98% dos treinadores tem curso universitário e mais 95% dos coordenadores tem um diploma. Muitos jogadores saem da NCAA já veteranos e dos que vão antes, no mínimo tem três anos de curso. Estes são encorajados a terminar a faculdade através do programa “Continuing Education” promovido pelo sindicato dos atletas, que facilita tudo para o jogador terminar o curso e receber o diploma aonde quer que ele esteja jogando – por volta de 15 ganham a graduação anualmente. Conheça alguns dos que participaram deste programa nos últimos dois anos: Dallas Clark (Indianapolis Colts – Pedagogia, Iowa); Chase Blackburn (New York Giants – Matemática Integrada, Akron); Jason Witten (foto ao lado, Dallas Cowboys – Administração Esportiva, Tennessee); Kevin Payne (Chicago Bears – Estudos Gerais, Louisana Moore); Kassim Osgood (San Diego Charges – Sociologia, Universidade Estadual de San Diego).
Na semana de jogo, todos os jogadores com a comissão técnica estudam exaustivamente a partida anterior e o adversário do confronto seguinte. Todos os mínimos detalhes são observados, sempre pensando no erro zero na próxima atuação. As jogadas só serão executadas com eficiência se todos estiverem cientes da sua função e treinado o movimento específico.
Não é por acaso que os dois times da NFL com mais jogadores diplomados são os bem sucedidos New England Patriots e o Indianapolis Colts.
Muito estudo precisa ser feito para derrotar o oponente na NFL, sabendo que ele também estar se dedicando ao máximo nos vídeos e scouts. Já na MLB o negócio é arremessar com mais “veneno” a bola e rebater mais forte que o outro. No football o diploma pode ser considerado igual a vitórias em campo, o mesmo não se pode afirmar do beisebol.
É comum ver jovens largarem os estudos da faculdade, deixando a NCAA para trás e irem participar de ligas profissionais: NBA, NFL, MLB... Outros, porém ficam na sua alma mater* até o final do curso. Esses que saíram cedo voltam para terminar? Se conseguir o diploma, ele interfere na atuação em campo? Veremos...
Vamos abordar aqui a NFL e a MLB porque criam um antagonismo intrigante. Um esporte é considerado complexo (futebol americano), outro é considerado simples (beisebol). Esta afirmação “não-oficial” e muito comentada entre os praticantes e admiradores das modalidades é verdadeira? Os números mostram que sim.
Um estudo feito pelo Wall Street Journal envolvendo mais de 800 atletas e treinadores de todos os times da MLB encontrou apenas 26 pessoas graduadas. O jornal fez um rankeamento para saber qual time tem mais jogadores “crânios” e qual tem os “burros” e se isso influi nos resultados em campo.
Oakland Athletics e Arizona Diamondbacks (foto abaixo) são os clubes com mais “crânios” na equipe – ambos estão atualmente em último lugar nas suas respectivas divisões. Já entre os times com mais “burros” estão Los Angeles Dodgers, Los Angeles Angels, Detroit Tigers – todos estes com grandes chances de irem aos playoffs.
O draft da MLB, por onde entram os jogadores americanos, pode ser uma das razões por não ter tantos graduados jogando, pois muitos são escolhidos de ligas amadoras ou das High Schools (escolas de ensino médio) e os que vêm da universidade dificilmente voltam para terminar. Os times da MLB têm muitos asiáticos e latinos nos clubes e estes jogadores vêm como agente livres e, em grande maioria, não possuem diploma.
Através da imprensa, os jogadores da MLB criticam comentaristas e especialistas que tentam complicar o jogo, criando terminologias e teses complexas para mostrar que entendem do “riscado” e que é preciso muito estudo para ser eficiente em campo. Os jogadores argumentam que não é bem assim. Em entrevista para a ESPN, um atleta bastante conhecido e vitorioso falou anonimamente sobre a questão dizendo: “Quando estamos com o bastão para rebater, nosso pensamento é jogar a bola o mais longe possível e o mais forte que puder. Nada mais além que isto.”
Apelidado de o “homem mais inteligente do beisebol”, o arremessador Craig Breslow do Oakland Athletics, formado em Bioquímica e Biofísica Molecular (!) na Universidade de Yale (uma das mais conceituadas do EUA) confessa que quando pensa de mais, seus arremessos saem um pouco de direção. Por isso ele tenta manter a mecânica do braço na mais possível simplicidade. Lance Berkman (Economia – Rice), Mark DeRosa (Economia – Universidade da Pensilvânia) e Brad Asmus (Artes – Dartmouth) são alguns dos diplomados da MLB que completaram seus cursos universitários.
A posição do beisebol mais importante para usar o “crânio” é a de diretor (GM); são os casos de maior destaque, mas poderia ter um contingente maior. Jon Daniels, foto acima, o mais jovem GM da liga (Texas Rangers – Cornell), Mark Shapiro (Cleveland Indians – Princeton) Ken Williams (Chicago White Sox – Stanford) e Theo Epstein (Boston Red Sox – Yale) são os expoentes entre os dirigentes graduados.
Ao fazer uma comparação com a NFL, a diferença é exorbitante e estrondosa. Mais de 98% dos treinadores tem curso universitário e mais 95% dos coordenadores tem um diploma. Muitos jogadores saem da NCAA já veteranos e dos que vão antes, no mínimo tem três anos de curso. Estes são encorajados a terminar a faculdade através do programa “Continuing Education” promovido pelo sindicato dos atletas, que facilita tudo para o jogador terminar o curso e receber o diploma aonde quer que ele esteja jogando – por volta de 15 ganham a graduação anualmente. Conheça alguns dos que participaram deste programa nos últimos dois anos: Dallas Clark (Indianapolis Colts – Pedagogia, Iowa); Chase Blackburn (New York Giants – Matemática Integrada, Akron); Jason Witten (foto ao lado, Dallas Cowboys – Administração Esportiva, Tennessee); Kevin Payne (Chicago Bears – Estudos Gerais, Louisana Moore); Kassim Osgood (San Diego Charges – Sociologia, Universidade Estadual de San Diego).
Na semana de jogo, todos os jogadores com a comissão técnica estudam exaustivamente a partida anterior e o adversário do confronto seguinte. Todos os mínimos detalhes são observados, sempre pensando no erro zero na próxima atuação. As jogadas só serão executadas com eficiência se todos estiverem cientes da sua função e treinado o movimento específico.
Não é por acaso que os dois times da NFL com mais jogadores diplomados são os bem sucedidos New England Patriots e o Indianapolis Colts.
Muito estudo precisa ser feito para derrotar o oponente na NFL, sabendo que ele também estar se dedicando ao máximo nos vídeos e scouts. Já na MLB o negócio é arremessar com mais “veneno” a bola e rebater mais forte que o outro. No football o diploma pode ser considerado igual a vitórias em campo, o mesmo não se pode afirmar do beisebol.
*expressão usada para referir-se a universidade
(GL)
(GL)
© 1 Tulane Media
© 2 Ben Margot / AP
© 3 AP Photo
2 comentários:
Discordo em relação ao baseball.
Quem é fã e entende do esporte sabe bem da estratégia envolvida ao se utilizar, por exemplo, diferentes pitchers contra diferentes rebatedores; também sobre que tipo de arremesso usar em certo momento do inning (0, 1 ou 2 eliminados, ou dependendo de quem está nas bases, etc) e o mais legal: o trabalho com a probabilidade. Sendo um esporte onde os resultados dos arremessos não variam muito, os técnicos contam com a probabilidade para poder planejar o tipo de pitching a longo prazo ou até mesmo quantos arremessos cada um vai fazer. No caso dos rebatedores, a coisa é mais desafiadora: conhecendo o arremessador e sua probabilidade de acerto em cada uma das 9 zonas, você decide sobre o timing e se rebate ou não a bola. Tudo é estratégia. Claro que um diploma em artes nao vai mudar muita coisa (nem em football nem em baseball), mas o jogador que estudou mais CERTAMENTE vai fazer da melhor estratégia para seu time.
Acho que somente o catcher precisa ser um cara "esperto", tirando ele são poucas as jogadas das quais você precise improvisar, geralmente são todas ensaiadas. Ex: double-play, mesmo nos jogos de all-star, as double-plays saem facilmente, tudo ensaiado, algo básico.
Postar um comentário