Metalúrgicos S/A

Os operários (jogadores) estão de branco e essas outras três pessoas de terno se diferenciam porque verdadeiramente são diferenciadas: de terno preto está Barack Obama, presidente dos EUA; de terno azul está Mike Tomlin, treinador do Pittsburgh Steelers; e no centro, atrás do troféu Vince Lombardi, está Dan Rooney, dono dos Steelers e o mais importante homem dentre todos que estão nesta histórica foto, responsável principal por este retrato existir.

Todo time campeão da NFL vai visitar o presidente dos EUA e Pittsburgh fez isto no começo deste ano por ser o atual vencedor do Super Bowl. O objetivo de Dan é fazer com que este encontro se repita nesta temporada 2009-10 para elevar o status da marca “Steelers” (metalúrgicos em português) e ver pessoalmente seu amigo Obama mais uma vez.

Dan, 77, é um homem cheio de autoconfiança, discreto, humilde e trabalhador. Ah! Comanda a principal franquia dentre todos os esportes americanos, buscando o sétimo título em 35 anos. Porém, mais do que conquistas fora de campo, os Steelers têm uma representatividade muito além.

Começou com seu pai, Art Rooney desde a fundação do clube em 1933 (á dir, foto abaixo com Dan á esq. - 1986). Com a morte dele em 1988, Dan assumiu o controle da franquia. O legado que Art deixou é visto nas ações de Dan que se espelha no seu pai para fazer o que ele sempre ensinou: antes de administrar os negócios, é preciso administrar gente.


Isto Dan faz com a maior alegria. Nas viagens para jogos fora de Pittsburgh, Dan vai junto com os jogadores; na hora da refeição, Dan está junto com os jogadores; antes de cada partida ele está presente no vestiário, não para fazer um discurso motivacional e sim para apenas conversar com os atletas, perguntando se está tudo bem, como está a família... É o dono servindo de exemplo para seus funcionários.

O termo empresa se encaixa bem quando o assunto é Steelers. A franquia é gerenciada pela família Rooney como uma corporação e os resultados positivos vêm desta visão de como administrar um clube esportivo. Em todas as decisões, seja em qual patamar for o “custo/benefício” é sempre colocado em primeiro lugar para se chegar à conclusão do que fazer com determinada resolução. Baseado nesta perspectiva, uma obra acaba de ser lançada por um autor especializado em livros sobre economia.

O “Blocking and Tackling Your Way to Management Success: 40 Essential Lessons from 40 Years of the Pittsburgh Steelers”, escrito pelo renomado Alan R. Simon, discursa sobre quarenta atitudes que foram tomadas pela franquia nos últimos quarenta anos (1969-2008) que empresários e diretores podem usar como exemplo em suas firmas.

Como nem tudo são flores, um mau exemplo aconteceu ao longo desta história, mas que mais tarde foi corrigido.

Na lição número 17 do livro, Simon destaca a decisão da diretoria do clube em não escolher o atleta local Dan Marino, então quarterback (QB) da universidade de Pittsburgh, no Draft de 1983 com a 21ª escolha – os Steelers ficaram com Gabriel Rivera, defensive tackle e Marino ficou com o Miami Dolphins na 27ª escolha. A lição que o livro ensina é “Tome cuidado com o fantasma da oportunidade perdida”: Rivera, cotado como um dos melhores defensores daquele ano da NCAA sofreu um acidente de carro em 83 e ficou paraplégico; em 1985 Marino venceu os Steelers na final da Conferência Americana – Marino está no Hall da Fama da NFL e da NCAA.

Anos depois o erro não se repetiu. No draft de 2004, Dan lembrou do ocorrido com Marino e foi arbitrário: a escolha, 11ª, seria gasta com Ben Roethlisberger, então QB da universidade Miami (Ohio). Dan teve que posicionar-se com firmeza porque membros da diretoria e comissão técnica queriam outro atleta. Depois de chegar a um consenso no dia do draft, o clube selecionou Ben, que liderou os Steelers a duas conquistas de Super Bowl em três anos (2005 e 2008).

Outra lição aprendida: “Transformar erros em acertos”.

O modelo de administração é único, e por isso que é especial. Apesar de não ser uma das franquias mais ricas da NFL (a 16ª – de 32 - segundo recente levantamento da revista Forbes), o clube tem um valor enorme para os torcedores. A identificação do “Steelers Fan” com a equipe é algo notável, percebida pela quantidade de seguidores do time que acompanham os jogos fora de casa.

Como nem tudo são flores...

Os fãs ficaram indignados e enfurecidos com o apoio que Dan Rooney concedeu a campanha de Barack Obama no ano passado, não querendo que a marca “Steelers” fosse envolvida com a política. Dan, contudo, soube separar as coisas e compareceu a vários comícios de Obama na Pensilvânia, estado chave para vencer a eleição presidencial americana; também foi um mediador importante para conseguir votos dos trabalhadores das industrias siderúrgicas do estado. Considerado zebra na Pensilvânia - perdeu a primária estadual do Partido Democrata para Hillary Clinton – Obama venceu John McCain, candidato republicano à presidência, com 54,7% dos votos, creditados às massivas campanhas e graças ao suporte de gente importante e com influência no estado: leia-se Dan Rooney.

Homem que administra um clube com excelência. Homem que lutou para que a franquia permanecesse com os “Rooney” em 2008 – comprou junto com seu filho, Art Rooney II, ações pertencentes a outros membros da família que queriam desfazer-se das suas respectivas partes. Homem que ama seu trabalho e o faz por prazer. Homem que é extremamente eficiente nas decisões que toma. Homem que é vencedor.

Por essas e outras é que a tal histórica foto foi tirada.

(GL)



© 1 Charles Dharapak / AP
© 2 Pittsburgh Post-Gazzete

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