Perpetuando o Repentino


Puro marasmo.

Assim era a previsão de como seria o campeonato 2009-10 do Milwaukee Bucks. Com a perda de jogadores importantes como Richard Jefferson, Charlie Villanueva e Ramon Sessions na pré-temporada, o diretor de basquete (GM) da franquia, John Hammond, montou um time para sobreviver e esporadicamente ser destaque com as atuações do novato Brandon Jennings – na foto acima com o treinador Scott Skiles.

São poucos os que dispensam alguma atenção para acompanhar o time e este contingente diminui com a contusão do Michael Redd em Janeiro deste ano. Sem o principal jogador, uma das estrelas da NBA, os Bucks estavam fadados ao ostracismo.

Entretanto, situações improváveis aconteceram desde então e o Milwaukee sofreu uma drástica transformação a partir da contratação do veterano armador Jerry Stackhouse. Com o experiente jogador de 14 temporadas (e formado na universidade North Carolina) a equipe perdeu só sete jogos em 29 partidas. Evidente que não são os seus míseros 7.9 PPJ que colocaram o time nesta posição, mas sim seu comando e liderança que criou uma atitude de vencedor em cada um dos membros do elenco.

O súbito sucesso fez com que os Bucks figurassem entre os melhores times da Conferência Leste (atualmente é o 5º colocado). Fez também com que o talento dos jogadores que lá estavam aparecessem, mostrando para os diretores que o time tinha totais condições de brigar por uma vaga nos playoffs e competir em igualdade com os adversários. Só faltava uma peça finalizadora que fecharia o ciclo.

Na surdina, Hammond fez uma troca com o Chicago Bulls na data limite para transações, mandando para a Cidade do Vento os alas Joe Alexander e Hakim Warrick por John Salmons (foto abaixo, camisa 15). O resultado foi acima do esperado e Salmons prontamente assumiu o papel de cestinha da equipe, sendo o complemento ideal para Jennings e para o pivô australiano Andrew Bogut.


Enquanto Jennings arma as jogadas e se posiciona para fazer seus letais arremessos e infiltrações, Bogut se movimenta no garrafão para abrir espaços e/ou pegar rebotes, enquanto Salmons se coloca no lado oposto pronto para definir e marcar pontos para sua equipe. É com base neste trio que os Bucks se sustentam e acreditam ser o suficiente para darem trabalho nos playoffs.

Tradicionalmente, vitórias na pós-temporada surgem após o cumprimento de algumas etapas. É preciso ser um bom time na defesa, ter resultados positivos contra equipes que potencialmente estarão por lá, ter um bom conjunto e não apenas depender de alguns jogadores, ter alguém capaz de assumir a responsabilidade quando a situação assim se desenhar...

Contando os jogos só deste mês de Março (no qual os Bucks têm 9v e1d), cinco vitórias foram contra times que farão parte dos playoffs: Cleveland, Boston, Utah, Denver e Atlanta. As duas mais recentes vitórias mostrou algumas características fundamentais citadas anteriormente.

Contra os Nuggets em Denver, a vitória veio mesmo com péssimas atuações de Jennings e Bogut – combinados eles tiveram irrisórios 11 pontos. Porém o elenco jogou pela dupla e por eles, derrotando fora de casa um dos melhores times da Conferência Oeste.

Contra o Atlanta Hawks, jogo da última segunda (22), os Bucks passaram por um teste formidável, pois estavam enfrentando em casa o provável adversário na primeira rodada dos playoffs. A partida estava sendo dominada pelo Atlanta quando começou o quarto período e brilhou a estrela de Salmons. Ele marcou 32 pontos no total, mas 16 deles vieram no período decisivo e os Bucks se recuperaram num jogo que estava perdido.

Ao mencionar Skiles, o rótulo defensivo logo surge e o Milwaukee não é diferente dos outros times que ele comandou na associação. Quem contribui bastante para o sucesso defensivo do time é Bogut, ocupando bem sue espaço no garrafão, intimidando qualquer ataque a cesta (tem em média 2.5 tocos por jogo, o segundo em toda a liga) e forçando os adversários arremessarem de média e longa distância – os Bucks é o 10º na NBA em porcentagem de arremessos dos adversários: 45%. Demorou 5 anos, mas só agora Bogut (foto abaixo, de camisa branca) faz por onde ter sido a escolha número 1 no draft de 2005.


O time de Skiles melhorou quando o treinador fez uma mudança nas posições em quadra, que foram sutis, mas lhe rendeu bons resultados. Ele colocou Luc Mbah a Moute como ala-pivô, Carlos Delfino como ala de ligação e Ersan Ilyasova na reserva (sexto homem). O time foi mais produtivo em quadra depois destes ajustes.

Nota-se que o improviso se tornou necessário nesta temporada dos Bucks. Sem querer querendo, a equipe joga tão bem que se torna intimidadora. Chauncey Billups, armador dos Nuggets, disse após a mais recente derrota, que Milwaukee é um dos clubes mais difíceis de se jogar contra em toda a NBA. Mike Brown, treinador do Cleveland Cavaliers, é mais detalhista sobre esta questão:

Quando eu vejo os Bucks, percebo força, garra e determinação. Afinal, assim são os times do Scott Skiles: vão para cima de você durante os 48 minutos de jogo com muita agressividade. Não se pode abaixar a guarda para eles”.

Se o sistema de trabalho da franquia Bucks for o de cumprir metas, Hammond já bateu a sua faz tempo. Além da boa produtividade do time em quadra, a marca do clube está em toda a mídia, que relata e redesenha os traços da construção imprevista deste elenco. O êxito dos Bucks trouxe uma renovação para Milwaukee, que tinha tudo para passar despercebido nesta temporada.

Hoje eles são o time da moda, aqueles que são destaques e chamam a atenção de todos que acompanham a NBA. Entre os que mais podem surpreender nos playoffs, Milwaukee é um dos favoritos, uma mudança drástica no mau humor que marcava o clube no início do campeonato. A previsão para hoje e para os dias futuros é esta:

Puro agito.



(GL)


© 1 Gary Dineem / Getty Images
© NBAE Media

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