Guia do Torneio da NCAA - 2010

Está se aproximando um dos eventos esportivos de maior audiência entre as ligas americanas. Trata-se do Torneio da NCAA de basquete masculino que atrai torcedores (fãs de basquete ou não) para acompanhar o mata-mata cheio de zebras e dramaticidade. É uma competição imperdível.

Se a pós-temporada é vibrante, o contrário pode se dizer da temporada regular. São poucos os fãs que acompanham os jogos entre Novembro e Fevereiro, preferindo esperar o Torneio para assistir os futuros astros da NBA.

Para ajudar aqueles que vão conferir os jogos a partir da próxima terça (16/03), dia que se inicia os playoffs, o Grandes Ligas traz mais uma vez um guia que irá ajudar o leitor a conhecer melhor os principais times, suas principais características e seus mais importantes jogadores. Apesar de equipes sem grande campanha neste campeonato terem o potencial de surpreender (New Mexico, Wisconsin, Purdue) a tendência é que, assim como aconteceu nas últimas decisões, os favoritos cheguem ao Final Four em Indianapolis.

Eis abaixo um pouco sobre as seis universidades mais cotadas ao título

Aproveitem e tenham uma boa leitura.

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Campanha*: 24 vitórias e 6 derrotas
Melhores Vitórias: contra Ohio State (c) e contra Texas A&M (f)
Piores Derrotas: contra Connecticut (f) e contra Notre Dame (c)
Time Titular: Darryl Bryant (ar), Kevin Jones (ar), Da´Sean Butler (al), Devin Ebanks (al), Wellington Smith (C) – Técnico: Bob Huggins

A filosofia do time é baseada na defesa, fator determinante para ir longe no Torneio. Bob Huggins argumenta constantemente que se sua equipe jogar bem na defesa, ela será competitiva em qualquer partida “Pode não ganhar, mas nós temos chance” diz ele. Sua principal arma neste setor é Devin Ebanks, responsável por marcar o melhor jogador do time adversário. Na mais recente partida contra Villanova (06/03), Ebanks anulou completamente Scottie Reynolds, um dos melhores jogadores deste ano na NCAA.

A aposta no ataque é em Da´Sean Butler, ala com um estilo agressivo de jogar e muito habilidoso. Ele já tem uma marca histórica em seus quatro anos na universidade, conseguindo anotar em sua carreira mais de 100 double-double. Butler está prestes a marcar mais de 2.000 pontos por West Virginia, chegando num patamar só atingido por outros dois atletas que defenderam os Mountaineers: Jerry West e Rod Hundley.

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Campanha*: 26 Vitórias e 5 Derrotas
Melhor Vitória: contra Gonzaga (n)
Piores Derrotas: contra North Carolina State (f), contra Wisconsin (f)
Time Titular: Nolan Smith (ar), Jon Scheyer (ar), Kyle Singler (al), Lance Thomas (al), Brian Zoubek (C) – Técnico: Mike Krzyzewski

O treinador da seleção norte-americana (Krzyzewski) conseguiu mais uma vez formar uma equipe competitiva. Tem como base o trio Smith-Scheyer-Singler, mas a aposta mesmo é na dupla de armadores, uma das melhores da NCAA: tem como médias combinadas de 36.5 pontos e 8.5 assistências por jogo.

Com o ostracismo dos atuais campeões (North Carolina), o caminho ficou aberto para Duke vencer a temporada regular da Conferência ACC; título dividido com Maryland. Desde a temporada 2005-06 que os Blue Devils não venciam a ACC e esta tão longa seca só se compara ao que aconteceu no final da década de 80, quando eles passaram quatro anos sem ganhar um título de Conferência.

Este período “extenso de três” anos é bastante considerável para Duke, uma das principais forças históricas do basquete universitário. A última conquista da NCAA foi em 2001 e a mais recente aparição no Final Four aconteceu em 2004. Para Duke quebrar mais este tabu, dependerá de como a chave do torneio será sorteada, se terá confrontos que lhe favorecem. A universidade disputa junto com West Virginia a chance de ser uma das cabeças-de-chave número 1 do Torneio, o que dá uma boa vantagem nos confrontos ao longo dos playoffs.

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Campanha*: 29 vitórias e 2 derrotas
Melhor Vitória: contra Kansas State (f)
Pior Derrota: contra Tennessee (f)
Time Titular: Sherron Collins (ar), Tyshawn Taylor (ar), Xavier Henry (al), Marcus Morris (al) e Cole Aldrich (C) – Técnico: Bill Self

Os Jayhawks têm o elenco mais equilibrado entre os favoritos. Apesar de só ter um veterano (Collins) e um novato (Henry) no quinteto inicial, os outros jogadores tem uma certa experiência e Self ainda conta com ajudas substanciais de Brady Morningstar e Tyrell Reed, reservas que entram constantemente em quadra.

Por muito tempo neste campeonato Kansas figurou entre os primeiros no ranking da Associated Press. O que o comitê de avaliação leva em consideração a favor da universidade em relação aos adversários que brigam para ser cabeça-de-chave número 1 em todo o Torneio é a dificuldade da tabela de Kansas na temporada regular, a oitava tabela mais competitiva entre todas as universidade da divisão principal. Mesmo assim eles foram campeões, pela sexta vez seguida, da Conferência Big XII.

O rebote é o grande diferencial do time. Nos últimos três jogos da temporada regular (contra Oklahoma State, Kansas State e Missouri) eles conseguiram 34 rebotes a mais que os adversários – somando as partidas. Pelo lado individual, Self espera melhores atuações de Henry, que dividiu as atenções com John Wall (Kentucky) no começo do campeonato sobre quem seria o melhor novato da temporada, mas o armador de Kansas ainda não correspondeu as altas expectativas. Henry tem sido um ótimo jogador no conjunto da equipe, porém não tem sido decisivo nos momentos finais das partidas; missão esta que Collins tem feito com precisão.

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Campanha*: 28 Vitórias e 3 Derrotas
Melhores Vitórias: contra West Virginia (f), contra Villanova (c)
Piores Derrotas: contra Pittsburgh (c), contra Louisville (c)
Time Titular: Andy Rautins (ar), Brandon Triche (ar), Wesley Johnson (al), Rick Jackson (al), Arinze Onuaku (C) – Técnico: Jim Boeheim

O time entra no Torneio com duas derrotas seguidas (para Louisville, temporada normal e Georgetown, torneio da Big East) e estas duas universidades descobriram como derrotar o time de Boeheim, principalmente como furar a chata e eficiente defesa por zona que é uma marca tradicional de Syracuse.

No caso de Louisville, a equipe do treinador Rick Pitino conseguiu encaixar bons arremessos de três, misturados com boas infiltrações no garrafão. Já Georgetown aproveitou a lesão do pivô Onuaku e fez seu jogo em cima de Greg Monroe, pivô dos Hoyas que por ser um bom passador e reboteiro, dominou a área debaixo da cesta. Outro problema de Syracuse é a baixa produtividade dos reservas, o que faz Boeheim utilizar o quinteto titular por muito tempo em quadra.

Ninguém esperava que Syracuse estivesse cotada entre as favoritas. A derrota em casa para uma escola de segunda divisão da NCAA (LeMoyne) no amistoso de preparação para esta temporada, acendeu o sinal de alerta e fez lembrar que o time não tinha nenhum jogador de grande nome e que a melhor arma ofensiva viria de um atleta transferido: Johnson, vindo da Iowa State. Entretanto, Johnson foi além e fez um ótimo campeonato, sendo eleito o melhor jogador do ano na Conferência Big East.

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Campanha*: 24 Vitórias e 7 Derrotas
Melhor Vitória: contra Purdue (f)
Piores Derrotas: contra Buler (f), contra Minnesota (f)
Time Titular: Evan Turner (ar), Jon Diebler (ar), David Lighty (al), William Buford (al), Dallas Lauderdale (C) – Técnico: Thad Matta

É preciso dar crédito ao treinador Thad Matta, que chegou na universidade quando ela estava debaixo de sanções impostas pela NCAA e transformou todo o programa de basquete dos Buckeyes, apostando alto no recrutamento de jovens talentos, resultando em excelentes times. Em 2007, por exemplo, ano que Ohio State chegou na final do Tornieo da NCAA e perdeu para Florida: Greg Oden, Mike Conley e Daequan Cook, faziam parte do elenco. Nos anos seguintes surgiu Kosta Koufos (astro do basquete grego, atua no Utah Jazz) e BJ Mullens. Nesta temporada só se fala em Evan Turner, mais uma estrela que surgiu sob o comando de Matta.

Muitos colocam Turner na frente de Wall na disputa pelo prêmio de MVP da NCAA desta temporada. Ele tem sido fundamental para a universidade já que em sua ausência (seis jogos), devido a uma lesão na coluna, o time venceu 3 e perdeu 3 partidas; ou seja, 21 vitórias e 4 derrotas com ele jogando. Matta depende muito de uma boa condição física de seus atletas porque ele é adepto ao esquema de manter o time titular em quadra o quanto for possível; o quinteto inicial é o mesmo desde o começo do campeonato 2009-10.

Uma curiosidade sobre Matta e Ohio State: eles já acertaram com dois fantásticos recrutas para a próxima temporada (Jared Sullinger e DeShaun Thomas)

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Campanha*: 29 vitórias e 2 derrotas
Melhor Vitória: contra Tennessee (C)
Pior Derrota: contra South Carolina (f)
Time Titular: Eric Bledsoe (ar), Darnell Dodson (ar), John Wall (ar), Patrick Patterson (al), DeMarcus Cousins (C) – Técnico: John Calipari

Este time é eletrizante. São altos e baixos de graus elevadíssimos, mas eles conseguem manter-se de pé e sair com a vitória mesmo em jogos em que não atuam bem. Isto se deve a extrema juventude do elenco, que conta com 5 novatos; três deles são titulares e principais jogadores no ataque: Wall, Cousins e Bledsoe têm, em médias combinadas, 43.2 PPJ.

O time joga solto em quadra e as transições defesa-ataque são de nível profissional (NBA). Wall vem demonstrando ser um fantástico atleta, comandando o ataque e tomando conta dos lances decisivos. Ele já confessou que não é o melhor dos arremessadores, mas disse também que se sente mais confortável quando as jogadas são decisivas.

Calipari, recentemente em Memphis, entregou para a NBA Derrick Rose e Tyreke Evans. Desta vez ele fez melhor, com Wall, Cousins, Bledsoe e Patterson sendo apontados pelos olheiros da associação como futuras estrelas no profissional. Juntos eles fazem um time extrovertido e “irresponsável” ao mesmo tempo, cometendo erros infantis com frequência. O fato de ter apenas duas derrotas mesmo não jogando bem, atesta a favor deles, pois no Torneio da NCAA não ganha quem faz belas partidas em toda fase, mas quem é eficiente nelas. Embora os meninos sempre conseguiam achar um espaço para a ousadia e jogadas plásticas...



(GL)


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* Temporada Regular

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