O estádio da foto não tem nome. Quer dizer, nome tem – Cowboys Stadium –, mas não por muito tempo. Há anos que os estádios e ginásios norte-americanos são patrocinados por empresas e esta forma de negócio se fará presente também na mais fantástica arena esportiva dos EUA. Não se sabe quando isto vai acontecer, mas em breve alguma marca estará na frente do nome Stadium e assim será chamado o local onde o Dallas Cowboys mandará seus jogos na NFL.
É intrigante ver um dos clubes mais ricos e populares do mundo tendo dificuldade em conseguir um patrocínio para seu magnífico novo estádio. A crise econômica, a inflação do mercado (mais sobre isto adiante) e o ego do Jerry Jones, dono da franquia, são fatores que atrapalham o fechamento do acordo. Afinal, não será qualquer empresa que ficará com os direitos de nomear o estádio por uns 20 anos.
Os Cowboys estão acostumados a jogarem num estádio “sem nome”. O Texas Stadium foi a sede por longas quatro décadas, mas a chance de ter o próprio estádio e ganhar um “dinheirinho” com isto não será desperdiçada. Junior, filho de Jerry e chefe de vendas & marketing da franquia, deu a seguinte declaração ao jornal Sports Business quando perguntado sobre se o Super Bowl XLV (dia 6 de Fevereiro de 2011) será realizado em Dallas sem um logo empresarial no estádio:
“Vamos realizar as ações no tempo ideal para todos, aí teremos um nome no nosso estádio. Quando isto irá acontecer? Não sei exatamente. Esta é uma negociação que estamos levando a sério, pois a empresa que nos patrocinará será de ponta. O nome do nosso estádio é parte da nossa marca tanto como a estrela e as cores prata e azul. Queremos corresponder às expectativas dos torcedores.”
Nos bastidores existe o boato de três empresas interessadas: AT&T (telecomunicações), Verizon (telecomunicações) e Exxon (petrolífera); espera-se um valor por volta de US$20 milhões anuais.
Problema similar passa os times de New York da NFL: Jets e Giants. O novo estádio, dividido entre eles, será inaugurado nesta temporada, entretanto não há uma firma atrelada. New Meadowlands Stadium é o nome provisório por estar no complexo esportivo Meadowlands (que é composto por outras duas arenas) e por ser o nome de pântanos que circulam a região situada na cidade de New Jersey, mas muito próximo de NY.
Neste caso também se esperava um acordo rápido, porque a empresa que fechar contrato estará patrocinando uma arena de dois grandes times de NY, ganhando uma visibilidade respeitável. A alemã Allianz (seguradora e financeira) se interessou e a proposta seria mais de US$20 milhões por 30 anos. Protestos dos moradores judeus de NY/NJ acabaram com a negociação, alegando que a empresa era aliada do governo nazista na segunda Guerra Mundial, não querendo, assim, relação com os europeus.
A quantia de US$20 milhões apareceu mais uma vez... Ela é responsável pela super valorização deste mercado, pois foi neste valor que os mais recentes contratos foram fechados: Citigroup (financeira) com o New York Mets – Citi Field, foto acima; e Barclays (banco/holding) com o New Jersey Nets – Barclays Center. Ambos acordos são de 20 anos cada, com as empresas pagando US$20 milhões de dólares/ano.
Franquias como Cowboys, Jets e Giants podem conseguir acordos neste patamar, ou até melhores.
...
Colocar nome de empresas em estádios/arenas nos EUA foi algo que iniciou pra valer em 1973. Mas bem antes, em 1953, uma indústria deu um jeitinho de colocar seu nome num estádio.
Em Saint Louis, o que prevalece é a produção de cervejas, liderada pela antiga Anheuser-Busch. A idéia dos donos era chamar de “Budweiser Stadium” o campo dos Cardinals, time da MLB da cidade. A liga não aprovou, porém eles conseguiram fazer que o nome de um dos fundadores da fábrica, Adolphus Busch, fosse colocado na placa do estádio. A partir de então, o local passou a se chamar “Busch Stadium”.
Mesmo após a compra da Anheuser-Busch pela empresa belgo-brasilera InBev, o nome permaneceu. E não deve ser diferente, pois esta é uma das poucas lembranças da tradicional indústria que fazia parte do dia-a-dia dos habitantes de Saint Louis. A pessoa mais odiada na cidade é o brasileiro Carlos Brito, presidente da InBev. Ele excluiu tudo o que envolvia o nome Anheuser-Busch e incitou um ódio voraz dos moradores locais. O nome do estádio ele não conseguiu mudar (e dificilmente conseguirá). Tudo é possível, porém, e a longo prazo não se pode duvidar se um dia a InBev comprar os direitos do nome e o estádio passe a se chamar “Brahma Stadium” – ou algo parecido.
Não há tradição que segure, só exceções como os casos do Yankee Stadium (NY Yankees), Fenway Park (nome de bairro - Boston Red Sox), Lambeau Field (nome do fundador da franquia - Green Bay Packers), Madison Square Garden, foto acima, (nome de um quarteirão do bairro de Manhattan - NY Knicks) e Dodger Stadium (LA Dodgers). Se a maleta cheia de dinheiro for apresentada, ninguém vai tocar no assunto de manter a integridade. Foi o que ocorreu em 1973, quando a Rich Foods (alimentícia) concordou em pagar US$37.5 milhões por 25 anos ao Buffalo Bills. Muitos diretores do clube na época ficaram estarrecidos com a “venda” do estádio e Bob Rich Jr., então vice-presidente de vendas e agora presidente da firma, faz uma piada sobre esta situação dizendo: “Não é como se nós estivéssemos renomeando o Louvre" – tradicional museu de Paris, França (declaração dada ao Wall Street Journal).
O importante é fazer dinheiro e este negócio é uma via de mão dupla: ambas as partes saem ganhando. Evidente que nem tudo é perfeito e acordos antes promissores vão por água abaixo. O caso mais notório aconteceu com o Baltimore Ravens, que fechou um contrato, em 1999, com a PSINet (provedor de internet) no qual a empresa pagaria US$105 milhões em 20 anos – esta negociação aconteceu no período que chamam “o boom das empresas .com”. Tudo ia bem e os Ravens até ganharam um Super Bowl (2001), mas cinco meses depois da conquista, a empresa faliu. Situações semelhantes aconteceram com o Houston Astros (Enron – energia), com o Washington Wizards (MCI – telecomunicações) e com o Tennessee Titans (Adelphia – telecomunicações), não havendo sucesso nos acordos porque as empresas fecharam.
Na maioria dos casos, contudo, a situação é favorável para os dois lados. A Sun Life (seguradora e financeira), líder mundial em seu setor, não pensou duas vezes em associar sua marca ao estádio do Miami Dolphins dias antes do Super Bowl deste ano. Somente a exposição num dos maiores eventos esportivos do mundo pagou parte dos US$20 milhões por 5 anos de contrato.
Com base no fechamento de ontem (25/03) da Standard & Poors 500, que mede as ações das 500 maiores empresas na bolsa de New York, quatro das oito de maiores movimentações patrocinam estádios:
1ª Citigroup – Citi Field (New York Mets)
2ª Bank of America (banco) – Bank of America Stadium (Carolina Panthers)
4ª Ford (automobilística) – Ford Center (Memphis Grizzlies) / Ford Field (Detroit Lions)
8ª Qwest (telecomunicações) – Qwest Field (Seattle Seahawks)
Por curiosidade: a empresa, entre as 500, de menor movimentação e que patrocina um estádio foi a MT&T (telecomunicações) – estádio dos Ravens.
...
Se perguntarem ao dono da American Airlines (aviação) sobre a lucratividade deste negócio de patrocinar estádios/arenas, ele responderá que está muito bem, obrigado. A empresa aérea é dona de duas arenas na NBA: AA Center (Dallas Mavericks) e AA Arena (Miami Heat). Por os ginásios serem multiuso, o nome da firma não só aparece quando se tem jogo da franquia principal da cidade, mas quando tem shows musicais, eventos religiosos, circo... Somando tudo isto, o lucro vem.
Exatamente por se encaixar nesta categoria multiuso, o nome Cowboys Stadium está fadado a desparecer. A arena já recebeu uma luta de boxe, corrida de MotoCross, rodeio, Jogo das Estrelas da NBA... Jerry Jones Jr. está certo: é preciso ter cautela para esperar a empresa certa que irá possui o nome do estupendo estádio. Quando a final desta temporada da NFL estiver no seu inicio, o crédito que aparecerá no televisor não terá o nome da franquia que lá joga, e sim de uma mega marca que irá colocar seu nome na placa da entrada principal do estádio. Não sem antes liberar um bom dinheiro, é claro.
É intrigante ver um dos clubes mais ricos e populares do mundo tendo dificuldade em conseguir um patrocínio para seu magnífico novo estádio. A crise econômica, a inflação do mercado (mais sobre isto adiante) e o ego do Jerry Jones, dono da franquia, são fatores que atrapalham o fechamento do acordo. Afinal, não será qualquer empresa que ficará com os direitos de nomear o estádio por uns 20 anos.
Os Cowboys estão acostumados a jogarem num estádio “sem nome”. O Texas Stadium foi a sede por longas quatro décadas, mas a chance de ter o próprio estádio e ganhar um “dinheirinho” com isto não será desperdiçada. Junior, filho de Jerry e chefe de vendas & marketing da franquia, deu a seguinte declaração ao jornal Sports Business quando perguntado sobre se o Super Bowl XLV (dia 6 de Fevereiro de 2011) será realizado em Dallas sem um logo empresarial no estádio:
“Vamos realizar as ações no tempo ideal para todos, aí teremos um nome no nosso estádio. Quando isto irá acontecer? Não sei exatamente. Esta é uma negociação que estamos levando a sério, pois a empresa que nos patrocinará será de ponta. O nome do nosso estádio é parte da nossa marca tanto como a estrela e as cores prata e azul. Queremos corresponder às expectativas dos torcedores.”
Nos bastidores existe o boato de três empresas interessadas: AT&T (telecomunicações), Verizon (telecomunicações) e Exxon (petrolífera); espera-se um valor por volta de US$20 milhões anuais.
Problema similar passa os times de New York da NFL: Jets e Giants. O novo estádio, dividido entre eles, será inaugurado nesta temporada, entretanto não há uma firma atrelada. New Meadowlands Stadium é o nome provisório por estar no complexo esportivo Meadowlands (que é composto por outras duas arenas) e por ser o nome de pântanos que circulam a região situada na cidade de New Jersey, mas muito próximo de NY.
Neste caso também se esperava um acordo rápido, porque a empresa que fechar contrato estará patrocinando uma arena de dois grandes times de NY, ganhando uma visibilidade respeitável. A alemã Allianz (seguradora e financeira) se interessou e a proposta seria mais de US$20 milhões por 30 anos. Protestos dos moradores judeus de NY/NJ acabaram com a negociação, alegando que a empresa era aliada do governo nazista na segunda Guerra Mundial, não querendo, assim, relação com os europeus.
A quantia de US$20 milhões apareceu mais uma vez... Ela é responsável pela super valorização deste mercado, pois foi neste valor que os mais recentes contratos foram fechados: Citigroup (financeira) com o New York Mets – Citi Field, foto acima; e Barclays (banco/holding) com o New Jersey Nets – Barclays Center. Ambos acordos são de 20 anos cada, com as empresas pagando US$20 milhões de dólares/ano.
Franquias como Cowboys, Jets e Giants podem conseguir acordos neste patamar, ou até melhores.
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Colocar nome de empresas em estádios/arenas nos EUA foi algo que iniciou pra valer em 1973. Mas bem antes, em 1953, uma indústria deu um jeitinho de colocar seu nome num estádio.
Em Saint Louis, o que prevalece é a produção de cervejas, liderada pela antiga Anheuser-Busch. A idéia dos donos era chamar de “Budweiser Stadium” o campo dos Cardinals, time da MLB da cidade. A liga não aprovou, porém eles conseguiram fazer que o nome de um dos fundadores da fábrica, Adolphus Busch, fosse colocado na placa do estádio. A partir de então, o local passou a se chamar “Busch Stadium”.
Mesmo após a compra da Anheuser-Busch pela empresa belgo-brasilera InBev, o nome permaneceu. E não deve ser diferente, pois esta é uma das poucas lembranças da tradicional indústria que fazia parte do dia-a-dia dos habitantes de Saint Louis. A pessoa mais odiada na cidade é o brasileiro Carlos Brito, presidente da InBev. Ele excluiu tudo o que envolvia o nome Anheuser-Busch e incitou um ódio voraz dos moradores locais. O nome do estádio ele não conseguiu mudar (e dificilmente conseguirá). Tudo é possível, porém, e a longo prazo não se pode duvidar se um dia a InBev comprar os direitos do nome e o estádio passe a se chamar “Brahma Stadium” – ou algo parecido.
Não há tradição que segure, só exceções como os casos do Yankee Stadium (NY Yankees), Fenway Park (nome de bairro - Boston Red Sox), Lambeau Field (nome do fundador da franquia - Green Bay Packers), Madison Square Garden, foto acima, (nome de um quarteirão do bairro de Manhattan - NY Knicks) e Dodger Stadium (LA Dodgers). Se a maleta cheia de dinheiro for apresentada, ninguém vai tocar no assunto de manter a integridade. Foi o que ocorreu em 1973, quando a Rich Foods (alimentícia) concordou em pagar US$37.5 milhões por 25 anos ao Buffalo Bills. Muitos diretores do clube na época ficaram estarrecidos com a “venda” do estádio e Bob Rich Jr., então vice-presidente de vendas e agora presidente da firma, faz uma piada sobre esta situação dizendo: “Não é como se nós estivéssemos renomeando o Louvre" – tradicional museu de Paris, França (declaração dada ao Wall Street Journal).
O importante é fazer dinheiro e este negócio é uma via de mão dupla: ambas as partes saem ganhando. Evidente que nem tudo é perfeito e acordos antes promissores vão por água abaixo. O caso mais notório aconteceu com o Baltimore Ravens, que fechou um contrato, em 1999, com a PSINet (provedor de internet) no qual a empresa pagaria US$105 milhões em 20 anos – esta negociação aconteceu no período que chamam “o boom das empresas .com”. Tudo ia bem e os Ravens até ganharam um Super Bowl (2001), mas cinco meses depois da conquista, a empresa faliu. Situações semelhantes aconteceram com o Houston Astros (Enron – energia), com o Washington Wizards (MCI – telecomunicações) e com o Tennessee Titans (Adelphia – telecomunicações), não havendo sucesso nos acordos porque as empresas fecharam.
Na maioria dos casos, contudo, a situação é favorável para os dois lados. A Sun Life (seguradora e financeira), líder mundial em seu setor, não pensou duas vezes em associar sua marca ao estádio do Miami Dolphins dias antes do Super Bowl deste ano. Somente a exposição num dos maiores eventos esportivos do mundo pagou parte dos US$20 milhões por 5 anos de contrato.
Com base no fechamento de ontem (25/03) da Standard & Poors 500, que mede as ações das 500 maiores empresas na bolsa de New York, quatro das oito de maiores movimentações patrocinam estádios:
1ª Citigroup – Citi Field (New York Mets)
2ª Bank of America (banco) – Bank of America Stadium (Carolina Panthers)
4ª Ford (automobilística) – Ford Center (Memphis Grizzlies) / Ford Field (Detroit Lions)
8ª Qwest (telecomunicações) – Qwest Field (Seattle Seahawks)
Por curiosidade: a empresa, entre as 500, de menor movimentação e que patrocina um estádio foi a MT&T (telecomunicações) – estádio dos Ravens.
...
Se perguntarem ao dono da American Airlines (aviação) sobre a lucratividade deste negócio de patrocinar estádios/arenas, ele responderá que está muito bem, obrigado. A empresa aérea é dona de duas arenas na NBA: AA Center (Dallas Mavericks) e AA Arena (Miami Heat). Por os ginásios serem multiuso, o nome da firma não só aparece quando se tem jogo da franquia principal da cidade, mas quando tem shows musicais, eventos religiosos, circo... Somando tudo isto, o lucro vem.
Exatamente por se encaixar nesta categoria multiuso, o nome Cowboys Stadium está fadado a desparecer. A arena já recebeu uma luta de boxe, corrida de MotoCross, rodeio, Jogo das Estrelas da NBA... Jerry Jones Jr. está certo: é preciso ter cautela para esperar a empresa certa que irá possui o nome do estupendo estádio. Quando a final desta temporada da NFL estiver no seu inicio, o crédito que aparecerá no televisor não terá o nome da franquia que lá joga, e sim de uma mega marca que irá colocar seu nome na placa da entrada principal do estádio. Não sem antes liberar um bom dinheiro, é claro.
(GL)
© 1 Ronald Martinez / Getty Images
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