O Grande Desafio


A dupla Jack Zduriencik (diretor de beisebol – GM, foto acima) e Don Wakamatsu (treinador) conseguiram fazer no ano passado uma temporada histórica no comando do Seattle Mariners, alcançando 85v e 77d depois de um vexatório campeonato 2008, no qual o time perdeu 101 jogos. Continuando o processo de reestruturação da franquia, Zduriencik reforçou o elenco qualitativamente e entregou para Wakamatsu uma equipe capaz de conseguir ganhar o título da divisão Oeste da Liga Americana (LA) e desbancar o Los Angeles Angels.

Um dos reforços mais importantes veio do próprio rival de divisão. Chone Figgins, 1B, teve ótimos números pessoais em 2009 com os Angels (114 corridas e 39% de aproveitamento no ataque, ambas maiores marcas da carreira). Ele era o primeiro rebatedor na linha ofensiva do seu ex-time, agora ele será o número dois atrás de Ichiro Suzuki, formando assim uma das melhores duplas em toda a MLB que iniciam o ataque.

A parte ofensiva do time é a que mais precisava de ajustes, porque os Mariners só não teve uma melhor colocação no ano passado justamente por marcar poucas corridas – foram 35v e 20d em jogos decididos por apenas uma corrida. Figgins será mais um homem capaz de chegar às bases, o que não é suficiente se não houver alguém para impulsioná-lo até o home plate. Por isso que Zduriencik trouxe Milton Bradley, left field (LF), esperando que ele possa trazer o desempenho que teve com o Texas Rangers (2008) e esquecer o fracasso com o Chicago Cubs (2009).

Bradley, com os Rangers, foi o líder em OPS em toda a liga. Esta categoria mede o quanto o jogador rebate com força, gerando corridas e avançando bases. Os Mariners foram um dos times que menos marcaram home runs em 2009 e toda ajuda é válida para tentar aprimorar o ataque, mesmo jogando no espaçoso Safeco Field.


Wakamatsu (foto acima) não deverá ter problemas com Bradley. O temor dos fãs do Seattle é que comportamentos duvidosos e atitudes questionáveis que o jogador fez em Chicago se repitam. Ele já se adaptou ao bom clima que há entre os atletas no vestiário e deve melhorar consideravelmente neste ano. Outro fator que será favorável a Bradley é o possível rodízio com a estrela Ken Griffey Jr. no LF: se o arremessador adversário for canhoto, Griffey joga como LF e Bradley como rebatedor designado (DH); se o arremessador for destro, as posições se invertem.

Não serão apenas as contratações que devem fazer o time crescer em 2010, mas a renovação de alguns jogadores tiveram importância semelhante. Contar com Franklin Gutiérrez, center field, e com Jack Wilson, shortstop, só fazem a equipe manter o alto nível defensivo e o padrão elevado da defesa, um dos setores que Wakamatsu mais se dedica. Para fortalecer mais, o time de arremessadores terminou a LA 2009 com o menor ERA (3.87) e este número tende a se manter (ou diminuir) com um lance de bastidores que Zduriencik fez e deu a franquia um talento raro e de extrema habilidade.

Desde a temporada passada, os Mariners estavam em busca de um arremessador top que fizesse um dueto poderoso junto com Félix Hernández, segundo colocado no prêmio Cy Young 2009 da LA. Zduriencik foi atrás de Roy Halladay, mas o Toronto Blue Jays não conseguiu se acertar como jogador e nem com o Seattle. Nesta pré-temporada, Ruben Amaro (GM do Philadelphia Phillies) ficou sabendo do interesse que Zduriencik teve em Halladay e ligou para ele dizendo se estaria interessado em receber Cliff Lee, arremessador. Na hora o Zduriencik topou e cedeu quatro jogadores da base em troca de Lee; uma operação que envolveu nove atletas e quatro times.


O importante é que agora os Mariners estão forte no ataque, manteve as características defensivas e possui uma das melhores combinações de arremessadores da MLB, com um destro (Hernández) sendo seguido de um canhoto (Lee) - foto acima. O time está bem formado e pode ganhar um “reforço” no meio da temporada, com a volta do arremessador Érik Bédard, que se recupera de uma contusão no ombro.

Em duas temporadas os objetivos dos Mariners mudaram radicalmente. Um time que estava totalmente mal estruturado – com jogadores “bomba” de altos salários e pouca produtividade –, se vê numa situação completamente diferente, com chances reais de voltar aos playoffs; o que não acontece desde 2001. Não é coincidência que esta virada de página ocorreu com a chegada de Zduriencik e Wakamatsu.

24 dias após o final da fatídica temporada 2008 (22 de Outubro), os Mariners fecharam acordo com Zduriencik, que então estava no Milwaukee Brewers – lá ele foi responsável por recolocar o time na pós-temporada daquele ano (um hiato de 25 primaveras). Logo que chegou em Seattle ele contratou Wakamatsu (19 de Novembro) e assim se desenhava urgentemente o novo plano da franquia que já trouxe bons resultados e aparenta novos sucessos daqui pra frente.

O alvo agora é jogar beisebol em Outubro (como os amantes do esporte gostam de mencionar os playoffs). A reviravolta do ano passado credencia o time para saltos maiores neste ano. Reforços ajudarão chegar ao objetivo maior, porém algo mais importante foi feito: uma limpada geral nas peças da franquia e no baixo astral que sondava o clube. Os Mariners entram na temporada 2010 com novos pensamentos e novas atitudes, cientes que uma coisa e não perder tantos jogos como os 101, e outra coisa é vencer partidas suficientes para ir à pós-temporada.

Resta saber como será o resultado final.



(GL)


© 1 John Look / The Seattle Times
© 2 Ben Platt / MLB Media
© 3 Jill Torrance / Arizona Daily Star

Nenhum comentário:

Postar um comentário