Ryan Sandberg, treinador e lendário camisa 23 do Chicago Cubs (10 vezes no Jogo das Estrelas e 9 vezes Luva de Ouro), não está querendo dizer que alguém ganhou um brinde na cabeça, “Ryno” está transmitindo uma informação através de um gesto, um sinal que só seus comandados - das divisões de base dos Cubs -, decifram (é o que ele espera).
O beisebol é rodeado de sinais, uma maneira dos treinadores e jogadores se entenderem no campo, passando informações usando as mãos; na maioria das vezes. Diz a lenda que este tipo de comunicação surgiu no meio do século XIX, quando o jogador William “Dummy” Holy, surdo, recebia recados do treinador da terceira base (3B) via linguagem de sinais, para que ele soubesse o que o juiz marcou em determinada jogada. Muitos estudiosos do esporte acreditam que daí surgiu o uso de gestos pelos àrbitros para assinalar uma marcação.
Conforme o tempo passava, os treinadores achavam oportunidades para instruir seus atletas em campo. Um simples toque no boné ou um toque no queixo, por exemplo, já era suficiente e a ordem de roubar uma base ou correr após a rebatida era passada. Com o uso comum de alguns sinais, os treinadores usam a criatividade para enganar o adversário – que tentam adivinhar qual instrução foi dada.
O resultado disso é o que acontece hoje com o treinador da 3B, que faz gestos mais parecidos com coceiras, uma espécie de “tik nervoso”. É toque no peito, passar a mão no braço, na perna... e tudo com um entrosamento perfeito com os jogadores, que compreendem o que precisa ser feito após o espetáculo de movimentos.
É difícil para quem assiste entender qual foi o sinal específico mostrado pelos treinadores. Há uns toques que são tradicionais, mas eles mudam conforme as partidas. A cada início de uma rodada, o elenco se reúne e determinam quais serão os sinais específicos daquele confronto; inclusive os gestos podem mudar no curso do jogo. Se um jogador do clube é trocado, aí que tudo muda mesmo, pois há o receio deste cara dizer quais são os sinais do time que ele deixou.
Os técnicos treinam os sinais da maneira mais trivial: olhando para o espelho. Eles fazem isto para não serem tão óbvios e nem tão confusos. Tim Flannery, antigo treinador da 3B do San Diego Padres, fazia os sinais para seu filho de treze anos; se uma criança entende, o mesmo se espera de jogadores adultos profissionais.
Em todo momento do jogo é favorável o uso de sinais, mas três situações são mais comuns: Um corredor na 2B, sinais do catcher para o arremessador e sinais do treinador da 3B. Eis na sequência um guia básico para conhecer como funciona esta arte, que pode parecer coisa de maluco, contudo é muito útil e eficaz.
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Um Corredor na 2B
Nesta situação, o catcher precisa tomar cuidado com os sinais mandados para seu arremessador, porque quem está na segunda base pode ver e dá um toque para seu companheiro que está com o taco, facilitando a leitura da bola que será arremessada.
Para fugir dos sinais habituais e mais conhecidos, o catcher cria outros toques, usando não só os dedos, mas também a máscara, os ombros e as cochas; a combinação visa confundir o corredor. Então é determinado um toque como sendo o indicador, significando que o próximo sinal dado é o válido.
Exemplo: suponhamos que o indicador seja o ombro esquerdo e que o toque na máscara seja bola rápida. Aí o catcher inicia sua atuação: toque na coxa direita, cotovelo, máscara, coxa esquerda, ombro esquerdo, máscara e ombro direito. Bola rápida é a opção oferecida.
O que pode acontecer também, nesta determinada circustância, é o catcher usar só os dedos, mas fazendo movimentos rápidos. Ele combina com o arremessador que, por exemplo, o terceiro sinal que ele mostrar é o bom. Então o catcher começa a fazer vários sinais com os dedos, porém só o terceiro é válido.
Mesmo assim, o corredor pode ajudar seu colega de time dando uma dica sobre o posicionamento do catcher, se a bola será mais à direita ou à esquerda. Aí quem está na segunda base faz sutis movimentos: dá um passo a mais para direita ou esquerda, faz um gesto com a cabeça e/ou com o braço.
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Sinais do Catcher
O arremessador confia no catcher, lhe dando a liberdade de auxiliá-lo na escolha dos melhores tipos de bola a serem arremessadas contra um rebatedor específico. A ordem pode vir do próprio catcher ou ele recebe uma instrução vinda do banco. Neste caso, o treinador usa toques na cabeça para “dizer” qual arremesso que ele quer. Vale toque na aba do boné, na orelha, no nariz, no queixo... Funcionando da mesma forma tradicional: um toque é o indicador e o próximo sinal é o válido.
O catcher usa os dedos entre as coxas de uma forma utilizada universalmente:
Dedo indicador: bola rápida
“V” invertido: bola com curva
Três dedos: bola lenta
Quatro dedos: um tipo de efeito preferido do arremessador
Há também outros sinais que indicam o local onde a bola deve chegar no home plate:
Sinal com a cabeça: bola longe do rebatedor
Dedo mindinho: bola perto do arremessador
Bola baixa: toque da luva no chão
Bola alta: Movimento de pulso com a mão da luva
...
Sinais do treinador da 3B
Estes são os mais legais. A impressão que se tem é que o sujeito está se limpando, coçando a orelha, o nariz... Mas tudo tem um propósito: passar informações para o rebatedor ou para os corredores; haja sinal e criatividade. São tantos toques e sinais que existem dois especiais: um que indica um erro na instrução e outro que não indica nada (deixando com o jogador a decisão sobre o que fazer).
Basicamente, as instruções são as seguintes: bunt, rebater e ir para a 1B (rebatedores) e roubar base e correr só depois que a bola passar do infield (corredores).
Por estar de pé, o treinador da 3B tem o corpo todo para usar e ele faz exatamente isto. Combina com os jogadores um indicador e quais serão os sinais. Imagine que o indicador seja toque na aba do boné e o bunt seja toque na cintura.
O treinador começa: toque no braço esquerdo, orelha, aba, cinto, peito, perna direita e braço esquerdo. Por mais que os outros toques signifiquem alguma ordem, neste caso a válida é o bunt, porque foi o sinal dado depois do toque na aba.
Bater palmas é usado como sinais por alguns treinadores. Eles também têm a função de informar o corredor, quando ele está avançando as bases, se é melhor parar na mais próxima (braços erguidos) ou continuar correndo (giro com o braço).
Ah! Lembrando que é também função dele ser o primeiro a cumprimentar o rebatedor que acabou de fazer um home run...
O beisebol é rodeado de sinais, uma maneira dos treinadores e jogadores se entenderem no campo, passando informações usando as mãos; na maioria das vezes. Diz a lenda que este tipo de comunicação surgiu no meio do século XIX, quando o jogador William “Dummy” Holy, surdo, recebia recados do treinador da terceira base (3B) via linguagem de sinais, para que ele soubesse o que o juiz marcou em determinada jogada. Muitos estudiosos do esporte acreditam que daí surgiu o uso de gestos pelos àrbitros para assinalar uma marcação.
Conforme o tempo passava, os treinadores achavam oportunidades para instruir seus atletas em campo. Um simples toque no boné ou um toque no queixo, por exemplo, já era suficiente e a ordem de roubar uma base ou correr após a rebatida era passada. Com o uso comum de alguns sinais, os treinadores usam a criatividade para enganar o adversário – que tentam adivinhar qual instrução foi dada.
O resultado disso é o que acontece hoje com o treinador da 3B, que faz gestos mais parecidos com coceiras, uma espécie de “tik nervoso”. É toque no peito, passar a mão no braço, na perna... e tudo com um entrosamento perfeito com os jogadores, que compreendem o que precisa ser feito após o espetáculo de movimentos.
É difícil para quem assiste entender qual foi o sinal específico mostrado pelos treinadores. Há uns toques que são tradicionais, mas eles mudam conforme as partidas. A cada início de uma rodada, o elenco se reúne e determinam quais serão os sinais específicos daquele confronto; inclusive os gestos podem mudar no curso do jogo. Se um jogador do clube é trocado, aí que tudo muda mesmo, pois há o receio deste cara dizer quais são os sinais do time que ele deixou.
Os técnicos treinam os sinais da maneira mais trivial: olhando para o espelho. Eles fazem isto para não serem tão óbvios e nem tão confusos. Tim Flannery, antigo treinador da 3B do San Diego Padres, fazia os sinais para seu filho de treze anos; se uma criança entende, o mesmo se espera de jogadores adultos profissionais.
Em todo momento do jogo é favorável o uso de sinais, mas três situações são mais comuns: Um corredor na 2B, sinais do catcher para o arremessador e sinais do treinador da 3B. Eis na sequência um guia básico para conhecer como funciona esta arte, que pode parecer coisa de maluco, contudo é muito útil e eficaz.
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Um Corredor na 2B
Nesta situação, o catcher precisa tomar cuidado com os sinais mandados para seu arremessador, porque quem está na segunda base pode ver e dá um toque para seu companheiro que está com o taco, facilitando a leitura da bola que será arremessada.
Para fugir dos sinais habituais e mais conhecidos, o catcher cria outros toques, usando não só os dedos, mas também a máscara, os ombros e as cochas; a combinação visa confundir o corredor. Então é determinado um toque como sendo o indicador, significando que o próximo sinal dado é o válido.
Exemplo: suponhamos que o indicador seja o ombro esquerdo e que o toque na máscara seja bola rápida. Aí o catcher inicia sua atuação: toque na coxa direita, cotovelo, máscara, coxa esquerda, ombro esquerdo, máscara e ombro direito. Bola rápida é a opção oferecida.
O que pode acontecer também, nesta determinada circustância, é o catcher usar só os dedos, mas fazendo movimentos rápidos. Ele combina com o arremessador que, por exemplo, o terceiro sinal que ele mostrar é o bom. Então o catcher começa a fazer vários sinais com os dedos, porém só o terceiro é válido.
Mesmo assim, o corredor pode ajudar seu colega de time dando uma dica sobre o posicionamento do catcher, se a bola será mais à direita ou à esquerda. Aí quem está na segunda base faz sutis movimentos: dá um passo a mais para direita ou esquerda, faz um gesto com a cabeça e/ou com o braço.
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Sinais do Catcher
O arremessador confia no catcher, lhe dando a liberdade de auxiliá-lo na escolha dos melhores tipos de bola a serem arremessadas contra um rebatedor específico. A ordem pode vir do próprio catcher ou ele recebe uma instrução vinda do banco. Neste caso, o treinador usa toques na cabeça para “dizer” qual arremesso que ele quer. Vale toque na aba do boné, na orelha, no nariz, no queixo... Funcionando da mesma forma tradicional: um toque é o indicador e o próximo sinal é o válido.
O catcher usa os dedos entre as coxas de uma forma utilizada universalmente:
Dedo indicador: bola rápida
“V” invertido: bola com curva
Três dedos: bola lenta
Quatro dedos: um tipo de efeito preferido do arremessador
Há também outros sinais que indicam o local onde a bola deve chegar no home plate:
Sinal com a cabeça: bola longe do rebatedor
Dedo mindinho: bola perto do arremessador
Bola baixa: toque da luva no chão
Bola alta: Movimento de pulso com a mão da luva
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Sinais do treinador da 3B
Estes são os mais legais. A impressão que se tem é que o sujeito está se limpando, coçando a orelha, o nariz... Mas tudo tem um propósito: passar informações para o rebatedor ou para os corredores; haja sinal e criatividade. São tantos toques e sinais que existem dois especiais: um que indica um erro na instrução e outro que não indica nada (deixando com o jogador a decisão sobre o que fazer).
Basicamente, as instruções são as seguintes: bunt, rebater e ir para a 1B (rebatedores) e roubar base e correr só depois que a bola passar do infield (corredores).
Por estar de pé, o treinador da 3B tem o corpo todo para usar e ele faz exatamente isto. Combina com os jogadores um indicador e quais serão os sinais. Imagine que o indicador seja toque na aba do boné e o bunt seja toque na cintura.
O treinador começa: toque no braço esquerdo, orelha, aba, cinto, peito, perna direita e braço esquerdo. Por mais que os outros toques signifiquem alguma ordem, neste caso a válida é o bunt, porque foi o sinal dado depois do toque na aba.
Bater palmas é usado como sinais por alguns treinadores. Eles também têm a função de informar o corredor, quando ele está avançando as bases, se é melhor parar na mais próxima (braços erguidos) ou continuar correndo (giro com o braço).
Ah! Lembrando que é também função dele ser o primeiro a cumprimentar o rebatedor que acabou de fazer um home run...
(GL)
© 1 Bran Bailey
© 2 Howard Smith / US Presswire
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