Mulher - Especial Danica Patrick


Peço licença aos leitores.

Neste Dia Internacional da Mulher, escrevo o artigo de hoje em primeira pessoa pra falar da personalidade esportiva que mais admiro: Danica Patrick. Logo mais ela estará chegando ao Brasil para disputar a São Paulo 300 (domingo, 14/03), grande prêmio de abertura da temporada 2010 da Indy Racing League (IRL). Tê-la por aqui será uma honra, alguém que é uma desbravadora num mundo cheio de masculinidade e “pré-conceitos”.

Veja o que Danica está fazendo na NASCAR, conservador reduto majoritário de homens. Ela está disputando uma sub-divisão (Nationwide Series) da categoria de stock cars americana. Com o início da IRL, ela só voltará a disputar a NASCAR em Setembro. Mas suas três corridas desta temporada já mostram a sua representatividade.

Destaco como exemplo o que aconteceu na corrida de Las Vegas (dia 28/02). Há uma tradição na NASCAR que cada piloto tem um trailer vendendo seus respectivos souveniers. O da Danica foi um dos mais populares do final de semana e, segundo um alto executivo de marketing esportivo (consultado pela ESPN), já ultrapassou em vendas Jimmie Johnson, atual tetracampeão da Sprint Cup (categoria principal). Este sucesso fez com que os patrocinadores da Danica decidissem colocar o trailer disponível aos fãs em outras corridas da NASCAR, mesmo com ela agora focada na IRL.

Jeff Mosley é o diretor de relações públicas do circuito de Las Vegas e no final de semana da corrida ele contou uma história interessante. Os torcedores ligavam pedindo ingressos para a “corrida da Danica”, nem se interessando por quanto custaria a entrada ou que hora seria o evento; queriam assistir a “corrida da Danica”.


Evidente que nada aconteceu por um acaso. Tenho a felicidade de acompanhar de perto sua carreira desde a Toyota Atlantic Series (espécie de divisão de acesso da IRL), mas o que marcou mesmo foi a temporada de novata em 2005 e a fantástica 500 milhas de Indianapolis daquele ano, quando liderou a prova por dezoito voltas no final da corrida. Porém seguindo ordens da equipe Rahal-Letterman, ela teve que diminui a velocidade para economizar combustível e três pilotos passaram sua frente. O quarto lugar foi a melhor posição (até então) de uma piloto na tradicional Indy 500.

Eu fiz questão de adquirir a revista Sports Illustraded que colocou Danica na capa após a espetacular atuação no lendário circuito. A manchete diz “The Start of Something Big” (O Começo de Algo Marcante). Esta é uma das peças do meu arquivo pessoal que considero de maior valor.

Os anos foram passando e Danica continuava impressionando a todos; só não conseguia vencer um GP. Até que chega 2008, outro momento que lembro com clareza. A corrida era no Japão (Montegi) e foi transmitida ao vivo pela BAND no começo da madrugada de sábado para domingo. Independente do horário, estava ligado na prova.

Tudo estava se desenhando para mais uma vitória de Scott Dixon.

O momento chave aconteceu na volta 148, quando os líderes entraram nos boxes para reabastecer. Dixon saiu na frente e Danica - agora na equipe de ponta Andretti-Green -, foi para o sétimo lugar (última posição dos carros que estavam na mesma volta do líder). Ela permaneceu com na mesma até a volta número 190, buscando economizar combustível para uma arrancada final. Foi quando os pilotos que estavam a sua frente começaram a fazer o splash-and-go (um abastecimento rápido nos pits) e só restou Hélio Castroneves à sua frente. Helinho não foi para os boxes mas, faltando cinco voltas para terminar a corrida, ele teve que reduzir a velocidade para completar a prova e Danica o ultrapassou à duas voltas do final e venceu.

O engraçado foi a entrega do troféu, quase da mesma altura dela.


Outro momento chave foi a Indy 500 do ano passado, quando Danica superou o quarto lugar de 2005 e terminou em terceiro, atrás de Dan Wheldon e do Helinho – o vencedor da prova. Estes e tantos outros feitos só corroboram suas atuações, mostrando que precisa receber o devido respeito que merece.

Provavelmente, a pauta das seções esportivas das redações da mídia brasileira já está pronta com o assunto Danica liderando a cobertura. Espero que enfoquem não só a estonteante beleza dela, mas que mostrem que este sucesso nas pistas não veio por acaso.

Exemplo:

- Seu pai já a colocava para dirigir kart quando ainda era criança. Ele levava a pequena Danica para disputar torneios, enfrentando assim os primeiros “pré-conceitos”. Os pais dos outros garotos perguntavam ao Sr. Patrick: “Porque você traz a garota pra correr?”. E ele respondia prontamente: “Porque não trazer?”.

Aos 16 anos ela recebeu um patrocínio e foi correr na Inglaterra (Formula Ford e Formula Vauxhall). Lá, como ela mesma diz, aprendeu mais sobre a vida do que propriamente sobre corrida. Mais “pré-conceitos” atingiram Danica, principalmente quando ela perdeu o seu primeiro patrocínio, alegando que ela era uma menina “baladeira”. O problema é que as baladas que ela frequentava sempre eram cheias de pilotos que competiam com ela. “Eu não estava fazendo nada de diferente do que os outros caras, mas por eu ser mulher, as pessoas começaram a comentar” diz ela sobre o episódio.

São inúmeras as histórias que Danica tem nestes seus 17 anos de carreira. Ela sabe que necessita ir além nas pistas, provando ser mais que um rostinho bonito dirigindo carros de corrida e que não são estes atributos que a colocaram dentro de um cockpit, e sim o seu talento. Entendo, contudo, que é impossível desassociar seus trabalhos de modelos, pois sua carreira fora das pistas é bem sucedida.

Desde os tempos de escola, quando era cheerleader.

Sua beleza só melhorou com o tempo e hoje ela é estrela de comercias e personagem favorita de publicitários. Revistas oferecem altas quantias de dólares para poder fazer um ensaio fotográfico com Danica, sabendo que o sucesso é garantido – que diga a Sports Illustraded, responsável em colocá-la duas vezes seguidas (2008 e 2009) na edição anual de biquínis; um estrondoso sucesso.


Isto só faz valorizar mais ainda Danica, que consegue administrar boas performances nas pistas e manter uma boa imagem fora delas, usando todos seus atributos da melhor forma possível. Muitos a amam, entretanto (por incrível que pareça) muitos a desprezam, mas é inegável o fato que ela é uma figura top no atual cenário esportivo mundial.

Pode entender esta opinião como sendo totalmente parcial, porque sou suspeito em dizer qualquer coisa sobre Danica Patrick. Não tenho o costume de ser tão torcedor de alguém e/ou alguma coisa, porém ela atrai atenção. Futuras coisas podem acontecer que venham a mudar minha opinião, mas hoje vale gastar um pouco do vocabulário e definir em uma palavra o que ela é para mim:

Esplêndida.



(GL)


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© 2 Marlena Bielinska / SI

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