Os Olhos do Texas


Neste último sábado (21), o quarterback (QB) da Universidade do Texas, Colt McCoy, ouviu pela última vez a música “The Eyes of Texas”, executada pela banda da faculdade, ao entrar em campo na sua despedida do Texas Memorial Stadium. O jogo contra Kansas Jayhawks marcou a derradeira aparição dos veteranos do time no campus e foi especial para McCoy: a vitória de Texas foi a 43ª do QB, que passou a ser o mais vitorioso de toda a história da NCAA.

Os olhos do Texas (expressão pela qual é conhecida a universidade) estão em McCoy nos 2 jogos restantes - e quem sabe mais 1 - que faltam para o término da temporada. O próximo será quinta (26) contra a rival Texas A&M – transmissão da ESPN para todo o Brasil – e de vital importância para os Longhorns, que precisam continuar invictos para manter a esperança de disputar o título nacional. No dia 5 de Dezembro será a decisão da Conferência Big XII contra Nebraska; desde 2005 que Texas não chega a decisão. E, caso vença estes dois confrontos, as chances de jogar a final do BCS (em 7 de Janeiro de 2010) aumentam, sendo assim a segunda vez que os Longhorns decidem o título nesta década.

Os grandes feitos até então da universidade foram conseguidos sobre o comando de um cara: Vince Young. Ele foi o líder do campeonato de 2005, quando Texas derrotou USC (Universidade do Sul da Califórnia) e o MVP da final. No elenco tinha um garoto novato, mas que não participava do time pois estava sendo preservado para a temporada seguinte. O menino era Colt McCoy, que observava de fora como se construía um time vencedor.

Em 2006 ele assumiu a posição de QB titular, porém só após quatro anos ele leva sua equipe para a decisão da Big XII, justamente no ano de veterano. Existem dois caminhos a serem ultrapassados para chegar ao Campeonato Nacional do BCS e disputar com Florida ou Alabama o título, contudo as chances são boas e favoráveis para Texas.

Esta vem sendo a melhor temporada de McCoy, o que o coloca no topo da corrida do Troféu Heisman, dado ao melhor jogador da temporada – o último Longhorn a levar a honraria foi o running back Ricky Williams em 1998. Essa marca de 43 vitórias é estupenda e se entende melhor quando posta na seguinte perspectiva: se McCoy vencer mais um jogo, significa que para empatar o recorde, um QB precisa vencer 11 jogos por ano (média) em quatro temporadas seguidas.


A representatividade de McCoy vai além de performances com a bola oval em mãos, atinge todos da universidade e membros da comunidade de Austin, capital do estado do Texas e cidade onde fica o campus. A popularidade dele não é tão grande quanto foi a de Young, mas McCoy tem sua influência entre os estudantes e companheiros de time.

Toda sexta, os jogadores de football vão a um hospital infantil de Austin (Dell Children´s Medical Center) e visitam as crianças que estão lá. McCoy, nestes quatro anos, nunca perdeu uma visita e conhece todos os funcionários e pacientes pelo nome. Ele também é missionário cristão e a cidade que ele vai todo ano fica no Peru, dentro da Floresta Amazônica, chamada Iquitos; a sua mais recente viagem foi no meio deste ano e todos por lá sabem quem ele é e por qual universidade ele joga. Ao chegar na cidade de New York para a premiação do Heisman-2008, ele ligou para sua professora do colégio (Kay Whitton), da sua cidade natal Tuscola, lhe agradecendo por tudo que ela fez por ele... Estas são coisas que fazem de McCoy um ser extremamente carismático.

As performances de McCoy em campo são boas e vai melhorando gradativamente jogo a jogo. Ele começou a temporada mal, com 7 interceptações nos seis primeiros jogos. Desde a partida contra a arqui-rival Universidade de Oklahoma, foram 2 interceptações em 5 jogos. Aliás, a partida contra os Sooners foi a pior – em números – de Colt neste campeonato, contudo ele fez uma jogada que mudou o curso da partida e lhe rendeu elogios de todos, principalmente de Greg Davis, coordenador ofensivo da equipe


Faltavam 6 minutos para acabar o jogo; 16 a 13 para Texas e a bola estava com McCoy a 12 jardas da endzone. Um passe do QB dos Longhorns é interceptado na jarda de número 9 pelo cornerback Brian Jackson e tudo levava a crer que seria um retorno para TD, até chegar um jogador do Texas e derrubá-lo na jarda 30 (da defesa de Oklahoma). Quem acertou Jackson foi McCoy (foto acima). O esforço do QB foi louvável já que muitos, nesta mesma situação, entregariam os pontos. Por não ter avançado muito, a defesa de Texas ganhou confiança e permitiu um avanço de 37 jardas em 6 jogadas do ataque dos Sooners, não cedendo um field goal e recuperando a bola faltando dois minutos e meio para acabar a partida – Texas venceu.

O que este time dos Longhorns tem de diferente em relação aos de anos anteriores é esta garra e determinação de vencer a qualquer custo, entendendo que este é o ano do título. Por isto que a partida contra Texas A&M será interessantíssima, porque Texas precisa continuar invicta para almejar o Campeonato Nacional. Não serão apenas os olhares do Texas que estarão voltados para esta partida; assim como nos jogos restantes dos Longhorns, vendo se McCoy & CIA farão história mais uma vez.


(GL)



© 1 John Albirght / Icon SMI
© 2 Darren Abate / AP
© 3 Nate Billings / The Oklahoman

3 comentários:

Unknown disse...

Não é o primeiro artigo seu que eu leio. Só que agora não posso mais passar batido diante de seus ótimos textos. Preciso dar-lhe os parabéns João, seu trabalho aqui é fantástico. Henrique Barros, Manaus/AM.

K.I.R.A disse...

João, seus textos são muito interessantes, mas gostaria de poder ler sobre seu ponto de vista sobre esses jogadores agora na NFL, mesmo com pouquissimo tempo de todos atuando, alguns já foram incriveis e outros nem tanto, McCoy nos Browns tem chance?

João da Paz disse...

K.I.R.A.

Agradeço a visita e o comentário.

Sobre esta questão de avaliar os novatos, pode ser que o futuro traga alguma novidade e até posso fazer algo do tipo.

McCoy é parte de um projeto futuro dos Browns, escolha a dedo de Mike Holmgren.

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