Andy Pettitte e Alex Rodriguez
Quanto maior o pensamento, maior o tombo? Ou, quanto maior o pensamento, mais longe se chega? A fina linha que separa estas duas frases tem um nome: planejamento. A meta de todo o clube é ganhar o campeonato, agora e se um time almejar o título e não vencer, a temporada pode ser considerada um fracasso?
Para o Philadelphia Phillies não.
Para o New York Yankees sim.
Nada mais do que o troféu da World Series seria uma total frustração para NY. Ao ver e ouvir as declarações dos clubes que protagonizaram a grande decisão da MLB neste ano ficou claro a diferença de abordagem com relação ao resultado final: Yankees campeão. Enquanto Ryan Howard (Phillies) dizia aos repórteres que “uma temporada na qual se consegue chegar à decisão, lembrando que é a segunda vez seguida, não pode ser considerada um fracasso”; Andy Pettitte (Yankees) falava: “As expectativas são altas por aqui. Os Steinbrenners [donos do clube] projetam metas altas. É praticamente injusto eu dizer que seria uma temporada desperdiçada se não ganhássemos a World Series [final]”.
As expectativas são altas por um motivo: muito dinheiro gasto. Desde a última vez que os Yankees perderam a World Series, para o Arizona Diamondbacks em 2001, a diretoria da franquia investe no elenco uma quantidade muito maior do que as outras equipes da liga; entre 2002 e 2008. Os Yankees chegaram a gastar, em 2005, US$ 82 milhões a mais do que a segunda equipe na categoria folha salarial / ano. Nesta temporada 2009, os pagamentos com os atletas chegaram a marca estratosférica de US$ 208 milhões / ano - 52 milhões de dólares a mais do que qualquer outro clube da MLB -, o que faz surgir comparações curiosas.
Existem 20 países no mundo que tem um PIB (Produto Interno Bruto) menor do que a folha salarial 2009 dos Yankees. Pegando só o infield titular, (foto abaixo com Mark Teixeira – 1B, Robinson Cano – 2B, Derek Jeter – SS e Alex Rodriguez – 3B), o gasto que o clube de New York tem com estes jogadores (81 milhões de dólares) daria para bancar 16 dos outros 29 clubes da liga.
Quem pode mais, gasta mais. Esta é a regra da MLB, que não usa o teto salarial como a NBA e NFL. Mas, se durante sete anos os Yankees investiram mais do que todas as outras franquias, porque venceram só agora? A resposta é conhecida por “investimento sábio”.
O diretor de beisebol, Brian Cashman, (o trocadilho “homem do dinheiro” é inevitável) quase foi demitido ano passado pelo fracasso de não ter colocado os Yankees nos playoffs. Recebeu um voto de confiança da família Steinbrenner, renovou seu contrato por três anos e atacou o mercado de agentes-livres, contratando os três principais atletas disponíveis (os arremessadores CC Sabathia e AJ Burnett; e Teixeira) gastando US$ 432,5 milhões somando as três negociações. Depois de tudo acertado, vem a pergunta: como, então, eles conseguem cobrir toda esta quantidade monstruosa de dinheiro e ainda obter lucro?
Neste caso, não existe apenas uma resposta correta, mas com certeza um sentimento pode definir o porquê: paixão. Não quer dizer que os outros 29 clubes da MLB não tenham torcedores apaixonados e/ou fiéis, porém a história com os Yankees é diferente.
Uma garrafa de cerveja – Heineken – no novo Yankee Stadium (estádio de US$ 1.5 Bilhão) custa 11 dólares (R$ 18,92); uma revista do clube custa 18 dólares (R$ 30,96); a média do valor dos ingressos - em comparação com o New York Mets, que também inaugurou um novo estádio este ano -, é o dobro mais caro que os do arqui-rival da mesma cidade. Tudo bem que alguns lugares de luxo do Yankee Stadium ficaram vazios em boa parte da temporada, mas alguém tem que pagar os salários, o estádio...
Os torcedores sabem disto e colaboram também de outras formas, comprando camisetas, bonés e produtos licenciados do clube. Esta participação dos fãs traz uma relação de cobrança maior e mais exigente, pois eles estão pagando alto por peças com a marca do clube, por ingressos e itens no estádio. Desta forma há a “obrigação” da diretoria em construir não só um time competitivo, mas vencedor – da World Series, de preferência.
E isto foi feito. As contratações foram realizadas para montar um bom elenco. Em 2009, os Yankees foram o time que mais venceu, marcou mais corridas e conseguiu mais rebatidas. Também foi a equipe que mais conseguiu defender os resultados nas entradas finais das partidas após estar à frente no placar. Resumindo: foram os melhores.
O que não é fácil, realmente. Num elenco cheio de milionários, não é difícil um tentar se aparecer mais do que o outro. No mundo dos esportes coletivos, onde é comum ver grandes equipes cheias de estrelas decepcionarem, é gratificante assistir um time que é cheio destas mesmas estrelas, mas atuar bem em campo e ser vitorioso.
O valor destes Yankees aumenta quando o MVP da final não é um jogador estrela – apesar de que Hideki Matsui é uma enorme celebridade no Japão –, quando os jogadores se divertem em campo (e fora dele também) como se estivesse jogando apenas... beisebol e quando o desacreditado treinador responde aos críticos mostrando o número da sua camisa: 27.
Joe Girardi escolheu o número 27 para se lembrar do fator mais importante na organização Yankees. Ele usou 27 nesta temporada porque queria ser lembrado como o treinador que levou o clube ao 27º título da história. Ele conseguiu. Teve erros? Sim. Falhou diversas vezes? Sim. Mas, quem é o campeão 2009 da MLB?
Literalmente no final das contas, percebe-se que valeu o alto investimento. Pelo menos neste ponto, dinheiro compra felicidade – é só ver os torcedores dos Yankees e nem precisa perguntar se eles estão felizes. O time que muitos “amam odiar” está no primeiro lugar do pódio, o que causa em muita gente um mix de revolta com inveja, com rancor, com mesnoprezo...
O principal personagem desta conquista, aquele que calculou os riscos dos investimentos e planejou tudo isto, respondeu aos críticos de forma categórica. Brian Cashman disse:
“Podem nos chamar do que quiserem. Mas terão que nos chamarem de campeões também”.
Se ele conhecesse o lendário treinador de futebol Mario Jorge Lobo Zagallo, Cashman diria: “Vocês vão ter que nos engolir!”.
Na verdade, foi isto que ele quis dizer.
Para o Philadelphia Phillies não.
Para o New York Yankees sim.
Nada mais do que o troféu da World Series seria uma total frustração para NY. Ao ver e ouvir as declarações dos clubes que protagonizaram a grande decisão da MLB neste ano ficou claro a diferença de abordagem com relação ao resultado final: Yankees campeão. Enquanto Ryan Howard (Phillies) dizia aos repórteres que “uma temporada na qual se consegue chegar à decisão, lembrando que é a segunda vez seguida, não pode ser considerada um fracasso”; Andy Pettitte (Yankees) falava: “As expectativas são altas por aqui. Os Steinbrenners [donos do clube] projetam metas altas. É praticamente injusto eu dizer que seria uma temporada desperdiçada se não ganhássemos a World Series [final]”.
As expectativas são altas por um motivo: muito dinheiro gasto. Desde a última vez que os Yankees perderam a World Series, para o Arizona Diamondbacks em 2001, a diretoria da franquia investe no elenco uma quantidade muito maior do que as outras equipes da liga; entre 2002 e 2008. Os Yankees chegaram a gastar, em 2005, US$ 82 milhões a mais do que a segunda equipe na categoria folha salarial / ano. Nesta temporada 2009, os pagamentos com os atletas chegaram a marca estratosférica de US$ 208 milhões / ano - 52 milhões de dólares a mais do que qualquer outro clube da MLB -, o que faz surgir comparações curiosas.
Existem 20 países no mundo que tem um PIB (Produto Interno Bruto) menor do que a folha salarial 2009 dos Yankees. Pegando só o infield titular, (foto abaixo com Mark Teixeira – 1B, Robinson Cano – 2B, Derek Jeter – SS e Alex Rodriguez – 3B), o gasto que o clube de New York tem com estes jogadores (81 milhões de dólares) daria para bancar 16 dos outros 29 clubes da liga.
Quem pode mais, gasta mais. Esta é a regra da MLB, que não usa o teto salarial como a NBA e NFL. Mas, se durante sete anos os Yankees investiram mais do que todas as outras franquias, porque venceram só agora? A resposta é conhecida por “investimento sábio”.
O diretor de beisebol, Brian Cashman, (o trocadilho “homem do dinheiro” é inevitável) quase foi demitido ano passado pelo fracasso de não ter colocado os Yankees nos playoffs. Recebeu um voto de confiança da família Steinbrenner, renovou seu contrato por três anos e atacou o mercado de agentes-livres, contratando os três principais atletas disponíveis (os arremessadores CC Sabathia e AJ Burnett; e Teixeira) gastando US$ 432,5 milhões somando as três negociações. Depois de tudo acertado, vem a pergunta: como, então, eles conseguem cobrir toda esta quantidade monstruosa de dinheiro e ainda obter lucro?
Neste caso, não existe apenas uma resposta correta, mas com certeza um sentimento pode definir o porquê: paixão. Não quer dizer que os outros 29 clubes da MLB não tenham torcedores apaixonados e/ou fiéis, porém a história com os Yankees é diferente.
Uma garrafa de cerveja – Heineken – no novo Yankee Stadium (estádio de US$ 1.5 Bilhão) custa 11 dólares (R$ 18,92); uma revista do clube custa 18 dólares (R$ 30,96); a média do valor dos ingressos - em comparação com o New York Mets, que também inaugurou um novo estádio este ano -, é o dobro mais caro que os do arqui-rival da mesma cidade. Tudo bem que alguns lugares de luxo do Yankee Stadium ficaram vazios em boa parte da temporada, mas alguém tem que pagar os salários, o estádio...
Os torcedores sabem disto e colaboram também de outras formas, comprando camisetas, bonés e produtos licenciados do clube. Esta participação dos fãs traz uma relação de cobrança maior e mais exigente, pois eles estão pagando alto por peças com a marca do clube, por ingressos e itens no estádio. Desta forma há a “obrigação” da diretoria em construir não só um time competitivo, mas vencedor – da World Series, de preferência.
E isto foi feito. As contratações foram realizadas para montar um bom elenco. Em 2009, os Yankees foram o time que mais venceu, marcou mais corridas e conseguiu mais rebatidas. Também foi a equipe que mais conseguiu defender os resultados nas entradas finais das partidas após estar à frente no placar. Resumindo: foram os melhores.
O que não é fácil, realmente. Num elenco cheio de milionários, não é difícil um tentar se aparecer mais do que o outro. No mundo dos esportes coletivos, onde é comum ver grandes equipes cheias de estrelas decepcionarem, é gratificante assistir um time que é cheio destas mesmas estrelas, mas atuar bem em campo e ser vitorioso.
O valor destes Yankees aumenta quando o MVP da final não é um jogador estrela – apesar de que Hideki Matsui é uma enorme celebridade no Japão –, quando os jogadores se divertem em campo (e fora dele também) como se estivesse jogando apenas... beisebol e quando o desacreditado treinador responde aos críticos mostrando o número da sua camisa: 27.
Joe Girardi escolheu o número 27 para se lembrar do fator mais importante na organização Yankees. Ele usou 27 nesta temporada porque queria ser lembrado como o treinador que levou o clube ao 27º título da história. Ele conseguiu. Teve erros? Sim. Falhou diversas vezes? Sim. Mas, quem é o campeão 2009 da MLB?
Literalmente no final das contas, percebe-se que valeu o alto investimento. Pelo menos neste ponto, dinheiro compra felicidade – é só ver os torcedores dos Yankees e nem precisa perguntar se eles estão felizes. O time que muitos “amam odiar” está no primeiro lugar do pódio, o que causa em muita gente um mix de revolta com inveja, com rancor, com mesnoprezo...
O principal personagem desta conquista, aquele que calculou os riscos dos investimentos e planejou tudo isto, respondeu aos críticos de forma categórica. Brian Cashman disse:
“Podem nos chamar do que quiserem. Mas terão que nos chamarem de campeões também”.
Se ele conhecesse o lendário treinador de futebol Mario Jorge Lobo Zagallo, Cashman diria: “Vocês vão ter que nos engolir!”.
Na verdade, foi isto que ele quis dizer.
(GL)
© 1 David J. Phillip /AP
© 2 Brian Kersey / UPI
© 3 Kathy Willens / AP
Nenhum comentário:
Postar um comentário