Meramente Perfeito


Por pouco.

Duas jogadas e dois detalhes mantiveram o Indianapolis Colts invicto após oito rodadas, status que coloca Jim Caldwell (foto acima) como o primeiro técnico, desde Potsy Clark em 1930, a vencer as oito primeiras partidas na temporada de estréia. Contra o rival Houston Texans (dia 08/11), houve dois fatores que colaboraram com a vitória dos Colts: um teve a participação de Caldwell; o outro teve uma participação da sorte.

Faltando um segundo para o término do jogo o kicker dos Texans, Kris Brown, tinha a chance de empatar e mandar a partida para a prorrogação. A bola precisava viajar pelo ar por 42 jardas, uma distância menor em comparação com um FG que ele converteu no final do primeiro tempo: 56 jardas. Porém, para felicidade de Caldwell, Brown perdeu o FG decisivo e os Colts saíram vencedores do importante confronto da divisão Sul da Conferência Americana. A sorte ajudou Indianapolis.

Já a participação fundamental de Caldwell para seu time conseguir o resultado positivo não veio por intermédio de uma nova armação tática ou coisa parecida, e sim através de uma toalhinha vermelha. Usada para contestar a decisão dos juízes no campo, a tal toalha vermelha foi lançada por Caldwell no limite permitido ao final do segundo quarto, quando restava segundos para entrar o tempo da TV – espaço de dois minutos finais do primeiro e do segundo tempo, onde só os juízes podem decidir se uma jogada pode ser revertida (ou não) olhando o replay. A discussão em questão foi um fumble do running back Ryan Moats (Houston) na jarda de número 1 da defesa dos Colts. A decisão dos juízes na hora foi manter a bola na jarda 1, pois acreditavam que ela tinha saído de campo nesta jarda. Mas, segundos antes dos Texans iniciar o ataque, Caldwell desafia a marcação e os juízes mudam de opinião ao verem o replay: percebe-se que a bola não saiu e Jerraud Powers (Indianapolis) recuperou o fumble bem em cima da linha da endzone – ou seja, touchback e posse de bola para os Colts na jarda de número 20.

Apesar de estar no seu primeiro ano à frente de um time da NFL, a experiência de Caldwell e seu feeling aprimorado foram cruciais nesse momento especifico, afinal são oito anos na organização Colts (treinador de quarterbacks e assistente técnico) e uma vasta participação na NCAA em várias comissões técnicas: Iowa, Southern Illinois, Northwestern, Colorado, Louisville e Penn State, além de ter sido treinador de Wake Forest durante oito anos (1993-2000). Este é o campeonato de estréia dele na NFL, o que não quer dizer que ele começou agora.


É bom salientar: mesmo ele não sendo cotado para levar o prêmio de “Treinador do Ano”, o crédito destas oito vitórias é de Caldwell (claro que com a ajuda de Peyton Manning). Por mais que ele tenha pegado um time pronto do Tony Dungy, Jim fez mudanças pontuais e já impôs seu estilo, tanto dentro quanto fora de campo.

A formação da sua equipe de coordenadores passou por decisões difíceis. Tom Moore (ofensivo) e Howard Mudd (linha ofensiva) decidiram se aposentar, mas voltaram à comissão recebendo um tratamento especial da diretoria a pedido de Manning. A parte defensiva teve mudanças também, com Larry Coyer assumindo o posto de coordenador e o setor de especialistas ganhou novo técnico, com Ray Rychleski assumindo o posto.

Quando questionado sobre quem tem mais participação no sucesso da equipe, Caldwell faz questão de ressaltar o conjunto e a manutenção da filosofia de Dungy: “Nós tivemos muito sucesso por aqui, por isso não há muito que mudar; não existe razão para colocar um rótulo ‘Jim Caldwell’ em qualquer coisa que seja feita” diz o treinador. “Este time pertence ao dono, ao departamento pessoal, aos nossos assistentes, aos nossos jogadores... Pertence a todos nós”.

São várias as semelhanças entre Tony e Jim, mas existem as diferenças. Uma destas, que os repórteres setoristas dos Colts comentam com frequência, são as inúmeras interrupções que Caldwell faz nos treinamentos quando ele vê algo que não lhe agrada – o que Dungy não fazia. Jim é muito mais energético e participativo nos treinos, não hesitando em aumentar o tom de voz quando preciso.


Caldwell trabalhou particularmente com Manning nesta pré-temporada – lembrando dos tempos de assistente – para ajustar melhor os novos receivers no esquema tático e tentando suprir a ausência do machucado Anthony Gonzalez. O resultado disso é a eficiência acima da média do novato Austin Collie e do outrora desconhecido Pierre Garçon. O jogo aéreo dos Colts permance forte, o que dá a Payton números recordes até esta metade da temporada: primeiro QB da história a passar pra mais de 300 jardas em sete dos primeiros oito jogos.

A franquia Colts está acumulando recordes também. A vitória sobre os Texans marcou o 17º triunfo seguido em jogos da temporada normal – apenas o quarto time a atingir este feito. O líder nesta categoria é o New England Patrots (21 vitórias entre 2006-08 e 18 entre 2003-04) e são justamente eles os próximos adversários dos Colts, tentando parar esta sequencia de vitórias do time de Caldwell que busca repetir a campanha invicta (2007) do arqui-rival.

A temporada 2009 e o jogo contra o Houston mostrou que não é fácil passar tantos jogos sem perder. Entretanto, o novato treinador vem mantendo Indianapolis no topo e almejando continuar a tradição das últimas sete temporadas: se classificar para os playoffs, por mais que seja meramente, pois o importante é alcançar o objetivo de ir para a pós-temproada.


(GL)



© 1 Jim Bryant / UPI
© 2 Gary C. Caskey / UPI
© 3 Michael Conroy / AP

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