Em tempos de dificuldade financeira, há uma pessoa que se sobressai, aproveita a crise e a transforma em oportunidades: a Dona de Casa. Não existe alguém que saiba melhor reconhecer o excesso, cortar gastos e ainda poder comprar uma pizza sábado à noite sem prejudicar o orçamento mensal. Esta abordagem clássica está sendo copiada pela NBA e suas franquias, que enfrentam prejuízos e perdas, mas estão “dando seus pulos” para sair desta encrenca.
Esta temporada é a 25ª de David Stern, comissário da NBA, no comando da mais poderosa liga de basquete do mundo; este tende a ser o campeonato menos rentável deste período. Ele já anunciou em Julho que mais da metade das franquias irão perder dinheiro no biênio 2009-10 e que o lucro geral da associação chegará a apenas 5 pontos percentuais. Com perdas consideráveis, como os clubes vão sobrevier? Bem, reconhecer o excesso e cortar os gastos já é um bom começo, desde que nestas conversas não seja mencionada a frase “redução salarial dos jogadores”.
Existe um impasse delicado entre o sindicato dos atletas (NBPA) e a associação – leia “A Crise Econômica e a NBA: Greve à Vista!”. Os jogadores têm uma parcela considerável nos lucros das franquias; por volta de 57% do total. E se caso os clubes estiverem com os lucros baixos, será reduzido a participação dos atletas? De forma nenhuma!
Billy Hunter, presidente do sindicato, diz que vai negociar com Stern um novo acordo entre ambas as partes, pois o vigente terminará em Junho de 2011. Hunter já falou via imprensa que não irá concordar com a redução da participação nos lucros (os tais 57%), mas está disposto em buscar um novo modelo de contrato, porque segundo ele “este atual é o mais fraco entre todos os esportes profissionais americanos”. Porém, não custa nada perguntar: Se os jogadores têm participação nos lucros, porque não podem participar dos prejuízos?
Não é verdade?
Bom... Já houve dois encontros, dia 4 de Agosto e 22 de Setembro, entre o NBPA e a NBA. Em um deles, a palavra ficou com o sindicato, em outro a associação liderou a reunião. A posição de Hunter foi a citada acima; já a defesa de Stern (foto abaixo) foi mostrar o efeito “bola de neve”: redução do número de torcedores nos estádios, redução na renda, redução do valor dos ingressos, menos lucro... Para a associação, estes “57%” é um número muito alto. A solução para esse caso está longe de ser resolvida.
Como o mundo não para de girar, as franquias estão seguindo a receita das donas de casa, sem esquecer de usar a criatividade para tentar lucrar uma coisinha. Veja, primeiramente, o que os clubes estão fazendo no quesito ”reconhecer os excessos / corte de gastos”:
- O Charlotte Bobcats não terá mais apresentações de artistas consagrados no intervalo das partidas. Ao invés disto, usarão crianças e adolescentes locais para fazerem os shows, economizando assim 100 mil dólares.
- O Cleveland Cavaliers não mandará mais os tradicionais cartões de Natal para seus sócios torcedores; os mandará pelo correio eletrônico. Economia de 40 mil dólares.
- O Memphis Grizzlies fez um upgrade em todos os computadores da organização, ao invés de comprar maquinas novas. Economizou 50 mil dólares.
- O Detroit Pistons fez uma mudança “radical” nos pacotes entregues aos sócios-torcedores. A duas temporadas o carnê vinha em uma pasta de couro que quando aberta tocava música. Na temporada passada os carnês foram entregues com camisetas e cards. Neste ano, os carnês enviados tinham um papelão sem desenho no embrulho. Economia de 100 mil dólares.
Fora estes ajustes extras, muitas equipes estão sofrendo cortes de pessoal. Alguns clubes reduziram o número de assistentes: de 5 para 3. O New Jersey Nets não manda mais scouts (olheiros) para assistirem jogos – pior fizeram os Grizzlies que eliminou todo o departamento de scouts. O Miami Heat cortou 20% dos salários de toda a comissão técnica. Sem contar que algumas equipes estão deixndo apenas 13 jogadores no elenco, quando o tradicional (e mais coreto) é 15 – este corte de atletas pode salvar para uma equipe por volta de US$ 1 milhão.
Agora veja a criatividade dos dirigentes:
- O Heat e o Portland Trail Blazers estão fazendo promoções de ingressos individuais para jogos específicos, aumentando ou diminuindo o valor da entrada de acordo com a importância do adversário – algo que é muito comum na MLB.
- O Chicago Bulls mandou um agrado aos torcedores que renovassem o carnê dos 41 jogos em casa: uma camisa oficial do Derrick Rose (foto acima).
- A diretoria dos Mavericks deu um ingresso do Jogo das Estrelas - 2010, que será realizado em Dallas, para as pessoas que compraram (ou renovaram) o carnê com os jogos de toda a temporada.
- O Indiana Pacers ofereceu aos 100 primeiros torcedores que comprassem o talão de ingressos de toda temporada (ou só da metade) um encontro com Tyler Hansbrough
- O Denver Nuggets, Orlando Magic e o Heat estão fazendo acordos corporativos (com empresas), negociando os ingressos de maior valor no ginásio.
Quem se deleita ao ver todas estas movimentações é o Chris Granger, Vice-Presidente Sênior de Operações de Marketing e Negócios da NBA. Todas as ações só foram tomadas depois de uma extensiva pesquisa com mais de 30 mil fãs das 30 franquias, perguntados sobre o que eles querem ter dos clubes além de um ingresso para assistir a um jogo. “Estas pequenas ações de marketing estão funcionando, pois os times passaram toda pré-temporada com os dados da enquete, pensando no que poderiam oferecer de melhor aos fãs” disse Granger ao jornal Sports Business.
Pelo visto a NBA está fazendo a lição de casa, seguindo os três passos orientados pelas melhores economistas do mundo: reconhecer o excesso, cortar gastos e usar criatividade. Assim, pode até surgir uma promoção chamada a “Noite da Pizza”. Evidente que não será todo dia, de preferência no sábado, não é Dona de Casa?
Esta temporada é a 25ª de David Stern, comissário da NBA, no comando da mais poderosa liga de basquete do mundo; este tende a ser o campeonato menos rentável deste período. Ele já anunciou em Julho que mais da metade das franquias irão perder dinheiro no biênio 2009-10 e que o lucro geral da associação chegará a apenas 5 pontos percentuais. Com perdas consideráveis, como os clubes vão sobrevier? Bem, reconhecer o excesso e cortar os gastos já é um bom começo, desde que nestas conversas não seja mencionada a frase “redução salarial dos jogadores”.
Existe um impasse delicado entre o sindicato dos atletas (NBPA) e a associação – leia “A Crise Econômica e a NBA: Greve à Vista!”. Os jogadores têm uma parcela considerável nos lucros das franquias; por volta de 57% do total. E se caso os clubes estiverem com os lucros baixos, será reduzido a participação dos atletas? De forma nenhuma!
Billy Hunter, presidente do sindicato, diz que vai negociar com Stern um novo acordo entre ambas as partes, pois o vigente terminará em Junho de 2011. Hunter já falou via imprensa que não irá concordar com a redução da participação nos lucros (os tais 57%), mas está disposto em buscar um novo modelo de contrato, porque segundo ele “este atual é o mais fraco entre todos os esportes profissionais americanos”. Porém, não custa nada perguntar: Se os jogadores têm participação nos lucros, porque não podem participar dos prejuízos?
Não é verdade?
Bom... Já houve dois encontros, dia 4 de Agosto e 22 de Setembro, entre o NBPA e a NBA. Em um deles, a palavra ficou com o sindicato, em outro a associação liderou a reunião. A posição de Hunter foi a citada acima; já a defesa de Stern (foto abaixo) foi mostrar o efeito “bola de neve”: redução do número de torcedores nos estádios, redução na renda, redução do valor dos ingressos, menos lucro... Para a associação, estes “57%” é um número muito alto. A solução para esse caso está longe de ser resolvida.
Como o mundo não para de girar, as franquias estão seguindo a receita das donas de casa, sem esquecer de usar a criatividade para tentar lucrar uma coisinha. Veja, primeiramente, o que os clubes estão fazendo no quesito ”reconhecer os excessos / corte de gastos”:
- O Charlotte Bobcats não terá mais apresentações de artistas consagrados no intervalo das partidas. Ao invés disto, usarão crianças e adolescentes locais para fazerem os shows, economizando assim 100 mil dólares.
- O Cleveland Cavaliers não mandará mais os tradicionais cartões de Natal para seus sócios torcedores; os mandará pelo correio eletrônico. Economia de 40 mil dólares.
- O Memphis Grizzlies fez um upgrade em todos os computadores da organização, ao invés de comprar maquinas novas. Economizou 50 mil dólares.
- O Detroit Pistons fez uma mudança “radical” nos pacotes entregues aos sócios-torcedores. A duas temporadas o carnê vinha em uma pasta de couro que quando aberta tocava música. Na temporada passada os carnês foram entregues com camisetas e cards. Neste ano, os carnês enviados tinham um papelão sem desenho no embrulho. Economia de 100 mil dólares.
Fora estes ajustes extras, muitas equipes estão sofrendo cortes de pessoal. Alguns clubes reduziram o número de assistentes: de 5 para 3. O New Jersey Nets não manda mais scouts (olheiros) para assistirem jogos – pior fizeram os Grizzlies que eliminou todo o departamento de scouts. O Miami Heat cortou 20% dos salários de toda a comissão técnica. Sem contar que algumas equipes estão deixndo apenas 13 jogadores no elenco, quando o tradicional (e mais coreto) é 15 – este corte de atletas pode salvar para uma equipe por volta de US$ 1 milhão.
Agora veja a criatividade dos dirigentes:
- O Heat e o Portland Trail Blazers estão fazendo promoções de ingressos individuais para jogos específicos, aumentando ou diminuindo o valor da entrada de acordo com a importância do adversário – algo que é muito comum na MLB.
- O Chicago Bulls mandou um agrado aos torcedores que renovassem o carnê dos 41 jogos em casa: uma camisa oficial do Derrick Rose (foto acima).
- A diretoria dos Mavericks deu um ingresso do Jogo das Estrelas - 2010, que será realizado em Dallas, para as pessoas que compraram (ou renovaram) o carnê com os jogos de toda a temporada.
- O Indiana Pacers ofereceu aos 100 primeiros torcedores que comprassem o talão de ingressos de toda temporada (ou só da metade) um encontro com Tyler Hansbrough
- O Denver Nuggets, Orlando Magic e o Heat estão fazendo acordos corporativos (com empresas), negociando os ingressos de maior valor no ginásio.
Quem se deleita ao ver todas estas movimentações é o Chris Granger, Vice-Presidente Sênior de Operações de Marketing e Negócios da NBA. Todas as ações só foram tomadas depois de uma extensiva pesquisa com mais de 30 mil fãs das 30 franquias, perguntados sobre o que eles querem ter dos clubes além de um ingresso para assistir a um jogo. “Estas pequenas ações de marketing estão funcionando, pois os times passaram toda pré-temporada com os dados da enquete, pensando no que poderiam oferecer de melhor aos fãs” disse Granger ao jornal Sports Business.
Pelo visto a NBA está fazendo a lição de casa, seguindo os três passos orientados pelas melhores economistas do mundo: reconhecer o excesso, cortar gastos e usar criatividade. Assim, pode até surgir uma promoção chamada a “Noite da Pizza”. Evidente que não será todo dia, de preferência no sábado, não é Dona de Casa?
(GL)
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